Vincent Blake
— Você me conhece desde quando eu tinha uns 14 anos?
Perguntei, olhando-o nos olhos e assentindo ele deu um meio sorriso como se lembrasse disso e respondeu.
— Sim, você já era um bom garoto na época.
Sorri ao ouvir seu comentário pois lembro exatamente o dia em que o conheci e desviei a atenção do seu rosto e murmurei.
— Quando eu era pequeno, eu tinha uma mãe, sabia?
Cruzei minha perna esquerda acima do joelho direito e descansei minhas costas no encosto da cadeira e vi ele me analisando em silêncio e continuei.
— A minha mãe era uma mulher linda, inteligente e muito carinhosa. Sempre me tratou muito bem. Era muito acolhedora e amável.
Olhei para minhas mãos e murmurei enquanto senti meu peito se apertar ao lembrar dela.
— Ela era tudo para mim.
O homem franziu a testa ao ouvir o que eu dizia.
— Um dia, meu pai descobriu suas traições, e a confrontou.
Soltei um suspiro audível e prossegui enquanto recebi total atenção.
— Aquele dia foi único na minha vida.
Nesse momento me remexi na cadeira e depositei meus cotovelos acima dos joelhos e perguntei olhando em seus olhos enquanto me inclinava para frente.
— Sabe o motivo de ter sido um dia único?
Ele arqueou as sobrancelhas em confusão e negou em um gesto quando respondeu.
— Não, filho. O que houve?
Eu olhei para a máscara que estava em minhas mãos e respondi direcionando minha atenção para ele novamente.
— Foi o dia que meu pai a matou.
Naquele momento, o homem que estava de frente para mim pareceu estremecer inteiro. Seus olhos estavam brilhantes e arregalados. Ele sabia o que estava prestes a acontecer mesmo sem eu dizer nada. Ele sabe que o que acabei de contar era apenas um motivo que justificava a sua morte.
Seria seu fim.
Isso será divertido e rápido, apesar de eu ainda querer adiar um pouco mais.
— Minha mãe morreu por ter sido mentirosa, e como você já sabe, não aceitamos traidores entre nós.
Ele engoliu em seco e pareceu pensar um pouco antes de murmurar.
— Eu… não fazia ideia…
Eu assenti e sorri de lado, me ajeitando em minha cadeira e falei.
— Águas passadas, não é mesmo?
Ele assentiu ainda com seus olhos arregalados e eu disse enquanto fixava meus olhos em todo seu rosto.
— Por acaso…
Deixei a frase no ar e franzi a testa em dúvida enquanto o olhava.
— Você tem algo que queira compartilhar comigo?
Seu rosto desviou um pouco da minha direção e suas sobrancelhas arquearam juntas.
Ele negou em um gesto lento, como se estivesse em dúvidas internamente e praguejando por dentro, celebrei por ele ter escolhido a opção mais divertida.
Ele resolveu mentir e eu adoro quando isso acontece.
— Não tenho nada que mereça ser relembrado…
Ele desceu suas mãos até as coxas e secou as palmas das mãos, e eu acompanhei seu gesto a cada segundo e assenti com um sorriso de lado quando ele concluiu.
— Como você disse, são águas passadas.
Eu sorri abertamente quando o encarei por alguns segundos e perguntei.
— Tem certeza que não quer compartilhar nada?
Nesse momento me levantei da cadeira devagar, e senti toda a sua atenção em mim quando comecei a ajustar a máscara em minhas mãos para eu colocá-la mais uma vez em meu rosto.
— Eu tenho certeza que você tem algo escondido.
Já com a máscara em meu rosto, peguei uma marreta que estava encostada ao lado da mesa e a arrastei pelo chão enquanto eu andava em direção ao miserável que estava mentindo na minha cara.
— Não, eu não tenho, Blake.
