Meu coração está acelerado, e posso sentir a batida em meus ouvidos. A multidão que antes parecia tão vibrante agora é um mar de rostos estranhos, e cada segundo que passa parece uma eternidade. Eu me movo mais rápido, olhando desesperadamente para cada canto, cada rosto, enquanto a pressão em meu peito se intensifica.“Miguel! Onde você está?” Eu grito, minha voz quase quebrando.As comemorações desaparecem em um barulho distante, e a alegria das pessoas parece zombar do meu desespero. É uma sensação horrível, estar tão perto de algo que todos amam e, ao mesmo tempo, sentir que estou prestes a perder a coisa mais preciosa que tenho. A única coisa que quero é encontrá-la antes que seja tarde demais.**PONTO DE VISTA DE BLAIR“Senhorita Collins, preciso apenas lhe fazer mais algumas perguntas”, diz o policial, mas sua voz ecoa como se viesse de muito longe. É como um sonho distorcido, um pesadelo do qual não consigo acordar.Perdi meu filho.A realidade se desenrola lentamente, e cada
A possibilidade de Miguel estar em perigo é uma faca afiada que corta a esperança, e cada momento que passa sem notícias é como um golpe direto no meu coração."Se alguma coisa acontecer com ele, eu nunca vou me perdoar", diz Drake, com a voz mais baixa agora, como se estivesse lutando contra a própria realidade.Ele passa a mão no rosto, como se tentasse afastar a imagem do que pode acontecer.Olho para ele e sinto uma mistura de gratidão e dor. “Nós encontraremos nosso garoto, Drake,” eu digo, determinação forçando seu caminho através da tempestade de emoções.**Sento-me em frente à janela, observando a chuva cair como se cada gota carregasse um pedaço da minha tristeza. O ar é denso, quase difícil de respirar, e sinto um aperto profundo no peito quando penso em Miguel... sobre onde ele está, com quem ele pode estar agora. O chá em minhas mãos já esfriou; não passa de um fantasma de calor, como uma lembrança de algo que um dia me aqueceu.Drake foi para seu quarto, dizendo que prec
A chuva continua a bater contra o vidro, e sinto que sou parte dela, dissolvendo-se a cada gota que cai, como se eu também estivesse desaparecendo lentamente. Minha vida inteira agora é essa espera vazia, esses momentos de silêncio preenchidos apenas pela lembrança de Miguel. Não sei por quanto tempo mais posso suportar isso, ou se algum dia terei forças para aceitar que ele pode não retornar.Mas aqui estou eu, ainda esperando, observando a chuva cair com a intensidade de um luto sem fim.A campainha toca com um estrondo alto que parece cortar o ar pesado da casa. Drake e eu trocamos um olhar… não precisa dizer nada.Em nosso silêncio, imploramos por um milagre. Por um segundo, ninguém se move. Meu coração bate tão rápido que consigo sentir o pulso em minhas têmporas, uma batida rítmica entre desespero e esperança.Deixo a xícara esquecida na mesa lateral e corro em direção à porta, meus passos apressados ecoando pelo corredor vazio. Ouço os passos de Drake logo atrás de mim; ele tam
Ele sabe exatamente o que está insinuando, mas tento não demonstrar.Minha expressão permanece imóvel. “Não entendi a pergunta,” eu respondo, minha voz mais fria e controlada do que me sinto por dentro.Mas Carter sorri, um sorriso frio e irônico, e solta um pequeno suspiro de frustração, mantendo os olhos fixos nos meus, como se já soubesse a resposta e estivesse apenas me testando.“Eu nunca me importei com as corridas de Banks depois que ele cometeu o erro de voltar para a pista”, ele começa, andando de um lado para o outro como um animal enjaulado, cada palavra carregando uma pitada de ressentimento. “Mas ontem... ontem eu estava no hotel, trabalhando. Eu não tinha nada melhor para fazer, então pensei, por que não? Eu fui para a pista de corrida, assisti à corrida, e você sabe o que eu vi?” Ele para, me encarando com uma intensidade que me faz prender a respiração. “Eu vi um garoto, sozinho, perdido na multidão. E então... o diabo sussurrou no meu ouvido.”Carter dá um passo mais
