Lucian...
Depois de sair daquele hospital, retornei a minha casa e fui confrontado com milhares de perguntas, às quais nem me dei ao trabalho de responder. Dirigi-me diretamente ao meu escritório e apanhei uma garrafa de uísque, virando-a de uma vez na boca.
A bebida descia como um calmante cuja validade expirara; de nada adiantou, eu me encontrava na mesma situação ou até pior do que antes.
Joguei-me no sofá do escritório, que ficava de frente para a grande janela de vidro. As luzes estavam apagadas; a única iluminação provinha da enorme lua cheia. Coloquei o braço sob a testa e fechei os olhos, imaginando Aurora em meus braços.
"Essa mulher me faz perder o controle com uma facilidade surpreendente."
"Por que ela atrai tanto a minha atenção?"
Seu jeito de andar e falar me deixa rendido aos seus pés, pronto para servi-la. Nunca me senti tão atraído por ninguém, mas Aurora, apenas com um olhar, despertou em mim o sentimento mais possessivo que um lobo poderia ter. Ela entrou em meu caminho e ficará nele, nem que seja à força, e ai daquele que ousar chegar perto dela.
"Quanta possessividade por uma desconhecida, Lucian."
Deveria sentir isso por Isabel e não por uma mulher que nunca vi. Mas é tudo ao contrário; sinto que Aurora me pertence, e Isabel eu desejo a maior distância possível e um pouco mais.
Ouvi batidas na porta.
Não respondi. Continuei na mesma posição, mas o ranger da porta me fez levantar para ver quem era.
Revirei os olhos quando identifiquei o cheiro além das sombras.
__ O que quer, Isabel?
__ O que eu quero, meu lobo? Eu quero você, e esta noite serei sua.
Isabel apareceu onde a lua iluminava melhor, na minha frente. Ela estava totalmente despida e sorria com o canto da boca.
"Eu mereço."
__ Saia daqui, antes que eu...
Ela não me deixou terminar e saltou sobre mim, beijando meus lábios com precisão.
(...)
Aurora...
__ Tem certeza de que vão embora tão cedo? - Perguntou Lucinda enquanto acompanhava cada passo dado por nós.
Ontem, ao chegarmos em casa, tratamos logo de arrumar nossas coisas o mais rápido possível. Ainda tive que convencer meu pai de que eu estaria melhor onde estava antes. Depois de muita insistência, ele acabou cedendo.
__Sim, Lucinda. - Respondi pela milésima vez enquanto descia as escadas com as mãos cheias de malas.
__Deveriam ficar aqui até o assassino ser capturado.
Virei para ela.
__ Eu vivo em meio aos humanos.
__Tem razão. Você sabe lidar bem com o perigo.
Rimos.
...
Vanessa já estava no carro me esperando terminar de pôr as malas no porta-malas com a ajuda do meu pai.
__ Parece cansada. - Ele virou meu rosto para o lado.
__Estou um pouco. - Confesso.
__ Tem certeza que quer ir?
Faço que sim.
__ Tudo bem, só não deixe de me ligar todos os dias. Fui claro?
E lá estava o Alfa Eric dando ordens.
__ Sim, papai. - Sorrio.
__ Boa viagem e dirija com cuidado, Vanessa. - Ele abaixou um pouco para olhá-la.
__ Não se preocupe, senhor Eric. - Ela diz.
Ele se despede me dando um beijo na testa.
Quando entrei no carro, Vanessa não demorou mais nem um segundo para dar a partida.
__ Que viagem! - Falamos juntas.
__ Vamos chegar lá que horas? - Perguntei.
__ Pelo meio-dia. Você sabe, pela estrada, a viagem é mais longa do que se fôssemos transformadas pela floresta.
__ É... seria uma boa opção, mas não dá pra levar as malas e o carro na boca.
Rimos juntas.
__ Por falar em transformação, eu não vi você transformada em loba durante toda aquela guerra de ontem, por quê? - Ela desviou a atenção da estrada para me olhar.
__Por opção mesmo.
"Ou porque eu não consegui."
