Cap 6

Flashback on

12 anos atrás

- Mas mãe, eu não consegui uma carona para festa eu preciso que você me leve. – Já estou pronta com meu vestido preto e saltos. Sem chances de eu não ir nesta festa.

- Não vai dar Annalucia. Estou saindo, seu pai tem um jantar importante e já estou atrasada para pega-lo. Tchau. Se for sair não chegue tarde. – Ela bate à porta da frente.

Droga, o que vou fazer? Cogito chamar um táxi, mas a volta será complicada para conseguir um o local é meio afastado e Benício está na Itália para o enterro de alguém, não vai a festa. Pedi uma carona com a Liana, mas o Samuel está sem carro então eles vão de carona com outras pessoas. Olho para a mesinha da entrada e vejo a chave do carro do meu pai.

Por que não? Não deve ser tão difícil acelera, freia, esquerda, direita, frente e ré. Vai dar tudo certo. Peguei as chaves e fui até a garagem. Só preciso chegar antes dos meus pais e pronto. O que pode dar errado?

Flashback off

Essa é a última lembrança que eu tenho!!!

Acordamos cedo no sábado. Antes das 10:00 já estávamos dentro do carro em direção a casa dos meus pais.

Não dormi muito bem, embora a cama fosse confortável e espaçosa parecia faltar algo. Samuel não tentou puxar assunto comigo então nesta manhã nossa convivência está maravilhosa. Os meninos não deram trabalho algum para se vestir, eles gostam de festas.

A enorme faixa pendurada na frente da casa dos meus pais dizia:

“Bem-vinda de volta, Annalucia”

Essa festa obviamente foi uma péssima ideia, mas eu não quis frustar a minha mãe, ela ainda se sente culpada pelo meu ataque de pânico no hospital. Claro que ela só não pensou em que se eu esqueci 12 anos da minha vida eu não conheço metade das pessoas que estão aqui e que isso tornaria as coisas um pouco constrangedoras.

- Annalucia! – Ouvi uma voz conhecida e me virei rapidamente, dando de cara com Dafine.

- Oh Meu Deus! Dafine você está linda. – Minha amiga definitivamente tinha se tornado uma mulher maravilha.

- Ora amiga assim você me deixa tímida. – Ela dar risada piscando para mim e não tenho como não rir também.

Dafine me abraça apertado. – Senti tanto a sua falta, temos tantos assuntos para colocar em dia, a agência está uma loucura sem você, tenho trabalhado quatro horas a mais por dia e o Pedro está se sentindo negligenciado.

- Quem é Pedro? – Ninguém me falou nada sobre a vida amorosa da Dafine.

- Pedro é o meu peguete a dois anos. – Ela me fala. – Vou ter que me acostumar com essa sua falta de memória.

O melhor é que posso te contar todas as histórias do passado ao meu modo. Você não lembra como foi mesmo. – Eu dou risada e ela me acompanha.

É muito bom ter toda a espontaneidade de Delfina comigo. Tenho a impressão que metade das pessoas estão pisando em ovos com medo de eu explodir por alguma coisa e a outra metade me olha como se eu tivesse sido diagnosticada com esquizofrenia.

- Venha, vamos para o jardim. Todas as pessoas estão lá fora esperando para analisar o seu nível de esquecimento perguntando se você lembra o dia dos seus aniversários. – Eu dou risada. Eu nunca lembro a data do aniversário de ninguém, nem mesmo o meu.

Com Dafine comigo soprando nomes e comentários engraçados sobre as pessoas que eu ia cumprimentando a festa não estava nada como eu pensava e eu estava realmente gostando.

- A ruiva é a nossa sócia Jazmin Carbajal. A amizade de vocês ficou um pouco estremecida quando você descobriu que ela estava afim do seu marido, mas depois de um tempo vocês superaram isso e hoje em dia ela namora o loiro que está ao seu lado, Nico. Ele é colega de trabalho de Samuel. – Dafine sussurra sobre a próxima pessoa que vai falar comigo.

- Annalucia! Como está? – Jazmin me pergunta me abraçando. Logo depois abraço Nico.

- Bem. Na medida do possível. – Respondo.

- Já sabe quando volta para a agência? Aquele lugar está uma loucura sem você. – Ela pergunta.

- O médico me deu mais duas semanas de molho. Então provavelmente voltarei logo depois. Estou louca para trabalhar. – Respondo.

- Continuem. Vamos procurar nossos lugares. – Jazmin falou.

- Nos falamos mais tarde. – Dafine diz a Jazmin e vamos falar com mais pessoas.

- Dessa vez não vou com você. – Dafine fala.

