Eryon observava de longe, seus olhos fixos na interação entre Althea e Kael. Cada movimento, cada gesto, estava carregado de emoções que ele não conseguia decifrar completamente. A conversa deles era inaudível, mas o peso da situação era palpável. Ele sentia-se dividido entre o desejo de respeitar o espaço dela e a vontade de ouvir cada palavra. Uma mistura de ciúme, insegurança e amor o consumia, deixando seus pensamentos confusos e embaralhados. Eyle notou o conflito interno de Eryon. Aproximou-se com passos leves, tocando suavemente o braço dele para chamar sua atenção. — Eryon, está tudo bem? — Perguntou, sua voz baixa e gentil. Ele suspirou, desviando o olhar da direção de Althea e Kael. Apesar de Eyle ter introduzido o assunto "Miralen" antes dele ter a chance de fazer do seu jeito, ele não se sentiu afrontado por ela. Estava acostumado com a assertividade e clareza das Lykir e entendeu que não foi um ataque pessoal. Além disso, desde a jornada em Nyrathas, ela tinha provado
Althea e Eryon caminharam em silêncio até as Praias Prateadas. A areia, sob a luz da lua, reluzia com um brilho etéreo, transformando o cenário em um tapete de memórias e promessas. O som suave das ondas quebrando na costa compunha uma melodia nostálgica que os envolvia, ecoando o despertar de um amor que ali havia florescido.Quando alcançaram a margem, Althea parou, seus pés tocando a água fria que lambia a areia. Seus olhos fixaram-se no mar prateado que se estendia até o horizonte, cada onda trazendo de volta lembranças daquele primeiro beijo, daquele primeiro despertar.— Sempre sonhei viver esse momento num lugar assim. — Murmurou Althea. — E quis o destino nos conduzir até aqui, exatamente onde tudo começou.Eryon não podia mais esperar. Aproximou-se de suas costas, os dedos suavemente deslizando pelos braços dela até alcançar sua cintura. Com uma das mãos ele a puxou para si, a outra voltou para emaranhar-se nas ondas negras dos seus cabelos. Afastou as madeixas sedosas, expon
Eryon afastou-se apenas o suficiente para encontrar um local próximo, onde a areia era suavizada por uma camada de grama macia. Estendeu sua capa com cuidado, criando um refúgio íntimo sob o céu estrelado, e improvisou um travesseiro com algumas roupas. Cada gesto era meticuloso, carregado de uma perceptível ansiedade. Sem demora, ele voltou para Althea, sua mão firme encontrando a dela. Com um puxão suave, ele a conduziu até o espaço preparado, seus olhos capturando cada nuance de desejo e expectativa que transbordava entre eles. Ao deitá-la, o brilho da lua acentuava cada curva do corpo dela, tornando o momento ainda mais hipnótico. Eryon posicionou-se sobre Althea, seu joelho afastando delicadamente suas pernas, criando espaço para o encaixe perfeito. O calor úmido entre as coxas dela e o aroma inebriante de sua excitação o envolveram como uma energia irresistível. Ele inalou profundamente, deixando o desejo consumir cada parte de seu ser. Com um movimento deliberado, carregado d
Aquele momento carregava um peso emocional que vinha sendo cultivado ao longo dos anos. Eles haviam construído uma intimidade profunda, mas sempre velada, um desejo que nunca ousaram satisfazer plenamente. Althea e Eryon compartilhavam um laço que transcendia o entendimento comum, um vínculo nascido de olhares silenciosos e toques furtivos, reprimidos pelas circunstâncias e pelos medos mais sombrios de Eryon.Desde cedo, ele carregava o fardo das ausências. Cresceu como um órfão, acolhido pelas sacerdotisas do templo de Veyara, e por isso era um "Daelen". Não tinha outro sobrenome, não pertencia a um clã. Somente ao lado de Althea, durante os anos no território Lykir, descobriu o significado de cumplicidade e carinho. No entanto, à medida que se aproximava a idade para sua primeira transformação, a ausência do lobo dentro de si o fazia sentir-se quebrado, ainda mais incompleto. Ele temia arrastar Althea para as sombras do desconhecido, para o abismo de suas próprias inseguranças. Mas