__ Eu não acredito em você.
__ Por que não?
Comecei a mexer nos botões de minha jaqueta, tentando disfarçar o quanto estava desconfortável com aquela pergunta.
__ Não sei. Sinto que tem algo que não está me contando, mas... claro que você não omitiria nada pra mim. Não é mesmo? - Havia ironia em sua voz.
Ela semicerrou os olhos.
__ Claro que não! Tipo o quê?
__ Tipo aquela profecia está se cumprindo. Hum?
Gelei.
Há dois anos atrás, minha loba estava enfraquecendo. Resolvi então procurar uma das bruxas vidente do clã de minha família, já que minha mãe se recusou a me ajudar, pra variar. Durante os testes esquisitos que envolveram o uso de sangue de rato, ela descobriu que se eu não encontrasse meu companheiro logo, minha loba adormeceria, e eu só voltaria a me transformar quando o encontrasse. Na época, não acreditei nessa história; achei que ela estava tentando me afetar simplesmente por eu ser filha de Cristal Havelle, que se separou do clã. Mas me enganei e descobri isso ontem, quando tentei me transformar e minha loba não respondeu.
Contar isso para Vanessa agora não seria uma boa ideia, não por não confiar nela, e sim porque eu preciso digerir primeiro essa ideia, dentre várias outras novas coisas que me aconteceram em uma só noite, como, por exemplo, um lobo supremo na minha cola.
__ Não tem nada de errado comigo, está imaginando coisas. - Disse depois de um tempo em silêncio.
__ Tudo bem. Então vamos deixar esse assunto de lado.
__ Acho uma ótima ideia. - Digo.
Vanessa não falou mais nada, mas eu poderia ter certeza de que ela não tinha engolido aquela história ainda.
...
Já faziam horas que estávamos na estrada; Vanessa ainda permanecia pensativa. Achei que estava chateada comigo ou algo assim.
__ Estou entediada. - disse ela - Vamos jogar um jogo?
__Qual você sugere?
Não estava afim de jogar, mas faria qualquer coisa pra sair do tédio daquela viagem.
__ Não sei. - ela pausou - que tal... eu digo uma palavra qualquer e você me diz o que ela te lembra?
__ Pode ser. - Dei de ombros.
__ Deixa eu pensar em uma. - Ela tirou uma das mãos do volante para levar até o queixo.
Olhei para a estrada enquanto ela se decidia. O céu estava coberto por nuvens escuras; na larga pista não havia outros carros, apenas o nosso. Às vezes, muito às vezes, passava outro por nós. Os primeiros respingos da chuva começavam a cair; os que batiam no vidro do carro me causavam um certo incômodo, pois parecia que milhares de pessoas estavam batendo os dedos ali.
__Já sei - Vanessa chamou minha atenção - verão.
Olhei para ela.
__ Verão?
__ Sim, Verão. O que isso te lembra?
Pensei um pouco.
__ Me lembra nossa viagem para a Itália no primeiro ano da faculdade.
__Boa, agora sua vez.
__ Hospital.
__ Hospital? Sério?
__ Foi o que consegui pensar.
__Hum. - vi um sorriso travesso surgir em seus lábios - isso me lembra você e o Santiago transando.
Arregalei os olhos quando a ouvi.
__ Que foi? Vocês não foram nada discretos nos barulhos, considerando que estávamos em um hospital cheio de sobrenaturais com uma audição e tanto. - Ela sorriu.
Não sabia se falava ou cobria o rosto com as mãos; sentia minhas bochechas queimarem. Por outro lado, Vanessa continuava a sorrir da minha cara.
__ Não deveria ter bebido. - Revirei os olhos.
__ Eu te avisei, mas pelo menos você pegou aquele gato musculoso do seu ex-noivo, enquanto a sua amiga aqui estava chorando sem nem saber o porquê.
Sorri.
__ Que seja, já foi, então pronto. - Digo.
____ Relaxa amiga, não tem nada demais no que você fez; aliás, se fosse você, eu faria muitas outras vezes. Dispensar aquele lobo é um desperdício.
