Parte 1...
O estômago de Juliana revirou. Sua cabeça ficou tão cheia com as imagens que via que sentiu uma pontada no lado esquerdo da testa e seu coração ficou pesado.
Era muita coisa para suportar assim, de repente. Sentiu sua nuca enrijecer. Ela precisava sair dali. Era ridículo demais. Não ia ficar ali olhando enquanto eles tentavam se vestir de uma forma desajeitada e apressada.Ela se virou e saiu apressada, quase tropeçando quando passou pela porta com desespero de se afastar dali o quanto antes. Estava sentindo coisas que não gostava. E dentro elas, uma grande vergonha de Lorenzo também estar ali nesse momento.Lorenzo ficou sem saber se ficava e brigava com os dois amantes descarados ou se corria atrás dela para ajudar. Em um impulso ele decidiu ir atrás dela.— Você não muda nunca, Gutto - disse com voz enraivecida e antes de sair, olhou feio para Anete — Você não tem caráter, garota? Que comportamento nojento.— Lorenzo, você não pode...Gutto tentou contestar, mas calou a boca quando viu a cara séria e assustadora que o irmão fez, quando se voltou para ele.— Eu posso o que eu quiser - ele disse entre dentes — E você não pense que isso vai ficar assim. Saia daqui e leve essa vagabunda junto com você. Agora!Quando ele saiu, novamente puxou a porta com força, batendo e reverberando um som pesado da pancada, que acabou assustando a alguns funcionários que estavam por perto.Andou apressado para tentar alcançar Juliana que desaparecia pelo corredor. Tinha sido uma situação péssima, mas ao mesmo tempo, seu irmão acabara de lhe dar mais uma justificativa grave para retirá-lo de sua vida e da empresa.Infelizmente, ele não conseguiu alcançá-la antes que ela entrasse no elevador. Bateu forte no botão, mas isso iria demorar. Praguejou e empurrou a porta de acesso às escadas e foi descendo rapidamente, pulando degraus para poder chegar ao mesmo tempo que o elevador. Passou por um funcionário que subia a escada devagar e nem respondeu quando o homem lhe deu bom dia. Estava correndo para alcançar Juliana.Apesar dela nunca ter realmente lhe dado atenção, também nunca deixou de atiçar sua curiosidade, quando ele a flagrava olhando o que estava fazendo e virava o rosto depressa para outro lado, fingindo que não estava ligada nele.Com certeza ela estaria indo em direção ao estacionamento para pegar o carro e ir embora. Mas ele não poderia deixar que saísse assim, desnorteada. Poderia acabar se envolvendo em um acidente. E se não fosse por ele estar sempre se exercitando e mantendo a forma, não teria pique para descer todos aqueles degraus dessa forma.Por dentro ele estava revoltado com tudo. Aquele dia tinha começado bem carregado e pelo jeito isso continuaria por um tempo ainda. Sua cabeça estava cheia e seu corpo estava elétrico.Ele chegava a tremer as mãos de ansiedade e nervoso com o que viria acontecer dali em diante depois disso. Deu um pulo por cima dos últimos quatro degraus e quase se jogou por cima da porta que abria para a garagem do subsolo.Parou respirando fundo, já sentindo o suor descer em uma gota por sua testa. Olhou em volta a procurando. Ela tinha que estar ali. O carro dela sempre ocupava a mesma vaga. Foi andando pelo meio dos carros, em busca do carro dela e a viu, parada de costas, a cabeça baixa.Andou rápido. Não podia deixar que ela saísse dirigindo por aí. Esticou a mão e segurou seu ombro.— Juliana...Ela estava com os nervos à flor da pele e quando sentiu seu toque, lhe deu um tapa na mão e gritou enraivecida.— Não me toque seu nojento!Ele franziu a testa.— Ei, eu não sou o canalha do Gutto e nem você é a vagabunda da sua irmã. Os dois não mere...Lorenzo não terminou a frase. Não esperava o que veio a seguir. Juliana se virou rápido e sem pensar, estalou um tapa em cheio no rosto dele, com toda força que ainda tinha. E o som do tapa fez eco no estacionamento vazio.Lorenzo deu um passo para trás e tocou o local onde ela o acertou, sentindo o calor da pele machucada. Juliana ficou tremendo, as mãos segurando o rosto, olhando para ele que esfregava o rosto. Ela nunca tinha sido tão grosseira com alguém.E menos ainda com o dono de tudo. Apesar de Gutto também ser da família e ser um dos herdeiros, todo mundo sabia que o grande mandachuva de tudo era Lorenzo.E ela o havia esbofeteado. Que bom!— Nossa... Desculpe... Eu não...