Lucian...
Sentia meu corpo com uma dormência terrível; pensei que estivesse em uma masmorra, preso por correntes, mas não, aquilo era só uma sensação horrível. Me dei conta disso quando acordei com os raios de sol que penetravam as cortinas escuras do meu quarto, refletindo sobre meu rosto.
Demorei um pouco para perceber que não estava sozinho. Olhei um pouco para baixo e vi Isabel abraçada em mim.
____ Mas o quê? .... Isabel?... Sai.
A tirei de cima de mim.
____ Ai meu amor, isso é jeito de acordar sua companheira? - Ela resmungou, ainda de olhos fechados.
Levantei rápido da cama.
____ O que aconteceu aqui?
Ela abriu os olhos para me analisar.
____ Não se faça de desentendido, não depois da noite maravilhosa que tivemos. - Havia malícia em sua voz.
Olhei sério para ela.
Ela bufou.
___ Você não se lembra?
___ Não! Fale de uma vez. O que aconteceu aqui?
____ Você foi no meu quarto, nos beijamos, e você me trouxe pra cá, fazendo juras de amor, depois me fez completamente sua como nunca antes.
____ Eu fiz isso?
____ Fez sim, e como fez. - Ela sorriu.
Sinceramente, não lembro disso. A única cena que me vem à mente é de ter chegado em casa, ter tomado uma bebida e depois disso nada me ocorre.
____ Isabel. Seja o que for que eu tenha dito, esqueça.
___ Qual seu problema em? - ela fica de joelhos na cama, seus seios estavam despidos, mas isso parecia não a incomodar - ontem você me procurou e disse que me amava e agora vai me rejeitar?
____ Eu não lembro de nada disso e se eu não lembro, eu não fiz.
____ Lucian, eu sou sua companheira, futura mãe dos seus filhos, pode por favor se esforçar um pouco pra nos darmos bem? - Ela se alterou.
"Mãe dos meus filhos? Quem disse isso? Mas de jeito nenhum isso irá acontecer"
___ Sai daqui, Isabel. - Digo.
____ Ainda não terminamos de conversar.
____ Não temos nada pra conversar, e eu tenho uma coisa pra dizer - levo as mãos até as têmporas - a partir de agora não temos nenhum compromisso, portanto siga sua vida.
____ Como é? Você acabou de me apresentar como luna e já está me chutando como se eu fosse um trapo velho?
____ Já deveria ter feito isso, essa apresentação sua só me trouxe dor de cabeça.
____ Não pode fazer isso, é impossível você me rejeitar- ela parecia não acreditar em minhas palavras- se me rejeitar, vão querer lutar por seu lugar de supremo e você pode morrer, pois vai estar fraco.
____ Isso não é problema seu. E não, eu não vou morrer.
____ Como sabe disso?
____ Já descobri que você não é e nunca foi minha fraqueza. - Falei ríspido.
Saí do quarto, e Isabel veio gritando histérica atrás de mim; seu corpo estava enrolado apenas em um lençol de seda.
____ Não me venha com essa, Lucian. Sei muito bem o porquê de está me rejeitando.
Descia as escadas ignorando o que ela dizia.
Alma, Romeu e Felipe estavam na sala e assistiam em silêncio toda aquela cena.
____ Olha pra mim, lobisomem!- Ela segurou em meu braço.
____ O que é? - Dessa vez parei para escutá-la.
____ É por ela, não é?... é por aquela híbrida nojenta que você não me quer mais, FALA LOGO! é bom que assim toda sua família escuta.
____ Que escândalo é esse logo cedo? - Lídia perguntou quando chegou e se juntou aos demais.
____ Sendo bem direto com você, Isabel - segurei em seus braços - primeiro não volte a falar assim comigo, EU SOU SEU SUPREMO! e segundo que fique bem claro pra você e pra todos que estão me ouvindo, que sim. Eu estou interessado na híbrida, filha do Alfa.
____ E quem garante que ela vai querer, você? Hum?
____ Ela não terá escolha, ela me PERTENCE, querendo ou não.
Isabel sorriu descontrolada em meio às suas lágrimas.
____ Não seja ridículo, Lucian! aquela mulher nunca vai olhar pra você, o coração dela pertence a Santiago, você sabia que eles foram noivos?