- Por que? – Pergunto a Dafine, ela estava me ajudando muito. Estávamos indo falar com a Liana e umas pessoas.

- Aqueles ali são Matteo Balsano, marido da Liana, os dois filhos deles Maurício de 8 anos e Sol de 2 anos, a Liana óbvio e a cadela ao lado dela é a Nina, irmã do Matteo e vaca que roubou o Gastón de mim. Se for até lá provavelmente vamos brigar e hoje é sua festa de boas-vindas. Sua mãe me mataria. – Dafine me fala e fico chocada.

Gastón e Dafine eram o típico casal colegial que todos pensavam que ficariam juntos para sempre, elas eram com certeza a tampa e a panela um do outro. – Você tem que ir lá, depois nos encontramos. Ainda temos mais pessoas para cumprimentar.

- Oi Annalucia! – Liana falou e agora percebo que ela realmente está um pouco distante.

- Oi gente! Obrigada por terem vindo. – Sou educada e sucinta. Preciso ouvir essa história primeiro antes de me abrir a essas pessoas. O papo gira em torno da minha saúde e no quanto todos estão felizes com a minha volta. Me despeço e volto para perto de Dafine. Tenho que ver mais pessoas e preciso dela.

Tem mais gente do que eu esperava então quando termino já está próximo a hora do almoço. Procuramos os nossos lugares, Dafine está na mesa de Jazmin e gemo frustrada quando vejo que estou na mesa com Samuel, as crianças, os meus pais e os pais de Samuel. As crianças não estão sentadas e os procuro com o olhar. Quando vejo Sônia pulando na piscina sinto meu coração disparar.

Flash

Estamos nos jardim da minha mãe para comemorar seu aniversário, Josh estava com cinco anos e Sônia com três. Eles eram as únicas crianças no chá, então estava tentando distraí-los ao máximo para que não ficassem entediados. Sônia estava encantada pelas flores nos jarros ao redor do deck da piscina e Josh estava sentado entre Samuel e eu jogando Minecraft.

- Mãe, pai olhem. Eu fiz a nossa casa. – Josh nos chama e olhamos. Era uma réplica muito bem feita da nossa casa. Meu filho é tão inteligente, um talento. Meu peito se enche de orgulho.

Volto meus olhos para Sônia novamente e vejo a exata hora que ela cai na piscina.

- SÔNIA! – Grito chamando a atenção de todos. Samuel percebe o que aconteceu e corre até ela, eu o sigo.

Foram segundos entre o tempo em que Samuel correu, pulou na piscina e pegou Sônia no braços. Minha princesa tossia e chorava muito. Visivelmente tinha engolido muita água, Samuel me entrega ela antes de sair da piscina. Abraço o meu bebê e choro junto com ela.

Flash off

Dessa vez não gritei, simplesmente corri até ela desesperada, estava quase na piscina quando Samuel me parou.

- Calma. Ela está bem. – Samuel me abraça. – Ela sabe nadar agora.

- Como sabe o que eu estava pensando? – Pergunto gaguejando. Ainda estou nervosa.

- Eu vi em seu rosto. Eu conheço você. – Ele fala e volto a realidade o empurrando.

- Não me toque. Você não precisa me abraçar. Mantenha suas mãos para você mesmo ou teremos mais problemas do que já temos. – Vejo que eu o magoei novamente e me sinto estranha com esse Samuel passivo, Samuel sempre teve cinco pedras na mão antes mesmo de eu conseguir pegar a primeira no chão. O deixo lá em pé e vou em direção a piscina, ainda preciso abraçar Sônia.

- Sônia venha cá. – Ela sai da piscina e vem até mim, não me importo se vou ficar molhada, a abraço e ela me abraça de volta, rindo e me enchendo de beijos. A minha princesa é muito carinhosa.

- Amo você mamãe. – Ela fala espontaneamente e meu coração se enche de amor.

- Amo você filhinha. – A beijo uma última vez e a solto. Ela volta para piscina e quando salta meu coração aperta de novo. Acalme-se Annalucia, ela é uma menina grande agora.

~-~-~-~-~-~

Após o almoço Dafine me encontra novamente.

- O que foi aquilo com o Samuel? – Ela perguntou quando me alcançou.

- Ele agi como se soubesse mais sobre mim do que eu, ele é irritante. Não suporto aquele idiota. – Dafine me lança um olhar estranho.

- É normal que ele saiba muito sobre você. Vocês são casados e você perdeu a memória. – Ela pondera. – Além disso vocês nunca tiveram segredos um do outro.

- Precisamos conversar. Urgentemente. Você e Liana. Como me deixaram fazer uma coisa dessas Delfina? Me casar com ele? Temos que almoçar juntas. – Eu comando.