— Tudo bem - ele ergueu a mão — Diante do ocorrido, eu consigo entender - esfregou o rosto de novo — Até que você tem a mão pesada pra alguém tão pequena.Juliana ficou com vergonha. Não era dada a violência, mas estava muito nervosa e nem mesmo sabia porque estava. De fato, não estava assim tão surpresa, ainda mais depois de tantas mensagens falando sobre seu noivo.O que ela não esperava era que a irmã estaria do outro lado, ainda mais daquele modo. Isso sim a surpreendeu mais.Enquanto ele se recompunha, Juliana ficava tentando achar uma resposta para o que tinha visto lá em cima. Como os dois poderiam estar juntos? Como sua própria irmã foi capaz de fazer algo tão baixo com ela?Parte 2...E Gutto tinha provado que era mesmo um moleque. Ela já sabia que ele era irresponsável em outras áreas da vida, mas ser um safado traidor estava virando um clichê.Sentiu vontade de chorar, só não estava bem definido por qual motivo ainda. Encostou no carro, a cabeça baixa, olhando para os próprios sapatos azuis escuro que costumava usar para o trabalho, fazendo conjunto com seu terninho comportado e elegante que a deixava com jeito mais profissional. Que era essa a sua intenção mesmo.Lorenzo ficou parado observando sua postura derrotada e sentiu uma ponta de de raiva. Não entendia o que uma mulher inteligente e capaz como ela podia estar fazendo ao lado de um homem que claramente só pensava em curtir a vida.Não havia um futuro adequado para eles como casal. E não era só ele quem pensava dessa forma. Já tinha dado uma de desligado enquanto ouvia um fio de fofoca que corria na sala de espera, onde três funcionárias falavam sobre Juliana.Até que não estavam falando mal de
Parte 3...— Eu já disse que vou ficar bem, não tem que se preocupar comigo e não pode me impedir de ir embora - disse de forma até mal criada — Eu tenho direito de ir e vir como queira.— Eu sei disso - ele inclinou a cabeça para a frente — Mas acho que sair assim, pode acabar causando algum prejuízo maior depois. Você está tremendo - olhou para suas mãos — Como vai controlar um carro assim?Ele tinha razão. Talvez ela nem fosse muito longe, apenas saísse do prédio para respirar melhor.— Vamos fazer assim - ele empurrou a porta de volta e voltou a travar, segurando a chave — Eu tenho água no meu carro. Ele está logo ali - apontou para o carro mais adiante, em uma das vagas de presidência — Vamos até lá, você bebe um pouco de água, senta e relaxa - abriu as mãos — Aí depois, se quiser ir embora dirigindo, eu a libero. Ok?Juliana olhou para o carro adiante. Era uma SUV enorme e alta. Claro, só podia ser. Engoliu em seco e apertou as mãos. Até que não seria ruim molhar a garganta. Est
Parte 3...— Eu já disse que vou ficar bem, não tem que se preocupar comigo e não pode me impedir de ir embora - disse de forma até mal criada — Eu tenho direito de ir e vir como queira.— Eu sei disso - ele inclinou a cabeça para a frente — Mas acho que sair assim, pode acabar causando algum prejuízo maior depois. Você está tremendo - olhou para suas mãos — Como vai controlar um carro assim?Ele tinha razão. Talvez ela nem fosse muito longe, apenas saísse do prédio para respirar melhor.— Vamos fazer assim - ele empurrou a porta de volta e voltou a travar, segurando a chave — Eu tenho água no meu carro. Ele está logo ali - apontou para o carro mais adiante, em uma das vagas de presidência — Vamos até lá, você bebe um pouco de água, senta e relaxa - abriu as mãos — Aí depois, se quiser ir embora dirigindo, eu a libero. Ok?Juliana olhou para o carro adiante. Era uma SUV enorme e alta. Claro, só podia ser. Engoliu em seco e apertou as mãos. Até que não seria ruim molhar a garganta. Est
Parte 4...Saíram dessa observação quando o som do elevador os fez recordar onde estavam. Lorenzo olhou na direção do elevador e viu a luz vermelha acesa. Alguém havia chamado o ascensor para o piso superior. Voltou a olhar para ela que também olhava para o mesmo ponto, com os olhos bem abertos. Esticou a mão e agarrou seu braço, como um pedido velado de ajuda.— Calma, é só o elevador.— Não... Pode ser o Gutto... Ele pode estar atrás de mim.— E você tem que falar com ele.— Mas não tem que ser agora - ela apertou o braço dele.Ele encheu o peito de ar e soltou um suspiro cansado. Ela provavelmente estava certa. Gutto iria querer aparecer com alguma desculpa esfarrapada, como ele sempre fazia para tudo. E ela estaria bem melhor se ficasse longe dele.— Então vamos sair daqui agora.Ele pegou a bolsa dela e jogou no banco de trás, puxando-a pela mão e praticamente a empurrou para dentro do carro, colocando o cinto de segurança e fechando a porta depressa.— Cássio!Ele chamou seu g
