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03 - Carolina Alcântara

Carolina Alcântara

Me sento no escritório a muito contra gosto, não esperava que o Hassan fosse me lembrar sobre o Bruno nas primeiras vinte palavras que trocamos depois a noite de ontem.

É frustrante que isso tenha acontecido, seguro a minha grande xícara de café preto enquanto tento organizar a minha mente, que nesse momento estava cheia de assuntos pendentes, ainda mais com o Suíça, ligo o meu notebook e tento me concentrar enquanto espero a minha mãe me atender.

Enquanto ouço a chamada insistente do outro lado, começo a olhar as movimentações do caixa da última semana e principalmente as pessoas que foram no Suíça com o intuito de fechar alguma parceria.

Minha caixa de e-mail estava com várias mensagens tanto da Juliana como do meu irmão Claudio, eles com certeza devem desconfiar de alguma coisa.

Já estava na terceira chamada e nada de dona Clarice atender o telefone, o que estava começando a me preocupar, porque meu irmão já havia me ligado e principalmente a Juliana, com toda certeza eles já viram o Bruno e ele deve ter falado algo.

— O que é Carolina, aqui ainda são três da manhã — Ouço a voz de minha mãe me brigando, merda esqueci do fuso horário.

Seguro o choro e me levanto para amenizar o bolo entalado que se alojou em minha garganta, fungo um pouco, então consigo atenção da minha mãe.

— Filha, o que aconteceu? — Ouço o farfalhar dos lençóis e a preocupação do Paulo falando em grego no fundo.

— Mãe me separei… — Minha voz falha, não quero contar sobre o que descobri há alguns anos e nem sobre como o peguei na cama com outra.

— Como assim me separei, conte essa história direito… pode deitar querido, é apenas a Carol me avisando que está doente… — Ouço a minha mãe mentindo por mim para o homem que ela ama.

Sei que não posso me separar devido às regras da máfia, mas estávamos vivendo praticamente um casamento de fachada, Bruno já havia me traído em outra ocasião, quando mais uma vez bebeu de mais que suportava e deixou o pau falar mais alto e transou com a secretária da filial de San Diego.

Ele conseguiu esconder a situação por meses, mas a culpa o consumia até que um dia ele contou o que havia acontecido, nesse dia esqueci que ele era o pai dos meus filhos e o levei para um lugar reservado que temos no Suíça, é um cubículo que mandei construir com tudo de melhor qualidade para que a acústica não saísse, ou seja, ele é aprova de sons.

Me lembro até hoje da surra que dei nele, dos cortes que espalhei pelo seu corpo, em como o deixe cansado depois de quase uma semana o torturando, mas não o conseguia matá-lo, ele ainda é o pai dos meus filhos.

Desse dia em diante os meus soldados que participaram da minha tortura começaram realmente a me temer, viram o que tinha coragem de faze, já que não perdoei meu próprio marido.

Com a adaga que ganhei de presente do Alex e Demétrius, no pescoço do traidor na minha frente, decidi no último instante deixar que ele vivesse, mas disse que não seriamos mais um casal convencional, que a partir daquele momento ele seria apenas meu objeto sexual e se ele me traísse outra vez não teria volta.

Agora estou aqui olhando para o meu café gelado, com a minha buceta inchada, satisfeita pela forma que aquele maldito árabe me fodeu e com a minha mãe preocupada no telefone.

— Ele me traiu novamente, mãe, dessa vez o peguei na cama com outra mulher, mas para piorar a situação estou grávida dele. — Digo revelando uma parte da situação.

— Senhor… — Ouço a sua indagação. — Carol o que planeja fazer, porque sabe que se a situação for pauta do conselho, a situação pode se complicar, já que não é aceito traições entre os que tem cadeira no conselho.

Solto um suspiro pesado, porque conheço as malditas regras, porque procurei uma brecha para que pudéssemos nos divorciar, mas em todas as que achei, ele seria morto de várias formas, uma pior que a outra.

De forma sutil cheguei até a conversar com o Fritz sobre isso, mais ele estava tão obcecado em manter a minha sogra em segurança que nem me deu atenção, por isso que acabei nem recebendo respostas as minhas perguntas.

Sem contar que o meu sogro é uma raposa velha, se ele soubesse que o próprio enteado fez, podia matar a todos, para mostrar a cada um dos membros o motivo de seguir as regras.

— Ainda não sei, mas estou em Miami em uma casa que comprei uns meses atrás, ele voltou para o Rio. — Digo para a minha mãe, me viro quando ouço o som da porta se abrindo.