____ Cala a boca. - Segurava para não avançar nela.
____ Que foi? Toquei na ferida? escuta, que tem mais.
____ Eu disse pra ficar quieta, Isabel.- Sentia minhas garras querendo sair.
____ Não duvido nada que mais cedo ou mais tarde os dois vão reatar o noivado. - Ela parecia apreciar cada palavra.
____ PRA ISSO ACONTECER, SANTIAGO TERÁ QUE LUTAR ATÉ A MORTE COMIGO. - Já não conhecia minha própria voz em meio aos rosnados que dava.
____ E por acaso já pensou no que todos vão falar quando souberem que rejeitou sua companheira? Ou pior, como vai tolerar ao saber que sua amada híbrida está transando com o ex noivo?
" Como ela sabe de tudo isso?"
Aquilo foi a gota d'água. Em um movimento impensado, segurei Isabel pelo pescoço
Já não era só eu que estava no controle, e sim a fera dentro de mim.
____ QUE SE EXPLODA VOCÊ E O QUE TODOS VÃO FALAR AO MEU RESPEITO, aquela mulher é MINHA! E lamento muito pelo infeliz que ousar ao menos respirar perto dela.
Isabel já estava ficando sem ar quando senti Romeu e Felipe a tirarem das minhas mãos.
____ O que vocês estão fazendo? - Rosnei.
____ Se matar ela é pior. - Romeu ficou em minha frente.
____ Isso não vai ficar assim, Lucian. Só por cima do meu cadáver que você ficará com aquela mulher, anote minhas palavras.
____ TIREM ESSA MULHER DA MINHA FRENTE.
____ Vá embora, Isabel. Se tiver amor à sua vida. - Alma a pegou pelo braço e a levou para o quarto.
Respirava fundo tentando me acalmar, mas só de imaginar Aurora nos braços de outro, meu sangue fervia.
____ O que está acontecendo com você, irmão? - Questionou Felipe.
____ Eu não sei, também gostaria de saber. - Adentrei os dedos no cabelo.
____ Meus amigos - Lídia se pronuncia - nosso querido Lucian está descobrindo o significado de amar, do jeito dele, mas está.
Ela sorriu.
____ Amar? - Romeu parecia surpreso - Então aquilo que Isabel falou é verdade?
____ Parece que sim. - Felipe olhou para mim.
____ Preciso vê-la e rápido - digo - ou vou acabar enlouquecendo.
____ Ah! Sobre isso Lucian ... tenho uma coisa pra falar. - Disse Lídia.
____ Fale.
____ É....
____ É?
____ Aurora deixou a alcatéia nessa madrugada. - Ela falou tão rápido que quase não fui capaz de entender.
____ COMO É QUE É?
____ Pronto, vai todo mundo morrer.
____ Segura ele.
____ Agora o chão vai tremer.
(...)
____ Se apresse, Lídia.
____ Já estou indo.
Ao saber que Aurora se atreveu a sair da alcatéia e que essa bruxa não cuidou de saber o endereço em que ela vivia na cidade dos humanos, quase enlouqueci. Mandei ela mexer suas varinhas mágicas ou fazer um abracadabra para encontrá-la o quanto antes.
____ Não me falhe em sua missão, bruxa.
___ Eu nunca falho.
Olhei sério para ela.
____ Melhor eu ir. - Disse ela saindo rapidamente do escritório.
Logo que Lídia saiu, Romeu entrou.
____ Lucian.
____ Sim.
____ Você não vai na reunião que mandou marcar com os líderes?
____ Não. Vá você e me represente.
____ Tudo bem, mas acho que deveria ir pelo menos para esfriar a cabeça.
Sorrio sem humor.
____ Está brincando comigo? Como é que eu vou esfriar a cabeça em uma reunião pra falar de problemas? Sem contar que se eu for, alguém vai perder a cabeça e não sou eu.
____ Perder a cabeça? Quem?
____ SANTIAGO! - Rosnei.
____ Pensando bem, é melhor que você fique - ele sorriu - nunca pensei que fosse tão possessivo, principalmente se tratando de uma desconhecida, meu caro.
____ Eu também não sabia, até conhecê-la quando chegamos nesse lugar. Aquela mulher mexe comigo de uma forma inexplicável.
____ Isso é coisa de louco, mas devo admitir que ela é belíssima. - Romeu mantinha um sorriso no rosto, porém quando ele percebeu minha irritação com seu comentário, seu sorriso sumiu.
____ Melhor eu ir antes que sobre pra mim também. - Ele diz.
____ É melhor mesmo.
Fechei os olhos para tentar me manter calmo, só tentar.
