- "E é com esse tipo de maluca que eu lido todos os dias" Daliah suspirou.- "Você faz um bom trabalho. A propósito, está linda hoje"- "Um elogio vindo de você é grande coisa"Ambas estavam usando vestidos. Blair usava uma peça simples, um vestido preto com busto arredondado e comprimento recatado. Estava profissional, mas suas curvas sempre a faziam parecer mais interessante. Daliah apostava em peças mais ousadas. Seu vestido amarelo não era curto, mas, ainda assim, mostrava boa parte de suas pernas. O cabelo enrolado estava preso em um coque formal, o que exponha o rosto simétrico e a maquiagem bem feita.- "O que preciso fazer hoje?"Blair não tinha muito o que fazer, geralmente. Sempre ficava vagando entre um relatório ou outro. Ela não sabia como Spencer havia conseguido aquela vaga, mas estava certa de que sua presença ali era completamente dispensável.- "Pode me ajudar por aqui. A Sra. Brian está em sua sala, então preciso atender a demanda das modelos e as demandas dela. Voc
- "Uma moça independente, então"- "Algo do tipo"Michele quis interrogar a fundo a história daquela mulher. Havia um mistério, uma grande dose de perguntas a serem feitas. Não era apenas curiosidade. Ela via em Blair algo que poderia ser perigoso. No entanto, a chefe decidiu deixar o assunto em sua gaveta, por hora.- "Você pode trazer dois cafés para minha sala. Irei receber alguém em vinte minutos"*- "Ela não é do tipo curiosa" Daliah garantiu.- "Ela me perguntou sobre meu pai" Blair caminhou até a cafeteira e retirou o último café que havia preparado, o colocando na bandeja.- "Esse assunto não conta"- "Eu sei que gera curiosidade, mas continua sendo minha vida pessoal" a ruiva analisou o que estava na bandeja; açúcar, cafés, colheres, creme e adoçante. Parecia bom o suficiente.- "Se acostume com a fama, gata" Daliah bebeu o último gole de sua água e saiu da cozinha, rumo ao caos de roupas e corpos estressados que lhe esperavam.Blair via-se incomodada. O mundo era grande e p
- "Blair?" Michele chamou.- "Me desculpe, Sra. Brian" ela notou em sua voz o nervosismo que não queria deixar transparecer.As pernas da ruiva estavam fracas, como se a presença de Ethan fosse um terremoto. Blair queria saber o que ele teria para fazer com sua chefe. Poderia ser apenas uma desculpa para provocar outro encontro, porém ela não apostaria na hipótese.- "Sem problemas. Você pode deixar o café na minha mesa" Michele ansiava pelo momento em que ficaria sozinha com o magnata.Do outro lado da sala, Ethan estava virado na direção de Blair. Desde o momento em que ela entrara, havia ganhado toda sua atenção. A mulher sabia que estava bem no vestido preto, mas não tinha noção do que ele era capaz de fazer com a mente masculina. O homem precisou pensar em coisas ruins para controlar a animação de seu corpo, o desejo crescendo exponencialmente. Seus olhos percorriam por ela, tentando ao máximo parecer respeitoso. Ele queria exatamente o que não poderia ter.- "Srta. Collins" o ho
- "Está bem. Faça o convite"- "Eu e as meninas estamos indo para um clube. Alugamos uma limusine e tudo mais. Me desculpe por não ter avisado antes, é que você chegou tão rápido que não raciocinei. Bem, de qualquer forma, me fale seu endereço e passamos na sua casa"- "O que?" Blair gargalhou.Ela gostava de sair e dançar com amigos, mas não tendo compromissos para o dia seguinte. E, ainda mais, tendo compromissos com a polícia.- "Não sei se pessoas bonitas precisam se arrumar, mas faça o que tiver que fazer e passamos na sua casa em breve. Não tente recusar"- "Você é louca"Apesar de achar a ideia absurda, Blair levantou-se e caminhou da sala até seu quarto. Ela usara uma camisola fina, o que a deixava tão invejável quanto um vestido de grife.No fundo, ela queria ter alguma distração. Era uma cidade nova, com um emprego novo, pessoas novas, e uma realidade totalmente nova. Talvez fazer algo por si mesma não fosse ruim, afinal.- "Sim, sou. E você vai aprender a adorar isso. Agora
