Tudo aconteceu rápido demais.
Confusa, encarei Lana se aproximar com um olhar estranho. Antes que eu pudesse reagir, senti suas mãos me empurrando com força, direto para a água gelada do lago.
O impacto foi brutal. O frio cortou minha pele como lâminas invisíveis e meus pulmões arderam, implorando por ar. Afundava cada vez mais, como se o lago quisesse me engolir inteira.
Lá em cima, entre as ondas, vi o rosto dela — sereno, cruel. Eu a implorei com o olhar, mas Lana apenas virou as costas, desaparecendo como se fugisse de algo... ou de alguém.
Nunca aprendi a nadar. Meu corpo lutava por instinto, mas era inútil. A dor me puxava para o fundo, até que... tudo mudou.
De repente, não estava mais no lago.
Estava em um campo de batalha.
Espadas colidiam com estrondo, a guerra explodia ao meu redor. Lobos enormes corriam em disparada, seus uivos se misturando aos gritos de feiticeiros e magos.
Em minhas mãos, uma espada brilhava com um poder estranho. Eu lutava. E, ao meu lado, um homem.
Ele era alto, imponente. Seus olhos dourados queimavam com força selvagem... e devoção.
— Fuja! Eu não vou deixar que morra nessa guerra! — ele gritou, antes de se lançar na minha frente e assumir sua forma de lobo. Um lobo gigantesco, majestoso, o maior que eu já vi.
Com fúria, ele enfrentou três feiticeiros sozinho. E venceu.
— Ele é o líder! — alguém gritou, e, num piscar de olhos, ele estava cercado. Dez... vinte... uma multidão prestes a atacá-lo.
Um grito explodiu da minha garganta enquanto eu corria para ele. Minha espada cortava o ar, meu coração queimava de desespero. Eu precisava salvá-lo. Não podia perdê-lo.
Mas então, acordei.
O som da água se quebrando me arrancou do delírio. Um homem nadava na minha direção. Meu coração disparou. Balancei a cabeça, tentando impedi-lo.
“Não! Não me toque!”
O medo me paralisava. E se ele me tocasse e eu voltasse para aquele coma? E se ficasse presa para sempre naquele pesadelo? Eu preferia morrer ali mesmo.
Mas algo inesperado aconteceu.
Quando ele se aproximou, uma onda de calor surgiu no meu peito. Uma luz azul intensa explodiu de dentro de mim. Fiquei sem ar. Onde estava a dor que eu esperava? Onde estava o colapso?
O homem parou, assustado com a luminosidade. Seus olhos se arregalaram, fixos em mim. Ele não parecia com medo… parecia encantado. Observava como se tivesse feito uma descoberta rara.
Uma de suas mãos apertava a orelha — de onde brotava o mesmo brilho sutil que emanava de mim.
Então, ele me segurou com firmeza e me levou até a superfície.
Assim que emergimos, ouvi um grito:
— Senhor! Por favor! Não a reanime! Isso pode matá-la!
A voz era de um mago da nossa casa. E, com um gesto, ele drenou a água dos meus pulmões usando magia. A escuridão me engoliu antes que eu pudesse ver o rosto daquele homem de novo.
Mas eu nunca esqueceria o toque dele. Quente, poderoso. Como se sua presença tivesse se marcado em mim para sempre.
Dois dias se passaram até que eu finalmente despertasse.
Descobri que meu sono não havia sido causado pelo toque misterioso — mas sim por um procedimento mágico para estabilizar meu corpo. Tentei entender o que havia acontecido, mas ninguém me dava respostas.
Lana havia sido descoberta. Todos sabiam que ela me empurrou.
Nosso relacionamento — que já era frágil — desmoronou de vez. Passamos a viver como estranhas sob o mesmo teto. E, mesmo que todos me defendessem, eu me sentia culpada. Porque eu entendia o que havia dentro dela. O vazio. O abandono.
Mas havia algo que eu queria mais do que perdão.
Respostas.
Quem era o homem que me salvou?
Minha mãe se recusava a me contar. Dizia que eu era só uma menina, e que aquilo não era assunto para alguém da minha idade. Mas algo dentro de mim dizia que ele era importante. Que aquele encontro tinha mudado algo.
O tempo passou. Aos quinze anos, eu já me movia sozinha, com força e firmeza. Minha recuperação havia sido um milagre — ou uma consequência do que aconteceu no lago. Ainda assim, meus pais mantinham minha existência em segredo. Desde que nasci, o mundo nunca soube da minha presença. E agora, mesmo recuperada, o mistério continuava.