"Aurora, Aurora. Em hipótese alguma, você fugirá de seu supremo."
(...)
Aurora...Quando chegamos em casa, já era quase duas da tarde. O táxi teve um problema no caminho, mas o tempo de espera foi suficiente para contar à minha amiga o que ela já sabia sobre o adormecer da minha loba. Ela disse que conseguiria uma forma de me ajudar, o que foi gentil, porém, ninguém poderia fazer nada por mim. Já sei como fazer isso; só preciso encontrar meu companheiro. Até lá, só posso usar meus dons de bruxa e algumas vantagens da loba. Essa é minha realidade no momento.____ Aurora, enquanto estive em sua casa na alcatéia, observei umas coisas. - Disse Vanessa, chegando na cozinha onde eu estava preparando algo para comermos.____ Que coisas?. - Questionei, observando-a secar os cabelos com uma toalha, suas mãos fazendo movimentos frenéticos.Cortava algumas batatas sobre a tábua, o barulho da faca as dilacerando ecoava por toda a cozinha.Virei de costas para pegar alguns temperos especiais dentro do armário.____ Fiquei observando aquelas fotos nos corredores e vi
...O sol já havia nascido há um bom tempo, e eu permanecia imóvel desde que Lucian saiu. Comecei a sentir uma dor no pescoço antes de me obrigar a levantar. Corri até o banheiro para tomar uma ducha fria, sentindo a necessidade de ter as mãos daquele lobisomem em meu corpo novamente."Eu o quê?""Eu não disse isso.""Lucian é seu supremo, Aurora, e nada mais."Respirei fundo, tentando fazer o sentimento desaparecer, mas foi tão inútil quanto enxugar água com uma toalha. Ao perceber que não haveria jeito para o que estava sentindo, fechei os olhos e passei a pensar em outro assunto que me tirava a paz."Meus irmãos."Ainda tentava me acostumar com a ideia. Eles não têm culpa das irresponsabilidades de nossa mãe."Deveria eu escutar Vanessa e deixar o clã cuidar deles?""Ou deveria eu mesma protegê-los?"No fundo, eu sabia que estariam mais seguros junto à nossa família, mas dentro de mim, quero tê-los por perto, afinal, são meus irmãos.____ O que eu faço? O que faço?- Perguntava para
____ Você teve alguma visita? - Vanessa perguntou enquanto dava inúmeras voltas no macarrão com o garfo.Fiquei paralisada com a pergunta, pois sabia que se contasse que nosso supremo havia entrado aqui, sem que ninguém o notasse, ela iria embora sem pensar duas vezes. Eu não estava afim de falar no assunto, pois, por alguma razão, ele mexe muito comigo.___ Não. - respondi, mas não a olhei nos olhos- Por quê?___ Bem, eu vi uma camisola sua rasgada. Achei que tivesse recebido alguém.Gelei, mas minha amiga estava concentrada demais na comida para perceber meu nervosismo.____ Eu a rasguei de propósito, tentando me transformar.- Menti.___ Você encontrou seu companheiro?____ Não.____ Então como pretendia se transformar?___ Havia um pouco de esperança dentro de mim.Ela balançou a cabeça como se o que eu tivesse falado fosse um absurdo, o que era, de certa forma.____ Já decidiu o filme?- Tentei mudar o foco do assunto.____ Não. - ela pausou para lamber os dedos- Vou deixar você faz
Forçava minha mente a pensar no que fazer, até que comecei a caminhar sobre os vidros quebrados em direção à varanda. Meus movimentos eram tão rápidos que duvidei se estava no controle. Olhei ao redor em busca de ajuda, mas diante dos inúmeros edifícios e do barulho de pessoas conversando, nada era possível.Uma movimentação estranha no beco escuro ao lado do prédio chamou minha atenção.Farejei o ar e identifiquei o cheiro da minha amiga, misturado com ervas. Sabendo que descer pelo elevador poderia ser tarde demais, arrisquei e saltei. Senti a brisa fria da noite cobrir-me como lençóis invisíveis.Aterrissei de pé na calçada, olhando ao redor para garantir que ninguém tivesse visto. As pessoas agiam estranhamente iguais. Corri em direção ao beco e deparei-me com homens de preto, rostos cobertos por máscaras de palhaço. Senti o cheiro deles."Humanos."Ajoelhei-me atrás de uma lata de lixo, observando-os colocar algo em uma van preta com um símbolo de cobra vermelha e o número dez des