Ela se entregou ao som completamente. Não conseguia ouvir seus pensamentos enquanto o estrondar da música lhe cercava. A sensação de liberdade estava presente. Seus problemas não existiam quando o ritmo coordenava seu corpo, incitando ao balançar mais carnal possível. Blair Angel era um arsenal de sensualidade.A ruiva fechou os olhos por um segundo, permitindo-se ser tudo que as pessoas ao redor pensassem que fosse. No fundo, ela sabia que estava inalcançável naquele instante. Seu corpo era uma coreografia rítmica pronta, envolvendo-se como se conhecesse e dominasse o ambiente, a música, o momento.- "Eu acho que vi um anjo" Anna comentou, parecendo seriamente abalada.Blair abriu os olhos ao ouvir aquelas palavras, pois fora exatamente o que pensou ao ver certo homem pela primeira vez. Ela cessou seus movimentos, e no momento em que seu corpo deixou de ser anestesiado pelas batidas, ela pôde sentir a atração. Ele estava lá. Ele estava olhando para ela. O formigamento em sua pele pod
O rosto do homem era impassível, a voz controlada e os movimentos econômicos. Contudo, um vulcão estava erupcionando dentro dele, desde o momento em que Blair entrou em seu campo de visão. Ele parecia indiferente, mas dormia todas as noites pensando nas curvas da ruiva. A ligação entre eles era palpável, e a fome que sentiam apenas o outro tinha o poder de alimentar.- "Tyler"Blair olhou para ele, depois para a loira ao seu lado. Ela era bonita, um padrão americano. E, por achar que já havia ganhado o homem, a loira estava sorridente, esbanjando seu prêmio de uma noite. Mas a verdade era que, naquele momento, a mulher fora ofuscada por Blair. Ethan demorou para perceber que ela ainda estava ali quando toda sua atenção estava em fios ruivos.- "Eu vim cumprimentar você, porque estou de saída" Angel voltou a olhar para o rosto bonito de Ethan.Seu olhar era um desafio a descartar qualquer mulher no mundo. Se fosse um caso, deveria abandoná-la. Se fosse uma namorada, deveria terminar co
Jean estava alheio e desconfortável. Por mais que aquele apartamento fosse pago por ele, nunca havia ultrapassado os limites da porta de entrada. Estava sempre a um pé de distância, tentando respeitar o espaço que sua filha precisava manter.- "Oi, Blair" o pai levantou-se, torcendo para que aquilo não significasse intimidade demais. A mulher não respondeu; ainda estava pensando sobre a visita do pai.- "Estava tarde e ele me deu uma carona, então pensei que não seria ruim entrar e tomar uma bebida" Drake explicou-se.Blair olhou para a mesa, para os petiscos de frutos do mar e bebida cara, e logo soube que tudo aquilo era apenas uma desculpa para seu pai lhe ver.- "Tudo bem. Aproveitem o vinho" ela sorriu para ambos ao murmurar, depois virou-se rumo ao corredor dos quartos.Blair estava exausta, e ver seu pai sempre piorava seu estado de espírito. Quando estavam em público, a mulher sabia fingir felicidade. Era apenas atuação. Contudo, em sua casa, dentro de sua intimidade, ela não
1 ANO ANTES...POV BLAIR- "Eu preciso sair e procurar um emprego. Estou começando a sentir vergonha de ser sustentado por você" ele sorri de lado, meio sem graça.Eu sei o quanto Drake valoriza a independência. Ele trabalhava em uma agência de modelos falida, mas adorava o local. Não recebia muito, no entanto, era suficiente para pagar nossas contas. Quando ele foi demitido, posso dizer que nossa situação financeira teve um declínio severo.- "Sobre isso..."Olho ao redor de Manhattan, pensando em como a vida seria mais fácil se tivéssemos alguns dígitos a mais em nossas contas bancárias. A vida da qual precisamos é o que Jean vem oferecendo há alguns anos, e eu sempre recusei. Mas, agora, vendo que estamos sobrevivendo e não vivendo, talvez seja hora de aceitar.- "Jean me ligou novamente. Ele continua propondo o mesmo"- "Ele quer que você vá para Las Vegas, certo?"- "Eu acho que podemos pensar melhor na hipótese, não? Jean tem mais dinheiro, e talvez esteja na hora de aceitar que