__ Continue seu jogo, Vanessa. - Tentei mudar o assunto.
__ Certo, certo. Deixa eu pensar um pouco.
Houve um curto silêncio.
__ Mais de dez. - Ela diz.
__ Mais de dez? - Perguntei.
__Sim.
__ Mais de dez o quê?
__ Mais de dez anos que convivemos juntas pra eu ter certeza de que você está estranha.
__ Lá vem você com isso de novo. - Virei o rosto.
Agora me dou conta de que ela só inventou aquele jogo para chegar no assunto que eu estava evitando outra vez.
__ Se você me contasse o que está acontecendo, eu ficaria quieta.
__ Menos.
Ela suspirou.
__ Sabe, Aurora, existe uma punição para quem mente para as melhores amigas.
__ Não existe não. - Voltei a olhar em sua direção.
__Existe a que eu inventei agora pouco. - Ela ergueu uma sobrancelha.
__Não me diga - cruzei os braços - E qual é a punição?
__ Se você não quer me dizer, eu vou descobrir do meu jeito e vou tentar ajudar você depois.
__ E como você pretende fazer isso?
Estava realmente curiosa para saber como aquela loba maluca arrancaria de mim o que eu já estava a ponto de contar.
__Quer saber mesmo?
Segurei o riso.
__ Quero.
__ Vou fazer isso.
__ Ahhhhh!
Sem que eu esperasse, Vanessa fez o carro capotar diversas vezes sobre a pista lisa.
...
__ Eu vou te matar!
Estava furiosa e a ponto de fazer minha amiga explodir em mil pedaços.
__Ah, qual é, vai me dizer que não se divertiu?
__ Vanessa, nós nos quebramos inteiras.
__ Mas já nos curamos, esquentadinha.
A esquartejei com o olhar.
__Ainda falta muito pra chegar em San Francisco. O que vamos fazer pra chegar lá com todas essas malas? - Olhei para o carro completamente amassado embaixo daquela chuva.
__ Não se preocupe, híbrida. Enquanto você me ignorava olhando para a janela, eu chamei um táxi. Aposto que ele já está a caminho.
__ Chamou os humanos para esse território?- A olhei incrédula.
__ Claro que não. O cara que eu chamei é um amigo lobo bem amigável que eu tenho.- Havia malícia em suas palavras.
__ Estou surpresa.
Ela sorriu.
__ Até ele chegar, vamos ter muito tempo pra conversar embaixo dessa árvore. Que tal aproveitar para me contar o que está acontecendo?
__ Se eu não contar, vai fazer o quê? Nos jogar do penhasco?
Ela sorriu novamente.
__ Me diz que não cogitou isso - Suspirei fechando os olhos.
__Eu pensei sim.
__ Ahh! Tudo bem, você venceu.
__ Eu sei, sente aqui. - Ela bateu de leve no tronco da árvore em que estava sentada.
Me sentei ao seu lado e fiquei olhando a pista molhada que se perdia no horizonte, o céu escuro fazia parecer que já era quase noite, mas não era nem meio dia ainda.
__ E então?
__ Minha loba adormeceu.
Vanessa me olhou como quem estivesse dizendo "Eu sabia".
__ E como você tem certeza disso?
__ Bem, durante a confusão ontem, eu...
(...)
