EDWARD Para mim, o whisky é o melhor amigo do homem, mas hoje ele me deixou na mão. Ou talvez, eu tenha exagerado… Não, eu realmente exagerei! Parece até insensibilidade de minha parte pensar o contrário, contudo, eu tenho os meus motivos, não justifica as minhas ações babacas, mas é o único motivo que tenho. Hoje para mim não é uma data que gosto de relembrar, então bebi para esquecer, como costumo fazer todas as noites, quando chego em casa e não vejo nada além da solidão. Não que a bebida tenha mudado algo. Cada copo que sorvi só me fez afundar mais ainda em memórias amargas. Decerto a decisão em vim para esse puteiro foi impensada, Paulo, meu motorista, até tentou me fazer mudar de ideia, mas até bêbado, quando decido é bem difícil me fazerem retroceder. Sou cabeça dura demais! Além disso, eu não estava tão bêbado assim, nunca é o suficiente, as lembranças não vão embora, apenas são substituídas pelas boas lembranças ou se misturam as ruins e só me deixa pior ainda
— Nos dê licença, por favor, Carla. — Peço educadamente com um sorriso forçado, mas a minha vontade era sair gritando com todos que surgissem em meu campo de visão. Mas, seria idiotice de minha parte. — Sim, claro! Fiquem a vontade. — Diz insinuativa e saiu fechando a porta. Eu deveria tê-la gritado. — Você notou o tom dela? — Felipe me questionou sentando na cama. — Suponho que ela acredita que realizaremos algo indecente aqui. — É, eu notei. — Comentei sem muita vontade, gemendo de dor. Felipe me fitou com preocupação no olhar, ignoro e deito na cama. Porra, o que aquela menina tinha na perna? Aço? — Estou esperando, Edward? — Esperando o quê? — Uma explicação! — Sobre? — Não seja sonso. — Ele retrucou irritado. — Por que você estava no chão feito um idiota? Claro que ele tinha que me insultar. — Levei um chute nas bolas. — Ele arregalou os olhos, surpreso. — Como assim cara? — Levantou passando sua mão direita em seu cabelo. — Encontrei uma mulher qu
— Acho melhor não. — Ele se afastou de mim com a fisionomia séria. — Vamos voltar amanhã. — Diz se referindo ao nosso retorno a Santa Catarina e eu não sei se sorrio ou suspiro de alegria por isso. Não que eu odeie Salvador, ou algo parecido. Eu gosto daqui, mas sempre pensei que visitaria com Bella, ela sempre quis conhecer essa cidade e assim como Felipe, sua fascinação por essa cidade não tinha tamanho. Opto em não sorrir e nem suspirar, pareceria idiota demais de minha parte. E hoje já fiz papel de idiota demais. — Eu vou beber sim! — Digo com firmeza. — Não sou eu que vou pilotar avião nenhum. — Edward, você é muito chato às vezes, pare de agir feito um idiota. Nisso ele tem razão, sou chato e não me importo com isso. — Você pode me chamar de chato 99 vezes e 100 vezes eu não me importarei. — Meu Deus! Parece uma criança. — Sussurrou as últimas palavras, mas ainda assim eu consigo ouvir. Volto a ignorar. Não estou em clima para discussões com o Felipe, minha cabeç
— O que me diz, Edward? Talvez a criança não seja bagunceira. — Tentou me convencer uma última vez. Espero não me arrepender… — Ok, a mulher pode ir e levar o irmão dela. — Ele respirou aliviado e sorriu abertamente. — Nem venha com esse sorriso besta, ligue agora para Cláudia e avise que se ela aceitar o trabalho. Qual o nome da tal mulher mesmo? Soa tão grosseiro ficar falando essa mulher, tal mulher. — Penso que ela se chama Ana… Ana Beatriz, é isso mesmo, ela se chama Ana Beatriz. — Diga a Cláudia que se a Ana Beatriz quiser mesmo o trabalho, ela terá que estar no aeroporto amanhã à noite, o horário você já sabe. — Não pensa que está muito em cima não? Como ela resolverá as coisas? — Não, eu não acho! Quando a pessoa tem interesse, ela consegue o que quer. — Você sabe que nem sempre é bem assim, às vezes o interesse não é o suficiente. — Não me interessa, já tomei a minha decisão! Será dessa forma, ou não será. — Tudo bem, ok, já entendi… Eu nunca te disse o quant
