- "Uma moça independente, então"- "Algo do tipo"Michele quis interrogar a fundo a história daquela mulher. Havia um mistério, uma grande dose de perguntas a serem feitas. Não era apenas curiosidade. Ela via em Blair algo que poderia ser perigoso. No entanto, a chefe decidiu deixar o assunto em sua gaveta, por hora.- "Você pode trazer dois cafés para minha sala. Irei receber alguém em vinte minutos"*- "Ela não é do tipo curiosa" Daliah garantiu.- "Ela me perguntou sobre meu pai" Blair caminhou até a cafeteira e retirou o último café que havia preparado, o colocando na bandeja.- "Esse assunto não conta"- "Eu sei que gera curiosidade, mas continua sendo minha vida pessoal" a ruiva analisou o que estava na bandeja; açúcar, cafés, colheres, creme e adoçante. Parecia bom o suficiente.- "Se acostume com a fama, gata" Daliah bebeu o último gole de sua água e saiu da cozinha, rumo ao caos de roupas e corpos estressados que lhe esperavam.Blair via-se incomodada. O mundo era grande e p
- "Blair?" Michele chamou.- "Me desculpe, Sra. Brian" ela notou em sua voz o nervosismo que não queria deixar transparecer.As pernas da ruiva estavam fracas, como se a presença de Ethan fosse um terremoto. Blair queria saber o que ele teria para fazer com sua chefe. Poderia ser apenas uma desculpa para provocar outro encontro, porém ela não apostaria na hipótese.- "Sem problemas. Você pode deixar o café na minha mesa" Michele ansiava pelo momento em que ficaria sozinha com o magnata.Do outro lado da sala, Ethan estava virado na direção de Blair. Desde o momento em que ela entrara, havia ganhado toda sua atenção. A mulher sabia que estava bem no vestido preto, mas não tinha noção do que ele era capaz de fazer com a mente masculina. O homem precisou pensar em coisas ruins para controlar a animação de seu corpo, o desejo crescendo exponencialmente. Seus olhos percorriam por ela, tentando ao máximo parecer respeitoso. Ele queria exatamente o que não poderia ter.- "Srta. Collins" o ho
- "Está bem. Faça o convite"- "Eu e as meninas estamos indo para um clube. Alugamos uma limusine e tudo mais. Me desculpe por não ter avisado antes, é que você chegou tão rápido que não raciocinei. Bem, de qualquer forma, me fale seu endereço e passamos na sua casa"- "O que?" Blair gargalhou.Ela gostava de sair e dançar com amigos, mas não tendo compromissos para o dia seguinte. E, ainda mais, tendo compromissos com a polícia.- "Não sei se pessoas bonitas precisam se arrumar, mas faça o que tiver que fazer e passamos na sua casa em breve. Não tente recusar"- "Você é louca"Apesar de achar a ideia absurda, Blair levantou-se e caminhou da sala até seu quarto. Ela usara uma camisola fina, o que a deixava tão invejável quanto um vestido de grife.No fundo, ela queria ter alguma distração. Era uma cidade nova, com um emprego novo, pessoas novas, e uma realidade totalmente nova. Talvez fazer algo por si mesma não fosse ruim, afinal.- "Sim, sou. E você vai aprender a adorar isso. Agora
Ela se entregou ao som completamente. Não conseguia ouvir seus pensamentos enquanto o estrondar da música lhe cercava. A sensação de liberdade estava presente. Seus problemas não existiam quando o ritmo coordenava seu corpo, incitando ao balançar mais carnal possível. Blair Angel era um arsenal de sensualidade.A ruiva fechou os olhos por um segundo, permitindo-se ser tudo que as pessoas ao redor pensassem que fosse. No fundo, ela sabia que estava inalcançável naquele instante. Seu corpo era uma coreografia rítmica pronta, envolvendo-se como se conhecesse e dominasse o ambiente, a música, o momento.- "Eu acho que vi um anjo" Anna comentou, parecendo seriamente abalada.Blair abriu os olhos ao ouvir aquelas palavras, pois fora exatamente o que pensou ao ver certo homem pela primeira vez. Ela cessou seus movimentos, e no momento em que seu corpo deixou de ser anestesiado pelas batidas, ela pôde sentir a atração. Ele estava lá. Ele estava olhando para ela. O formigamento em sua pele pod
