Lembro-me
Lembro-me
Por: G. Grant
Cap 1

Minha cabeça doía, até o meu dedo mindinho doía, fiquei consciente de que meu corpo inteiro doía.

- Ela está acordando.

A luz branca machucava os meus olhos. Com muito esforço consigo deixar uma pequena brechinha aberta e aos poucos passos a enxergar sombras, tudo estava embaçado e desfocado. Percebo que o local tinha como cor predominante o branco. Olhei a minha mão e tinha um fio que ligava ela ao tubo de soro. Eu não sabia como eu sabia, mas aquilo ali era um hospital.

Pisquei algumas vezes até os meus olhos se acostumarem com a claridade. O que será que aconteceu comigo?

Será que bati com o carro? Meus pais vão me matar se eu tiver estragado o carro novinho.

Aos poucos percebi um vulto ao lado da cama. O vulto foi criando forma e desembaçando e finalmente pude ver um rosto. Era um senhor de aparência cansada. Provavelmente o médico.

Eu abri a boca para falar, mas não saiu som algum. Onde estava a minha voz? Com muito esforço consegui fazer com que a minha voz passasse pela minha garganta ressecada.

- Onde estou? Como vim parar aqui? - perguntei sentindo o desespero tomar conta de mim.

- Olá! Sou o Dr. Mário. Do Hospital Italiano de Buenos Aires. Poderia me falar seu nome? – Estou sentido cheiro de problemas.

- Annalucia Swan Boston – falo como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Até porquê é. Não é?! Pelo menos para mim.

- Tem certeza? – esse médico só pode está tentando me enlouquecer.

- Sim! – afirmo com convicção.

- Seu estado civil? – Será que ele vai querer saber os números dos meus documentos também? Porque eu sinto muito, mas nunca os decorei.

- Solteira – vai me passando pela cabeça que este médico pode estar tentando flertar comigo. Esses médicos de hoje são todos uns safados.

- Poderia falar sua idade? – a cada pergunta dele tudo fica mais estranho. Quer dizer eu estou em um hospital, aconteceu alguma coisa comigo. Ele já não deveria saber sobre tudo isso?

- Tenho 15. Por favor, me fala o que está acontecendo? – Pedi sentindo meu desespero aumentando.

- Fazem 7 meses que você sofreu um acidente de carro e não temos certeza, mas tudo indica que você acabou se esquecendo do que aconteceu nos últimos anos. Mais especificamente os últimos 12 anos. – Nossa!!! Pelo menos eu estava certa sobre a história do acidente.

– Espera! – Falo em choque. Se passaram 12 anos. – Volta a fita. Você está querendo me dizer que não me lembro de 12 anos da minha vida? – ele somente balançou a cabeça positivamente. Que médico simpático. – Como você me fala uma coisa dessas assim?! – A partir desse momento estou mais do que desesperada. Estou entrando em pânico.

- Annalucia, preciso que se acalme. – O médico comandou firmemente, como se estivesse dando ordens à uma criança. - Irei chamar o seu marido – Marido? COMO ASSIM MARIDO? Será que estou casada com o Benício? Nós namoramos, ou melhor, namorávamos, mas não sabia que duraria tanto.

Paro o meu pensamento quando o médico volta com o... Samuel? Que merda é essa? Solto uma gargalhada extremamente ofensiva, até mesmo nervosa. Como ele quer que eu me acalme desse jeito?! Isso só pode ser brincadeira.

- Não, não e não! Liana? Dafine? Podem parar com a brincadeira. – Falo bem nervosa. Isso não pode ser verdade.

Eu odeio esse babaca.

- Annalucia, eu entendo. Está nervosa, que... – Ele parece triste, mas ainda é um babaca que eu odeio.

- Não. Você não entende, ninguém entende. – Seu idiota estupido!

- Annalucia, sabemos que é difícil. Então vá descansar. – o doutor fala saindo do quarto, enquanto Samuel permaneceu me encarando.

- O que é? – Pergunto a ele em um tom rude.

- Eu... só estava com saudades. – Meu Deus. Ele é louco? Usou drogas? Bebeu? SAUDADES?! Até onde sei Samuel me odeia tanto quanto eu o odeio, ou até mais.

- Samuel, você está bêbado? Drogado? Ficou louco de vez? – ele só ficou lá, me olhando, parecia que iria chorar.

Aí, será que fui muito grossa?! Bem. Não me importa.

- Samuel, olha. Me desculpa. Você pode me deixar sozinha? – ele balança a cabeça positivamente e sai.

Nossa, que droga eu andei ingerindo? Pra eu me casar com ele. O cara mais galinha que eu conhecia. Isso não pode estar acontecendo. Esse acidente veio em boa hora, foi uma segunda chance para eu concertar as merdas que andei fazendo. Sério, me casar com o cara que eu mais odeio não faz sentido algum. Ele sempre foi um babaca, ignorante e grosso comigo.

Ah, quando eu sair daqui terei que ter uma conversa não muito agradável com a Liana e a Delfina. Como minhas melhores amigas elas deviam impedir que eu fizesse esse tipo de merda.

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