Lobos- Encontro De Almas| Livro 01
Lobos- Encontro De Almas| Livro 01
Por: Lady_Wolf
CAPÍTULO 01

__Tem certeza de que deseja estar presente na cerimônia do Supremo? - Perguntou Vanessa com os olhos fixos na estrada.

Me chamo Aurora Havelle, sou uma híbrida de loba e bruxa. Recentemente, perdi minha mãe, vítima do misterioso assassino que nos atormenta há séculos. Está sendo muito difícil encarar essa nova realidade. Embora nunca fôssemos muito próximas, raramente conversávamos sem discutir, e isso não me impede de sentir a dor de sua perda.

Sou recém-formada em medicina, para ser mais precisa, devo dizer que sou veterinária. Desde que minha mãe morreu, tenho tido sonhos esquisitos com uma mulher dando à luz a um bebê. Nunca consigo ver seu rosto, pois sempre aparece borrado. Ao seu lado, há sempre outras duas mulheres e um homem que suponho ser o pai da criança, mas esses também aparecem com os rostos borrados. O mais incrível é que sinto que conheço todos.

Estou a caminho da alcateia do Alfa Eric, ele é meu pai. Nos damos muito bem, apesar de nos termos distanciado quando resolvi estudar em outra cidade. Ele é casado com Lucinda, uma mulher extraordinária. Sentindo muito em dizer, sempre me dei melhor com ela do que com minha própria mãe. Não, meus pais não eram casados. Minha mãe foi apenas uma das namoradas que meu pai teve em sua adolescência antes de encontrar Lucinda, sua companheira.

Cresci ouvindo de minha mãe que fui um trágico acidente, mas meu pai afirma que eu sou seu bem mais precioso.

__Eu tenho que ir. - Respondi pela milésima vez depois de um tempo em silêncio.

Como filha de um alfa, tenho que seguir as tradições e estar em todos os eventos importantes que acontecem na alcateia, mesmo contra minha vontade.

O Supremo fará uma cerimônia para apresentar sua companheira para todo seu povo, e o lugar escolhido foi a alcateia do meu pai, que, por ser a maior, acomoda mais gente. Acredito que também seja o lugar mais próximo do seu, por isso as terras do meu pai tiveram mais um ponto atrativo para os felizardos.

__Você sabe que se não estiver bem, eu dou meia volta nesse carro e a gente volta para o nosso apartamento, e dane-se quem achar ruim, não sabe? - Vanessa insistiu.

Conheci Vanessa no primeiro ano da faculdade, e desde então nos tornamos melhores amigas. Ela é uma loba solitária, ou era, já que agora fazemos companhia uma à outra. Vanessa é aquela amiga super protetora, e desde que contei a ela sobre os meus pesadelos, ela passou a cuidar mais de mim e quase nunca me deixa sozinha. Confesso que seus cuidados é que têm me animado, quando não estou no trabalho ocupando a cabeça.

__Eu sei. - Sorrio olhando para ela. - Mas não quero decepcionar meu pai. - Voltei a olhar para o vulto que a paisagem fazia conforme o carro se movimentava.

__Tenho certeza de que ele vai entender.

__Eu sei que, se fosse o caso, ele entenderia, mas... eu preciso distrair minha cabeça. - Sussurrei.

__Tudo bem.

Senti seu toque gélido em meu ombro, mas não ousei olhá-la, pois sentia as lágrimas se formando em meus olhos ao me lembrar dos últimos acontecimentos em minha vida.

☆☆☆

Vanessa ainda dirigia em silêncio. Vez ou outra, eu a via fazendo menção de falar, mas logo ela mudava de ideia. O crepúsculo já se fazia presente com seus tons alaranjados, embelezando a pista larga coberta pela vasta floresta ao redor. Ao longe, consegui ver os muros de pedras antigas da alcateia. Em cima deles, dois grandes lobos feitos de mármore azulado seguravam uma placa que ia de uma ponta a outra com o nome "Alcatéia Lua de Sangue" gravado sobre o bronze espalhado nela.

__Chegamos. - Disse Vanessa ao parar o carro em frente aos enormes portões de ferro.

__É... - Suspirei- Chegamos.

Vi dois lobos que vigiavam a entrada da alcateia se aproximarem farejando o ar. Logo que me identificaram, abriram espaço fazendo uma reverência. Os portões se movimentaram, e segundos depois, tive visão de todo aquele lugar que eu já não via há muito tempo.