Era um campo infinito, recheado de uma paisagem que mudava constantemente — montanhas se tornavam rios, florestas se dissolviam em desertos. No centro desse mundo mutável, duas presenças que pareciam emanar uma energia ancestral emergiram: uma radiante e envolta em luz prateada, a outra cercada por sombras escuras, mas com olhos dourados que cintilavam.Suas formas pareciam familiares. Cada gesto, cada movimento trazia uma sensação de déjà vu. Elas não falavam, mas suas presenças comunicavam uma história de eras passadas, de uma luta eterna entre luz e escuridão, onde ambos coexistiam em um intrincado equilíbrio.Althea sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O aperto de Eryon era vívido ao redor de sua mão.— Sua presença é tão real! Mas tenho quase certeza de que estou sonhando.Eryon assentiu, os olhos fixos nas figuras.— Sim. Também sinto você aqui, mas esse sonho é meu ou seu?Althea apertou a mão de Eryon de volta, tentando encontrar sentido na experiência.— Não sei dizer. Pa
A vila estava agitada, o tão esperado eclipse, aguardado por trinta anos, aconteceria no último dia da próxima Lua dos Antigos. Membros de todos os clãs chegavam a todo momento, transformando os arredores em uma grande celebração.O grupo aguardou Kamar, enviado como batedor, retornar com notícias do templo. A expectativa era de encontrar o local fortemente protegido, e eles precisavam encontrar uma maneira de acessa-lo. Mas sua expressão indicava algo diferente. — O templo está... totalmente desprotegido! — Anunciou o Varkos, sem esconder sua surpresa. — Não há guardas, nem mesmo sinal das sombras que enfrentamos antes.Althea e Eryon trocaram um olhar preocupado. Algo não estava certo. Eles contavam encontrar Eirlys lá, com suas grotescas criaturas, para garantir que ninguém impediria seus planos.— Pode ser uma armadilha — murmurou Althea, a suspeita tingindo suas palavras.— Ou então, chegamos cedo demais — acrescentou Eryon.Eles discutiram entrei si sobre os próximos passo, Kae
Após a longa noite de vigília, o grupo de lykor finalmente se reuniu na clareira, sob a luz pálida do amanhecer. O cansaço era visível nos rostos de todos.Kael, com seu olhar habitualmente incisivo, tomou a palavra primeiro:— Como líder, informo que tenho um quarto reservado na estalagem Chama do Crepúsculo — anunciou, sua voz firme, mas com uma ponta de exaustão. — Preciso de uma boa cama e um banho decente.Todos trocaram olhares, tinham até desacostumado com o som de sua voz, já que Kael estava mais calado do que o habitual. Althea sabia que a presença da essência de Eryon em seu corpo pesava sobre ele. Os sentimentos que Kael nutria por ela ainda eram intensos, e a rivalidade com Eryon só se agravara ao saber que ele havia experimentado o que Kael desejava com todo o seu ser.— Vamos todos para a vila, então — sugeriu Eryon, tentando desviar a atenção. — Com o festival do Eclipse em andamento, a Vila de Veyara estará lotada. Precisamos de uma estratégia para nos misturar.A prop
Parada à sua frente, seus cabelos escuros emolduravam o rosto marcado por um rastro de lágrimas que brilhava à luz da lua. Ela não chorava de forma descontrolada, isso não combinava com quem ela era. Mas havia algo na postura de Althea — nos ombros que lutavam para não cair, na respiração que ela segurava para não soltar um soluço — que rasgava Eryon por dentro.— Você não precisa fazer nada agora, Eryon — disse ela, a voz baixa, mas carregada de um peso que ele conhecia bem. — Não agora.Ele sabia o que ela estava dizendo, mesmo que não dissesse as palavras exatas. Ela estava sozinha. Precisava dele. E ele a estava deixando.— Mas precisaria fazer em algum momento. Não temos escolha — disse, mas até para ele a frase soou falsa.— Sempre há escolha. Você que decidiu fugir.A palavra atingiu-o como uma lâmina. Fugir. Ele queria negar, mas como poderia? Era isso que parecia. Talvez até fosse verdade.— Você não entende, Althea...— Então me explique. Só desta vez. Só me diga a verdade,