Parte 2...
E pelo jeito ele ainda achava que podia enfiar os dedos lisos e compridos em mais dinheiro para si, além do alto salário que recebia para não fazer nada.
— E por acaso alguém o viu hoje de manhã?— Eu o vi entrando na sala dele - o funcionário do recursos humanos respondeu — E... Estava acompanhado.Lorenzo puxou o ar fundo, cheio de irritação e segurando seu gênio para não soltar tudo de vez. Sabia pelas caras ali em volta, que cada um deles esperava que ele desse a punição exata ao culpado de tudo o que eles foram obrigados a ouvir e do estresse que sentiam agora, na esperança de não levarem nenhuma punição também, já que apenas recebiam ordens.Aquelas pessoas ali trabalham muito e seguiam as normas da empresa diariamente, coisa que seu irmão não fazia. Todos ou a maioria deles pelo menos, sabiam que deviam obrigações a ele como chefe de tudo e suas responsabilidades eram grandes.— Eu posso ir chamá-lo novamente - a secretária fez o gesto para levantar.— Não! - disse forte — Eu mesmo farei isso.Ele olhou para fora. Não podia dizer que era uma decepção, afinal o irmão nunca prezou por nada a não ser seus interesses e saber que ele era o responsável pelo desvio financeiro só o fez ter mais certeza ainda de que deveria ser afastado e agora teria provas para mostrar aos pais e eles teriam que ficar ao seu lado. Não poderiam continuar protegendo Gutto. Ele estava roubando não apenas a família, mas os sócios também. Isso não podia ser perdoado e eles teriam que aceitar que Gutto deveria ser afastado de imediato.Agora não dava mais para esconder. Muitas pessoas ali já sabiam que havia um ladrão na família e mesmo que soubessem que poderiam ser punidos se algo saísse do círculo de conversa daquela sala, não iria demorar para que a fofoca começasse a rolar pelos corredores da empresa e isso seria péssimo.Ele tinha que cuidar disso como se fosse com um funcionário comum. Não poderia encobrir nada e faria do mesmo modo como se fosse outra pessoa pega em um delito.Era possível sentir a hesitação e a tensão nas pessoas reunidas ali. Ele sabia que queriam falar algo, mas ao mesmo tempo tinham receio do que ele poderia lhes dizer ou fazer.Levantou devagar, controlando seu impulso de xingar bem alto e ajeitou o punho da camisa cara que caía muito bem em seu corpo bronzeado do sol da Toscana e bem cuidado com exercícios e boa alimentação.Tirando uma pequena cicatriz no lado direito do queixo, ele poderia ser confundido com uma celebridade de cinema. O cabelo preto brilhante tinha um corte moderno e atual. Era alto, sua pele bronzeada pelas horas na piscina de casa e em suas caminhadas pela propriedade. O nariz aquilino e os olhos destacavam seu rosto quadrado. A pequena cicatriz tinha sido um acidente quando pequeno, andando a cavalo na propriedade do pai. Acabou caindo e bateu o rosto contra a raiz de uma árvore, o que lhe rendeu alguns dias de boca inchada e a recordação que trazia até hoje.Assim como outras coisas, ele ficou aborrecido por ter falhado e quando pode voltar a cavalgar, ele se aperfeiçoou nisso e fez aulas em um clube da cidade. Ainda hoje gostava de fazer longos passeios a cavalo e nunca mais voltou a cair.Atravessou a sala de reuniões sem olhar para ninguém, mas sentia a tensão deles. Passou pela mesa da secretária pisando firme e seguiu em direção a sala do irmão.Passou pelas pessoas no corredor olhando direto, amaldiçoando o dia em que seu pai resolveu se aposentar e deixar tudo em suas mãos. Isso lhe trouxe mais horas de trabalho e menos horas de liberdade para fazer o que mais gostava.Além disso, ele era obrigado a suportar o caráter ruim do irmão mais novo, que por ordem de seu pai passou a ocupar um cargo dentro da empresa, sendo que nem mesmo fazia questão de comparecer mais do que dois dias. Isso dava um péssimo exemplo para o resto dos funcionários e munição para que os sócios comentassem sobre a família.E ele detestava ter seu nome envolvido em fofocas.Uma coisa que o irritava demais era quando seus pais passavam pano para as coisas erradas que Gutto fazia, como se fosse algo apenas por conta de sua idade. Era muito jovem, seus pais diziam, mas pelo amor de Deus, ele já era um homem feito, com trinta e um anos de idade.Lealdade familiar exagerada era uma desgraça. Ele não se permitia aceitar as safadezas do irmão. Uma coisa que havia aprendido no mundo dos negócios e que valia para a vida, era que tolerância demais criava gente abusada.E de certa forma isso também o magoava um pouco, não iria negar. Desde pequeno ele buscava fazer tudo certo para que os pais se orgulhassem dele e parecia que tudo o que fazia era apenas uma obrigação. Já com Gutto era o contrário. Ele não tinha que fazer nada e ainda assim era agraciado com elogios o tempo todo. E isso não é justo.* Livro completo. Continue lendo.
