O mar azul estava calmo e sereno.Vicente e Bento subiram nas lanchas sob os aplausos animados do público. Ao soar da pistola de largada, as duas lanchas, uma azul e outra branca, partiram como flechas, velozes e impetuosas.Nenhum dos dois cedia; já na primeira curva, as embarcações quase se tocavam, soltando faíscas de rivalidade. Cada vez que as lanchas chocavam contra a água, uma onda se erguia, e as explosões de espuma hipnotizavam a plateia. A cada curva arriscada, a ousadia e destreza dos dois ficavam ainda mais evidentes, passando rente um ao outro sem diminuir a velocidade. O público assistia com o coração na boca.As manobras excitavam a todos, e o burburinho crescia:【Quem são esses dois? São incríveis!】【Eles conseguem fazer as curvas com uma força centrífuga tão baixa, sem perder velocidade! São profissionais?】【As habilidades deles são tão boas quanto as de um piloto profissional! Estou arrepiado!】【Lindos e talentosos! Amo esses dois!】【Lindos demais!!】— Estão quase
A corrida arriscada havia acabado com o ânimo de todos para continuar o passeio. Assim, o grupo retornou mais cedo para a vila.Ester, satisfeita por ter “cumprido sua missão,” estava relaxada no sofá, saboreando uma taça de vinho. Ao ver Ada chegar, rapidamente colocou o copo de lado, pronta para contar seu “sucesso.” No entanto, ao notar a expressão de Ada — sombria e furiosa, como se fosse capaz de matar alguém — ficou surpresa.— O que houve? — perguntou Ester, confusa.— Terminou o que pedi?— Sim, está feito.— Ótimo. Venha falar comigo mais tarde.Com um chute, Ada escancarou a porta do quarto e entrou, deixando Ester apenas com o som estrondoso da porta se fechando.A expressão de Ester se enrijeceu. “Ela está de mau humor, mas por que desconta em mim?”...Enquanto isso, Zelda encontrou Dália esperando por ela na entrada de seu quarto.— E então? Encontrou algo? — perguntou Zelda.Dália balançou a cabeça, o rosto preocupado.— Eu verifiquei o quarto, mas não vi nada fora do
Ada e Ester, que estavam observando tudo, quase pularam de emoção no momento em que viram Zelda pegar seu copo.— Ela finalmente vai beber! Nosso plano vai dar certo! — Ester exclamou, segurando o braço de Ada com excitação evidente.Ada esboçou um sorriso triunfante, imaginando a cena que logo se seguiria: Zelda desmaiada na cama, e Bento, como um predador atraído pela presa, caindo sobre ela. A humilhação de Zelda seria pública, Vicente certamente pediria o divórcio, e Zelda, sem honra, acabaria expulsa como uma rejeitada. Ada já se via vestida de noiva, casando-se com Vicente, sendo chamada de “Sra. Barros” por todos.As duas observavam a tela ansiosamente, atentas a cada movimento de Zelda. Mas então, o som da campainha ecoou no quarto de Zelda, fazendo a excitação de ambas se dissipar num instante.— Você avisou o Bento? — Ada perguntou a Ester, com uma expressão irritada.— Não, não avisei ninguém! — Ester respondeu, confusa.O rosto de Ada escureceu. Se não fosse Bento, todo
Depois de alguns segundos de silêncio, Zelda finalmente disse:— Por favor, me respeite. Em breve não seremos mais casados.Ela soltou um suspiro, tentando acalmar a respiração, e empurrou Vicente levemente, afastando-se em direção ao outro lado do quarto. Zelda só queria confirmar a presença das câmeras para forçar quem estava do outro lado a mostrar as garras. Não tinha a intenção de se colocar numa situação arriscada.E, sinceramente, o desejo súbito de Vicente por beijos era surpreendente, para dizer o mínimo....Do outro lado, Ada, observando pela tela, viu a proximidade crescente entre os dois e sua expressão mudou. Quando Zelda comentou que Vicente não queria assinar o divórcio, ela nunca acreditou de verdade. Agora, estava praticamente certa de que era verdade. O problema não era Zelda não querer se divorciar, era Vicente que se recusava a deixá-la.Ao perceber isso, Ada apertou as unhas nas palmas das mãos até quase perfurar a pele. "Zelda, eu mesma vou te mandar para o