Avisto o Frank e um sentimento de decepção se instala no meu peito, tinha esperança que fosse o outro segurança.

— Desculpa senhora, quero saber se já tem uma hora para sair? — Ele me pergunta e nego com a cabeça, ele assente e começa a sair do escritório.

— Frank? — Ele volta a entrar no escritório e afasto o celular do meu rosto. — Peça para o Hassan vir até o escritório daqui a vinte minutos. — Peço ao homem que confirma com a cabeça e se afasta fechando a porta.

Volto com o telefone para o meu rosto e decido contar a verdade, preciso de concelhos e principalmente apoio, porque minha atitude não se justifica com o que ele fez também.

— Mãe, já estamos vivendo desse jeito há quase dois anos, ele me traiu assim que o Matheus fez dois anos… — Começo a contar toda a história para a minha que solta alguns palavrões baixinhos.

— Filha, me ouça, sei que agora está muito magoada, mas quero que vocês dois conversem, não o entregue para o conselho. — Suspiro frustrada com isso, porque é obvio que não farei isso, ainda mais com 3 filhos para criar. — Estou chegando aí em uma semana, vou descobrir um motivo para carregar a Ivone para podermos achar uma solução.

— Mãe, não quero que a minha sogra saiba, na verdade, não quero que ninguém saiba, principalmente na Grécia. — Ouço a risada dela no fundo.

— O que foi, tem medo que aquele deus grego largue a ruiva por você? — Começo a rir nervosa.

— Senhora sabe que não tem nenhuma chance que isso aconteça, Alex é loucamente apaixonado pela Bonnie e jamais me meteria no casamento deles. — Falo a verdade, o vejo como meu irmão mais velho, e sei que quando ele souber que o Bruno me traiu duas vezes ele vai ver em vermelho e só vai se acalmar depois que tirar sangue dele.

— Tudo bem, mas estou indo e deixarei o Paulo, seremos apenas nos três. — Não tenho o que fazer, apenas aceitar. — Outra coisa, me ligue avisando como está a gravidez, se me ligou é porque ainda não deve saber muita coisa. — Por isso amo a minha mãe que sabe das coisas até mesmo quando pouco falo.

— Não se preocupe mais tarde mando mensagem avisando, desculpa lhe acordar… — Olho para a porta que se abre e revela um árabe com terno na fresta da porta. — Mãe tenho que ir, assim que tudo se resolver lhe aviso.

Ouço mais algumas recomendações e desligo o telefone deixando-o em cima da mesa.

Chamo o meu segurança para entrar, ele para no meio da sala em sua posição habitual de soldado, enquanto me sento no sofá que estava na frente da estante que havia vários porta retratos da minha família.

— Desculpa por ter me afastado daquela forma Tajdid, mas não era aquilo que esperava ouvir de você depois de ontem. — Ele mantém a postura de soldado, olhando para frente com as mãos na frente do seu corpo como um soldado a espera de suas ordens.

— Desculpa perguntar Sayidati, me diga o que a minha Sayidati esperava ouvir? — Olho para ele e vejo que um sorriso nasce no canto da sua boca.

— Talvez você me convidando para a cama outra vez. — Dessa vez ele desfaz a postura e se vira na minha direção e em duas passadas longas para na minha frente e se abaixa, olhando em meus olhos.

— Pode ser que estava apenas esperando a noite chegar para bater na sua porta. — Ele me diz e um sentimento que há muito tempo não sentia, contorce a musculatura da minha intimidade me deixando molhada de excitação, olhar para os seus olhos negros me deixava com vontade que ele me possuísse aqui mesmo.

Levo minhas mãos até a lapela do seu terno e o puxo na minha direção, mais o safado se segura no sofá e não me permite que o beije, ele sorri de lado e se senta ao meu lado.

— Me diga Sayidati o que deseja? — Olho para ele que abre os dois botões do seu terno, sua mão passa por trás da minha cintura, minha respiração se acelera quando ele me toca incentivando que vá para o seu colo. — Vamos, diga o que deseja desse soldado, Sayidati…

A sua voz sai aveludada e cheia de desejo, minha respiração começa a acelerar, meus seios que estavam pesando quase falta pular para fora do decote do vestido, nem falo sobre a minha calcinha totalmente molhada.

— Quero voltar para cama, com você me dando prazer… — Digo sussurrando e olhando em seus olhos.

— Carolina, esse é um caminho perigoso, não sou o que você imagina e sei que quando fizer a sua pesquisa descobrirá muitas coisas. — Me afasto um pouco do homem que estava sentada me insinuando.

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