Dias depois…

ALISSA

Quando meu pai se foi, parte de mim havia ido junto levando com ele toda alegria que eu sentia, não sei ao certo como as coisas funcionam e nem o que o destino reserva para cada um de nós; mas agora tinha duas pequeninas a quem dedicava meus dias.

Estávamos brincando no jardim quando ele aparece, clara corre o abraçando e puxa sua mão trazendo-lhe para perto; Marco se senta na grama apenas me observando, logo que clara começa a correr atrás de Helena, ele se aproxima de mim.

— Você está melhor?

— Sim, elas me ajudaram muito nesse processo de luto!

— Entendo, quando perdi a mãe delas, foi exatamente o que senti!

— Sinto muito, você nunca havia falado sobre isso!

— Não há muito o que falar, apenas quero dizer que tudo isso passa!

— Você me deixa intrigada, uma hora tem um humor completamente mandão e autoritário, outrora é calmo e paciente!

— Somos uma incógnita! — Ele sorri irônico.

— Você é o significado dessa palavra! — Sorrio debochando. — Parece nervoso!

— E estou, hoje darei um pequeno jantar com alguns sócios da empresa, também vira Viviana! Não a suporto.

— Por quê? Ela é caça dotes?

— Caça dote? — E pela primeira vez o vejo dando uma gargalhada gostosa. — Você é maluca!

A tarde levo as gêmeas para o quarto, enquanto Vivian arrumava Helena, eu cuidava de clara, peço que ela leve as duas enquanto me arrumava; ao descer as escadas percebo os olhares se voltarem para mim, estava usando um vestido preto com uma fenda na lateral da perna, Marco se aproxima segurando minha mão.

Logo percebo uma moça loira se aproximando de nós dois, ela segura seu braço lhe dando um beijo, seguro a vontade de sorrir ao ver o quão vergonhoso era aquela cena, ele se afasta dela segurando firme em minha cintura.

— Quem é essa? — Ela me olha em desdém.

— Ninguém que você precise saber!

— Alissa Sandoval! — Sorrio irônica.

— Gosta desse tipinho agora? Não me admira ainda estar solteiro!

— Também não me admira você estar quase se esfregando nele diante de todos! Valorize-se linda! — Pisco deixando os dois a sós.

— Me desculpe por ela, insuportável como sempre! — Ele revira os olhos. — A propósito, você está perfeita!

— Obrigada! Você também está muito bonito.

Ele me acompanha até a mesa de jantar, percebo os olhares que a tal Viviana me dava, nunca fui uma mulher que criasse caso com outra quando se tratava de homens; mas jamais abaixava a cabeça diante de qualquer pessoa, a patricinha poderia ser muito linda, mas aqui eu mandava nesse jogo.

Me afasto um pouco da festa indo até o jardim, ouço passos se aproximando acompanhado de um perfume amadeirado, a voz grossa chama minha atenção e me viro o cumprimentando.

— Prazer, Frederico Esposito! — Ele sorriu gracioso.

— O prazer é meu, Alissa Sandoval!

— Creio que não fomos apresentados ainda, sou o irmão mais novo de Marco!

— Notei certa semelhança entre vocês dois!

— Viviana não dá espaço quando se trata dele! — Ele sorriu irônico. — Não sabia que ele estava namorando!

— Ah, nós não somos namorados, sou tutora das filhas dele!

— Interessante, seja bem-vinda a essa família!

— Frederico? — Marco se aproxima. — Não vi você chegar!

— Acabei de chegar!

— Vejo que já se conheceram! — Ele me olha ríspido.

Estava me sentindo sufocada diante daquelas pessoas me olhando a todo instante, subo até o quarto respirando fundo enquanto tomo um pouco de água; ele entra trancando a porta, lentamente se aproxima de mim e sinto meu corpo arrepiar.

Antes que ele pudesse me beijar, afasto-me rapidamente apontando para a cama onde clara estava deitada, ele sorri revirando os olhos e acaricia meu rosto.

— Precisamos conversar!

— Sobre? — Olho confusa.

— Quando todos forem embora, desça até o escritório! Te espero lá.

— Tudo bem.

Ele fecha a porta com cuidado, vou até o banheiro tirando esse vestido extremamente lindo, porém apertado; minutos depois desço as escadas sem fazer barulho, caminhando até o escritório dele. Bato na porta ouvindo sua voz rouca ordenando que entre, ele vira a cadeira segurando um copo de uísque.

Marco era o típico homem que exalava sensualidade e mistério.

— Sobre o que queria falar comigo?

— Sei que você conheceu algumas pessoas hoje, e até mesmo meu irmão! Mas não é esse o ponto da conversa.

— E qual seria?

— Alissa, nós dois não temos nada além de uma grande atração sexual, certo?

— Sim!

— Ótimo, como não sentimos nada um pelo outro, quero que você se case comigo!

— Como? — Olho confusa. — Como assim casar?

— Será um casamento por contrato, só preciso que você seja minha esposa por um ano, quando finalizar você estará livre para seguir sua vida!

— Isso é loucura, por que você quer casar comigo?

— Você é a única que mostrou gostar das minhas filhas sem olhar para o meu dinheiro, e tenho outros planos com base nesse casamento!

— Eu não sei…

— Não precisa me responder agora, pense e me diga depois!

— Tudo bem então!

Retorno para o meu quarto pensando na proposta que ele havia me feito, nunca me passou pela cabeça casar com alguém, nem mesmo nessas condições e apesar de estar muito apegada as gêmeas, não sabia se era a coisa certa a se fazer.

Na manhã seguinte Marco leva as meninas para um passeio, aproveito para me encontrar com sol, precisava contar a ela sobre o tal casamento por contrato que ele havia me proposto; pego minha bolsa e em seguida chamo um táxi, assim que chego no local combinado, sol vem correndo até mim me abraçando forte.

— Eu estava morrendo de saudades, aquela boate não é a mais a mesma coisa sem você!

— Sinto tanta falta de vocês! — Suspiro cansada.

— Me conta, como é conviver com Marco Esposito? — Ela sorri animada.

— Interessante, ele é bem peculiar algumas vezes, ontem conversamos e ele me propôs um casamento por contrato!

— Cacete! Cê aceitou?

— Ainda estou pensando.

— Não tem o que pensar, ele é um gostoso e rico, quanto tempo é o contrato?

— Um ano!

— E do que você tem medo então?

— Que ele descubra tudo que eu fiz, você sabe como foi difícil esconder!

— Eu sei, mas ele não vai descobrir, aproveita essa oportunidade e vai levar a vida que você merece!

— Você acha?

— Tenho certeza!

Após almoçarmos juntas, aproveito para visitar algumas amigas da boate e principalmente Otávio, ele sempre foi como um pai pra todas nós.