— Não faça esse tipo de brincadeira. Não tem graça nenhuma. — Zelda ficou parada, mantendo o rosto sereno.Ela nunca imaginou que um dia ouviria Vicente dizer algo assim. Mas... e daí? O fato de ele se importar não significava que ela devesse aceitar. Com um leve sorriso, Zelda deu um passo para trás, afastando-o com a mão e estabelecendo uma distância segura entre os dois.A expressão fria dela, tão indiferente, perfurou o coração de Vicente como uma agulha, fazendo-o sentir uma dor profunda. Ele sabia que a razão da resistência dela era o peso das feridas que ele próprio havia causado. Ele mesmo tinha construído aquele abismo entre eles.Mas, mesmo assim, ele não estava disposto a desistir.— E se eu não sair? — Vicente deu mais um passo em direção a Zelda, seu olhar fixo e sombrio, cheio de determinação.Não sair? O que ele queria dizer com isso? Pretendia ficar no quarto dela?Tudo o que ela havia feito até então era uma encenação para testar Ada e Ester, mas será que ele ha
— Tão tarde assim, o que você e o Vicente estavam fazendo? — Ada se aproximou de Zelda, lançando-lhe um olhar furioso.“Acusando antes que eu pudesse falar qualquer coisa?” Zelda sorriu sem se abalar, acomodando-se de volta no sofá, cruzando as pernas com elegância.— Isso não te diz respeito — respondeu Zelfa calmamente.Ada apertou os dentes de raiva.— Não pense que pode seduzir o Vicente novamente. Ele vai se divorciar de você, é só uma questão de tempo.— Seduzir? — Zelda arqueou as sobrancelhas, os lábios curvando-se em um sorriso irônico. — Qual dos seus olhos viu eu tentando seduzir alguém? Esse é o meu quarto, ele veio até aqui por vontade própria… — Ela deu um sorriso de leve provocação. — E o que ele fez comigo, você não já sabe?Era uma provocação óbvia, e ao ver o fogo da raiva acender nos olhos de Ada, Zelda teve sua resposta. Era claro que Ada estava por trás de tudo, com Ester como cúmplice. E a pressa de Ada para chegar ali só confirmava suas suspeitas: ela provavelm
Zelda Montenegro segurava a barriga e, com esforço palpável, saiu da cama. A luz da lua invadia a janela e lançava um brilho sobre o rosto extremamente pálido. Os passos conhecidos de Vicente ecoavam do lado de fora. Com um esforço notável, Zelda tentou girar a maçaneta e, após alguns instantes, conseguiu abrir a porta.— Vicente. — Sua voz quase se esgotou ao chamar o nome dele.Vicente Barros parou, virou-se e lançou um olhar gelado para a mulher de camisola.— Você voltou, conseguiu comer? — A voz dela estava cheia de uma cautela exagerada, quase uma adulação.Um brilho que misturava esperança e expectativa se acendeu em seus olhos. Impaciente, o homem se virou com intenção de partir, Esse gesto perfurou o coração de Zelda como uma punhalada. Ela correu até ele e agarrou sua manga enquanto o sangue escorria dos lábios mordidos e as dores agudas na barriga mal deixavam-na respirar.— Solta! — O olhar de Vicente se encheu de uma raiva mais intensa.Zelda afrouxou o aperto, ous
Sob o sol escaldante, Zelda ficou parada na entrada do hospital. Por um momento, os seus olhos percorreram ao redor, sem saber para onde ir.Demorou um pouco até que ela começou a tremer quando discou o número que sabia de cor. O celular mal tocou duas vezes antes de ser atendido.— Vicente, eu... — A voz de Zelda estremecia, chorosa.— Estou muito ocupado na reunião. — A voz indiferente de Vicente sufocou tudo que Zelda queria dizer do outro lado da linha.Logo, a ligação foi encerrada de imediato.Zelda balançava como se fosse cair, era como se tivesse caído em um buraco de gelo conforme o seu corpo ficava cada vez mais frio. O que ela deveria fazer naquele momento? Zelda se apoiou em uma grande árvore ao lado da estrada, sem forças.No próximo segundo, o destino pregou uma peça cruel — na entrada principal do hospital, apareceram duas figuras familiares.Vicente saía, abraçando carinhosamente uma mulher, olhando para ela com adoração. Ele não disse que estava em uma reunião? M