Parte 2...
E Gutto tinha provado que era mesmo um moleque. Ela já sabia que ele era irresponsável em outras áreas da vida, mas ser um safado traidor estava virando um clichê.
Sentiu vontade de chorar, só não estava bem definido por qual motivo ainda. Encostou no carro, a cabeça baixa, olhando para os próprios sapatos azuis escuro que costumava usar para o trabalho, fazendo conjunto com seu terninho comportado e elegante que a deixava com jeito mais profissional. Que era essa a sua intenção mesmo.Lorenzo ficou parado observando sua postura derrotada e sentiu uma ponta de de raiva. Não entendia o que uma mulher inteligente e capaz como ela podia estar fazendo ao lado de um homem que claramente só pensava em curtir a vida.Não havia um futuro adequado para eles como casal. E não era só ele quem pensava dessa forma. Já tinha dado uma de desligado enquanto ouvia um fio de fofoca que corria na sala de espera, onde três funcionárias falavam sobre Juliana.Até que não estavam falando mal dela, apenas se perguntavam porque ela estaria noiva de Gutto e a resposta entre elas foi de que o sobrenome estava valendo a pena as raivas que ela poderia passar no futuro.Na verdade, ele não tinha motivos para se preocupar com ela, mas tinha algo dentro de si que lhe empurrava para isso. Olhou em volta em busca de outra pessoa que pudesse pegar essa responsabilidade, mas não havia mais ninguém ali. Tinha que ser ele mesmo, ainda que sua vontade fosse correr de volta para a sala do irmão e aproveitar agora para pegá-lo de jeito. Estava com a faca e o queijo na mão. Nem mesmo seus pais poderiam achar que tinha sido uma bobagem. Eles teriam que ficar ao seu lado e aceitar que Gutto fosse afastado.Juliana respirava fundo, de braços cruzados e a cabeça baixa ainda, olhar perdido, o rosto corado. Podia ser raiva, revolta, vergonha. Qualquer coisa assim, ele não sabia.Coçou o queixo, pensando se deveria apenas se virar e deixá-la ali. Estaria certo se fizesse isso. Ao mesmo tempo, seu nível de educação e também seus hormônios masculinos queriam estar ao lado dela.Voltou a tocar em seu ombro, devagar agora, tentando fazer com que ela saísse de seu transe e se recuperasse. Até mesmo para estar ao lado dele quando tivesse a conversa final com o irmão, para que se retirasse.— Juliana... Tenha calma agora... Respire fundo e segure o ar... Vá soltando aos poucos... - ela fez o que ele disse — Vamos entrar, você precisa sentar.— Não... - respondeu em voz baixa — Eu quero ir embora - ergueu o rosto — Me desculpe pelo tapa, foi um exagero... E obrigada por estar aqui.Por dentro ele se sentiu aquecer com o que ela disse. Seus olhos estavam vermelhos. Ela queria chorar, mas estava segurando. Talvez com vergonha que ele a julgasse.— Não tem que me agradecer - retirou a mão de seu ombro — Você tem direito de estar fora de si. — Obrigada!— Não precisa se forçar a ser gentil agora - ele disse cruzando os braços.Juliana estava se odiando por se mostrar tão fraca diante dele, que sempre estava com essa postura altiva, sempre mostrando que era um homem de decisão. Todos na empresa tinham receio de bater de frente com ele. E ela também estava nesse grupo.— Não preciso mais que fique comigo - ela ajeitou o cabelo que escapava da presilha — Pode voltar ao seu trabalho. Eu já me sinto melhor.Ele se abaixou e pegou a bolsa dela caída no chão e lhe entregou.— Você precisa sentar um pouco.— Eu preciso é ir embora.Ela ajeitou a bolsa no ombro e abriu, mexendo nervosa, com a mão trêmula, em busca da chave do carro para sair logo dali antes que um dos dois aparecesse. Ela não queria falar com nenhum deles, não agora pelo menos. Precisava se acalmar e colocar a cabeça no lugar.Começou a sentir seu estômago embrulhando, estava ficando nauseada. Tinha algumas imagens do noivo em supostas traições, mas agora havia a prova concreta e ela era muito pior, porque havia outra pessoa que jamais poderia agir de tal forma.Enfiou a chave com força e destravou a porta, mas Lorenzo segurou para que não abrisse. Estava preocupado.