Ouvi o velhote responder enquanto seus olhos se arregalaram com a minha aproximação até que levantei a marreta e posicionei a cabeça de ferro em seu joelho direito, pressionando com força para baixo, e minha mão esquerda foi em seu ombro e murmurei em seu ouvido enquanto meus dedos apertavam seu ombro, mais precisamente o nervo trêmulo.
— Vou dar a chance de você correr por 20 segundos à minha frente, já que preferiu omitir e mentir na minha cara.
Eu me afastei e o olhei nos olhos fixamente com um largo sorriso e finalizei enquanto demonstrava minha total diversão.
— Se eu pegar você, irei mata-lo por ter acolhido uma inimiga.
Nesse momento o medo nublou seus olhos. Ele finalmente deixou claro o que fez. As veias em suas têmporas saltaram de repente.
Ele estava aterrorizado.
— Essa é sua chance.
Tirei a marreta de sua coxa e me afastei enquanto comandei alto.
— Abram a porta.
Não deu tempo nem de respirar, e o homem levantou e saiu correndo em direção a porta, que foi aberta rapidamente, e sorrindo em diversão, soltei a marreta e andei em direção a porta quando peguei uma das minhas minhas armas preferidas que estavam junto de outras sob a mesa. Minha escolha já havia sido feita enquanto eu sorria em aprovação para as armas poderosas em cima do móvel.
Minha escolha foi um fuzil russo modelo SVLK-14S, uma das armas mais poderosas do mundo e que tem alto poder de dano e sorrindo, encontrei meu alvo a alguns metros de distância a frente e fechei um olho enquanto ajustava a mira e destravei a proteção do fuzil, prendendo o ar, senti meu coração martelar em meu peito quando eu murmurei.
— De meus cumprimentos ao Satã por mim.
E atirei uma, duas, três vezes seguidas.
A adrenalina se espalhou pelo meu corpo quando vi sangue jorrando por todo o corredor e gargalhei enquanto entreguei o fuzil para um dos soldados enquanto os outros também riram do meu comentário.
Aqui todos tinham um senso de humor tão fodido quanto o meu, por isso sempre me senti em casa quando estou no calabouço.
Nenhum de nós pode ser considerado como pessoas normais, no entanto, cada um tem a sua consciência. Cada um aqui trabalha de acordo com que concorda e confia, e até hoje nunca tivemos problemas, pois as regras sempre foram bem claras e todos trabalham em prol ao bem maior, ou seja, o Ghost é o bem maior.
Respeitar a irmandade nunca será algo a ser feito pela metade, ou é ou não.
Assim que fizemos silêncio enquanto nos dirigimos pelo último quarto do corredor, senti meu peito vibrar em adrenalina. Havia uma poça de sangue que escorria em direção ao quarto da culpada pelos meus armazéns queimados e ao saber que finalmente irei colocar minhas mãos nela, sinto meus dedos caçarem por satisfação até que a porta foi aberta e apontei o dedo para um soldado pegar o corpo sem vida do Saymon e levá-lo para ser incinerado quando de repente encontrei uma mulher com cabelos longos e escuros envolta a poça de sangue diante dos meus pés.
Seus olhos lacrimejados, rosto sujo, lábios trêmulos e o corpo ensanguentado foi algo que me fez sentir uma atração animalesca. Nada normal. Não que eu seja normal, mas ver uma mulher apavorada envolta por tanto sangue, me deixou com a adrenalina correndo em minhas veias de um jeito incomum. Apesar de ser uma intrusa, metida a malvada, a garota também era linda mesmo nessas condições tão precarias.
