Depois de tudo nós realmente nos atrasamos demais e nossa reserva foi cancelada, tivemos que pedir um delivery de comida Tailandesa e comemos sentados no chão da sala de estar conversando.
- Lembra daquela vez que eu não estava conseguindo dormir por causa da chuva? – Falei com ele.
Flashback
Acordei assustada com o barulho horrível de um trovão. Odeio tempestades, esses barulhos me deixam tão apavorada que tenho vontade de chorar. Maldito dia que resolvi dormir na casa da Liana, se estivesse em casa já teria me metido na cama dos meus pais. Não importa se eu estou velha demais, sempre tem espaço para mim lá. Resolvo tomar um copo de água e desço tentando fazer o mínimo de barulho possível. Os barulhos me faziam estremecer a cada passo que eu dava, as lágrimas escorriam pelo meu rosto livremente. Eu estava em pânico.
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Hoje está chovendo mais que ontem e rezo mentalmente para que Samuel se lembre do meu medo de trovões e me ofereça uma carona. Estamos um de frente para o outro e envio tantos avisos metais que ele parece me escutar.- Quer me perguntar alguma coisa? – Ele me pergunta enquanto pega outra torrada.- Por que? – Não quero ter que pedir. Não é ele quem me conhece tanto? Ele tem que me oferecer uma carona porque sabe que eu tenho medo.- Você está inquieta e me mandando olhares esperançosos que estão me assustando. Se você quer me levar para a cama agora eu sinto te dizer que eu tenho uma reunião importante às oito e você vai ter que esperar até a noite.– Ele fala se levantando. Droga. Ele não vai me oferecer carona nenhuma. Me ferrei.- Que pena. – Falo agindo como se fosse realmente isso. Levanto e coloco meu prato na p
A semana voou como um furacão, hoje já é sexta-feira e tudo o que consigo pensar é que minha cama está me esperando, nunca estive tão cansada em toda a minha vida.Depois do sucesso da campanha que fiz para a empresa que Benício trabalha, minhas sócias entenderam que eu estou 100% recuperada e que já poderia assumir todas as responsabilidades que eram minhas antes do acidente. E com a carga extra de trabalho eu chegava ao final do dia esgotada e pensando em homicídio. Tudo o que eu sempre queria era chegar em casa, tomar um banho, colocar as pernas para cima e só me mexer no outro dia.Na prática não era bem assim, ao chegar em casa alguma das crianças sempre estava precisando da minha atenção. Hoje eu estou um caos, esqueci meu carregador em casa e passei a tarde sem telefone, tive quatro reuniões com clientes em lugares distintos da cidade e perdi du
Flashback- Sabe mamãe quando eu crescer eu quero ter uma filha. – A pequena Annalucia de 5 anos de idade avisa a sua mãe.- E por que não um filho? – Sua mãe pergunta tentando entender o raciocínio da filha.- Porque quero vesti-la igual a mim. Vamos andar sempre iguaizinhas, assim se ela se perder todos vão saber que ela pertence a mim e assim vão me devolver ela. Igual fizeram quando eu perdi minha boneca. Se ela fosse um menino ele teria que vestir roupas de meninos e aí não estaríamos iguais e ele sumiria para sempre. – Ela fala como se fosse o óbvio e sua mãe revira os olhos. Annalucia é uma adulta presa no corpo de uma criança.- Mas se for um menino ele pode se vestir igual ao pai. Se ele se perder vão poder entregá-lo ao pai. Não? – A mãe pergunta testando a reação de Annaluci
