Samuel
São 12:00 e estou saindo da minha segunda reunião. Estou perto da agência de Annalucia e como está no horário de almoço decido chamá-la para almoçar.
- Olá Eva, como vai? A Annalucia está? – Pergunto a recepcionista da agência.
- Olá Samuel. Quanto tempo não nos vemos. Estou ótima. E você? A Annalucia está em uma reunião com um cliente.
Se quiser pode esperar lá dentro ou na sala dela eu libero a sua entrada. – Eva me respondeu.
- Eu vou bem, poderia está melhor, mas as coisas estão se ajeitando. – Respondi. – Irei esperar lá dentro.
Obrigado. – Falo indo em direção a porta de vidro que Eva havia desbloqueado.
Caminho até a sala de Annalucia e encontro Ana, secretária dela sentada em sua mesa de trabalho.<
Annalucia Acordo no sábado com meu celular tocando. Tateio a mesa de cabeceira, pego e vejo o nome de Mônica brilhando em frente.- Alô. – Minha voz ainda sai rouca de sono.- Bom dia Annalucia. Te acordei? – A voz dela soa alegre do outro lado e afasto o telefone para saber que horas são.Merda 08:00, quem além de Mônica estaria feliz a uma hora dessas em um sábado?- Sem problemas. Bom dia. Aconteceu alguma coisa? – Falei com ela ontem à noite e estava tudo bem.- Não. Na verdade sim. Uma amiga me convidou para passar o final de semana em sua casa de praia e me falou que eu poderia levar os meninos. Queria saber se gostariam de ir. – Ela fala.- Claro Mônica. Vou falar com eles. Sônia e Josh com certeza vão querer ir, mas Harry será um pouco mais difícil.- O convença Annalucia. V
Samuel- Vamos lá, Annalucia. Acorde. Já passam das 11:00 e eu trouxe o seu café. – Falo dando um beijo em sua testa.- Wow. Café da manhã na cama. Que bom, estou morrendo de fome. – Ela fala se sentando. Quando percebe que não está vestindo nada ela cora e puxa o cobertor.O quarto está uma bagunça. As roupas que não terminei de dobrar ontem à noite estão por toda a parte, provavelmente vamos ter que lavá-las novamente. Cavo uma peça e entrego a Annalucia.- Sua camisola, madame. – Ela a pega a vestindo enquanto eu pego sua bandeja em cima da cômodo.- Vamos ver o que temos aqui... – Ela fala começando a comer. – Servido? – Ela pergunta, mas seus olhos me enviam mensagens para que eu não aceite.- Não obrigado. Eu já comi. Acordei meio com muita fome. &
A segunda-feira começou agitada. Acordamos atrasados, estava chovendo, foi uma luta para tirar as crianças da cama e ninguém teve tempo de fazer o café da manhã. Tivemos que comer no Mc Donalds e fui promovida a mãe do ano por isso. Para piorar esqueci que tenho uma reunião com as garotas e um cliente hoje em uma das suas cafeterias e fui para a agência, tive que dirigir tudo de novo e eu detestei dirigir na chuva.Quando chego no estacionamento da cafeteria, Dafine está descendo do seu carro e sei que não estou atrasada.Dafine nunca se atrasa, sempre falamos que ela iria chegar quinze minutos antes no dia do seu próprio casamento.- Bom dia. – Falo para Dafine enquanto ela segura a porta da cafeteria para que eu passe.- Bom dia. Estamos felizes essa manhã, não? – Maldita melhor amiga que me conhece a vida toda.- Estamos. Está uma linda m
Depois de tudo nós realmente nos atrasamos demais e nossa reserva foi cancelada, tivemos que pedir um delivery de comida Tailandesa e comemos sentados no chão da sala de estar conversando.- Lembra daquela vez que eu não estava conseguindo dormir por causa da chuva? – Falei com ele.FlashbackAcordei assustada com o barulho horrível de um trovão. Odeio tempestades, esses barulhos me deixam tão apavorada que tenho vontade de chorar. Maldito dia que resolvi dormir na casa da Liana, se estivesse em casa já teria me metido na cama dos meus pais. Não importa se eu estou velha demais, sempre tem espaço para mim lá. Resolvo tomar um copo de água e desço tentando fazer o mínimo de barulho possível. Os barulhos me faziam estremecer a cada passo que eu dava, as lágrimas escorriam pelo meu rosto livremente. Eu estava em pânico.-
