Segundo capítulo do dia, amanhã teremos mais atualizaçãoes!!! Comentem, por favor! Obrigada, Isa.
Parada à sua frente, seus cabelos escuros emolduravam o rosto marcado por um rastro de lágrimas que brilhava à luz da lua. Ela não chorava de forma descontrolada, isso não combinava com quem ela era. Mas havia algo na postura de Althea — nos ombros que lutavam para não cair, na respiração que ela segurava para não soltar um soluço — que rasgava Eryon por dentro.— Você não precisa fazer nada agora, Eryon — disse ela, a voz baixa, mas carregada de um peso que ele conhecia bem. — Não agora.Ele sabia o que ela estava dizendo, mesmo que não dissesse as palavras exatas. Ela estava sozinha. Precisava dele. E ele a estava deixando.— Mas precisaria fazer em algum momento. Não temos escolha — disse, mas até para ele a frase soou falsa.— Sempre há escolha. Você que decidiu fugir.A palavra atingiu-o como uma lâmina. Fugir. Ele queria negar, mas como poderia? Era isso que parecia. Talvez até fosse verdade.— Você não entende, Althea...— Então me explique. Só desta vez. Só me diga a verdade,
A Lua dos Antigos brilhava cheia e majestosa no céu, banhando o Vale da Harmonia com sua luz prateada. Era mais do que um fenômeno celeste; era um símbolo de poder e reverência.Havia tempos em que essa mesma lua transformava os primeiros lykor, despertando seu lado selvagem e os tornando escravos da fúria. Sob a luz dela, eles perdiam a razão, consumidos pela sede de sangue e pela força incontrolável. Mas, com os séculos, a evolução trouxe equilíbrio. Os lykor aprenderam a dominar suas transformações, e a lua cheia deixou de ser apenas uma fonte de temor, tornando-se a chave de sua força.Agora, em noites como esta, sua luz intensificava não apenas seus sentidos e habilidades, mas também o vínculo espiritual com sua essência lupina. Althea podia sentir o poder pulsando sob sua pele, mesmo em sua forma humana, como se a energia da lua a chamasse para algo maior, algo que ela ainda não compreendia completamente. A jovem era herdeira do clã Lykir, conhecidos por sua forte ligação com os
O círculo de pedra estava em caos. A figura encapuzada invocava criaturas grotescas das sombras, seres retorcidos que pareciam vibrar entre o mundo real e o espiritual. Uivos de lykor ecoavam pelo vale enquanto os guardiões se preparavam para o combate.Eryon correu em direção aos invasores, empunhando seu par de lâminas curvas. Althea o seguiu, sentindo sua transformação começar. Em segundos, ela era uma grande loba em sua forma completa. Suas patas tocavam o chão com firmeza, os sentidos aguçados captando cada som e cheiro ao seu redor. Ela sentia o sangue correr quente em suas veias, a força de gerações de lykor fluindo por seu corpo.Com as lâminas em suas mãos cortando a escuridão como se fossem extensões de sua vontade, Eryon avançou contra as criaturas. Ao seu lado, Althea investiu, seus dentes reluzindo sob a luz da Lua dos Antigos enquanto rasgava a primeira criatura. Elas não eram feitas de carne, mas de pura sombra, dissipando-se ao contato com o aço ou a mordida feroz de u
— Ainda discutindo, Lykir? — Disse Kael, acomodando todo aquele volume viril na calça que acabara de vestir, com um sorriso malicioso para Althéa e, em seguida, um olhar de desdém para Eryon.O líder dos Varkos tinha uma figura imponente, o corpo esculpido por músculos e decorado com tatuagens vermelhas, como seus olhos. Seus cabelos longos eram de um tom bordô, assim como sua barba cheia e curta, que emoldurava suas feições angulares. Era extremamente atraente e muito consciente do efeito que sua aparência causava. — Não temos tempo para seus dramas pessoais. O eclipse está chegando, e a profecia está se desenrolando mais rápido do que pensávamos. — Kael alfinetou.Althea respirou fundo, colocando de lado suas emoções.— O que descobriu?O Varkos afastou qualquer tom jocoso de sua voz, antes de se pronunciar.— Eirlys não pode estar agindo sozinha. Há algo... ou alguém... que a controla. Precisamos descobrir quem ou o quê.Lobos de outros clãs se juntaram a eles e enquanto discutiam
