— O que me diz, Edward? Talvez a criança não seja bagunceira. — Tentou me convencer uma última vez. Espero não me arrepender… — Ok, a mulher pode ir e levar o irmão dela. — Ele respirou aliviado e sorriu abertamente. — Nem venha com esse sorriso besta, ligue agora para Cláudia e avise que se ela aceitar o trabalho. Qual o nome da tal mulher mesmo? Soa tão grosseiro ficar falando essa mulher, tal mulher. — Penso que ela se chama Ana… Ana Beatriz, é isso mesmo, ela se chama Ana Beatriz. — Diga a Cláudia que se a Ana Beatriz quiser mesmo o trabalho, ela terá que estar no aeroporto amanhã à noite, o horário você já sabe. — Não pensa que está muito em cima não? Como ela resolverá as coisas? — Não, eu não acho! Quando a pessoa tem interesse, ela consegue o que quer. — Você sabe que nem sempre é bem assim, às vezes o interesse não é o suficiente. — Não me interessa, já tomei a minha decisão! Será dessa forma, ou não será. — Tudo bem, ok, já entendi… Eu nunca te disse o quant
Levanto do sofá e olho as horas em meu celular. 19:10h. Penso em chamar um “99 Pop” ou um Uber, mas até a Ribeira ficaria muito caro. Torno a calçar minhas sapatilhas e ainda com a bolsa em meu ombro, saiu porta afora deixando meus pensamentos conflitantes para trás. 💎💎💎 Eu e Levi chegamos a nossa casa um pouco mais das 21h30 da noite. Eu deveria estar cansada fisicamente falando, ou ao menos me sentir assim, mas tudo que eu conseguia sentir era uma exaustão em minha mente e uma adrenalina acumulada em meu corpo. De alguma forma eu me sentia frustrada e Levi não facilitava para mim. Desde que chegamos que pedi-lhe para tomar banho. Não tenho culpa que ele decidiu correr feito louco e ficou todo suado. Ele tomará banho sim, isso não será mais discutido! — Levi, vai logo tomar banho, não repetirei outra vez. — Esbravejei estressada. Ele sabe que quando lhe peço algo, não gosto de ficar repetindo. — Só mais um episódio, Bea, por favor. — Ele implorou com o olhar pidão. Mas, n
— JÁ VAI! — Gritei enxugando as minhas mãos no pano de prato em meu ombro direito e caminhando em direção a porta. — Quem será a essa hora? — Movo a cortina da janela de forma sutil para observar quem estava batendo em minha porta a essa hora. Assim que consigo ver a pessoa, fico surpresa. — Lourdes? — Digo assim que abro a porta. — O que faz aqui a essa hora? Aconteceu algo? — Perguntei assustada ao notar a sua cara de poucos amigos me fitando. Ai meu Deus, dona Cláudia mandou a Lourdes me dispensar, só pode. — Aff, porque pensa que eu trouxe notícias ruins? — Ela lançou o seu olhar feroz em minha direção e meu corpo tremeu. — Você não avisou nada! — Respondi-lhe como se esse motivo fosse o suficiente para o meu negativismo. — Puta que pariu, Beatriz, eu queria que a sua mente fosse rápida em pensar positivo da mesma forma que ela é rápida em pensar negativo. — Me criticou entrando em casa pisando duro. Suas palavras me fizeram ficar mais preocupada. — Agora, fecha essa porta
— Por que ela não me ligou e contou? — A questionei largando a bucha na pia, lavando o prato em minhas mãos, enxugando e colocando no escorredor também. Em seguida, viro em direção a Lourdes, me encostando a pia, cruzo meus braços olhando em seus olhos. Porque para mim não há nada mais sincero que um olhar, ou atitudes. Fitando ela nos olhos, posso observar que não se trata de nenhuma brincadeira. Por mais que eu saiba que ela não brincaria com algo sério assim, ainda é difícil de acreditar. — Ela tentou te ligar, mas só deu caixa. — Ouço as suas palavras acusatórias. Sem “jeito”, descanso os braços apoiando minhas duas mãos na pia. — Devo estar sem rede. — Digo pegando o celular que carregava em cima do armário da cozinha. — É, estou sem rede. — Confirmei com um sorriso sem graça voltando a colocá-lo na mesma posição de antes. — Claro, morando nesse fim de mundo. — É o meu único lar, Lourdes, não fale assim, sabe que eu não gosto. — Tá, tá... — O que Dona Cláudia te d
