Capítulo 83

MEIA-NOITE (HUXLEY)

A chaleira chia baixo, o som irritante arranhando meus nervos. Eu me inclino para cima da bancada, observando a fumaça que sobe em espirais suaves, tentando convencer minha mente de que o chá vai me acalmar. O silêncio sempre me encontrou confortável. Não sou do tipo que precisa de conversas ou distrações. Sou alguém que sabe o que quer e age sem hesitar. Ou pelo menos, era assim até que ela apareceu.

Eu coloco a fatia do bolo no prato. Mais uma tentativa de algo que não faz sentido. Eu nunca gostei de bolo.

Açúcar demais.

A primeira vez que ela me deu uma fatia, me deixou experimentar aquela mistura doce e fofa. Tão doce que fez meu estômago revirar, mas algo mais pesou na balança.

Eu tenho certeza de que o problema estava com o bolo dela. Porque desde aquele momento, eu não consigo comer mais nenhum outro. Nada se compara. Este, da padaria, é insuportavelmente doce, a massa é pesada. Não é fofo. Não é dela. Eu me recuso a aceitar que estou reclamando de um mald
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