Mas naquela manhã, tudo mudou.
Fui chamada à sala particular da mansão. Meus pais queriam me contar algo.
E, pelo tom em suas vozes… era algo grande.
Cap. 3: Rumores de armação.Meus pais pareciam hesitantes naquele dia, o que era compreensível. Como poderiam contar para sua filha que dormiu toda a vida que, agora com apenas três anos, precisaria se preparar para um casamento iminente? Disseram que eu tinha um parceiro, mas não revelavam muitos detalhes. Imaginei que se tratava de algo complexo, que eu precisaria reconhecer meu parceiro e ele a mim. Como podiam escolher algo assim para mim?— Não se preocupe, Samuel Kan é um homem inteligente e bonito — disse minha mãe, demonstrando insegurança e desviando o olhar. Isso me deixou ainda mais intrigada.— Mamãe... vocês me ofereceram a ele?— Nunca faríamos isso! — protestou ela.— Mas... de repente Samuel Kan se interessou por uma de vocês.— Tem certeza que não foi por minha irmã Lana? — perguntei esperançosa.— Não é sua irmã, ele foi bem claro. Além disso, foi naquele... — ele ia dizer algo, mas minha mãe o interrompeu. Que segredos eles estavam escondendo agora? Quem era Samuel
Cap.4: Trama dos trigêmeos.Samuel kanA aurora despontou, anunciando o dia do meu casamento. No entanto, meu coração não pulsava com a alegria habitual de um noivo. Em vez disso, era tomado por uma mistura de ansiedade e melancolia.Horas antes da cerimônia, eu me encontrava em meu escritório, cercado por uma comitiva de líderes das empresas da nossa família. Eles discutiam animadamente sobre os detalhes do casamento, enquanto eu me perdia em pensamentos sobre Maya. Será que ela já havia chegado?Com dificuldade, tentava me concentrar nas palavras dos anciões, mas meus pensamentos se voltavam para ela, a mulher que amava e que havia sacrificado sua vida para me salvar. O casamento arranjado com outra mulher era apenas um meio para um fim, uma exigência da deusa do destino que eu precisava cumprir para poder encontrá-la novamente.Quando ela tinha morrido em meus braços, a deusa do destino me garantiu que ela renasceria e eu aceitei a derrota naquele dia, mas fui salvo por um triz, um
Cap.5: aprisionada em meus braços.Samuel KanCom um urro gutural, me libertei das mulheres que me prendiam e saltei pela janela. Em minha forma de lobo, a poção que meus irmãos me deram teria menos efeito, mas ainda assim, meu tempo era curto.Os estilhaços do vidro da janela quebrada cortaram minhas patas enquanto eu aterrissava dois andares abaixo. Por um instante, pensei ter visto um vulto em cima de uma árvore, ou talvez... uma mulher? Mas isso não importava agora. A poção me confundia, e minhas visões podiam ser enganosas.Continuei correndo entre as árvores, cambaleando a cada passo. Minha visão turva dificultava a fuga, e eu sabia que meus irmãos logo enviariam alguém em meu encalço. Precisava encontrar um lugar para me esconder e ativar um bloqueio mágico.Minha forma de lobo era imponente, comum para um lobo de guerra. Meu tamanho e pelo acinzentado quase prateado me tornavam um alvo fácil. Era difícil me esconder entre as moitas, ainda mais sob o efeito da poção.De repente
Cap.; 6: quem é a mulher que eu possui?Maya tentou se afastar na primeira oportunidade, mas ele se moveu num estalo, os olhos brilhando com uma intensidade feroz que fez Maya temer. o braço dele se enrolando ao redor dela como um açoite. Maya caiu com um grito abafado, o peso dele a imobilizando no chão.— faça silencio. — Samuel a alertou após ouvir os passos ainda distante.— Quem... quem é você? — ela arfou, tentando empurrá-lo, mas ele era sólido como pedra.Samuel não conseguia pensar. Seus sentidos estavam confusos, misturados em uma tempestade de instinto e desejo. Ele sentia a presença dela, tão perto, tão insuportavelmente forte. Quem era ela? Como tinha passado por sua barreira? Como podia vê-lo quando ninguém jamais conseguira?Os olhos dele eram um abismo, selvagens, incapazes de foco. Ele segurava Maya com tanta força que seu corpo doía, mas era incapaz de soltar. Sua respiração vinha pesada contra o rosto dela, e por um momento, Maya viu algo brilhar nos olhos dele...