O rosto do homem era impassível, a voz controlada e os movimentos econômicos. Contudo, um vulcão estava erupcionando dentro dele, desde o momento em que Blair entrou em seu campo de visão. Ele parecia indiferente, mas dormia todas as noites pensando nas curvas da ruiva. A ligação entre eles era palpável, e a fome que sentiam apenas o outro tinha o poder de alimentar.- "Tyler"Blair olhou para ele, depois para a loira ao seu lado. Ela era bonita, um padrão americano. E, por achar que já havia ganhado o homem, a loira estava sorridente, esbanjando seu prêmio de uma noite. Mas a verdade era que, naquele momento, a mulher fora ofuscada por Blair. Ethan demorou para perceber que ela ainda estava ali quando toda sua atenção estava em fios ruivos.- "Eu vim cumprimentar você, porque estou de saída" Angel voltou a olhar para o rosto bonito de Ethan.Seu olhar era um desafio a descartar qualquer mulher no mundo. Se fosse um caso, deveria abandoná-la. Se fosse uma namorada, deveria terminar co
Jean estava alheio e desconfortável. Por mais que aquele apartamento fosse pago por ele, nunca havia ultrapassado os limites da porta de entrada. Estava sempre a um pé de distância, tentando respeitar o espaço que sua filha precisava manter.- "Oi, Blair" o pai levantou-se, torcendo para que aquilo não significasse intimidade demais. A mulher não respondeu; ainda estava pensando sobre a visita do pai.- "Estava tarde e ele me deu uma carona, então pensei que não seria ruim entrar e tomar uma bebida" Drake explicou-se.Blair olhou para a mesa, para os petiscos de frutos do mar e bebida cara, e logo soube que tudo aquilo era apenas uma desculpa para seu pai lhe ver.- "Tudo bem. Aproveitem o vinho" ela sorriu para ambos ao murmurar, depois virou-se rumo ao corredor dos quartos.Blair estava exausta, e ver seu pai sempre piorava seu estado de espírito. Quando estavam em público, a mulher sabia fingir felicidade. Era apenas atuação. Contudo, em sua casa, dentro de sua intimidade, ela não
1 ANO ANTES...POV BLAIR- "Eu preciso sair e procurar um emprego. Estou começando a sentir vergonha de ser sustentado por você" ele sorri de lado, meio sem graça.Eu sei o quanto Drake valoriza a independência. Ele trabalhava em uma agência de modelos falida, mas adorava o local. Não recebia muito, no entanto, era suficiente para pagar nossas contas. Quando ele foi demitido, posso dizer que nossa situação financeira teve um declínio severo.- "Sobre isso..."Olho ao redor de Manhattan, pensando em como a vida seria mais fácil se tivéssemos alguns dígitos a mais em nossas contas bancárias. A vida da qual precisamos é o que Jean vem oferecendo há alguns anos, e eu sempre recusei. Mas, agora, vendo que estamos sobrevivendo e não vivendo, talvez seja hora de aceitar.- "Jean me ligou novamente. Ele continua propondo o mesmo"- "Ele quer que você vá para Las Vegas, certo?"- "Eu acho que podemos pensar melhor na hipótese, não? Jean tem mais dinheiro, e talvez esteja na hora de aceitar que
1 ANO ANTES...POV BLAIR- "Eu trabalhei até tarde no fim de semana. E um cara me chamou para sair. Ele dirige um carro de luxo, então pensou que eu jamais recusaria. Mas, no fim, eu recusei. Ele me chamou de vadia burra, e foi embora"A quantidade de propostas como essa que eu recebo é assustadora. Talvez seja o uniforme vulgar, parecendo mais uma oferta do que uma funcionária. Não posso dizer que me acostumei, mas sei que sempre será assim. Vão me contratar pela aparência e depois usar disso para benefício próprio. É irônico que o fato de estar em um departamento policial nunca me fez sentir segura.- "Jean me ligou no sábado. Ele ainda insiste que eu vá para Las Vegas. E, para ser sincera, estou tentada a aceitar"Faz algum tempo que me cansei de ser apenas a bonequinha bonitinha que as pessoas querem colocar em suas estantes. Ninguém me enxerga para além disso. Eu comecei a acreditar que não tenho personalidade, e que sirvo apenas para decorar o ambiente. E talvez, com Jean, eu po