- Vamos lá Annalucia. Dafine está aqui. – É noite de segunda-feira e eu estou me arrumando para um coquetel que está acontecendo na empresa do meu pai.- Já estou aqui. Que apressado. – Eu falo descendo as escadas. – Obrigada por ficar com as crianças, Dafine. Eu não tenho mais cara para pedir isso a Mônica. – Falo sincera.- Sem problemas, querida. A foto da minha pulseira de agradecimento já foi enviada para o seu marido. – Ela fala rindo e Samuel revira os olhos.- É a babá mais cara do universo. Olha isso. – Samuel me mostra a pulseira e o valor.- É linda. Eu quero uma também. – Faço bico passando a mão em seu braço.- E vou a falência. Tchau Dafine, tchau crianças. – Samuel beija cada
- Não é uma babá fixa, mãe. Só precisávamos de alguém para olhar as crianças hoje à noite. Além disso a babá é a Dafine. – Falo e ela suspira de alívio.- Nunca em toda a minha existência vi babá com honorários tão caros. – Samuel resmunga.- Bom. Nós já vamos, vamos entrar para nos despedir do meu pai. – Falo me desvencilhando de Samuel e puxando a minha mãe.Quando chegamos em casa Dafine estava dormindo no sofá com as crianças em cima dela. Não deveria estar confortável para nenhum deles.- Eu pego Harry e você Sônia e Josh. Vou arrumar o quarto de hóspedes para Dafine. – Eu Sussurro para Samuel.- Não precisa. – Ouço Dafine dizer baixinho. – Pedro está esperando para vir me buscar.- Um minuto. &nda
Encosto no sofá e fecho os olhos, as crianças vendo algo em seus respectivos tablets, hoje foi um dia super cansativo e tudo o que penso é em dormir.- Mamãe. – Harry me chama e eu abro os olhos.- Oi querido. – Falo me sentando.- Voce está cansada? – Ele pergunta.- Sim, por que? – Coisa boa não vem aí.- Eu posso fazer uma massagem em você e você me paga. – Sabia.- E quanto essa massagem me custaria? – Pergunto levantando a sobrancelha.- Mil e duzentos pesos. – Engasgo.- Como é que é, Harry? – Pergunto em choque. Meu filho quer me extorquir.- Eu quero um jogo novo, mamãe. Vovó falou que eu preciso fazer algo para consegui-lo, mas eu não sei fazer nada. – Ele parece devastado e meu coração de manteiga se rende a sua carinha.- A mamãe pode
Você não tem que perde pra dar valor.Você tem que dar valor pra não perder.FlashS = [Vou chegar tarde. Muito trabalho por aqui. 21:00 estou em casa.]Normalmente eu não me importaria muito com as horas extras que meu marido trabalhava, mas desde que ela, Yolanda, a peituda, foi trabalhar com ele essas horas extras me deixavam me corroendo de ciúmes e só esse mês essa é a nona vez, não que eu esteja contando.O relógio marca as 21:20 e minha cabeça contra a minha vontade começa a criar cenas do que Samuel pode está fazendo em seu escritório uma hora dessas trancado com a sua secretária. Imagens dos dois no sofá, no tapete, em sua mesa, no banheiro povoam a minha mente e sinto lágrimas de ódio queimando os meus olhos. Se ele fizer algo assim vou matá-lo, prometo a mim mesma.Quando Samuel entra pela porta da frent
- Oi. – Ela fala baixinho.- Oi. Não dormiu? – Pergunto vendo suas olheiras.- Não. O remorso não me deixou dormir. – Ela responde.- Meio tarde para isso. Não acha? – Pergunto sarcástico.- Talvez. – Foi a resposta dela. – Quer café?- Não obrigado. – Eu não estou muito afim de colaborar para uma conversa.- Bom dia pai. – Sônia fala alegremente quando entra na cozinha ainda de pijama.- Bom dia princesa. – Respondo lhe dando um beijo no rosto.- Estou com fome. – Ela ignora a presença da mãe na cozinha.- Eu fiz panquecas. – Annalucia avisa tentando chamar sua atenção.- Hum. Legal. – Sônia dá de ombros. – Faz um sanduíche para mim pai, por favor.- Eu faço. – Annalucia de prontifica.- Não pre