Levanto do sofá e olho as horas em meu celular. 19:10h. Penso em chamar um “99 Pop” ou um Uber, mas até a Ribeira ficaria muito caro. Torno a calçar minhas sapatilhas e ainda com a bolsa em meu ombro, saiu porta afora deixando meus pensamentos conflitantes para trás. 💎💎💎 Eu e Levi chegamos a nossa casa um pouco mais das 21h30 da noite. Eu deveria estar cansada fisicamente falando, ou ao menos me sentir assim, mas tudo que eu conseguia sentir era uma exaustão em minha mente e uma adrenalina acumulada em meu corpo. De alguma forma eu me sentia frustrada e Levi não facilitava para mim. Desde que chegamos que pedi-lhe para tomar banho. Não tenho culpa que ele decidiu correr feito louco e ficou todo suado. Ele tomará banho sim, isso não será mais discutido! — Levi, vai logo tomar banho, não repetirei outra vez. — Esbravejei estressada. Ele sabe que quando lhe peço algo, não gosto de ficar repetindo. — Só mais um episódio, Bea, por favor. — Ele implorou com o olhar pidão. Mas, n
— JÁ VAI! — Gritei enxugando as minhas mãos no pano de prato em meu ombro direito e caminhando em direção a porta. — Quem será a essa hora? — Movo a cortina da janela de forma sutil para observar quem estava batendo em minha porta a essa hora. Assim que consigo ver a pessoa, fico surpresa. — Lourdes? — Digo assim que abro a porta. — O que faz aqui a essa hora? Aconteceu algo? — Perguntei assustada ao notar a sua cara de poucos amigos me fitando. Ai meu Deus, dona Cláudia mandou a Lourdes me dispensar, só pode. — Aff, porque pensa que eu trouxe notícias ruins? — Ela lançou o seu olhar feroz em minha direção e meu corpo tremeu. — Você não avisou nada! — Respondi-lhe como se esse motivo fosse o suficiente para o meu negativismo. — Puta que pariu, Beatriz, eu queria que a sua mente fosse rápida em pensar positivo da mesma forma que ela é rápida em pensar negativo. — Me criticou entrando em casa pisando duro. Suas palavras me fizeram ficar mais preocupada. — Agora, fecha essa porta
— Por que ela não me ligou e contou? — A questionei largando a bucha na pia, lavando o prato em minhas mãos, enxugando e colocando no escorredor também. Em seguida, viro em direção a Lourdes, me encostando a pia, cruzo meus braços olhando em seus olhos. Porque para mim não há nada mais sincero que um olhar, ou atitudes. Fitando ela nos olhos, posso observar que não se trata de nenhuma brincadeira. Por mais que eu saiba que ela não brincaria com algo sério assim, ainda é difícil de acreditar. — Ela tentou te ligar, mas só deu caixa. — Ouço as suas palavras acusatórias. Sem “jeito”, descanso os braços apoiando minhas duas mãos na pia. — Devo estar sem rede. — Digo pegando o celular que carregava em cima do armário da cozinha. — É, estou sem rede. — Confirmei com um sorriso sem graça voltando a colocá-lo na mesma posição de antes. — Claro, morando nesse fim de mundo. — É o meu único lar, Lourdes, não fale assim, sabe que eu não gosto. — Tá, tá... — O que Dona Cláudia te d
Faço muito isso, já virou uma mania esse negócio de arregalar os olhos, ainda mais quando estou assustada. — Você nem sabia que eu aceitaria. — Tenho a minha fé cega, minha cara Bea. — Entortei a boca e a encarei envergonhada. — Eu pedi desculpas, você não vai me deixar esquecer, não é? — Não! Você é muito negativa. Se a minha fé cega te irrita, o seu negativismo constante também não me é indiferente. — Declarou zangada. — Mudarei, prometo. — É bom mesmo! Agora vamos! Dormirei aqui hoje, vou te ajudar a arrumar as suas coisas. Mas antes, deixa eu avisar a Cláudia que você aceitou. — E como vou me encontrar com esse advogado? Qual o nome dele? — Acredito que ele se chama Edward King, o motorista dele passará aqui para te buscar às 19h00 em ponto, então não se atrase. Passarei o seu endereço para Cláudia também. — Certo! — Buscarei as malas. — Afirmei com a cabeça. Ela tira o celular do bolso, liga o visor, aperta a discagem rápida e leva o mesmo ao ouvido. — Cláudia