Os demais capítulos serão postados após a liberação da plataforma.Autora Ninha CardosoParte 3...E até por isso mesmo ele não entendia como uma garota tão bonita, capaz e inteligente como Juliana Moratti estava noiva de seu irmão. Não fazia muito sentido para ele.Ela era toda certinha, competente em sua função e sempre organizada. Todo mundo que a conhecia só tinha elogios para seu comportamento e sua personalidade ali dentro da empresa.Fora do trabalho ele não sabia como ela era, não tinha nenhum contato que lhe passasse informações, a não ser seu irmão, que da noite para o dia surgiu com a novidade de que iria se casar e quando soube o nome da criatura que teria coragem de fazer isso, ficou muito surpreso ao saber que seria Juliana.Lorenzo imaginava o irmão com qualquer garota fútil, burra e sem caráter, assim como ele gostava de se envolver, mas, ao contrário disso, ele escolheu uma totalmente o oposto.Não conseguia encaixar o perfil dos dois como um casal.O modo tão diferente dos dois o levava a muitos questionamentos e agora ainda mais. O que ela diria se sou
Parte 4...Uma única vez ela perguntou diretamente a ele e lhe mostrou um vídeo, onde ele caminhava de mãos dadas com uma garota e ele riu, dizendo que era uma das primas dele. Ficou desconfiada, mas quando ele pegou o celular para ligar e colocá-la para falar direto com a prima, ela deixou o assunto morrer.Depois de seis meses de namoro, ela já não sabia mais se queria mesmo se casar com ele. O pedido de casamento foi algo que a surpreendeu. Ela nem pensava em se casar com ele quando Gutto surgiu com um lindo anel de noivado e fez o pedido durante um jantar com a presença de sua irmã mais nova, Anete.Anete ficou tão animada com o pedido que ela praticamente aceitou se casar mais pela irmã do que por ele mesmo. Anete ficou tão feliz, foi logo contar aos pais que agora ela iria ter um cunhado rico e bonito graças a irmã.Ela não sabia muito bem porque aceitou mesmo. Gostava dele, mas não poderia dizer que era amor. Pelo menos não um amor como os que ela lia nos livros de romance e n
Parte 1...O estômago de Juliana revirou. Sua cabeça ficou tão cheia com as imagens que via que sentiu uma pontada no lado esquerdo da testa e seu coração ficou pesado.Era muita coisa para suportar assim, de repente. Sentiu sua nuca enrijecer. Ela precisava sair dali. Era ridículo demais. Não ia ficar ali olhando enquanto eles tentavam se vestir de uma forma desajeitada e apressada.Ela se virou e saiu apressada, quase tropeçando quando passou pela porta com desespero de se afastar dali o quanto antes. Estava sentindo coisas que não gostava. E dentro elas, uma grande vergonha de Lorenzo também estar ali nesse momento.Lorenzo ficou sem saber se ficava e brigava com os dois amantes descarados ou se corria atrás dela para ajudar. Em um impulso ele decidiu ir atrás dela.— Você não muda nunca, Gutto - disse com voz enraivecida e antes de sair, olhou feio para Anete — Você não tem caráter, garota? Que comportamento nojento.— Lorenzo, você não pode...Gutto tentou contestar, mas calou a
Parte 2...E Gutto tinha provado que era mesmo um moleque. Ela já sabia que ele era irresponsável em outras áreas da vida, mas ser um safado traidor estava virando um clichê.Sentiu vontade de chorar, só não estava bem definido por qual motivo ainda. Encostou no carro, a cabeça baixa, olhando para os próprios sapatos azuis escuro que costumava usar para o trabalho, fazendo conjunto com seu terninho comportado e elegante que a deixava com jeito mais profissional. Que era essa a sua intenção mesmo.Lorenzo ficou parado observando sua postura derrotada e sentiu uma ponta de de raiva. Não entendia o que uma mulher inteligente e capaz como ela podia estar fazendo ao lado de um homem que claramente só pensava em curtir a vida.Não havia um futuro adequado para eles como casal. E não era só ele quem pensava dessa forma. Já tinha dado uma de desligado enquanto ouvia um fio de fofoca que corria na sala de espera, onde três funcionárias falavam sobre Juliana.Até que não estavam falando mal de
