Me aproximando da garota, eu a puxei pelos braços, e andamos em direção a mesa, e murmurei.
— Por que será que eu não consigo acreditar em você?
Eu a empurrei para cima da mesa, deixando-a curvada diante de mim e prendendo seu pequeno rosto entre minha mão e a madeira, murmurei num tom de voz baixo.
— Será que você precisa ser lembrada que está correndo risco de ser destruída lentamente e dolorosamente aqui dentro?
Eu me aproximei da garota que tremia deitada de bruços em cima da madeira polida, lágrimas banhavam suas bochechas quando ela disse.
— Eu não estou mentindo.
Eu me aproximei dela, inclinando um pouco meu corpo ao chegar perto dela e senti a porra de uma tensão fluir atraves da nossa aproximação e murmurei ignorando aquilo tudo. Aquele maldito calor estava ali também.
— Eu vou destruir você, Florzinha.
Nesse momento, me afastei da garota e apaguei as luzes, e no escuro, ela se encolheu e abraçou seu próprio corpo enquanto se levantou da mesa e na intenção de apenas aterroriza-la, abri a porta do quarto em silêncio, deixando evidente apenas os sons de passos e vozes altas enquanto permiti a entrada dos soldados na sala e quando acendi a luz mais uma vez, foi possível ver o medo tomar toda a sua face.
Empalidecendo, Mavie olhava à sua volta enquanto entrava cada vez mais homens na pequena e apertada sala.
Andando em sua direção, eu parei a um metro de distância e perguntei enquanto analisava seu rosto pálido.
— Você tem mais alguma coisa para me dizer antes de começarmos a diversão?
Ela abriu os lábios trêmulos, e negando com a cabeça, seus olhos se arregalaram quando eu me aproximei devagar, e levando meus dedos pelas suas madeixas, puxei seu rosto em minha direção e arrancando minha máscara, a olhei fixamente, admirando o medo absoluto que cintilava em seus olhos, naquele momento o ar ficou preso em minha garganta quando pareceu que estávamos sozinhos naquele lugar. A cada segundo que passava, eu me sentia preso à nossa troca de olhares.
Nunca vi um brilho de medo parecer tão cativante daquela forma.
— Por favor, eu não vou suportar mais.
Ela engoliu em seco e manteve sua atenção em meu rosto quando finalizou.
— Se for para acabar comigo, faça rápido. Me mate, Ghost.
Naquele momento o meu corpo inteiro se arrepiou diante do apelido que ela proferiu.
Engoli em seco quando me vejo satisfeito com aquele apelido em meio a uma súplica pela sua vida.
Aproximando minha boca do seu ouvido, eu respondi sentindo um cheiro de sangue, suor e um perfume misturados e por Deus, como consegui identificar isso?
Uma mistura doce e caótica.
— Ninguém aqui irá tocar em você além de mim.
Me afastei e apertei meus dedos ainda mais em suas madeixas e murmurei a milímetros do seu ouvido.
— Já falei, você me pertence. Sua vida me pertence.
Ela engoliu em seco e estremeceu quando eu acabei soltando-a.
— Você é minha.
Ela piscou algumas vezes e engoliu em seco quando se deitou de bruços em cima da mesa, e com os olhos fechados, respirou fundo quando ela retornou para sua posição.
Olhando ela se acalmar e aceitar o seu fim, me fez pensar por um momento.
Isso está errado.
Eu sou o causador do caos e não posso deixá-la tão calma dessa forma.
Ela está entregando sua vida por livre e espontânea vontade.
Fechando meus olhos, engoli em seco quando vi o plano fodido que surgiu em minha mente em apenas alguns segundos. Me aproximando alguns passos adiante, eu murmurei.
— Você não vai se livrar de mim hoje, Florzinha.
De repente ela abriu os olhos e franziu a testa quando eu peguei em seus pulsos e a levantei, trazendo-a diretamente para meu peito.
