Inaê bateu dolorosamente na superfície agitada do mar. O pouco ar que restava em seus pulmões escapou por sua boca e flutuou para cima na forma de pequenas bolhas.
Enquanto afundava lentamente no silêncio escuro e frio, uma parte da jovem se sentiu aliviada. Até agora não percebera o quanto estava cansada, que vinha lutando sem descansar há dias que mais pareciam anos. Não fazia nem um mês que completara dezenove, mas em sua concepção, aquele dia fora séculos atrás.
Estava tão cansada, queria descansar. Talvez fosse bom fazer isso ali, no mar, que sempre esteve com ela. Se unir a ele agora, se tornar um com o seu tão amado oceano não parecia tão ruim. Ficar para sempre naquela tranquilidade verde e azul, e reencontrar sua mãe e Sar
Com o tempo, esqueci quem sou e dos meus companheiros. Eu mudei, como a espuma à deriva no oceano -- Por que você insiste em voltar? – o rei inspirou fundo para conter a raiva. Inaê balançou a cabeça. -- É que eu não podia ir sem antes me despedir apropriadamente, Serpe. Os olhos do rei se arregalaram. Aquamarine alternou confusa o olhar entre os dois. O que é Serpe? Por que o rei reagiu assim? -- Onde escutou esse nome? – ele perguntou entredentes. -- Isso não é o importante agora. Voc
Aquamarine, a mulher que provou a dor e a raiva do mundo para se tornar a líder do maior de todos os continentes -- Cessar fogo! Todos os lunaes, recuem! Com a surpresa da ordem, até os delfinos pararam, e todos voltaram a cabeça para a general. -- Povo de Lunae, de Uminami, e meus irmãos da Ilha Delfim – Inaê pegou o megafone – Não há mais razão para lutarmos. Sua nova rainha, seguindo a última ordem de seu rei, diz que os lunaes não devem mais combater com nenhum outro povo. Os soldados lunaes bradaram de
Os faróis de Lus se alarmaram com a visão de uma frota se aproximando, mas ao notarem que não eram de Lunae, o príncipe Roque foi imediatamente informado. Quando o Deus Guerreiro atracou, ele recebeu a princesa Inaê no cais. Não estava mais na cadeira de rodas, mas se apoiava em muletas. -- Seja bem-vinda. A cerimônia será amanhã. -- Será um prazer comparecer. Mas antes devemos mandar os lunaes prisioneiros para casa. Naquela tarde os jovens soldados embarcaram num enorme zepelim que os levaria para Lunae, cansados, mas agradecidos por voltar. Alika esperava o irmão na porta
À medida que o tempo passa, as gerações se sucedem, cometem erros, repetem-nos, superam-nos e deixam seus nomes na história O dia seguinte foi dedicado ao enterro dos caídos em batalha, que não eram poucos. Janaína recebeu a honra máxima de soldado a serviço da Ilha Delfim, a Medalha Orca, e os membros da Força Policial atiraram para o alto em sua homenagem. Marisol não parou de chorar em nenhum momento do funeral. Tristão foi o primeiro a prestar condolências. Dario e Inaê aceitaram formalmente, enquanto Marisol o abraçou, soluçante. E apesar de não haver um túmulo para Sarang ali, algumas lágrimas que Inaê derramou naquele dia foram para ela. &nb
A jovem se retesou, pega completamente de surpresa. Em contraste, o restante do salão estava relaxado e sorridente. Deviam ter discutido o assunto com antecedência. Ela tentou se esquivar. -- Ainda sou menor de vinte e um anos, legalmente eu não... -- A lei diz que uma menor pode ser rainha se a anterior se aposentar, não houver mais candidatas e tiver apoio da população. É o seu caso – explicou um ministro. -- Essas guerras me cansaram, Inaê – Ondina suspirou – Novos tempos exigem uma nova liderança. -- E quem melhor que a princesa que liderou tantos para o
Aquele nó estava dando muito trabalho para desatar. A corda da fateixa estava gasta e precisava ser trocada, mas fora muito bem amarrada, e Inaê lutava contra ela há vinte frustrantes minutos. Se o nó não cedesse logo, seria obrigada a resolver na faca. -- Quer ajuda? – uma voz gentil perguntou. Inaê mostrou seu trabalho infrutífero. -- Sim, obrigada. Essa corda me odeia. -- Então deixe que eu resolvo. Relaxe um pouco, tia Inaê, está emitindo uma onda de irritabilidade. -- Farei isso, Sireno. Obrigada de novo.  
Corveta: belonave de pequeno porte, para escolta e patrulhamento, pode se mover a vela ou a vapor. Cruzador: belonave de menor porte, mas maior e melhor armado do que fragatas e corvetas. Necessita de escolta. Destroier: contratorpedeiro, embarcação especializada em defesa aérea, submarina ou de barcos menores. Equipados com armas de calibre pequeno e tiro rápido. Encouraçado: navio de guerra de blindagem pesada, maior do que destroieres e torpedeiros e equipado com armas pesadas de longo alcance, mas por seu tamanho e peso, mais lento que outras embarcações bélicas. Fateixa: âncora da jangada, comumente artesanal, feita de madeira, cordas e uma pedra para dar peso. Fragata: belonave pequena, menor que corveta, comumente usada para escolta, patrulhas ou reconhecimento de território, mas com armamento para se equiparar a naves maiores. Operam sozinhas ou em pequenas frotas, sem enfrentar naus de linha. Linguagem marítima: Bombor
As ondas quebram na praia, e trazem uma lenda que mudará o mundo -- “O mar e a lua existem em uma harmonia imutável, mais antiga que a própria vida na Terra, conectados pela eterna dança do magnetismo...” -- “Mas sem nunca se tocarem verdadeiramente. A união dessas duas forças será o presente do universo para a humanidade” – a jovem de olhos verdes completou, sem levantar a cabeça de seu trabalho de limpar a prancha de windsurfe. -- Isso mesmo – a outra moça olhou para ela sorridente – Você tem lido o livro de contos antigos também?&