Lorenzo,As semanas passaram como um borrão, e cada dia parecia se estender mais longo e sombrio que o anterior. Minha vida estava dividida entre os negócios da máfia e a tortura de Camille. O tempo que eu passava longe dela me permitia pensar em novas maneiras de quebrá-la, de fazê-la confessar. Mas ela resistia, e isso apenas alimentava minha raiva. Poderia matá-la ao invés de me permitir tantas dores de cabeça, mas não posso. Não até ela confessar.Eu havia voltado de uma reunião de negócios e, assim que entrei na casa isolada, fui informado de sua condição. Ela estava enfraquecida, à beira do colapso, mas ainda viva. E enquanto houvesse vida nela, eu continuaria o que havia começado.Quando entrei no porão, o cheiro da umidade e da dor preencheu minhas narinas. Camille estava ali, ainda no mesmo lugar, jogada no chão úmido, uma sombra do que um dia foi. Seu corpo estava frágil, quase irreconhecível com os hematomas e cortes que cobriam sua pele. Ela estava fraca, mas não o suficie
Camille,Eu estava no limite da minha resistência. Lorenzo havia se tornado o monstro que eu nunca imaginei que ele seria. Ele me forçou a comer, humilhou-me até o último resquício de dignidade. Cada palavra dele era como uma lâmina perfurando minha alma, e cada vez que ele me chamava de inútil, o peso disso me esmagava mais, e me fazia odiá-lo mais ainda.Ele queria que eu falasse, que confessasse algo que eu disse a ele, que não sabia. Queria que eu entregasse meu pai, como se eu tivesse algum poder sobre o paradeiro dele. Eu não tinha mais lágrimas para derramar, nem forças para lutar. E, naquele momento, percebi que nada que eu dissesse poderia mudar a opinião de Lorenzo. Ele estava decidido a me destruir, e o que quer que eu falasse, seria apenas mais um passo rumo à minha destruição.Ele se afastou de mim, seu olhar de desprezo ainda queimando minha pele. Eu sabia que ele esperava que eu falasse, que eu implorasse por misericórdia, que confessasse alguma coisa. Mas eu não tinha
Viktor Sokolov,No submundo, nada é o que parece. As alianças são feitas e desfeitas em questão de segundos, e a confiança é uma moeda que poucos sabem usar. Eu sempre soube como manipular as peças, como mover meus aliados e inimigos no meu jogo. O poder é uma questão de precisão, e há tempos que estou à frente nesse jogo. E agora, Camille Benedetti é a peça mais importante que já apareceu no centro de tudo isso, e eu não poderia mais ignorá- la.Meu envolvimento com o pai de Camille, Nico Benedetti, começou anos atrás. Negócios obscuros de armas, tráfico de informações, e acordos de fachada nos uniram por conveniência. Eu nunca tive a menor ilusão sobre quem Nico realmente era. Ele era um monstro, mas um monstro útil quando as situações exigiam. No entanto, como todo parasita, ele se tornou um problema.Quando Nico se envolveu na morte da mulher de Lorenzo, sabia que era apenas uma questão de tempo até o caos começar. Lorenzo era imprevisível, e qualquer coisa que envolvesse Isabella
Viktor Sokolov,Não seria fácil. Lorenzo não era qualquer mafioso. Seu território era cercado de homens leais, todos armados exageradamente e treinados para eliminar qualquer ameaça. O simples fato de me infiltrar no coração de sua base já era um risco calculado. Mas eu estava disposto a correr esse risco, pois Camille já tinha sofrido o suficiente nas mãos dele. E claro, eu estava bem informado.Falei para o maldito Nico trazê-la de volta, mais ele só mandava recados, mensagens e ligações que ela não atendia. Eu poderia ter ido atrás dela, e eu mesmo a trazia para casa, mas eu soube por alguém da minha confiança, que Camille estava envolvida com Lorenzo até demais, e isso me irritou profundamente a ponto de eu ameaçar Nico. E o que ele fez?Plantou muitas provas falsas de transações no nome de Camille e tudo isso chegou a esse ponto, e por causa dele, ela está passando por esse sofrimento.Agora estou aqui, planejando como tirá-la das mãos de Lorenzo.Cada passo da operação havia sid