— Não pode sair assim, Juliana - estava impaciente — Se não se acalmar, não deixarei que saia.Ela o encarou. Ele não ia deixar? E quem ele pensava que era para mandar nela? Era uma mulher adulta de vinte e cinco anos e capaz de cuidar de si mesma.Tudo bem que fisicamente ele era superior. Ela tinha apenas um metro e sessenta e nove de altura e ele com certeza passava de um metro e noventa. Era bem alto e forte.Ela engoliu em seco. Seu corpo sentiu uma energia estranha percorrer seu íntimo. Mas não foi algo ruim. Era apenas desconcertante aquela situação.Parte 3...— Eu já disse que vou ficar bem, não tem que se preocupar comigo e não pode me impedir de ir embora - disse de forma até mal criada — Eu tenho direito de ir e vir como queira.— Eu sei disso - ele inclinou a cabeça para a frente — Mas acho que sair assim, pode acabar causando algum prejuízo maior depois. Você está tremendo - olhou para suas mãos — Como vai controlar um carro assim?Ele tinha razão. Talvez ela nem fosse muito longe, apenas saísse do prédio para respirar melhor.— Vamos fazer assim - ele empurrou a porta de volta e voltou a travar, segurando a chave — Eu tenho água no meu carro. Ele está logo ali - apontou para o carro mais adiante, em uma das vagas de presidência — Vamos até lá, você bebe um pouco de água, senta e relaxa - abriu as mãos — Aí depois, se quiser ir embora dirigindo, eu a libero. Ok?Juliana olhou para o carro adiante. Era uma SUV enorme e alta. Claro, só podia ser. Engoliu em seco e apertou as mãos. Até que não seria ruim molhar a garganta. Est
Parte 3...— Eu já disse que vou ficar bem, não tem que se preocupar comigo e não pode me impedir de ir embora - disse de forma até mal criada — Eu tenho direito de ir e vir como queira.— Eu sei disso - ele inclinou a cabeça para a frente — Mas acho que sair assim, pode acabar causando algum prejuízo maior depois. Você está tremendo - olhou para suas mãos — Como vai controlar um carro assim?Ele tinha razão. Talvez ela nem fosse muito longe, apenas saísse do prédio para respirar melhor.— Vamos fazer assim - ele empurrou a porta de volta e voltou a travar, segurando a chave — Eu tenho água no meu carro. Ele está logo ali - apontou para o carro mais adiante, em uma das vagas de presidência — Vamos até lá, você bebe um pouco de água, senta e relaxa - abriu as mãos — Aí depois, se quiser ir embora dirigindo, eu a libero. Ok?Juliana olhou para o carro adiante. Era uma SUV enorme e alta. Claro, só podia ser. Engoliu em seco e apertou as mãos. Até que não seria ruim molhar a garganta. Est
Parte 4...Saíram dessa observação quando o som do elevador os fez recordar onde estavam. Lorenzo olhou na direção do elevador e viu a luz vermelha acesa. Alguém havia chamado o ascensor para o piso superior. Voltou a olhar para ela que também olhava para o mesmo ponto, com os olhos bem abertos. Esticou a mão e agarrou seu braço, como um pedido velado de ajuda.— Calma, é só o elevador.— Não... Pode ser o Gutto... Ele pode estar atrás de mim.— E você tem que falar com ele.— Mas não tem que ser agora - ela apertou o braço dele.Ele encheu o peito de ar e soltou um suspiro cansado. Ela provavelmente estava certa. Gutto iria querer aparecer com alguma desculpa esfarrapada, como ele sempre fazia para tudo. E ela estaria bem melhor se ficasse longe dele.— Então vamos sair daqui agora.Ele pegou a bolsa dela e jogou no banco de trás, puxando-a pela mão e praticamente a empurrou para dentro do carro, colocando o cinto de segurança e fechando a porta depressa.— Cássio!Ele chamou seu g
Parte 1...Só depois de mais um minuto, Juliana se tocou de que não estavam indo para a casa dela. Olhou as ruas em volta e franziu a testa. Para onde ele a estava levando?— Para onde estamos indo? Não reconheço este caminho.— Vamos para minha cobertura.Não. Ela não queria ir para a casa dele. Queria ir para seu próprio apartamento e se enfiar embaixo da coberta, em sua cama quentinha e ficar quietinha pensando no que fazer depois.Não garantia que daqui a pouco estaria segurando sua mágoa. Estava como um vulcão, quase para explodir. Estava juntando seus sentimentos e acumulando a vontade de gritar e xingar os responsáveis por seu sofrimento agora.Embora ela nem soubesse direito porque estava sofrendo.Lorenzo estava mordendo o lábio, tentando imaginar porque diabos ela tinha entrado nessa relação com Gutto. E pior, sua mente estava imaginando se ela também já esteve na mesma posição que encontrou a irmã em seu escritório. Será que por acaso ela seria quente e ousada, por baixo de