Hoje está chovendo mais que ontem e rezo mentalmente para que Samuel se lembre do meu medo de trovões e me ofereça uma carona. Estamos um de frente para o outro e envio tantos avisos metais que ele parece me escutar.- Quer me perguntar alguma coisa? – Ele me pergunta enquanto pega outra torrada.- Por que? – Não quero ter que pedir. Não é ele quem me conhece tanto? Ele tem que me oferecer uma carona porque sabe que eu tenho medo.- Você está inquieta e me mandando olhares esperançosos que estão me assustando. Se você quer me levar para a cama agora eu sinto te dizer que eu tenho uma reunião importante às oito e você vai ter que esperar até a noite.– Ele fala se levantando. Droga. Ele não vai me oferecer carona nenhuma. Me ferrei.- Que pena. – Falo agindo como se fosse realmente isso. Levanto e coloco meu prato na p
A semana voou como um furacão, hoje já é sexta-feira e tudo o que consigo pensar é que minha cama está me esperando, nunca estive tão cansada em toda a minha vida.Depois do sucesso da campanha que fiz para a empresa que Benício trabalha, minhas sócias entenderam que eu estou 100% recuperada e que já poderia assumir todas as responsabilidades que eram minhas antes do acidente. E com a carga extra de trabalho eu chegava ao final do dia esgotada e pensando em homicídio. Tudo o que eu sempre queria era chegar em casa, tomar um banho, colocar as pernas para cima e só me mexer no outro dia.Na prática não era bem assim, ao chegar em casa alguma das crianças sempre estava precisando da minha atenção. Hoje eu estou um caos, esqueci meu carregador em casa e passei a tarde sem telefone, tive quatro reuniões com clientes em lugares distintos da cidade e perdi du
Flashback- Sabe mamãe quando eu crescer eu quero ter uma filha. – A pequena Annalucia de 5 anos de idade avisa a sua mãe.- E por que não um filho? – Sua mãe pergunta tentando entender o raciocínio da filha.- Porque quero vesti-la igual a mim. Vamos andar sempre iguaizinhas, assim se ela se perder todos vão saber que ela pertence a mim e assim vão me devolver ela. Igual fizeram quando eu perdi minha boneca. Se ela fosse um menino ele teria que vestir roupas de meninos e aí não estaríamos iguais e ele sumiria para sempre. – Ela fala como se fosse o óbvio e sua mãe revira os olhos. Annalucia é uma adulta presa no corpo de uma criança.- Mas se for um menino ele pode se vestir igual ao pai. Se ele se perder vão poder entregá-lo ao pai. Não? – A mãe pergunta testando a reação de Annaluci
- Vamos lá Annalucia. Dafine está aqui. – É noite de segunda-feira e eu estou me arrumando para um coquetel que está acontecendo na empresa do meu pai.- Já estou aqui. Que apressado. – Eu falo descendo as escadas. – Obrigada por ficar com as crianças, Dafine. Eu não tenho mais cara para pedir isso a Mônica. – Falo sincera.- Sem problemas, querida. A foto da minha pulseira de agradecimento já foi enviada para o seu marido. – Ela fala rindo e Samuel revira os olhos.- É a babá mais cara do universo. Olha isso. – Samuel me mostra a pulseira e o valor.- É linda. Eu quero uma também. – Faço bico passando a mão em seu braço.- E vou a falência. Tchau Dafine, tchau crianças. – Samuel beija cada