Nalu passou a noite inteira plantado ao lado da porta da cabine do vice-almirante. Alika estava lá há horas contando o que acontecera com ela e o almirante Edward depois que a princesa delfina o chamou para conversar; em seguida iniciou uma longa discussão sobre os métodos de seu “resgate”.
-- Aquela segunda bomba não era necessária – ela argumentou. Estava muito irritada.
-- Enfraquecemos o poder de ataque deles. Se não fosse por isso, a ocupação não teria sido tão fácil e rápida – o vice-almirante Francis argumentou.
-- Matamos civis
O oceano abriga incontáveis mistérios em suas profundezas, e quem o desafia é tragado sem piedade por sua imensidão Antes que Inaê percebesse, amanheceu, e ela imediatamente tirou os óculos escuros da bolsa na cintura. Não podia ter queimadura solar nos olhos, principalmente naquele momento. Seus dedos estavam enrugados e dormentes, e sentia câimbras nos braços pelo longo tempo agarrada na prancha. Esperava que melhorasse quando o calor do dia substituísse o frio noturno. Algumas vezes perdera o dragão de vista, sua cor se confundia com o mar escuro, mas sempre aparecia um golfinho para mostrar onde ele es
No final da tarde Meri reunira dezenas de voluntários para a operação de recuperação de armas, e selecionou quinze para irem. O restante foi para o esconderijo na serra, onde Marisol e Ondina esperavam. Chris estava entre os voluntários. Ele não fazia o tipo guerreiro, mas sua presença ali acalmava Marisol, só por saber que ele estava num lugar seguro e não perto de lunaes armados. Quando as pessoas começaram a perguntar onde estava Inaê, Ondina explicou sua história planejada que ela estava indisposta depois do baque de ver o pai ferido e em coma, mas enquanto se recuperava, Marisol seria a princesa interina. Terminou anunciando cheia de confia
Quando aquela boca grande o bastante para engolir metade de uma casa se fechou sobre Inaê, o primeiro pensamento que lhe veio à mente foi que seria devorada e se afogaria antes de sentir a digestão. Porém, no momento em que as mandíbulas cerraram, a água baixou como se fosse drenada. O dragão engolira a água e deixara Inaê sobre a língua. Estava muito escuro ali dentro, mas era mais tranquilo que em um barco, inclusive não balançava. Inaê podia sentir que o dragão mergulhava cada vez mais, e se perguntou se ele chegaria no fundo do oceano. Isso seria fantástico, a jovem sempre imaginou que tipo de criaturas viveriam lá. Mas assim que ele abrisse a boca, mesmo se a pressão da água não a matasse na hora, ainda se afogaria. O que o dr
Mover-se naquela roupa fora da água era estranho, mas dentro era como andar com pesos amarrados nos tornozelos. Ainda era um milagre conseguir andar no fundo do oceano sabe-se lá a quantos quilômetros da superfície, mas Inaê levou um tempo absurdo para se afastar de Uminami. O dragão nadava em círculos suavemente à espera da jovem, e ela notou ao se aproximar que era o dragão de tentáculos. E não estava sozinho, mais além havia outros cinco ou seis, enfileirados lado a lado, mas Inaê não sabia dizer quantos exatamente, estava muito escuro. Quando ela finalmente alcançou seu dragão, os demais se aproximaram, alguns com a cabe&c
Foi o dragão de plumas que deu aulas teóricas sobre o prana. Ele deitou-se no leito marinho junto de Inaê, e com a proximidade ela reparou que o senhor do mar tinha patas com cinco longas garras. Nunca lhe ocorrera que eles tivessem patas, não dava para vê-las de fora da água. -- Antes de mais nada, diga-me o que sabe do Fluido Universal – não precisou que Inaê respondesse, a cara de dúvida que ela exibiu bastou – Você desconhece esse termo. Tudo bem, você não teve acesso a isso na ilha onde nasceu, então vou explicar. “O Fluido Universal é a substância da qual se origina toda a matéria do universo, inclusive a
Marisol estava em seu sétimo dia no mar quando avistou terra ao longe. Nunca ficara tanto tempo em um navio, e começava a se sentir enjoada, chegando a ter algumas ânsias de vômito, mas felizmente sem ir além disso. Ela se debruçava na amurada quando o que devia ser Lunae apareceu no horizonte. -- Só levamos uma semana para chegar porque o Sete Dias de Fogo é motorizado. Se fosse a vela, demoraria mais – Tristão falou para distrair Marisol da preocupação que claramente a tomava. Aos quarenta anos, ele era um dos melhores policiais da Ilha Delfim, e Janaína o tinha em alta conta, por isso o mandara como guarda-costas da filha. Marisol levo
Marisol ouviu o tiro de uma arma de fogo às suas costas, seguido pelo assovio de uma bala, passando pelo espaço onde pouco antes estivera sua cabeça. Encolheu-se e agarrou-se com mais força às rédeas do cavalo. -- Pare, idiota! Vai acertar a garota! Ela olhou por cima do ombro e viu dois militares, também montados, e um tomava o fuzil do outro. Será que faziam aquilo a mando do rei, para não prejudicar seu bebê? Ainda bem que o palácio não era muito longe do porto, logo que chegaram no píer onde o Sete Dias de Fogo estava, desmontaram e correram para
Embora estejamos distantes, tudo que aprendo e faço aqui é pelos meus entes queridos -- Mantenha o foco! Você precisa abrir a água sozinha se quiser sobreviver! – a voz trovejante do dragão de corais se sobressaía mesmo em meio à tempestade. Ondas maiores do que Inaê imaginava ser possível surgiam a cada cinco minutos, e ela tinha que empenhar toda a sua mente para criar uma abertura na água, onde ficaria, incólume, enquanto a onda seguia ou quebrava às suas costas, uma cena que seria fantástica se não fosse tão assustadora. Inaê começara aquilo de manhã cedo, e não sabia há quanto tempo estava ali, no meio do que devia ser a tempestade mais demorada e violenta da História. &nb