Lucian...Sentia meu corpo com uma dormência terrível; pensei que estivesse em uma masmorra, preso por correntes, mas não, aquilo era só uma sensação horrível. Me dei conta disso quando acordei com os raios de sol que penetravam as cortinas escuras do meu quarto, refletindo sobre meu rosto.Demorei um pouco para perceber que não estava sozinho. Olhei um pouco para baixo e vi Isabel abraçada em mim.____ Mas o quê? .... Isabel?... Sai.A tirei de cima de mim.____ Ai meu amor, isso é jeito de acordar sua companheira? - Ela resmungou, ainda de olhos fechados.Levantei rápido da cama.____ O que aconteceu aqui?Ela abriu os olhos para me analisar.____ Não se faça de desentendido, não depois da noite maravilhosa que tivemos. - Havia malícia em sua voz.Olhei sério para ela.Ela bufou.___ Você não se lembra?___ Não! Fale de uma vez. O que aconteceu aqui?____ Você foi no meu quarto, nos beijamos, e você me trouxe pra cá, fazendo juras de amor, depois me fez completamente sua como nunca a
Aurora...Quando chegamos em casa, já era quase duas da tarde. O táxi teve um problema no caminho, mas o tempo de espera foi suficiente para contar à minha amiga o que ela já sabia sobre o adormecer da minha loba. Ela disse que conseguiria uma forma de me ajudar, o que foi gentil, porém, ninguém poderia fazer nada por mim. Já sei como fazer isso; só preciso encontrar meu companheiro. Até lá, só posso usar meus dons de bruxa e algumas vantagens da loba. Essa é minha realidade no momento.____ Aurora, enquanto estive em sua casa na alcatéia, observei umas coisas. - Disse Vanessa, chegando na cozinha onde eu estava preparando algo para comermos.____ Que coisas?. - Questionei, observando-a secar os cabelos com uma toalha, suas mãos fazendo movimentos frenéticos.Cortava algumas batatas sobre a tábua, o barulho da faca as dilacerando ecoava por toda a cozinha.Virei de costas para pegar alguns temperos especiais dentro do armário.____ Fiquei observando aquelas fotos nos corredores e vi
...O sol já havia nascido há um bom tempo, e eu permanecia imóvel desde que Lucian saiu. Comecei a sentir uma dor no pescoço antes de me obrigar a levantar. Corri até o banheiro para tomar uma ducha fria, sentindo a necessidade de ter as mãos daquele lobisomem em meu corpo novamente."Eu o quê?""Eu não disse isso.""Lucian é seu supremo, Aurora, e nada mais."Respirei fundo, tentando fazer o sentimento desaparecer, mas foi tão inútil quanto enxugar água com uma toalha. Ao perceber que não haveria jeito para o que estava sentindo, fechei os olhos e passei a pensar em outro assunto que me tirava a paz."Meus irmãos."Ainda tentava me acostumar com a ideia. Eles não têm culpa das irresponsabilidades de nossa mãe."Deveria eu escutar Vanessa e deixar o clã cuidar deles?""Ou deveria eu mesma protegê-los?"No fundo, eu sabia que estariam mais seguros junto à nossa família, mas dentro de mim, quero tê-los por perto, afinal, são meus irmãos.____ O que eu faço? O que faço?- Perguntava para
____ Você teve alguma visita? - Vanessa perguntou enquanto dava inúmeras voltas no macarrão com o garfo.Fiquei paralisada com a pergunta, pois sabia que se contasse que nosso supremo havia entrado aqui, sem que ninguém o notasse, ela iria embora sem pensar duas vezes. Eu não estava afim de falar no assunto, pois, por alguma razão, ele mexe muito comigo.___ Não. - respondi, mas não a olhei nos olhos- Por quê?___ Bem, eu vi uma camisola sua rasgada. Achei que tivesse recebido alguém.Gelei, mas minha amiga estava concentrada demais na comida para perceber meu nervosismo.____ Eu a rasguei de propósito, tentando me transformar.- Menti.___ Você encontrou seu companheiro?____ Não.____ Então como pretendia se transformar?___ Havia um pouco de esperança dentro de mim.Ela balançou a cabeça como se o que eu tivesse falado fosse um absurdo, o que era, de certa forma.____ Já decidiu o filme?- Tentei mudar o foco do assunto.