Lucian...__ Lucian?Alma bateu na porta do escritório, onde eu tentava controlar meu fascínio por Aurora à base do álcool e tentava trabalhar lendo uma pilha de papéis das alcatéias.__ Entre.Alma entrou e parou em frente à minha mesa.Levantei a cabeça para fitá-la.__ O que deseja?__ Dante e a protegida dele chegaram.__ Hum, estou contente, leve-os até seus aposentos. - Abaixei a cabeça novamente.__ Lucian! - Alma me repreendeu.__ O quê?__ Seu primo chegou.Revirei os olhos.Quando abri minha boca para respondê-la, Dante apareceu na porta do escritório.__ Tudo bem, Alminha. Pode deixar que eu falo com esse lobo ranzinza. - Dante beijou o rosto da senhora que se derretia toda por ele.Observei toda a cena em silêncio.__ Quanto tempo. - Ele disse.__ Não foi o suficiente para sentir vontade de te ver de novo.Nos encaramos sérios e logo começamos a sorrir.__ É bom te ver, meu primo. - Ele disse me cumprimentando com um aperto de mãos.__ Igualmente.Dante é xerife na cidade d
Aurora...Meu corpo estava dolorido, e tudo estava escuro. Escutava algo apitar bem distante, com um intervalo pequeno de tempo. Tentei abrir os olhos, mas estavam tão pesados quanto uma barra de ferro." Onde estou?"Demorou para que eu tivesse consciência de que estava em um hospital. As imagens da noite anterior vieram à mente; aos poucos, consegui abrir os olhos. Tudo ao redor rodava, a cor branca do quarto onde eu estava causava um grande incômodo, assim como o cheiro ativo de desinfetante e remédio.Quando meus sentidos estavam todos no lugar, me dei conta de toda minha situação.— Vanessa! - sentei rápido na cama - os fios que estavam sobre meu corpo saíram todos com o impacto. Logo a porta do quarto foi aberta, dando visão a Charles e duas enfermeiras. Foi aí que percebi que estava no hospital da alcatéia do meu pai.— Aurora? Você reagiu! - Charles e as enfermeiras pareciam felizes, mas eu sentia o oposto.Me sentia tonta, então voltei a me deitar; uma agonia me consumia por d
Era noite quando finalmente chegamos à alcatéia Lua Negra, a alcatéia do supremo. Os guardas fizeram inúmeras perguntas para nos permitir passar. Eles enviaram um dos lobos para a casa de Lucian, alertando-o sobre os dois visitantes que estavam a caminho.Oscar estava dirigindo, ambos em silêncio, mergulhados em nossos próprios pensamentos. Espiei pela janela do carro e admirei o céu escuro adornado pela vasta quantidade de estrelas que faziam ziguezague entre si.As ruas eram iluminadas por luminárias no topo dos postes, com belas casas por toda parte. A alcatéia era muito bonita e bem cuidada, mas eu não tinha cabeça nem disposição para observá-la melhor. Encostei as costas no banco do carro e fechei os olhos, rezando para que tudo o que estava acontecendo fosse apenas um pesadelo.— Falta pouco para chegarmos — disse Oscar, rompendo meus pensamentos.Abri os olhos, virando a cabeça levemente para lhe lançar um sorriso sem muita vontade para não ser indelicada.— Mais à frente, há um
___ Não vou me sujeitar aos seus jogos, falei, irritada.Contei ao meu supremo tudo como tinha acontecido, desde a hora do sequestro até o meu despertar do coma cinco dias depois. No entanto, o que pensei que ficaria a meu favor, ocorreu exatamente ao contrário. Lucian rosnava, fazendo o chão tremer, ao ouvir que fui atrás dos humanos. Ele queria ir lá fora ter uma "palavrinha" com meu amigo, mas, claro, não permiti.— Não é um jogo. -ele me puxou pela cintura e encostou seu rosto no meu- Será que não entende que, quando se trata da tua segurança, eu vou mover céus e terra por você?— Botando lobos para me vigiar?— Para protegê-la. - Ele insistiu, ordenando que eu levasse um exército inteiro até a floresta comigo. Ele queria ficar sabendo de cada passo que eu desse.Bufei.— Já está decidido, Aurora. Você só irá nessa floresta se levar consigo seguranças." Tem sorte de ser o supremo."" Lobisomem folgado."— Eu sei me defender. - Desafiei.Ele se virou, encarou o teto e repetiu pela