Quando nossos corpos se chocaram, senti um calor absurdo me tomar. Mais uma vez. É algo que não sei nem explicar por que nunca senti nada parecido em minha fodida vida.
Engolindo em seco, eu levei minha mão em seu pescoço e murmurei.
— Seus dias agora me pertencem.
*************Mavie Neumann
Abrindo meus olhos devagar, franzi a testa em confusão quando olhei a minha volta.
Acabei de acordar em um quarto que está iluminado somente por um abajur ao lado da minha cama, meus acolchoados na cor marfim e bordados em creme se destacam lindamente em meio a fraca luz do quarto escuro.
Engolindo em seco, sentei no colchão sentindo meus olhos lacrimejarem em emoção depois do reconhecimento. Fui resgatada pelas pessoas que meu pai havia dito. Ele estava certo. Finalmente vou ficar bem depois de sentir tanto medo.
Pisquei algumas vezes para me livrar das lágrimas que embaçaram minha visão e com muito alívio no peito, rapidamente joguei minhas pernas para fora da cama, desejando levantar e agradecer as pessoas que me trouxeram para meu lar em segurança quando vejo um poço de sangue no chão.
O cheiro metálico de repente substitui o cheiro de limpeza e flores que antes existia aqui, e sem controle das minhas emoções, senti meu peito se apertar. Com meus olhos arregalados, tentei me afastar daquele sangue do chão porém, a cada passo de distância, cada vez mais aparecia sangue.
Em todo lugar que eu pisava surgia o líquido viscoso com cheiro metálico e inconfundível. Era algo que já estava memorizado em mim profundamente depois de dias tão nebulosos, agressivos e sangrentos que eu havia passado.
Apressada, cheguei à saída do quarto e girei a maçaneta para sair daquele lugar quando a porta finalmente foi aberta num rompante e então encontrei um corpo caído no chão.
Com as mãos trêmulas, reconheci as roupas. Um bolo se formou em minha garganta, dificultando a passagem do ar. Meu corpo estremeceu por inteiro quando o reconheci. Eram as roupas que meu pai estava usando quando me colocou naquele túnel secreto.
Meu Deus. Não. Por favor…
Cobri a boca quando a ficha foi caindo aos poucos, lágrimas já estavam rolando pelo meu rosto quando franzi os lábios em desespero e engolindo em seco, minha garganta se apertou, levei minhas mãos trêmulas diretamente para o corpo sem vida que estava diante de mim e o virando de posição para ver seu rosto, senti o desespero e a dor se intensificarem através de soluços em minha garganta. Me engasgando de um jeito dolorido e agudo.
Meu pai estava morto diante dos meus olhos. Eles realmente o mataram.
A dor que senti foi tão forte que as lágrimas romperam através dos meus olhos. Meu peito pesou com a dor que senti, e a cada segundo que eu chorava enquanto absorvia a realidade a minha frente, o meu coração acelerava em disparado, me trazendo uma sensação de descontrole total e só piorou quando senti mãos me envolverem pelas costas em meio aos meus soluços e gritei o mais desesperada possível…
Despertei com alguém cobrindo minha boca enquanto me sacudia bruscamente sob o colchão. Ouvia meu nome ser pronunciado num tom de comando e fui puxada para a realidade.
Abrindo meus olhos, senti o peso do sonho vir à tona e as lágrimas vieram junto aos soluços de desespero. De repente, nada do que havia acontecido comigo até então era pior do que a sensação e medo de que algo ruim tivesse acontecido com meu pai. Nada mais iria me afetar se algo de pior acontece com ele.