- Você está falando igual a velha Annalucia, rainha da pista. – Ela me repreende. – Você mudou Annalucia e foi uma mudança maravilhosa. Almoço amanhã?

- Não. As crianças não me deixariam sair sozinha e Não poderemos conversar com eles por perto. – Pondero. – Na segunda?

- Pode ser. Vou tirar um folga na segunda à tarde e vamos conversar. Você vai cozinhar? – Ela me pergunta esperançosa.

- Dafine eu não sei cozinhar. – Falo o óbvio.

- Eu não acredito. Você esqueceu. – Ela parecia triste. – Seu tempero era mágico amiga.

- Impossível acreditar. – Sorri e ela sorri de volta.

- Acho que a velha Annalucia se assusta com a nova Annalucia. Você mudou amiga, amadureceu e se tornou uma mulher incrível. – Ela fala.

- Segunda. – Aviso a ela. – Vou falar com a Liana. – A feição de Dafine mudou.

- Annalucia, as coisas mudaram. Eu não sou mais amiga da Liana. Prefiro que converse conosco separadamente. – Ela fala visivelmente incomodada. – Bom eu tenho que ir. Pedro vai passar aqui em alguns minutos para me pegar. Até segunda. Você devia pegar seu celular. Podemos trocar mensagens. – A abraço e ela sai.

Já estávamos no meio da tarde e só restaram as pessoas sentadas na nossa mesa.

- Nós já vamos. – Mônica avisou se despedindo de todos.

- Nós também já vamos. – Samuel avisou. As crianças estavam sentadas jogando no celular. Nós despedimos do meus pais e fomos também.

O resto do sábado e o dia do domingo passaram lentamente e sem problemas. Samuel me evitava não querendo nenhuma cena em frente às crianças, então me senti mais leve durante o final de semana.

Era domingo à noite e fui colocar os meninos na cama, Sônia e Harry não demoraram nada para dormir.

- Olá Josh. Hora de dormir. – Falo entrando em seu quarto que estava com a porta aberta.

- Olá mamãe. Vem deitar comigo. – Ele me dá espaço em sua cama e me deito o abraçando.

- Boa noite, meu amor. Eu amo muito você. – Falo com ele.

- Boa noite mãe. Eu amo muito você também. Nunca mais vá embora. – Eu não vou querido. Eu não vou. E adormeço.

Samuel

Encontro Annalucia dormindo com Josh em seu quarto. A imagem fez meu coração doer, há pouco mais de sete

meses atrás eu teria pegado Annalucia no colo e a levado para nossa cama, hoje se fizer isso ela vai reclamar e eu estou cansado dessa Annalucia. E tudo o que quero é a minha Annalucia, aqui comigo.

Flashback

Noite anterior ao acidente

Entrei no quarto já havia passado das onze. Annalucia havia subido a alguns minutos antes.

- Meu amor. – Ela sai do closet e se joga em meus braços. – Estou indo tomar um banho. Que tal se juntar a mim?

- Acho uma ideia maravilhosa. – A beijo profundamente. – Harry está dormindo? – Me lembro da tarde anterior quando estávamos em uma posição um pouco constrangedora quando Harry abriu a porta do quarto decidido que precisava da mãe urgentemente.

- Ele está. Todos eles estão. Sou todinha sua agora. – Ela sussurrou. Abrindo os botões da minha camisa.

A beijo novamente e a levo em direção ao chuveiro. Deixando nossas roupas pelo caminho. Saímos do chuveiro algum tempo depois relaxados e satisfeitos. Vesti um short, a ajudei a secar o cabelo e a colocar a camisola. Temos uma regra nova nada de dormir nus com Harry em casa. Nos últimos tempos ele tem agido como se o nosso quarto fosse uma extensão do dele e suas perguntas estão um pouco constrangedoras demais, então mamãe e papai estão sempre dignamente vestidos.

Deito na cama e a abraço. Annalucia dorme imediatamente, muito cansada por sua rotina agitada. Perfeita! Annalucia não gosta muito dessa palavra, mas não tenho outra palavra para definir a minha mulher. Sou tão feliz por tê-la.

Flashback off

Então eu faço o que venho fazendo por todos esses últimos sete meses, eu choro. Choro por tudo o que perdi, choro pela minha mulher que está perdida, choro de saudades por querê-la comigo e não me contenho vou até ela e beijo sua testa.

- Samuel. – Ela sussurra enquanto está dormindo, mas não acorda. Então é isso. Esperança.

- Por favor se lembre meu amor. – Sussurro. Deixando-a ainda abraçada ao nosso filho.

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