Lorenzo,A música pulsava pela casa noturna, os graves ecoando pelas paredes, enquanto os corpos se moviam em sincronia com o ritmo. Eu estava ali, fechando alguns negócios, mas ao mesmo tempo, me divertindo. O clube era meu refúgio, um lugar onde o caos da vida cotidiana da máfia parecia não me afetar. As luzes piscavam, os copos tilintavam, e as mulheres ao redor dançavam e bebiam como se o mundo estivesse sob controle.Eu me recostei no sofá de couro preto, um charuto aceso na mão e uma bebida forte na outra. Na minha frente, Juli, uma das mulheres do clube, estava sentada ao meu lado, rindo e me provocando com olhares. Ela não significava nada para mim, mas sabia como entreter. Seus dedos finos traçavam linhas suaves no meu peito enquanto conversávamos, embora minha mente estivesse em outro lugar.Estávamos discutindo um carregamento de drogas, uma operação importante que deveria ocorrer em alguns dias. Eu sempre fui meticuloso nos detalhes, e por isso mantinha o controle de todas
Lorenzo,O escritório estava mergulhado em uma penumbra pesada, a luz fraca da noite entrando pela janela entreaberta. Eu ainda sentia a fúria queimando dentro de mim, minha cabeça latejava com a raiva que não conseguia controlar desde que descobri que Viktor havia tirado Camille de mim. Eu não podia acreditar que ele estava tão perto todo esse tempo, me observando, esperando o momento certo para atacar.Vittorio entrou no escritório em silêncio, como sempre fazia. Sua expressão estava carregada de seriedade, o que indicava que ele também sabia a gravidade da situação. Eu precisava de respostas, e ele era o único que poderia me fornecer alguma coisa.— Eu pensava que Viktor estava na Rússia — murmurei, quebrando o silêncio enquanto me levantava da cadeira e andava em direção à janela. — Mas, pelo visto, ele estava mais perto do que pensávamos.Vittorio parou diante de mim, cruzando os braços enquanto me olhava com seus olhos frios e calculistas.— Viktor sempre foi um fantasma, Lorenz
Viktor Sokolov,A estrada escura parecia se estender por quilômetros à medida que avançávamos. O carro cortava o silêncio da noite, e o único som, além do motor, era a respiração fraca de Camille no banco de trás. Eu olhava pelo retrovisor de tempos em tempos, vendo seu corpo pálido e frágil, suas mãos tremendo de fraqueza e seu rosto marcado pelo sofrimento. Lorenzo havia destruído quase tudo nela, mas eu sabia que havia algo mais forte dentro dela, algo que eu precisava salvar.Meu refúgio estava fora da cidade, em uma região isolada, onde ninguém pensaria em procurar. Era o lugar perfeito para mantê-la segura e fora do alcance de Lorenzo, pelo menos até que ela estivesse forte o suficiente para lutar contra o que quer que estivesse por chegar.Quando finalmente chegamos, o portão eletrônico se abriu silenciosamente, revelando uma propriedade ampla e discreta, cercada por árvores altas que protegiam o local de qualquer olhar curioso. Meus homens já estavam à espera, assim como uma e
Lorenzo,Dois dias haviam se passado, e a raiva dentro de mim não diminuiu nem um pouco. A morte de Nico Benedetti estava iminente, e eu sentia o gosto da vingança cada vez mais perto.Minha mente estava focada em uma única coisa: acabar com aquele desgraçado e, logo depois, dar um fim em Viktor e Camille. Eles iriam pagar por me desafiar, e quando isso estivesse resolvido, eu teria finalmente encerrado esse capítulo de sofrimento na minha vida.O café onde Nico havia marcado o encontro não era um local escolhido por acaso. Era o mesmo lugar onde eu conheci Camille pela primeira vez, o lugar onde, ingenuamente, achei que poderia recomeçar. Agora, ele seria palco de um massacre, e Nico seria o principal convidado para sua própria execução.Passei a manhã organizando cada detalhe. Meus homens estavam prontos, posicionados nos pontos estratégicos ao redor do café. Eu havia contratado até um atirador de elite, que ficaria em um dos prédios próximos, com visão clara da entrada do café. Nic