Depois que Liam, meu irmão mais novo disse que estávamos sendo atacados por causa da garota, não pensei duas vezes em trazê-la junto comigo. Assim que chegamos em um novo esconderijo subterrâneo, eu mesmo resolvi fazer a prisão e questionamentos. Logo que a coloquei em um quarto, prendi correntes em volta dos seus tornozelos e a observei apagada por um tempo. Ela nem se mexia, e a causa do seu desmaio deve ter sido pela fraqueza de dias sem comer, consequência do que fez, pois resolvi deixá-la de castigo pois agora ficará mais fácil de ela abrir a boca e responder todas as minhas perguntas já que está tão vulnerável.Posicionando minha máscara em meu rosto, coloquei minhas luvas novamente e fui em direção a porta e chamei os soldados que estavam em seus postos e os avisei sobre a punição caso eu fosse interrompido.Não quero ninguém me atrapalhando enquanto resolvo minhas questões com essa garota.Fechando a porta, tranquei tudo e voltei para onde eu havia a deixado, apagando todas a
Me aproximando da garota, eu a puxei pelos braços, e andamos em direção a mesa, e murmurei. — Por que será que eu não consigo acreditar em você?Eu a empurrei para cima da mesa, deixando-a curvada diante de mim e prendendo seu pequeno rosto entre minha mão e a madeira, murmurei num tom de voz baixo. — Será que você precisa ser lembrada que está correndo risco de ser destruída lentamente e dolorosamente aqui dentro?Eu me aproximei da garota que tremia deitada de bruços em cima da madeira polida, lágrimas banhavam suas bochechas quando ela disse. — Eu não estou mentindo.Eu me aproximei dela, inclinando um pouco meu corpo ao chegar perto dela e senti a porra de uma tensão fluir atraves da nossa aproximação e murmurei ignorando aquilo tudo. Aquele maldito calor estava ali também. — Eu vou destruir você, Florzinha.Nesse momento, me afastei da garota e apaguei as luzes, e no escuro, ela se encolheu e abraçou seu próprio corpo enquanto se levantou da mesa e na intenção de apenas aterr
Mavie NeumannEm desespero, envolvi minhas mãos no tecido da roupa da pessoa que estava ali me sacudindo a segundos atrás e sussurrei em meio aos soluços.— Por favor… O meu pai.Fechei meus olhos sentindo a névoa do sono e confusão ainda se dissolvendo conforme a realidade e desespero ainda estavam fazendo pagassem pelo meu cérebro. — Me diga que ele está bem, eu imploro.Me encolhi sentindo as lágrimas descerem pelas minhas bochechas livremente enquanto eu fechava com força meus olhos, para que quando eu os abrisse, pudesse enxergar sem vestígios de sono e confusão a expressão daquela pessoa, mas quando abri meus olhos, para meu espanto, quem estava ali comigo, era o Ghost. Seus olhos estavam brilhando enquanto me encarava como um falcão. Sua expressão estava impenetrável, exceto pelo brilho fixo de suas íris escuras.Seus lábios numa linha firme e fixa se separaram de repente, quando ele levou suas duas mãos e envolveu meus pulsos e disse. — Você teve um pesadelo, Florzinha?Naq
Mavie NeumannDa janela reforçada com barras de ferro, acompanho os dias passando lenta e dolorosamente. A cada dia que passa, vejo minha alegria e vontade de viver indo ralo abaixo. Não consigo dormir por causa dos pesadelos, e não consigo comer pelo medo de eles me doparem e assim causar algum dano físico. Pode ser paranóia, mas não consigo confiar. Soa tudo tão mal e errado, que prefiro me privar de comida e descansos longos, já que em meus sonhos só aparecem gritos, correntes e sangue.Sentada na poltrona, observo o céu noturno e totalmente úmido lá fora. Hoje choveu o dia inteiro, e assim como o dia estava péssimo, o meu humor estava igual. Me sinto cansada, fraca e dolorida, entretanto, prometi a mim mesma que iria lutar até minhas últimas forças, e não vou me entregar, pois sei que serei resgatada. Meu pai havia me garantido isso.De repente, me lembrei da nossa última conversa antes de ele me empurrar para aquele lugar solitário e secreto.“Nunca na minha vida vou poder pagar