Mavie NeumannEm desespero, envolvi minhas mãos no tecido da roupa da pessoa que estava ali me sacudindo a segundos atrás e sussurrei em meio aos soluços.— Por favor… O meu pai.Fechei meus olhos sentindo a névoa do sono e confusão ainda se dissolvendo conforme a realidade e desespero ainda estavam fazendo pagassem pelo meu cérebro. — Me diga que ele está bem, eu imploro.Me encolhi sentindo as lágrimas descerem pelas minhas bochechas livremente enquanto eu fechava com força meus olhos, para que quando eu os abrisse, pudesse enxergar sem vestígios de sono e confusão a expressão daquela pessoa, mas quando abri meus olhos, para meu espanto, quem estava ali comigo, era o Ghost. Seus olhos estavam brilhando enquanto me encarava como um falcão. Sua expressão estava impenetrável, exceto pelo brilho fixo de suas íris escuras.Seus lábios numa linha firme e fixa se separaram de repente, quando ele levou suas duas mãos e envolveu meus pulsos e disse. — Você teve um pesadelo, Florzinha?Naq
Mavie NeumannDa janela reforçada com barras de ferro, acompanho os dias passando lenta e dolorosamente. A cada dia que passa, vejo minha alegria e vontade de viver indo ralo abaixo. Não consigo dormir por causa dos pesadelos, e não consigo comer pelo medo de eles me doparem e assim causar algum dano físico. Pode ser paranóia, mas não consigo confiar. Soa tudo tão mal e errado, que prefiro me privar de comida e descansos longos, já que em meus sonhos só aparecem gritos, correntes e sangue.Sentada na poltrona, observo o céu noturno e totalmente úmido lá fora. Hoje choveu o dia inteiro, e assim como o dia estava péssimo, o meu humor estava igual. Me sinto cansada, fraca e dolorida, entretanto, prometi a mim mesma que iria lutar até minhas últimas forças, e não vou me entregar, pois sei que serei resgatada. Meu pai havia me garantido isso.De repente, me lembrei da nossa última conversa antes de ele me empurrar para aquele lugar solitário e secreto.“Nunca na minha vida vou poder pagar
Mavie NeumanA expressão dele mudou mais uma vez. Seus olhos fixaram nos meus enquanto me analisava e eu continuei. — Antes eu estava no meu quarto, lendo meus romances e assistindo meus filmes clichês quando de repente, meu pai me colocou em uma passagem secreta e disse que eu deveria fugir e que em breve eu seria resgatada.A cabeça do homem pendeu incrédula para o lado e ele perguntou com a testa franzida. — Você está falando sério?Eu apenas o encarei e confirmei com um gesto, quando ele de repente começou a rir e disse bem humorado. — Sério que você gosta de romance e assiste clichês?Ele soltou uma gargalhada que de repente me fez sentir vergonha por ter falado algo tão tolo e íntimo para um homem como ele e prossegui na defensiva. — Eu não sei fazer outra coisa.Enxugando as lágrimas dos olhos, ele diz. — Então quer dizer que você caiu de paraquedas na realidade? Ele mudou sua expressão rapidamente, enquanto me analisava fixamente, e se aproximando de mim, recuei alguns p
Vincent BlakeDescobrimos a poucos dias que Mavie de fato desconhecia a verdadeira face do homem que a criava. Quando descobriram a morte de Saymon Neumann, logo entramos em uma delicada situação, pois Saymon Neumann era uma pessoa influente na nossa máfia, mas também guardava um segredo muito importante da máfia inimiga, e por isso, estão tentando nos atingir de todos os lados, pois eu possuo o tesouro que eles tanto querem, mas a questão é que não sabemos o que irão fazer caso coloquem suas mãos sujas nesse tesouro.Óbvio, eu amo a sensação de ter algo que os inimigos desejam. É muito gratificante a sensação de poder, e saber que somos os melhores, só deixa a situação mais satisfatória, pois ninguém irá levá-la de mim, e ainda assim, podemos desfrutar de bons e agradáveis momentos no calabouço, pois estão tentando capturar a garota e desse jeito, a minha diversão nunca acaba. Depois de mais um dia longo de trabalho, voltei para minha mansão e soube que Mavie não está se alimentando