Faço muito isso, já virou uma mania esse negócio de arregalar os olhos, ainda mais quando estou assustada. — Você nem sabia que eu aceitaria. — Tenho a minha fé cega, minha cara Bea. — Entortei a boca e a encarei envergonhada. — Eu pedi desculpas, você não vai me deixar esquecer, não é? — Não! Você é muito negativa. Se a minha fé cega te irrita, o seu negativismo constante também não me é indiferente. — Declarou zangada. — Mudarei, prometo. — É bom mesmo! Agora vamos! Dormirei aqui hoje, vou te ajudar a arrumar as suas coisas. Mas antes, deixa eu avisar a Cláudia que você aceitou. — E como vou me encontrar com esse advogado? Qual o nome dele? — Acredito que ele se chama Edward King, o motorista dele passará aqui para te buscar às 19h00 em ponto, então não se atrase. Passarei o seu endereço para Cláudia também. — Certo! — Buscarei as malas. — Afirmei com a cabeça. Ela tira o celular do bolso, liga o visor, aperta a discagem rápida e leva o mesmo ao ouvido. — Cláudia
— Se realmente seu relógio biológico estiver acabando. — Faço uma pausa tocando em meu queixo encarando-a em desafio. — Quem disse a você que filho para ser filho precisa ser de sangue. — Você está falando de adoção, Beatriz? — Sim, Lourdes, estou! Filhos não precisam nascer de nosso ventre para ser filhos, eles precisam passar por nós. — Nunca pensei sobre isso, amiga, mas pensarei. É algo que posso cogitar. — Ótimo, pense a respeito. — Digo me encostando ao sofá e olhando a TV. — Bea? — Sim? — Voltei a olhar em sua direção e ela me fitava com preocupação. — O que foi? — Já que estamos confessando as coisas… — Não diria isso. — Me responde uma coisa? — Pergunta ignorando as minhas palavras. — Ué! Pergunte! — Você está bem? — Você quer dizer agora? — Também. No geral, como você está? — Não sei, Lourdes! Estou preocupada, muito, na verdade, mas, ao mesmo tempo, tentando ser positiva, como você pediu. — Sim, sei disso, o que quero saber é se… — Ela faz uma
— Mais ainda assim é errado, Bea, essa história desse homem ter te agarrado, isso é errado, terei que falar a Cláudia para punir esse cara. — Eu sei! — Você pensa que faria outra vez se ele te agarrasse? — Sinto curiosidades em suas palavras e volto a rir. — Acredito que sim, Lourdes, esse cara foi o primeiro que me fez pensar em fazer sexo pela primeira vez. — Ela arregalou os olhos e riu alto. — Assim você acabará acordando o Levi. — A advertir. — Desculpa, estou abismada com essa sua revelação. — Também não é para tanto. — Já pensou esse tal advogado ser o homem que te agarrou? — Lourdes, vire essa boca para lá. — Oxe, você ia transar besta. — Eu não sei nem se conseguiria olhar na cara do dito cujo. — É bonito o troglodita? — Pior que é, ele é o que você chamaria gostoso. — Eita! Misera! Se você encontrasse esse cara, deveria agarrar ele também. — Eu não! — Exclamei fazendo Lourdes voltar a rir alto. — Não teria coragem e não seria certo. — Oxe, por quê, Bea? — Somo
— Nada mudou! — Afirmei a mim, passando as mãos em meus cabelos e face com brutalidade. Da varanda eu podia observar a rua e muitos outros prédios ao redor. Mesmo sendo madrugada, as pessoas caminhavam naquele momento, despreocupadas, vestindo biquínis, shorts, ou calças jeans. Rindo, elas conversavam entre si como se fosse completamente normal andar no meio da madrugada em uma rua deserta. Alheios a tudo ao seu redor. Penso sentando à cadeira que fazia conjunto com a pequena mesa redonda de estrutura de ferro, alta, com tampa de vidro e mais uma cadeira disposta no lado direito da varanda. Fiquei por horas olhando pela janela, até presenciar os primeiros raios de sol surgir, magnífico como sempre. Não é atoa que escolho sempre hotel na Barra, não é apenas pela vista maravilhosa que dá para o mar do Porto da Barra, mas pelo espetáculo de presenciar vez ou outra o nascer e o pôr do Sol. O Grande Hotel Barra é ótimo, um lugar excelente e acolhedor, localizado em uma região bem agrad