Parte 4...
Uma única vez ela perguntou diretamente a ele e lhe mostrou um vídeo, onde ele caminhava de mãos dadas com uma garota e ele riu, dizendo que era uma das primas dele. Ficou desconfiada, mas quando ele pegou o celular para ligar e colocá-la para falar direto com a prima, ela deixou o assunto morrer.
Depois de seis meses de namoro, ela já não sabia mais se queria mesmo se casar com ele. O pedido de casamento foi algo que a surpreendeu. Ela nem pensava em se casar com ele quando Gutto surgiu com um lindo anel de noivado e fez o pedido durante um jantar com a presença de sua irmã mais nova, Anete.Anete ficou tão animada com o pedido que ela praticamente aceitou se casar mais pela irmã do que por ele mesmo. Anete ficou tão feliz, foi logo contar aos pais que agora ela iria ter um cunhado rico e bonito graças a irmã.Ela não sabia muito bem porque aceitou mesmo. Gostava dele, mas não poderia dizer que era amor. Pelo menos não um amor como os que ela lia nos livros de romance e nem via nos filmes. Disse sim e ele colocou o anel em seu dedo e depois lhe deu um beijo rápido. Foi assim.Mas agora ela queria falar sério com Gutto. Estava indo até a sala dele com o celular na bolsa. Queria que ele explicasse a cena que tinha recebido logo de manhã. Era Gutto com outra mulher dentro do carro. Não conseguia ver quem era a mulher devido o ângulo, mas tinha certeza de que dessa vez não era mais uma prima como ele havia dito outras vezes. Gutto sempre tinha uma desculpa, mas não agora. Para ela já estava começando a perder a graça e queria colocar um ponto definitivo nisso.— Bom dia, Juliana.— Bom dia... Senhor Salvattore.Ele sorriu de modo cínico.— Pode me chamar pelo meu nome. Afinal, você será minha cunhada, não é mesmo?Ele falou de um modo irônico e ela ficou pálida. Sabia que ele falava como se fosse uma piada. Ela fez um gesto com a cabeça e entrou no corredor em direção a sala de Gutto, sendo seguida de perto por Lorenzo.— Estamos no trabalho. Não é adequado que eu faça isso.— Vai falar com seu noivo?Ele se inclinou para ela e falou próximo ao seu ouvido. Juliana sentiu um leve arrepio e suas pernas tremeram. Ainda assim ela continuou firme. Era hora de resolver tudo. Não tinha certeza se valia a pena se casar com Gutto e nem sentia a felicidade normal que uma noiva deveria sentir. E isso queria lhe dizer algo. Tinha que prestar atenção. Seus pés a levaram até a sala. Parou em frente da porta e hesitou um instante. Sua respiração estava acelerada.— Não precisa bater. Abra a porta - ele disse como desafio.Antes de abrir, Juliana ainda o encarou novamente, o rosto levemente corado pelo apressado dos passos. Queria falar com o noivo sozinha e não com a presença do irmão arrogante e crítico.Ela segurou a maçaneta ainda olhando para ele e girou, dando dois passos para dentro da sala e travou no lugar. Sua voz não saía, nem mesmo um murmúrio. Com certeza ela não pensava ver essa cena diante de seus olhos.Lorenzo entrou logo atrás dela e quase se bateu com ela, quando parou de repente. Ele tocou seu ombro.— Ei... Não fique parada aí, garota...Ele seguiu o olhar dela e seus olhos se arregalaram. Ficou tão surpreso quanto ela. Esperava ver o irmão preguiçoso esticado no sofá ou até mesmo de perna para cima na mesa, mas nunca o flagrante que presenciou ali.Era muita estupidez do irmão. Ele olhou para o rosto dela, vermelho como se estivesse saído de uma sauna. Juliana estava paralisada no lugar. Ele passou por ela.Gutto estava na mesa realmente, mas não de pernas para cima. Quem fazia isso era uma mulher, com as pernas elevadas, seguras pelas mãos de Gutto, que estava sem camisa e com a calça arriada até os tornozelos, as costas suando enquanto ele fazia os movimentos de entra e sai no meio das coxas da garota, que gemia sem parar.Ele ficou parado também. Era quase que cômico ver aquilo acontecendo na sala de um dos diretores de sua empresa. Um absurdo total!Havia um cheiro forte de sexo, que misturava o suor dos dois e suas respirações aceleradas. O idiota nem mesmo lembrou de ligar o ar-condicionado em um dia de sol forte. Era um pateta.Pelo menos ele sabia que ali não era Juliana, porque ela não mexia nem mesmo um músculo do rosto, mirando a cena em frente deles com total descrença do que via. Para ela talvez fosse um pesadelo.