Mavie NeumanA expressão dele mudou mais uma vez. Seus olhos fixaram nos meus enquanto me analisava e eu continuei. — Antes eu estava no meu quarto, lendo meus romances e assistindo meus filmes clichês quando de repente, meu pai me colocou em uma passagem secreta e disse que eu deveria fugir e que em breve eu seria resgatada.A cabeça do homem pendeu incrédula para o lado e ele perguntou com a testa franzida. — Você está falando sério?Eu apenas o encarei e confirmei com um gesto, quando ele de repente começou a rir e disse bem humorado. — Sério que você gosta de romance e assiste clichês?Ele soltou uma gargalhada que de repente me fez sentir vergonha por ter falado algo tão tolo e íntimo para um homem como ele e prossegui na defensiva. — Eu não sei fazer outra coisa.Enxugando as lágrimas dos olhos, ele diz. — Então quer dizer que você caiu de paraquedas na realidade? Ele mudou sua expressão rapidamente, enquanto me analisava fixamente, e se aproximando de mim, recuei alguns p
Vincent BlakeDescobrimos a poucos dias que Mavie de fato desconhecia a verdadeira face do homem que a criava. Quando descobriram a morte de Saymon Neumann, logo entramos em uma delicada situação, pois Saymon Neumann era uma pessoa influente na nossa máfia, mas também guardava um segredo muito importante da máfia inimiga, e por isso, estão tentando nos atingir de todos os lados, pois eu possuo o tesouro que eles tanto querem, mas a questão é que não sabemos o que irão fazer caso coloquem suas mãos sujas nesse tesouro.Óbvio, eu amo a sensação de ter algo que os inimigos desejam. É muito gratificante a sensação de poder, e saber que somos os melhores, só deixa a situação mais satisfatória, pois ninguém irá levá-la de mim, e ainda assim, podemos desfrutar de bons e agradáveis momentos no calabouço, pois estão tentando capturar a garota e desse jeito, a minha diversão nunca acaba. Depois de mais um dia longo de trabalho, voltei para minha mansão e soube que Mavie não está se alimentando
Vincent BlakeMe inclinando em sua direção, levei minhas mãos em seu joelho ferido e o apertei entre meus dedos, aumentando a força à medida que ele gritava em desespero. — Você vai se arrepender por ser mal educado com desconhecidos, especialmente um desconhecido como eu.Cuspindo mais uma vez, ele falou cerrando os dentes pela dor. Suor brotava pelos seus poros, assim como seu medo. — Você vai morrer de uma forma ou de outra…Nesse momento eu confirmei em um gesto e respondi. — Sim, e por isso, quero os piores ao meu lado.Nesse momento segurei seu joelho com uma mão e enfiei meu dedo indicador em sua ferida que sangrava muito.Meu dedo entrou em sua carne profundamente. Aos berros, seus dedos apertaram meu braço com força na tentativa e parar a minha exploração,mas afastando-o, eu continuei. — Veremos se você não vai abrir a boca para falar o que preciso.Comecei a mexer em sua carne com meu dedo, a cada grito, fui invadindo ainda mais a sua pele, aprofundando meu dedo através d
Vincent BlakeEu fui até o painel de controle da porta e cliquei em alguns botões, liberando o código de acesso das armas, quando Mavie murmurou. — O que é Lamborghini?Sacudindo a cabeça, ergui as mãos e resmunguei. — Como assim você não conhece uma Lamborghini?Ela deu de ombros e ficou em silêncio como se fosse óbvio e pegando algumas pistolas e adagas, eu murmurei. — O carro plotado em preto fosco. Me aproximei do carro e abri a porta, deixando Mavie entrar primeiro, em seguida, coloquei as armas aos seus pés e murmurei. — Não se preocupe, nem uma está engatilhada.Ela engoliu em seco quando colocou o cinto de segurança, e fechando a porta, eu dei a volta e me acomodei em meu banco, enquanto a porta da garagem era aberta, eu colóquio meu cinto, e alguns segundos já foi possível ver que a entrada estava cercada, mas como eu quebro regras, simplesmente dei a ré, pegando a todos que estavam pelo caminho desprevenidos.Alguns conseguiram escapar, mas outros não tiveram a mesma ch