Parte 3...— Eu já disse que vou ficar bem, não tem que se preocupar comigo e não pode me impedir de ir embora - disse de forma até mal criada — Eu tenho direito de ir e vir como queira.— Eu sei disso - ele inclinou a cabeça para a frente — Mas acho que sair assim, pode acabar causando algum prejuízo maior depois. Você está tremendo - olhou para suas mãos — Como vai controlar um carro assim?Ele tinha razão. Talvez ela nem fosse muito longe, apenas saísse do prédio para respirar melhor.— Vamos fazer assim - ele empurrou a porta de volta e voltou a travar, segurando a chave — Eu tenho água no meu carro. Ele está logo ali - apontou para o carro mais adiante, em uma das vagas de presidência — Vamos até lá, você bebe um pouco de água, senta e relaxa - abriu as mãos — Aí depois, se quiser ir embora dirigindo, eu a libero. Ok?Juliana olhou para o carro adiante. Era uma SUV enorme e alta. Claro, só podia ser. Engoliu em seco e apertou as mãos. Até que não seria ruim molhar a garganta. Est
Parte 3...— Eu já disse que vou ficar bem, não tem que se preocupar comigo e não pode me impedir de ir embora - disse de forma até mal criada — Eu tenho direito de ir e vir como queira.— Eu sei disso - ele inclinou a cabeça para a frente — Mas acho que sair assim, pode acabar causando algum prejuízo maior depois. Você está tremendo - olhou para suas mãos — Como vai controlar um carro assim?Ele tinha razão. Talvez ela nem fosse muito longe, apenas saísse do prédio para respirar melhor.— Vamos fazer assim - ele empurrou a porta de volta e voltou a travar, segurando a chave — Eu tenho água no meu carro. Ele está logo ali - apontou para o carro mais adiante, em uma das vagas de presidência — Vamos até lá, você bebe um pouco de água, senta e relaxa - abriu as mãos — Aí depois, se quiser ir embora dirigindo, eu a libero. Ok?Juliana olhou para o carro adiante. Era uma SUV enorme e alta. Claro, só podia ser. Engoliu em seco e apertou as mãos. Até que não seria ruim molhar a garganta. Est
Parte 4...Saíram dessa observação quando o som do elevador os fez recordar onde estavam. Lorenzo olhou na direção do elevador e viu a luz vermelha acesa. Alguém havia chamado o ascensor para o piso superior. Voltou a olhar para ela que também olhava para o mesmo ponto, com os olhos bem abertos. Esticou a mão e agarrou seu braço, como um pedido velado de ajuda.— Calma, é só o elevador.— Não... Pode ser o Gutto... Ele pode estar atrás de mim.— E você tem que falar com ele.— Mas não tem que ser agora - ela apertou o braço dele.Ele encheu o peito de ar e soltou um suspiro cansado. Ela provavelmente estava certa. Gutto iria querer aparecer com alguma desculpa esfarrapada, como ele sempre fazia para tudo. E ela estaria bem melhor se ficasse longe dele.— Então vamos sair daqui agora.Ele pegou a bolsa dela e jogou no banco de trás, puxando-a pela mão e praticamente a empurrou para dentro do carro, colocando o cinto de segurança e fechando a porta depressa.— Cássio!Ele chamou seu g
Parte 1...Só depois de mais um minuto, Juliana se tocou de que não estavam indo para a casa dela. Olhou as ruas em volta e franziu a testa. Para onde ele a estava levando?— Para onde estamos indo? Não reconheço este caminho.— Vamos para minha cobertura.Não. Ela não queria ir para a casa dele. Queria ir para seu próprio apartamento e se enfiar embaixo da coberta, em sua cama quentinha e ficar quietinha pensando no que fazer depois.Não garantia que daqui a pouco estaria segurando sua mágoa. Estava como um vulcão, quase para explodir. Estava juntando seus sentimentos e acumulando a vontade de gritar e xingar os responsáveis por seu sofrimento agora.Embora ela nem soubesse direito porque estava sofrendo.Lorenzo estava mordendo o lábio, tentando imaginar porque diabos ela tinha entrado nessa relação com Gutto. E pior, sua mente estava imaginando se ela também já esteve na mesma posição que encontrou a irmã em seu escritório. Será que por acaso ela seria quente e ousada, por baixo de