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Capítulo Um - 3

Parte 3...

E até por isso mesmo ele não entendia como uma garota tão bonita, capaz e inteligente como Juliana Moratti estava noiva de seu irmão. Não fazia muito sentido para ele.

Ela era toda certinha, competente em sua função e sempre organizada. Todo mundo que a conhecia só tinha elogios para seu comportamento e sua personalidade ali dentro da empresa.

Fora do trabalho ele não sabia como ela era, não tinha nenhum contato que lhe passasse informações, a não ser seu irmão, que da noite para o dia surgiu com a novidade de que iria se casar e quando soube o nome da criatura que teria coragem de fazer isso, ficou muito surpreso ao saber que seria Juliana.

Lorenzo imaginava o irmão com qualquer garota fútil, burra e sem caráter, assim como ele gostava de se envolver, mas, ao contrário disso, ele escolheu uma totalmente o oposto.

Não conseguia encaixar o perfil dos dois como um casal.

O modo tão diferente dos dois o levava a muitos questionamentos e agora ainda mais. O que ela diria se soubesse que seu noivo e futuro marido é um ladrão? Um tão vagabundo que rouba de sua própria família?

Será que ela estava mesmo apaixonada por ele ou seria o interesse do nome de família? Nunca se sabe realmente o que se passa na mente e no coração de uma mulher.

Juliana era uma mulher que o atraía, mas que sempre se manteve distante. Ela tinha um jeito sério e até frio de se portar quando estava ao lado dele. Nunca sentiu nenhum tipo de aversão da parte dela, mas nunca o deixou se aproximar mais do que o necessário e apenas para coisas relativas ao trabalho.

Não era cego, conseguia ver que por baixo de suas roupas sérias e de cores escuras, havia um corpo com curvas. Ele já notara a boca bem feita e levemente bicuda que ela mantinha sempre com um batom rosa perfeito. O cabelo castanho na maioria das vezes estava preso em um rabo de cavalo ou então em um coque que a fazia parecer uma professora ou uma bibliotecária de séries antigas de tevê.

E ainda assim, ele a achava atraente. Porém sempre se manteve correto com ela. Deixava seus olhares para quando ela não sabia que ele estava observando-a.

Gostava de olhar sua caminhada, seus quadris balançando de um lado para outro, como um chamado para ele. A boca bonita que parecia pedir para ser beijada. Seu cheiro delicado que atiçava sua libido. 

Já tinha pensado bastante e não entendia como ela havia escolhido estragar a vida se casando com um safado como Gutto e que com certeza acabaria a traindo algum dia. 

Era quase que um quebra-cabeça para ele, entender porque ela havia se apaixonado por ele. Gutto com certeza estava atraído por ela, mas não entendia também porque ele tomara essa decisão que para o estilo de vida dele, era até radical. Sempre acreditou que o irmão acabaria velho, rodeado de mulheres com corpos esculturais feitos nas mesas de cirurgias dos melhores médicos do país. 

Mas, seja como for, agora ele teria que arcar com a consequência de seus atos recentes. Juliana que fizesse o que achasse melhor sobre o noivo ladrão.

E quando ele percebeu, lá estava ela. Juliana vinha caminhando pelo corredor, sua atenção voltada para uma pasta aberta em seu braço, caminhando de cabeça baixa. Ele parou e esperou.

Ela quase se bateu contra ele. Parou de repente ao sentir uma espécie de aviso, como se estivesse sendo observada. E estava mesmo. Ergueu o olhar e até prendeu a respiração de repente, pela surpresa em ver seu futuro cunhado ali.

Juliana não tinha nada contra Lorenzo Salvattore, porém não tinha muita coisa a favor também. Tudo o que conhecia dele era sua competência para gerir os negócios da família e sua fama de mulherengo, mas nunca chegou a vê-lo realmente com alguma mulher por ali.

Sabia que ele tinha várias amantes pelo pouco que o noivo lhe contava e por algumas fofocas que rolavam pela empresa sobre isso, mas fora isso, nunca parou para reparar em sua vida.

O achava muito bonito. Era uma beleza diferente de Gutto, mais máscula até. Lorenzo tinha um porte altivo e um modo de olhar que deixava muita gente com medo. Poucas vezes o tinha visto sorrir, mas quando o fazia era muito charmoso.

Uma coisa que ela achava desagradável era o modo como ele era arrogante e muitas vezes deixava outras pessoas à sua volta com receio do que falar. Ele tinha um modo intimidador, uma postura esnobe.

E muitas vezes ela se sentia tímida e sem jeito perto dele, com seu olhar penetrante e direto. Ela era uma pessoa mais calma e reservada e não gostava de ficar se exibindo, mostrando o corpo ou dando liberdade para outras pessoas. Preferia ficar quieta em seu canto, fazia o que era pedido e pronto.

E ela já tinha notado o olhar dele sobre seu corpo, analisando-a, talvez pensando porque ela não usava roupas apertadas ou transparente, que marcassem seu corpo. Ela não gostava disso. Ali era um ambiente de trabalho, um local sério.

Mas ela não se importava com o que ele pensava sobre seu comportamento. Apenas estava ali para trabalhar. Ele que tivesse a ideia que fosse, para ela só importava manter sua vida equilibrada e calma.

Segurou a pasta na frente do corpo como se isso fosse lhe servir como uma proteção contra ele, que não desviava o olhar de seu rosto e a fazia ficar tímida.  E logo agora que ela não estava se sentindo bem desde cedo.

Não era a primeira vez que acontecia de receber fotos e até vídeos de Gutto, seu noivo com outras mulheres. Era muito difícil ver essas coisas e só podia ser uma pessoa má que enviava as fotos. Até o momento ela não tinha descoberto quem era e nem tinha outras provas de que Gutto realmente a traía.

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