Vincent BlakeMe inclinando em sua direção, levei minhas mãos em seu joelho ferido e o apertei entre meus dedos, aumentando a força à medida que ele gritava em desespero. — Você vai se arrepender por ser mal educado com desconhecidos, especialmente um desconhecido como eu.Cuspindo mais uma vez, ele falou cerrando os dentes pela dor. Suor brotava pelos seus poros, assim como seu medo. — Você vai morrer de uma forma ou de outra…Nesse momento eu confirmei em um gesto e respondi. — Sim, e por isso, quero os piores ao meu lado.Nesse momento segurei seu joelho com uma mão e enfiei meu dedo indicador em sua ferida que sangrava muito.Meu dedo entrou em sua carne profundamente. Aos berros, seus dedos apertaram meu braço com força na tentativa e parar a minha exploração,mas afastando-o, eu continuei. — Veremos se você não vai abrir a boca para falar o que preciso.Comecei a mexer em sua carne com meu dedo, a cada grito, fui invadindo ainda mais a sua pele, aprofundando meu dedo através d
Vincent BlakeEu fui até o painel de controle da porta e cliquei em alguns botões, liberando o código de acesso das armas, quando Mavie murmurou. — O que é Lamborghini?Sacudindo a cabeça, ergui as mãos e resmunguei. — Como assim você não conhece uma Lamborghini?Ela deu de ombros e ficou em silêncio como se fosse óbvio e pegando algumas pistolas e adagas, eu murmurei. — O carro plotado em preto fosco. Me aproximei do carro e abri a porta, deixando Mavie entrar primeiro, em seguida, coloquei as armas aos seus pés e murmurei. — Não se preocupe, nem uma está engatilhada.Ela engoliu em seco quando colocou o cinto de segurança, e fechando a porta, eu dei a volta e me acomodei em meu banco, enquanto a porta da garagem era aberta, eu colóquio meu cinto, e alguns segundos já foi possível ver que a entrada estava cercada, mas como eu quebro regras, simplesmente dei a ré, pegando a todos que estavam pelo caminho desprevenidos.Alguns conseguiram escapar, mas outros não tiveram a mesma ch
Mavie NeumannQuando acordei, estava sozinha dentro do carro enquanto as armas estavam todas sob meus pés e me encolhendo, olhei a volta a procura do Ghost e de longe consegui ver alguém andando em direção ao nosso carro.Droga.Cadê ele?Me encolhi no assento na tentativa de me esconder, quando de repente alguém destravou a porta do carro e a abriu e ergui os braços para me proteger quando ouço Vincent murmurar. — Acordou, Florzinha, finalmente.Fechando os olhos, soltei o ar pelo alívio de vê-lo e perguntei. — Como você me deixa sozinha desse jeito?Arqueando a sobrancelha, Ghost se acomodou em seu assento e respondeu travando as portas. Todo o painel estava desligado, então estávamos no escuro total. — Não deixei você sozinha, Mavie. Estava ali fora esperando você acordar.Eu desviei a atenção do seu rosto depois de ouvir a sua e resposta e perguntei. — O que vamos fazer agora?Ele encostou sua cabeça no banco e fechou os olhos enquanto respirava fundo, foi possível ver o momen
Mavie NeumannIsso não soa normal.Na verdade, não deveria nem sentir essas coisas depois de ele mesmo confessar que havia matado meu pai. O único espelho de família que tive em toda a minha vida. Meu pai.De repente, senti meu peito se apertar ao lembrar do dia em que Ghost disse propositalmente que havia matado meu pai e de repente aquele conflito de sentimentos se desfez, deixando apenas a mágoa, raiva e dor se infiltrar em meu peito, criando um bolo amargo e pesado em minha garganta. Algo muito difícil de ser engolido.Lágrimas já rolavam pelas minhas bochechas quando lembrei de algo que sempre guardei com muito carinho em meu coração.Eu e meu pai estávamos sentados juntos em um banco no meio da nossa estufa. Era primavera e as flores estavam florescendo lindamente. Tinha rosas vermelhas, orquídeas, Lírios de Calla e Camomila que eram as minhas preferidas.Ele disse que as cultivava por que minha mãe sempre foi apaixonada por flores, e que elas eram da mesma origem da minha mãe,