Parte 2...— Não perca seu tempo imaginando se deve ou não perdoar aqueles dois. São farinha do mesmo saco - disse aborrecido, apertando a mão — Se eu não tivesse ido atrás dele para que explicasse o roubo que fez, não teria descoberto que ao invés de trabalhar, estava se pegando com a safada da sua irmã.Juliana ergueu as sobrancelhas e levantou.— Roubo? Que roubo?— Não me diga que você também não sabe sobre o golpe que seu noivinho está dando na empresa?Ela sentiu algo muito estranho passar por seu corpo e de uma forma totalmente inesperada, jogou todo o conteúdo do copo no rosto dele. Lorenzo ficou parado, surpreso, enquanto o líquido descia por seu rosto, pingando e manchando sua camisa cara.— Você acha que pode fazer e dizer que quiser? Só porque é um ricaço, assim como outro qualquer, pensa que manda em tudo? - disse com raiva incontida — Eu nem queria vir até aqui, não preciso que você se preocupe comigo - estava quase gritando já, de tão nervosa — O que foi? Ficou com raiv
Parte 3...— Não acho que seja bonita como ela - ele abriu um sorriso irônico e olhou seu corpo — Acho que é muito mais bonita, isso sim. Acho você atraente, ainda que se esconda nessas roupas sérias e escuras, que prenda seu cabelo como uma velha... Gostaria de provar o que penso - ergueu a sobrancelha — Se você quiser, pode ficar nua para mim agora... Eu posso lhe dar minha opinião mais honesta.Ela piscou os olhos surpresa. E se ofendeu.— Eu nunca lhe dei ousadia para me tratar como se eu fosse uma vadia qualquer - comprimiu os lábios.— Ora... - ele deu uma risadinha — Nem se você quisesse mesmo representar o papel de vadia, iria conseguir - andou mais para perto dela — Mas não se engane... Esse seu jeitinho atiça muito mais aos homens de verdade do que o tipo fácil e vulgar da sua irmã. Nem todos os homens estão buscando uma boneca sexual, sabia? Muitos querem conteúdo também.Ela ficou vermelha. Engoliu em seco. Continuou encarando o rosto perfeito dele, tentando entender o que
Parte 4...Juliana continuou encarando o rosto bonito e seu coração deu uma leve disparada. Olhando bem, Lorenzo era muito mais atraente do que ela já tinha reparado antes. A boca grande era bem feita e atraente, parecia desenhada.Os olhos eram brilhantes e até mesmo a pequena cicatriz em seu queixo era algo atraente. Lhe dava um jeito mais sedutor, meio perigoso. O que talvez ele realmente fosse. Lorenzo era um homem muito forte, tinha um posicionamento de vencedor diante da vida. E isso chamava atenção de todos, não apenas das mulheres que pudessem ter algum interesse. Ele causava inveja.Lorenzo tinha trinta e seis anos, alguns anos a mais de experiência de vida além dela, com seus vinte e cinco. E a vida deles era bem diferente. Ele teve obrigações diferentes das dela, mas ambos eram organizados e trabalhadores. Nesse ponto ela sabia que Lorenzo não fugia das responsabilidades e que era exigente.Isso não era um defeito. Pelo menos não para ela. Gutto já era mais relaxado e ela a
Parte 1...Juliana não sabia o que pensar. O noivo traidor batendo e gritando seu nome a plenos pulmões e o irmão dele ali, a encarando e dizendo coisas que não deveria. Só podia ser uma brincadeira com ela.— Não fale essas coisas, Lorenzo.— E por que não, se é a verdade?Ela engoliu em seco e puxou o ar fundo, oxigenando o cérebro que deu uma pequena travada. Que confusão eles a tinham enfiado?Ela olhou em volta, se sentindo desolada. Não deveria estar ali, nem deveria ter sido envolvida nessa sujeira. Ela era uma pessoa comum, calma, que gostava de fazer as coisas corretas, que procurava tratar todos com respeito, mas ninguém parecia se importar com isso. Apenas exigiam dela.— Se quiser posso fazer com que ele vá embora.Ela só fez que sim com a cabeça.— Margarete! - ele chamou a empregada que veio rápido, de olhos bem abertos — Vá abrir a porta e deixe que ele entre.A mulher olhou de um para outro e piscando rápido foi logo fazer o que ele havia mandado. Juliana olhou para el