Parte 1...Só depois de mais um minuto, Juliana se tocou de que não estavam indo para a casa dela. Olhou as ruas em volta e franziu a testa. Para onde ele a estava levando?— Para onde estamos indo? Não reconheço este caminho.— Vamos para minha cobertura.Não. Ela não queria ir para a casa dele. Queria ir para seu próprio apartamento e se enfiar embaixo da coberta, em sua cama quentinha e ficar quietinha pensando no que fazer depois.Não garantia que daqui a pouco estaria segurando sua mágoa. Estava como um vulcão, quase para explodir. Estava juntando seus sentimentos e acumulando a vontade de gritar e xingar os responsáveis por seu sofrimento agora.Embora ela nem soubesse direito porque estava sofrendo.Lorenzo estava mordendo o lábio, tentando imaginar porque diabos ela tinha entrado nessa relação com Gutto. E pior, sua mente estava imaginando se ela também já esteve na mesma posição que encontrou a irmã em seu escritório. Será que por acaso ela seria quente e ousada, por baixo de
Parte 2...— Não perca seu tempo imaginando se deve ou não perdoar aqueles dois. São farinha do mesmo saco - disse aborrecido, apertando a mão — Se eu não tivesse ido atrás dele para que explicasse o roubo que fez, não teria descoberto que ao invés de trabalhar, estava se pegando com a safada da sua irmã.Juliana ergueu as sobrancelhas e levantou.— Roubo? Que roubo?— Não me diga que você também não sabe sobre o golpe que seu noivinho está dando na empresa?Ela sentiu algo muito estranho passar por seu corpo e de uma forma totalmente inesperada, jogou todo o conteúdo do copo no rosto dele. Lorenzo ficou parado, surpreso, enquanto o líquido descia por seu rosto, pingando e manchando sua camisa cara.— Você acha que pode fazer e dizer que quiser? Só porque é um ricaço, assim como outro qualquer, pensa que manda em tudo? - disse com raiva incontida — Eu nem queria vir até aqui, não preciso que você se preocupe comigo - estava quase gritando já, de tão nervosa — O que foi? Ficou com raiv
Parte 3...— Não acho que seja bonita como ela - ele abriu um sorriso irônico e olhou seu corpo — Acho que é muito mais bonita, isso sim. Acho você atraente, ainda que se esconda nessas roupas sérias e escuras, que prenda seu cabelo como uma velha... Gostaria de provar o que penso - ergueu a sobrancelha — Se você quiser, pode ficar nua para mim agora... Eu posso lhe dar minha opinião mais honesta.Ela piscou os olhos surpresa. E se ofendeu.— Eu nunca lhe dei ousadia para me tratar como se eu fosse uma vadia qualquer - comprimiu os lábios.— Ora... - ele deu uma risadinha — Nem se você quisesse mesmo representar o papel de vadia, iria conseguir - andou mais para perto dela — Mas não se engane... Esse seu jeitinho atiça muito mais aos homens de verdade do que o tipo fácil e vulgar da sua irmã. Nem todos os homens estão buscando uma boneca sexual, sabia? Muitos querem conteúdo também.Ela ficou vermelha. Engoliu em seco. Continuou encarando o rosto perfeito dele, tentando entender o que
Parte 4...Juliana continuou encarando o rosto bonito e seu coração deu uma leve disparada. Olhando bem, Lorenzo era muito mais atraente do que ela já tinha reparado antes. A boca grande era bem feita e atraente, parecia desenhada.Os olhos eram brilhantes e até mesmo a pequena cicatriz em seu queixo era algo atraente. Lhe dava um jeito mais sedutor, meio perigoso. O que talvez ele realmente fosse. Lorenzo era um homem muito forte, tinha um posicionamento de vencedor diante da vida. E isso chamava atenção de todos, não apenas das mulheres que pudessem ter algum interesse. Ele causava inveja.Lorenzo tinha trinta e seis anos, alguns anos a mais de experiência de vida além dela, com seus vinte e cinco. E a vida deles era bem diferente. Ele teve obrigações diferentes das dela, mas ambos eram organizados e trabalhadores. Nesse ponto ela sabia que Lorenzo não fugia das responsabilidades e que era exigente.Isso não era um defeito. Pelo menos não para ela. Gutto já era mais relaxado e ela a