Eu me viro para ele, a raiva queimando em meus olhos. "Por quê?" Minha voz é firme, quase um sussurro, mas cheia de fúria controlada. "Meu filho tem quatro anos. Ele tem uma mãe que morreria por ele e um tio que o ama como um pai. Ele não sabe, e nunca saberá, que Ethan é seu pai! E eu sei que você também não se importa. Ele é apenas um garoto com os genes do seu amigo. Você é um idiota o suficiente para manter esse segredo de mim para sempre."Por um momento, Carter fica em silêncio, e vejo algo raro em seu rosto... uma sombra de vulnerabilidade.Ele olha para baixo, quase como se estivesse tentando encontrar as palavras, ou talvez reunindo coragem para dizê-las. "Sim, estou", ele admite, olhando para cima para me encarar com intensidade crua. "Eu poderia me virar e esquecer esse garoto. Eu poderia viver com esse segredo e garantir que Ethan nunca saiba que tem um filho."Meu coração dispara com uma mistura de alívio e raiva. "Assim seja", murmuro, virando-me, ansiosa para abrir a po
Mas minha voz se eleva novamente, uma onda de raiva e dor que não consigo mais controlar. "Ele fez isso, Carter! Ele fez isso!" Lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto eu grito, e sem pensar começo a bater em seu peito, forte, com uma raiva que mal consigo conter. As palavras saem entrecortadas, mas continuo. "Você não entende, você nunca esteve lá! Você não viu o que ele se tornou naquela noite!"As mãos de Carter seguram as minhas firmemente, parando meus golpes. Seu rosto está tenso, seus lábios pressionados, como se cada palavra que eu dissesse o atingisse de volta. "Ele não seria capaz de fazer isso", ele diz, sua voz baixa, como se tentasse dar um fim a isso.Eu engasgo com a raiva, minha respiração saindo em ofegos rápidos, meus olhos fixos nos dele com uma fúria ardente. "Era o carro dele, Carter. O maldito carro dele!" Meu corpo treme, tomado por um pavor consumidor. "Naquela noite, eu sabia. Eu sabia que se eu não fosse embora, ele não pararia. E você vem aqui, me contando
Carter me encara por um longo momento, seus olhos escuros agora, como se ele estivesse vendo algo além de mim, além da mulher que ele conheceu. Algo maior, mais profundo, que eu ainda luto para entender.E então ele fala, suas palavras carregando um peso que eu não esperava, mas de alguma forma trazendo consigo uma leveza que eu já sentia falta. “Cuide desse garoto, Blair. Ele é precioso.”E com essas palavras, ele se vira, e o silêncio toma conta da casa novamente.A cada passo que Carter dá, ele se afasta de mim, e eu fico ali, congelada, o som de sua partida ecoando no fundo da minha mente, como uma despedida final, um ponto sem volta. Ele vai embora, mas suas palavras pairam no ar, um lembrete amargo de tudo que perdemos e, ao mesmo tempo, de tudo que ainda tentamos proteger.Fecho os olhos, sentindo a dor de um passado que nunca irá embora e a necessidade desesperada de cuidar do futuro que, agora mais do que nunca, está em minhas mãos.**PONTO DE VISTA DE ETHAN1 MÊS DEPOIS“Vo
Carter ri, mas é uma risada fria e desequilibrada, do tipo que carrega mais desgosto do que humor. "Você realmente quer se convencer de que sempre foi assim?" Ele inclina a cabeça, me estudando criticamente. "Você quer mentir na minha cara e dizer que não está no fundo do poço?"Sinto uma faísca acender dentro de mim. Talvez seja raiva, talvez seja apenas cansaço. Mas respiro fundo, tentando manter o controle. "Por que eu estaria no fundo do poço?", pergunto, meu tom quase desafiador. A resposta já está ecoando em minha mente, mas preciso ouvi-la da boca dele. Quero saber se ele sabe.Ele hesita por um momento, mas não o suficiente para recuar. “Porque você perdeu a única pessoa que amava.”As palavras saem suavemente, tão suavemente que por um segundo me pergunto se realmente as ouvi ou se apenas as li em seus lábios. A sala parece cair em um silêncio ensurdecedor.O ar está pesado. Carter me encara, e é impossível desviar o olhar. Ele sabe que foi fundo, que tocou em algo que eu est