Em uma noite, há quase trinta anos, a Lua dos Antigos estava alta no céu, envolta em uma majestade prateada, e seus raios dançavam sobre o Espelho da Lua. O eclipse lunar começara transformando o céu em uma pintura sombria e sagrada, e os lykor observavam, em silêncio, o ritual aguardado por toda uma geração. O ar estava denso, carregado de uma energia antiga que pulsava ao mesmo tempo como uma promessa e um presságio de tempos decisivos.Afastada da multidão, em uma clareira protegida pelos carvalhos ancestrais, Lyanna, líder do clã Lykir, enfrentava o momento mais doloroso e sagrado de sua vida. Sobre uma manta de linho bordada com o símbolo da Lua dos Antigos, as contrações se intensificavam, em correntes que traziam a vida e, ao mesmo tempo, arrancavam suas forças. Seus lábios, apertados, mal deixavam escapar um som, mas o suor que escorria por seu rosto denunciava o esforço e o sofrimento. Ela segurava a terra úmida com força, buscando naquele contato um pouco da firmeza que come
Althea e Eryon foram puxados daquela visão no Templo de Veyara. Após emergirem do lago, nadaram até a margem do Espelho da Lua, impulsionando seus corpos exaustos para fora da água. Quando finalmente alcançaram a terra firme, caíram deitados, lado a lado, o peito arfando enquanto tentavam recuperar o fôlego.— Vocês estão malucos? — A voz de Kael irrompeu pelo silêncio da noite, carregada com a familiar mistura de preocupação e sarcasmo. — Teve lobo que mergulhou aí sozinho e nunca voltou, quanto mais duas pessoas tocarem essas águas ao mesmo tempo! Já estava encomendando as lápides de vocês com a frase: "Kael avisou"!Kael jogou a capa sobre os ombros e afastou-se, jogando as mãos para o alto, murmurando algo.Ainda deitados, de barriga para baixo, Althea e Eryon não se moveram. As respirações ofegantes formavam uma sincronia natural, como se seus corpos entendessem algo que suas mentes ainda precisavam alcançar. A Lykir se virou, ficando com o corpo de lado, a cabeça apoiada no braç
Enquanto Eryon beijava sua mão, a brisa fresca da noite carregou um odor metálico e denso que imediatamente fez Althea ficar alerta. Os pelos em sua nuca eriçaram-se antes mesmo de qualquer som se manifestar.Antes de Kael começar a resmungar, ela se virou para as árvores atrás dela. O silêncio repentino era inquietante, como se a própria natureza tivesse parado para avisá-los de que algo estava errado e o cavalo de Eryon relinchou em pânico, fugindo pelo mesmo caminho que acabara de percorrer.— Você também sentiu? — Eryon perguntou, já em movimento, as lâminas curvas reluzindo em suas mãos.Althea não respondeu com palavras. Despiu-se rapidamente e transformou-se, o calor da mudança atravessando seu corpo com a intensidade de sempre. Suas garras tocaram o chão, o olhar prateado atento a cada movimento na escuridão. Sua loba não precisava de mais confirmações: o perigo estava ali.Eryon a seguiu, girando o corpo para cobrir os pontos cegos de Althea. Kael retornava do lado oposto da
A trilha sinuosa que levava ao território Varkos era marcada por penhascos íngremes e florestas densas, pelas quais os ventos não passavam com facilidade. Cada passo parecia mais pesado, não pela dificuldade do terreno, mas pelo silêncio que pairava entre o grupo. Kamar e Sakyr mantinham-se à retaguarda, atentos a cada som, enquanto Kael liderava.Althea, ainda sentindo o peso da separação, manteve-se calada durante a jornada que já durava três dias, alternando entre suas formas lupina e humana. Mesmo sem olhar diretamente para ela, Kael quebrou o silêncio com seu tom provocador habitual, embora houvesse um toque de suavidade em suas palavras.— Você sempre foi tão quieta, Lykir? Ou é o ar daqui que sufoca o seu espírito?Althea ergueu o olhar para ele, o cenho franzido.— Não estou de humor para suas gracinhas, Kael.Ele riu baixo, um som rouco e natural.— Bom, se quer permanecer envolta nesse manto de melancolia, tudo bem. Mas vou avisar: o território Varkos não é gentil com quem c