— Que diabos você está fazendo, Gutto?Ele disse alto, tirando os dois distraídos da cena ridícula que protagonizavam. Sentiu até um certo nojo e aversão pelo que o irmão fazia ali. Um total desrespeito não apenas com ele, mas com os outros funcionários também. Era um ambiente sério, de trabalho. Não era a casa da mãe Joana onde se podia fazer o que quisesse. E ele sendo da família, tinha a obrigação de dar o exemplo.Sentiu a mão dela segurando seu braço e a olhou de novo. Agora sua expressão era de nojo também e estava pálida, mordendo o lábio bonito, encarando o noivo e a pessoa que estava esparramada na mesa.Gutto ao ouvir sua pergunta em um tom estridente, se virou assustado, de olhos bem abertos e a boca apertada, ainda meio que em transe pela ação que acontecia ali na sala. A mulher se esticou de lado e então eles puderam ver quem era.E não foi nada agradável para Juliana.Além do susto de pegar o noivo com outra, essa outra era sua irmã mais nova, Anete. Ela ficou boquiaberta e seu olhar meio perdido, como se sua mente estivesse trabalhando sobrecarregada, tentando encontrar uma justificativa para aquilo.Um pesadelo, poderia ser. Mas ela estava bem acordada e não costumava sonhar de olhos abertos. Era mesmo sua irmã, nua em cima da mesa, transando com seu futuro marido.Ela engoliu em seco mais de uma vez e enfiou as unhas no braço de Lorenzo que era o único ponto de apoio que tinha no momento. Não confiava em suas pernas e poderia cair de bunda no carpete cinza se não se segurasse nele.— Juliana? - ele cobriu sua mão com a dele.Ela nem olhou para Lorenzo. Não conseguia desviar o olhar dos dois traidores à sua frente. Mais que depressa, Lorenzo empurrou a porta que bateu de vez, fechando-a para que mais ninguém passasse pelo corredor e presenciasse aquela cena infantil e desagradável.Gutto mais uma vez agia como um moleque, sem nenhum respeito por nada e por ninguém. Ele sentiu um aperto no coração por causa de Juliana.— Ju?As duas irmãs se olharam. Foi uma coisa esquisita de ver. Parecia que havia um certo contentamento no olhar de Anete para a irmão mais velha. E havia um rastro de sorriso que se formava no rosto bonito de olhos claros.Anete tinha uma beleza diferente da irmã mais velha. Ela era totalmente fútil e por algumas vezes em que encontrou com ela andando pela empresa, a garota sempre aproveitava a chance para dar em cima dele. Lorenzo não conseguia gostar dela.Era até engraçado, mas ele não sentia uma boa energia vindo dela. E Juliana a tratava como se fosse uma garota inocente, incapaz de certos atos.Bem, ali estava a prova de que ele tinha razão em não gostar da presença dela pelos corredores. Era uma falsa.Duas irmãs de diferentes idades, tipo físico, personalidade e um mesmo homem entre elas. Tudo armado para uma grande confusão familiar. A qual Lorenzo também poderia acabar envolvido, agora que havia presenciado o flagra.