Capítulo 7 – A Fuga e o DesprezoO jardim estava vazio, mas Maya não se sentia livre. Cada passo que dava parecia ser mais pesado que o anterior, o vestido branco, agora sujo e rasgado, arrastando no chão como um manto de vergonha. As lágrimas escorriam por seu rosto, misturando-se ao suor frio e à terra que manchava sua pele. Ela só queria ir embora, fugir para longe daquele lugar, onde as lembranças do que acabara de acontecer não a perseguiriam.Quando chegou a um canto mais afastado, tentando se esconder na escuridão, uma mão forte a agarrou violentamente pelo braço. O grito que ela soltou foi abafado pelo toque brusco, e seu corpo foi puxado para trás com força. Ela tentou se desvencilhar, mas a pressão aumentava, e logo se viu sendo arrastada para a frente.— O que está fazendo, hein? Tentando fugir? — a voz de seu pai rasgou a noite como uma lâmina afiada. Ele estava ali, furioso, seus olhos brilhando de raiva. — Sua ingrata!Maya olhou para ele com os olhos inchados de tanto ch
Cap. 8: Instintos nunca mentem.Samuel Kan.Antes de seguir para o grande salão pedi para meu pai deixar tudo preparado e fui rapidamente ate a cobertura onde estava metade da guarda de lobos, sei que todo aquele jardim é observado, então penso que poderiam ter visto algo.Mas não conseguir obter nada. Como eles poderiam ter perdido alguém tão peculiar, se bem... que ela não tinha cheiro de lobo, mas não acredito que tenha sido uma humana, eu também não sentir nada que disse que ela é uma humana, era algo família, mas peculiar, infelizmente a poção que eles me deram causa um bloqueio agressivo para que lobos como eu que só conseguem ficar com suas parceiras tenham contato com outras lobas, ou seja, ele me torna alguém que não consegue identificar minha parceira então por consequência acabei conseguindo ficar com alguém como aquela desconhecida.— Quero que vocês averiguem a lista de convidados e todas as mulheres que estiveram nesse lugar, sele os portões e não deixe ninguém sair até
Cap. 9: O líder também deve punir.— O grande Líder Alfa... — um deles começou, com um sorriso venenoso nos lábios. — É realmente digno desse título caros ministros? — um deles perguntou.Observei a multidão se entreolhar, a desconfiança crescendo no ar. Mantive minha postura imponente, os olhos frios, sem demonstrar qualquer emoção, aqueles três já deveria saber que não há nada que eles possam fazer para me atingir, eu só me submeto a outras lideranças para não causar problemas no equilíbrio de todo a matilha.— O nosso grande e imaculado líder talvez não tenha o direito de estar em qualquer posição estando nesse mundo onde temos regras rigorosas com escândalos, porque então ele é um dos primeiros a quebrar as regras.— O que estão insinuando? — Minha voz saiu firme, carregada de uma ameaça velada ao mesmo tempo que escondia um sorriso cruel.Os trigêmeos trocaram olhares antes de um deles disparar o golpe final.— Que você traiu sua própria Luna e não faz muito tempo! — eles levanta
Cap. 10: impiedosa como não esperava.O homem ainda estava de joelhos aos meus pés. Parecia que ninguém entendia a proporção do problema em que meus irmãos haviam me enfiado. Encarei o homem com ainda mais raiva. Ninguém deveria ousar tentar me enganar e destruir minha reputação, a não ser eu mesmo.Ergui as mãos. O poder ancestral que corria em minhas veias começou a vibrar no ar. A luz ao meu redor pulsava com energia divina, e os lobos próximos recuaram instintivamente. Sim, todos eles tinham medo de mim.— Todos vocês devem entender — minha voz reverberou como um trovão — por que nunca devem tentar brincar comigo.Um vento forte atravessou o salão quando voltei minha atenção para o serviçal ajoelhado. Com um gesto, envolvi seu corpo com minha magia. Num instante, ele começou a fragmentar-se em pequenos pedaços de luz, desintegrando-se diante dos olhos de todos até que não restasse mais nada.Gritos de horror ecoaram enquanto ele desaparecia, obliterado pelo meu poder. O medo se in