Mover-se naquela roupa fora da água era estranho, mas dentro era como andar com pesos amarrados nos tornozelos. Ainda era um milagre conseguir andar no fundo do oceano sabe-se lá a quantos quilômetros da superfície, mas Inaê levou um tempo absurdo para se afastar de Uminami.
O dragão nadava em círculos suavemente à espera da jovem, e ela notou ao se aproximar que era o dragão de tentáculos. E não estava sozinho, mais além havia outros cinco ou seis, enfileirados lado a lado, mas Inaê não sabia dizer quantos exatamente, estava muito escuro.
Quando ela finalmente alcançou seu dragão, os demais se aproximaram, alguns com a cabe&c
Foi o dragão de plumas que deu aulas teóricas sobre o prana. Ele deitou-se no leito marinho junto de Inaê, e com a proximidade ela reparou que o senhor do mar tinha patas com cinco longas garras. Nunca lhe ocorrera que eles tivessem patas, não dava para vê-las de fora da água. -- Antes de mais nada, diga-me o que sabe do Fluido Universal – não precisou que Inaê respondesse, a cara de dúvida que ela exibiu bastou – Você desconhece esse termo. Tudo bem, você não teve acesso a isso na ilha onde nasceu, então vou explicar. “O Fluido Universal é a substância da qual se origina toda a matéria do universo, inclusive a
Marisol estava em seu sétimo dia no mar quando avistou terra ao longe. Nunca ficara tanto tempo em um navio, e começava a se sentir enjoada, chegando a ter algumas ânsias de vômito, mas felizmente sem ir além disso. Ela se debruçava na amurada quando o que devia ser Lunae apareceu no horizonte. -- Só levamos uma semana para chegar porque o Sete Dias de Fogo é motorizado. Se fosse a vela, demoraria mais – Tristão falou para distrair Marisol da preocupação que claramente a tomava. Aos quarenta anos, ele era um dos melhores policiais da Ilha Delfim, e Janaína o tinha em alta conta, por isso o mandara como guarda-costas da filha. Marisol levo
Marisol ouviu o tiro de uma arma de fogo às suas costas, seguido pelo assovio de uma bala, passando pelo espaço onde pouco antes estivera sua cabeça. Encolheu-se e agarrou-se com mais força às rédeas do cavalo. -- Pare, idiota! Vai acertar a garota! Ela olhou por cima do ombro e viu dois militares, também montados, e um tomava o fuzil do outro. Será que faziam aquilo a mando do rei, para não prejudicar seu bebê? Ainda bem que o palácio não era muito longe do porto, logo que chegaram no píer onde o Sete Dias de Fogo estava, desmontaram e correram para
Embora estejamos distantes, tudo que aprendo e faço aqui é pelos meus entes queridos -- Mantenha o foco! Você precisa abrir a água sozinha se quiser sobreviver! – a voz trovejante do dragão de corais se sobressaía mesmo em meio à tempestade. Ondas maiores do que Inaê imaginava ser possível surgiam a cada cinco minutos, e ela tinha que empenhar toda a sua mente para criar uma abertura na água, onde ficaria, incólume, enquanto a onda seguia ou quebrava às suas costas, uma cena que seria fantástica se não fosse tão assustadora. Inaê começara aquilo de manhã cedo, e não sabia há quanto tempo estava ali, no meio do que devia ser a tempestade mais demorada e violenta da História. &nb
Aconteceu que Inaê ficou mesmo resfriada, então não pôde sair no dia seguinte, confinada no quarto, aos cuidados de uma Sango excessivamente preocupada. Ela não foi trabalhar, trazia remédios a cada hora e insistia que permanecesse deitada, embora Inaê argumentasse que se sentia bem o bastante para andar. -- Você é pior que meu pai – comentou depois de tomar um chá para baixar a febre. Dario não deixava a cabeceira das filhas quando doentes. Lembrar disso trouxe um aperto a seu peito. No fim da tarde ela já estava bem, e saiu com Sango e Ashima para um festival que acontecia na cidade. Quase todos usavam aquelas roupas típicas, que Ashima explicara se chamarem quimono, aqueles especificamente do estilo yukata. Sango lhe emprestara
-- Então isso é o céu – Ashima olhava para cima com as mãos sobre os olhos ofuscados e a boca entreaberta. Sango ergueu os braços para sentir o vento entre os dedos. -- Só tinha visto desenhos e gravações das nuvens e do sol. -- Mas como vocês não estão acostumados, é melhor não ficarem muito tempo aí, ou podem acabar com fotoqueratite, queimadura solar nos olhos – Inaê alertou – E eu só tenho um par de óculos escuros. -- O mar é verde? – a curandeira baixou o rosto para a água –
-- Mãe das ilhas! O que foi aquilo?! – Marisol ofegou tentando acompanhar o ritmo de Chris. Depois do que houve no farol oeste, ele precisava saber que o norte estava intacto, e corria a toda velocidade. Impulsionado por esse desejo, ele facilmente se distanciou dos outros, e só parou ao avistar a construção de longe, ainda intacta em sua eterna vigília do horizonte. Mas ele mal pôde respirar aliviado antes que um tremor chacoalhasse o chão com uma brutalidade que derrubou Chris e fez estalar todo o penhasco. E ele viu em câmera lenta o farol norte desmoronar e afundar em direção ao mar. -- Oh, Chris – Marisol chegou e envolveu seus ombros com o braço, sentindo-o tremer. &nbs