— Que merda!Essa foi a frase que Gutto conseguiu dizer, vendo as caras do irmão e da noiva, parados, surpresos com sua indiscrição. Ele sabia que viria coisa pesada de volta. E a pior poderia vir de seu próprio irmão, até mais sério do que de sua noiva.Parte 1...O estômago de Juliana revirou. Sua cabeça ficou tão cheia com as imagens que via que sentiu uma pontada no lado esquerdo da testa e seu coração ficou pesado.Era muita coisa para suportar assim, de repente. Sentiu sua nuca enrijecer. Ela precisava sair dali. Era ridículo demais. Não ia ficar ali olhando enquanto eles tentavam se vestir de uma forma desajeitada e apressada.Ela se virou e saiu apressada, quase tropeçando quando passou pela porta com desespero de se afastar dali o quanto antes. Estava sentindo coisas que não gostava. E dentro elas, uma grande vergonha de Lorenzo também estar ali nesse momento.Lorenzo ficou sem saber se ficava e brigava com os dois amantes descarados ou se corria atrás dela para ajudar. Em um impulso ele decidiu ir atrás dela.— Você não muda nunca, Gutto - disse com voz enraivecida e antes de sair, olhou feio para Anete — Você não tem caráter, garota? Que comportamento nojento.— Lorenzo, você não pode...Gutto tentou contestar, mas calou a
Parte 2...E Gutto tinha provado que era mesmo um moleque. Ela já sabia que ele era irresponsável em outras áreas da vida, mas ser um safado traidor estava virando um clichê.Sentiu vontade de chorar, só não estava bem definido por qual motivo ainda. Encostou no carro, a cabeça baixa, olhando para os próprios sapatos azuis escuro que costumava usar para o trabalho, fazendo conjunto com seu terninho comportado e elegante que a deixava com jeito mais profissional. Que era essa a sua intenção mesmo.Lorenzo ficou parado observando sua postura derrotada e sentiu uma ponta de de raiva. Não entendia o que uma mulher inteligente e capaz como ela podia estar fazendo ao lado de um homem que claramente só pensava em curtir a vida.Não havia um futuro adequado para eles como casal. E não era só ele quem pensava dessa forma. Já tinha dado uma de desligado enquanto ouvia um fio de fofoca que corria na sala de espera, onde três funcionárias falavam sobre Juliana.Até que não estavam falando mal de
Parte 3...— Eu já disse que vou ficar bem, não tem que se preocupar comigo e não pode me impedir de ir embora - disse de forma até mal criada — Eu tenho direito de ir e vir como queira.— Eu sei disso - ele inclinou a cabeça para a frente — Mas acho que sair assim, pode acabar causando algum prejuízo maior depois. Você está tremendo - olhou para suas mãos — Como vai controlar um carro assim?Ele tinha razão. Talvez ela nem fosse muito longe, apenas saísse do prédio para respirar melhor.— Vamos fazer assim - ele empurrou a porta de volta e voltou a travar, segurando a chave — Eu tenho água no meu carro. Ele está logo ali - apontou para o carro mais adiante, em uma das vagas de presidência — Vamos até lá, você bebe um pouco de água, senta e relaxa - abriu as mãos — Aí depois, se quiser ir embora dirigindo, eu a libero. Ok?Juliana olhou para o carro adiante. Era uma SUV enorme e alta. Claro, só podia ser. Engoliu em seco e apertou as mãos. Até que não seria ruim molhar a garganta. Est
Parte 3...— Eu já disse que vou ficar bem, não tem que se preocupar comigo e não pode me impedir de ir embora - disse de forma até mal criada — Eu tenho direito de ir e vir como queira.— Eu sei disso - ele inclinou a cabeça para a frente — Mas acho que sair assim, pode acabar causando algum prejuízo maior depois. Você está tremendo - olhou para suas mãos — Como vai controlar um carro assim?Ele tinha razão. Talvez ela nem fosse muito longe, apenas saísse do prédio para respirar melhor.— Vamos fazer assim - ele empurrou a porta de volta e voltou a travar, segurando a chave — Eu tenho água no meu carro. Ele está logo ali - apontou para o carro mais adiante, em uma das vagas de presidência — Vamos até lá, você bebe um pouco de água, senta e relaxa - abriu as mãos — Aí depois, se quiser ir embora dirigindo, eu a libero. Ok?Juliana olhou para o carro adiante. Era uma SUV enorme e alta. Claro, só podia ser. Engoliu em seco e apertou as mãos. Até que não seria ruim molhar a garganta. Est