Havia crianças brincando, pessoas conversando, jovens sorridentes. Ainda assim, consegui sentir as aflições deles. O assassinato da minha mãe deixou todos em alerta. Talvez nem todos, já que nosso supremo fará uma cerimônia onde muitas alcateias se reunirão aqui, o que, para mim, é um ótimo lugar para um possível novo ataque. Como ditam as regras, não devemos ir contra nosso supremo, principalmente tratando-se de Lucian, o supremo mais temido e misterioso da história.

"Essa é boa."

Eu nunca o vi, mas segundo o que ouvi, não é uma pessoa muito agradável, e sua aparência é dominadora. Sinceramente, não me intimido com comentários; as pessoas exageram. Prefiro ver para crer, e é exatamente o que vai acontecer nessa cerimônia, extremamente mal elaborada.

__Aqui é lindo. - Vanessa olhava encantada para cada canto da alcateia.

__Cuidado para não atropelar ninguém. - Sorri.

__Não seja palhaça! - Ela sorri estacionando o carro em frente à minha casa, onde meu pai e sua companheira já nos esperavam com um sorriso estampado no rosto.

__Está pronta? - Vanessa perguntou com um semblante preocupado.

Fiquei em silêncio.

Estar aqui não é uma tarefa fácil, principalmente depois de vários conflitos que minha mãe armou com Lucinda. Confesso que me sinto envergonhada por isso. Cresci vivendo de um lado para o outro, sem uma casa fixa. Passava a maioria do tempo no apartamento de minha mãe na Itália e o restante aqui. Quando cheguei na adolescência, passei a ficar mais tempo com meu pai, mas logo segui meu próprio caminho, estudando medicina, como minha mãe. E agora cá estou eu, outra vez, depois de anos.

__Estou. - Olhei para ela e saí do carro em seguida.

__Filha! Como é bom ver você. - Meu pai me envolveu em um abraço apertado. A última vez que o vi foi no velório da minha mãe, há três meses. Desde então, nossas conversas eram apenas por telefone; ele fazia questão de me ligar todos os dias, a cada segundo.

__É bom ver você também.- Aconcheguei minha cabeça em seu peito. Meu pai era muito alto, sua aparência jovial o deixava mais atraente, como Lucinda sempre dizia. Seus olhos eram azuis bem claros como os meus, e seus cabelos eram negros, o que se diferenciava dos meus, que são brancos como os da minha mãe.

__Como está, querida? - Lucinda se aproximou.

__Estou levando como dá. - Sorri a cumprimentando com um abraço. Lucinda era uma mulher linda, seus cabelos eram longos e loiros, e seus olhos eram verdes como pedras de esmeraldas.

__Como vai Vanessa? - Meu pai apertou a mão de minha amiga, que observava tudo em silêncio.

__Muito bem, senhor Eric. - Ela fez uma reverência.

__Você é uma moça bem educada. - Disse Lucinda, e meu pai concordou.

__Bem, vamos entrar. - Disse meu pai nos guiando para dentro de sua linda casa.

Ao entrar em casa, um sentimento nostálgico invadiu meu peito. Olhei para as escadas e relembrei os vários tombos que tive ali durante a infância. Lembro de chorar com o joelho ralado e meu pai me confortando, dizendo que logo aquilo iria passar, e passava, de fato.

Ele é um ótimo pai.

__Melhor vocês duas descansarem um pouco antes do jantar. - Disse Lucinda.

__ É uma boa ideia. - Disse meu pai passando os braços em volta da cintura da companheira.

__Eu adoraria. - Vanessa se pronunciou.

__ Já mandei arrumar seu quarto, Aurora. Achei que vocês prefeririam ficar juntas, acertei? - Lucinda perguntou.

__Acertou sim, obrigada. - Sorri.

__Bem, então vamos deixar vocês irem. - Meu pai se aproximou- minha filha, tenho algumas coisas para conversar com você.

__Aconteceu alguma coisa?

__ Não, não se preocupe. - Ele beijou minha testa- no jantar conversamos.

__Tudo bem.

(...)

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