____ Não. - ela pausou para lamber os dedos- Vou deixar você faz
Forçava minha mente a pensar no que fazer, até que comecei a caminhar sobre os vidros quebrados em direção à varanda. Meus movimentos eram tão rápidos que duvidei se estava no controle. Olhei ao redor em busca de ajuda, mas diante dos inúmeros edifícios e do barulho de pessoas conversando, nada era possível.Uma movimentação estranha no beco escuro ao lado do prédio chamou minha atenção.Farejei o ar e identifiquei o cheiro da minha amiga, misturado com ervas. Sabendo que descer pelo elevador poderia ser tarde demais, arrisquei e saltei. Senti a brisa fria da noite cobrir-me como lençóis invisíveis.Aterrissei de pé na calçada, olhando ao redor para garantir que ninguém tivesse visto. As pessoas agiam estranhamente iguais. Corri em direção ao beco e deparei-me com homens de preto, rostos cobertos por máscaras de palhaço. Senti o cheiro deles."Humanos."Ajoelhei-me atrás de uma lata de lixo, observando-os colocar algo em uma van preta com um símbolo de cobra vermelha e o número dez des
Lucian...__ Lucian?Alma bateu na porta do escritório, onde eu tentava controlar meu fascínio por Aurora à base do álcool e tentava trabalhar lendo uma pilha de papéis das alcatéias.__ Entre.Alma entrou e parou em frente à minha mesa.Levantei a cabeça para fitá-la.__ O que deseja?__ Dante e a protegida dele chegaram.__ Hum, estou contente, leve-os até seus aposentos. - Abaixei a cabeça novamente.__ Lucian! - Alma me repreendeu.__ O quê?__ Seu primo chegou.Revirei os olhos.Quando abri minha boca para respondê-la, Dante apareceu na porta do escritório.__ Tudo bem, Alminha. Pode deixar que eu falo com esse lobo ranzinza. - Dante beijou o rosto da senhora que se derretia toda por ele.Observei toda a cena em silêncio.__ Quanto tempo. - Ele disse.__ Não foi o suficiente para sentir vontade de te ver de novo.Nos encaramos sérios e logo começamos a sorrir.__ É bom te ver, meu primo. - Ele disse me cumprimentando com um aperto de mãos.__ Igualmente.Dante é xerife na cidade d
Aurora...Meu corpo estava dolorido, e tudo estava escuro. Escutava algo apitar bem distante, com um intervalo pequeno de tempo. Tentei abrir os olhos, mas estavam tão pesados quanto uma barra de ferro." Onde estou?"Demorou para que eu tivesse consciência de que estava em um hospital. As imagens da noite anterior vieram à mente; aos poucos, consegui abrir os olhos. Tudo ao redor rodava, a cor branca do quarto onde eu estava causava um grande incômodo, assim como o cheiro ativo de desinfetante e remédio.Quando meus sentidos estavam todos no lugar, me dei conta de toda minha situação.— Vanessa! - sentei rápido na cama - os fios que estavam sobre meu corpo saíram todos com o impacto. Logo a porta do quarto foi aberta, dando visão a Charles e duas enfermeiras. Foi aí que percebi que estava no hospital da alcatéia do meu pai.— Aurora? Você reagiu! - Charles e as enfermeiras pareciam felizes, mas eu sentia o oposto.Me sentia tonta, então voltei a me deitar; uma agonia me consumia por d
Era noite quando finalmente chegamos à alcatéia Lua Negra, a alcatéia do supremo. Os guardas fizeram inúmeras perguntas para nos permitir passar. Eles enviaram um dos lobos para a casa de Lucian, alertando-o sobre os dois visitantes que estavam a caminho.Oscar estava dirigindo, ambos em silêncio, mergulhados em nossos próprios pensamentos. Espiei pela janela do carro e admirei o céu escuro adornado pela vasta quantidade de estrelas que faziam ziguezague entre si.As ruas eram iluminadas por luminárias no topo dos postes, com belas casas por toda parte. A alcatéia era muito bonita e bem cuidada, mas eu não tinha cabeça nem disposição para observá-la melhor. Encostei as costas no banco do carro e fechei os olhos, rezando para que tudo o que estava acontecendo fosse apenas um pesadelo.— Falta pouco para chegarmos — disse Oscar, rompendo meus pensamentos.Abri os olhos, virando a cabeça levemente para lhe lançar um sorriso sem muita vontade para não ser indelicada.— Mais à frente, há um