Parte 4...Saíram dessa observação quando o som do elevador os fez recordar onde estavam. Lorenzo olhou na direção do elevador e viu a luz vermelha acesa. Alguém havia chamado o ascensor para o piso superior. Voltou a olhar para ela que também olhava para o mesmo ponto, com os olhos bem abertos. Esticou a mão e agarrou seu braço, como um pedido velado de ajuda.— Calma, é só o elevador.— Não... Pode ser o Gutto... Ele pode estar atrás de mim.— E você tem que falar com ele.— Mas não tem que ser agora - ela apertou o braço dele.Ele encheu o peito de ar e soltou um suspiro cansado. Ela provavelmente estava certa. Gutto iria querer aparecer com alguma desculpa esfarrapada, como ele sempre fazia para tudo. E ela estaria bem melhor se ficasse longe dele.— Então vamos sair daqui agora.Ele pegou a bolsa dela e jogou no banco de trás, puxando-a pela mão e praticamente a empurrou para dentro do carro, colocando o cinto de segurança e fechando a porta depressa.— Cássio!Ele chamou seu g
Parte 1...Só depois de mais um minuto, Juliana se tocou de que não estavam indo para a casa dela. Olhou as ruas em volta e franziu a testa. Para onde ele a estava levando?— Para onde estamos indo? Não reconheço este caminho.— Vamos para minha cobertura.Não. Ela não queria ir para a casa dele. Queria ir para seu próprio apartamento e se enfiar embaixo da coberta, em sua cama quentinha e ficar quietinha pensando no que fazer depois.Não garantia que daqui a pouco estaria segurando sua mágoa. Estava como um vulcão, quase para explodir. Estava juntando seus sentimentos e acumulando a vontade de gritar e xingar os responsáveis por seu sofrimento agora.Embora ela nem soubesse direito porque estava sofrendo.Lorenzo estava mordendo o lábio, tentando imaginar porque diabos ela tinha entrado nessa relação com Gutto. E pior, sua mente estava imaginando se ela também já esteve na mesma posição que encontrou a irmã em seu escritório. Será que por acaso ela seria quente e ousada, por baixo de
Parte 2...— Não perca seu tempo imaginando se deve ou não perdoar aqueles dois. São farinha do mesmo saco - disse aborrecido, apertando a mão — Se eu não tivesse ido atrás dele para que explicasse o roubo que fez, não teria descoberto que ao invés de trabalhar, estava se pegando com a safada da sua irmã.Juliana ergueu as sobrancelhas e levantou.— Roubo? Que roubo?— Não me diga que você também não sabe sobre o golpe que seu noivinho está dando na empresa?Ela sentiu algo muito estranho passar por seu corpo e de uma forma totalmente inesperada, jogou todo o conteúdo do copo no rosto dele. Lorenzo ficou parado, surpreso, enquanto o líquido descia por seu rosto, pingando e manchando sua camisa cara.— Você acha que pode fazer e dizer que quiser? Só porque é um ricaço, assim como outro qualquer, pensa que manda em tudo? - disse com raiva incontida — Eu nem queria vir até aqui, não preciso que você se preocupe comigo - estava quase gritando já, de tão nervosa — O que foi? Ficou com raiv
Parte 3...— Não acho que seja bonita como ela - ele abriu um sorriso irônico e olhou seu corpo — Acho que é muito mais bonita, isso sim. Acho você atraente, ainda que se esconda nessas roupas sérias e escuras, que prenda seu cabelo como uma velha... Gostaria de provar o que penso - ergueu a sobrancelha — Se você quiser, pode ficar nua para mim agora... Eu posso lhe dar minha opinião mais honesta.Ela piscou os olhos surpresa. E se ofendeu.— Eu nunca lhe dei ousadia para me tratar como se eu fosse uma vadia qualquer - comprimiu os lábios.— Ora... - ele deu uma risadinha — Nem se você quisesse mesmo representar o papel de vadia, iria conseguir - andou mais para perto dela — Mas não se engane... Esse seu jeitinho atiça muito mais aos homens de verdade do que o tipo fácil e vulgar da sua irmã. Nem todos os homens estão buscando uma boneca sexual, sabia? Muitos querem conteúdo também.Ela ficou vermelha. Engoliu em seco. Continuou encarando o rosto perfeito dele, tentando entender o que