À medida que o tempo passa, as gerações se sucedem, cometem erros, repetem-nos, superam-nos e deixam seus nomes na história
O dia seguinte foi dedicado ao enterro dos caídos em batalha, que não eram poucos. Janaína recebeu a honra máxima de soldado a serviço da Ilha Delfim, a Medalha Orca, e os membros da Força Policial atiraram para o alto em sua homenagem. Marisol não parou de chorar em nenhum momento do funeral.
Tristão foi o primeiro a prestar condolências. Dario e Inaê aceitaram formalmente, enquanto Marisol o abraçou, soluçante.
E apesar de não haver um túmulo para Sarang ali, algumas lágrimas que Inaê derramou naquele dia foram para ela.
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A jovem se retesou, pega completamente de surpresa. Em contraste, o restante do salão estava relaxado e sorridente. Deviam ter discutido o assunto com antecedência. Ela tentou se esquivar. -- Ainda sou menor de vinte e um anos, legalmente eu não... -- A lei diz que uma menor pode ser rainha se a anterior se aposentar, não houver mais candidatas e tiver apoio da população. É o seu caso – explicou um ministro. -- Essas guerras me cansaram, Inaê – Ondina suspirou – Novos tempos exigem uma nova liderança. -- E quem melhor que a princesa que liderou tantos para o
Aquele nó estava dando muito trabalho para desatar. A corda da fateixa estava gasta e precisava ser trocada, mas fora muito bem amarrada, e Inaê lutava contra ela há vinte frustrantes minutos. Se o nó não cedesse logo, seria obrigada a resolver na faca. -- Quer ajuda? – uma voz gentil perguntou. Inaê mostrou seu trabalho infrutífero. -- Sim, obrigada. Essa corda me odeia. -- Então deixe que eu resolvo. Relaxe um pouco, tia Inaê, está emitindo uma onda de irritabilidade. -- Farei isso, Sireno. Obrigada de novo.  
Corveta: belonave de pequeno porte, para escolta e patrulhamento, pode se mover a vela ou a vapor. Cruzador: belonave de menor porte, mas maior e melhor armado do que fragatas e corvetas. Necessita de escolta. Destroier: contratorpedeiro, embarcação especializada em defesa aérea, submarina ou de barcos menores. Equipados com armas de calibre pequeno e tiro rápido. Encouraçado: navio de guerra de blindagem pesada, maior do que destroieres e torpedeiros e equipado com armas pesadas de longo alcance, mas por seu tamanho e peso, mais lento que outras embarcações bélicas. Fateixa: âncora da jangada, comumente artesanal, feita de madeira, cordas e uma pedra para dar peso. Fragata: belonave pequena, menor que corveta, comumente usada para escolta, patrulhas ou reconhecimento de território, mas com armamento para se equiparar a naves maiores. Operam sozinhas ou em pequenas frotas, sem enfrentar naus de linha. Linguagem marítima: Bombor
As ondas quebram na praia, e trazem uma lenda que mudará o mundo -- “O mar e a lua existem em uma harmonia imutável, mais antiga que a própria vida na Terra, conectados pela eterna dança do magnetismo...” -- “Mas sem nunca se tocarem verdadeiramente. A união dessas duas forças será o presente do universo para a humanidade” – a jovem de olhos verdes completou, sem levantar a cabeça de seu trabalho de limpar a prancha de windsurfe. -- Isso mesmo – a outra moça olhou para ela sorridente – Você tem lido o livro de contos antigos também?&
A festa começou ao anoitecer. Quase toda a ilha compareceu para desejar felicidades à princesa, dar presentes, e, principalmente, vê-la receber sua faca de osso de baleia. Na hora da cerimônia principal, todos ficaram em silêncio enquanto Janaína e Dario estendiam para Inaê uma caixa de madeira lustrosa. Na maioria das vezes em que um jovem recebia sua faca aos dezenove anos, esta era feita e entalhada só para ele ou ela. Mas o pai de Inaê vinha de uma família que passava a lâmina de pai para filho, e como Marisol recusara receber a faca do pai em seu aniversário, a mais nova receberia a dele. -- Inaê Luamar, você hoje recebe esta lâmina como uma parte de você, e ao aceitá-la, se torna também parte indispensável desta ilha – Dario
-- Temos certeza que acharão muito vantajoso para seus habitantes – o irmão se manifestou pela primeira vez. Inaê postou-se ao lado da rainha e encarou os dois. Ondina cruzou os braços e disse em seu tom mais solene: -- Antes de irmos para questões políticas, acho que a educação manda nos apresentarmos. Eu sou Ondina, rainha e soberana da Ilha Delfim. -- Muito bem – a mulher se empertigou, pega de surpresa, mas mantendo a pose – Meu nome é Alika Tuvalu, capitã de mar-e-guerra da marinha lunae do arquipélago de Nesy, mais especificamente da ilha Hav. E este
Durante o resto do dia, Inaê supervisionou as preparações do exército delfino. A força bélica da pequena ilha nunca fora significativa, e a marinha não precisava vigiar as águas há mais de vinte anos, então não era de se estranhar que os mais jovens e inexperientes estivessem nervosos. Mas o problema maior era a quantidade superior de inimigos. Perto de anoitecer, Ondina veio ao quartel e falou com Inaê quando todos se retiravam. Perguntou, já parecendo um general: -- O que achou do que viu? -- Fala do cerco à ilha ou dos nossos soldados em potencial?
Se aproxima como uma fera na noite. Pela primeira vez desde que nasceram, elas conhecerão a guerra Alika não foi para o navio como o almirante mandara. Ela conhecia Edward o bastante para saber que ele não negociava depois de o governo se negar a ser anexado ao reino, e o que acontecia em Lus naquele momento era prova disso. Ele planejava algo, provavelmente uma tática sórdida para obter vantagem. Sua suspeita estava certa. De longe, escondida atrás de um arbusto, viu Edward acompanhar Inaê até o fim daquele abismo e apontar uma pistola. Alika se levantou num pulo e correu na direção deles, sem saber o porquê de fazer isso, mas antes que desse dois passos, o tremor a jogou de cara no chão. Quando se erguia nos cotovelos para recomeçar a corrida, Inaê e Edward despencaram para o mar lá e