Eu não acreditava no que estava acontecendo. Como assim Sabrina estava ali? E Guilherme... Junto dos Rockfeller.
Olhei para a menina, que repetiu “pai” quase junto com Guilherme. Caralho! Foram três “pais” ao mesmo tempo... Sendo que eu só tinha um filho.
- Vamos entrar... Não podemos ficar aqui... Está chegando uma forte tempestade... – Calissa pegou a menina no colo, entrando primeiro.
Mariane pegou minha mão, mas não consegui entrelaçar meus dedos nos dela. Fiquei completamente sem ação, como se algo me impedisse de tocá-la. E não consegui me mover.
- O que você está fazendo aqui? – Perguntei a Guilherme.
- O que “você” está fazendo aqui? – Ele refez a pergunta.
- Entrem todos... Agora! – J.R falou em tom de voz alto.
Sim, não fazia sentido ficarmos ali, tent
A menina era filha dela. Era minha filha... “Nossa” filha. Eu não tive dúvidas. Eu senti quando pus meus olhos nela. Sabrina me escondeu a menina por... Quase seis anos. Como pôde?- Está namorando o meu filho? – olhei para ela – Ele tem... Dezoito anos.- Dezoito anos... – ela riu – Se importa com isso? Acha que ele é um “garotinho”?Porra! Ela foi tão debochada quanto agressiva. E senti os olhos dela lacrimejarem e a voz sair trêmula, como os lábios.Por mais que estivesse puto por ela estar com meu filho, tive vontade de pegá-la no colo e sair dali correndo, sem rumo, para nunca mais voltar.Mas precisava ficar calmo. Estávamos juntos novamente num mesmo lugar, eu sabia quem ela era de fato agora e aquilo já se tornava um grande avanço.Acontecesse o que fosse dali para frente, eu sabia a minha “gar
Saí, quase sendo empurrada de volta para dentro da casa com a ventania. Estava escuro, nuvens pretas encobriam o céu e trovões ecoavam para todos os lados, seguidos de relâmpagos. E embora eu não tivesse visto, sabia que minha pequena estava na rua, fugindo, de toda situação na qual a pus.Deus, em que direção ela teria ido?Retirei meu calçado, jogando longe e saí para o lado esquerdo, sem ter certeza se ela tinha tomado aquele caminho. Ouvi gritos chamando por mim e Medy, mas não voltei.Meus pés afundavam na areia e eu lutava contra a dificuldade que era correr naquele chão. Não tinha sinal de Melody em lugar algum.Eu queria que chovesse, pois desta forma a areia abaixaria e seria mais fácil para visualizá-la caso estivesse na beira da praia.As lágrimas tomaram conta dos meus olhos, misturando-se com a areia fina que castigava meu rosto. E se ela tivesse entrado no mar? Ela não conhecia a praia... Nunca tocou os pés no mar... Poderia ter se empolgado e... Não, eu não queria pensa
- Nós vamos dormir na floresta? – Melody perguntou, com um sorriso no rosto.- Se você quiser, podemos dormir na floresta. – Charles disse, sorrindo.- Eu quero, papai.- Quer? – O sorriso dele era radiante. E eu parecia uma boba, olhando os dois e querendo que aquele momento não acabasse nunca mais.- Quero muito... Só nós três. Medy não quer ninguém mais... Só o papai e a mamãe.- Seremos só nós três, eu prometo – ele me olhou – Para sempre... Posso prometer que será para sempre?- Pode. – Falei, sentindo-o me puxando para seu corpo, o braço me envolvendo pela cintura.Relaxei e pus meu braço em torno do corpo dele, sentindo seu calor sob a jaqueta fina num tecido levemente brilhoso, que imitava couro. A sola dos meus pés doía, mas eu pouco me importava. Poderia andar até sangrar ao lado dele.Não tenho certeza de quanto tempo andamos pela mata, nos escondendo de não sei o que ou quem. Talvez do mundo... Ou do destino... Acho que Charles também tinha medo da falta de sorte nos encon
- Jura?- Eu... Não tenho certeza absoluta. Mas acho que sim.- Ela... Já sabe?- Não... – Olhei para Melody, que nos olhava, sem entender.- Então espere... Vamos contar quando tivermos certeza. Juntos.Assenti, enquanto ele alisava o rosto de Melody. Depois, começou a passar o dedo indicador ao redor dos olhinhos, do nariz, da boquinha, contornando-os enquanto ela sorria.- Charles, você não tem dúvida de que... Seja seu? – Arqueei a sobrancelha, tocando meu ventre, quase certa de que um novo bebê estava dentro de mim.Ele me olhou, o dedo ainda no rostinho de Melody:- Não! E só pra constar, fiz tudo de caso pensado, para pelo menos participar da vida de um bebê desde o começo... Do zero. – Ele tocou minha barriga.- Mil anos podem passar, minha alma voltar por várias encarnações... Ainda assi
- Você?- Não eu... Mas... Meu pai. – Olhei nos olhos dele, que limpou minhas lágrimas com o polegar.Charles respirou fundo e vi os olhos dele marejarem e uma lágrima solitária rolar por sua face:- Eu... Cheguei a pensar que fosse por você... Minha “garota riquinha”. E foi isso que fez eu suportar por quatro anos a prisão.Beijei sua lágrima e o abracei com força, junto de nossa filha:- Me perdoe, meu amor...- Não! Você não é culpada, Sabrina. Pelo contrário... Foi seu rosto, na minha lembrança, que me fez aguentar tudo. Não somos culpados pelas coisas que os outros fazem e você sabe disso. Quando a conheci, eu sabia que envolver-me com você era um perigo. Mas eu não me importei. Arquei com as consequências.- O Cálice Efervescente fechado... – Me ouvi dizendo, confusa
Os olhos verdes dele encontraram os meus, confusos, desesperados. Os lábios chegaram a tremer.- Charles, nós precisamos ter calma. Não vamos dizer a ninguém sobre nós... Ou pelo menos que nos encontramos, finalmente, e estamos juntos. Precisamos saber quem está por trás da sua prisão. E punir os culpados.- Não vou aguentar ficar longe de você, “garotinha”. Não agora que a encontrei... E tem nossa filha...Olhamos para Melody deitada próximo da árvore, num sono tranquilo e eu poderia apostar que feliz. Ajoelhei-me de frente para ele:- Acha que eu consigo ficar longe de você, depois de tanto tempo?- Eu espero que não... Não posso ficar sem tocá-la... De forma alguma... – Os dedos dele alisaram meu rosto.- Vamos fingir que não estamos juntos. E ganhar tempo.- Mas Mariane sabe... Se você
- E tudo que pedi, por todos os dias, foi você... E agora... – ele abaixou a cabeça e beijou minha barriga – Você está aqui.- Fomos muito injustiçados, “el cantante”.- Eu sei. – Ele ficou sério.- O culpado vai pagar... Na cadeia.- Sabrina, por que você foi parar em Noriah Sul?Respirei fundo e comecei a contar a minha parte da história:- Inicialmente meu pai achou que o bebê era de Colin... Quando soube que não era, exigiu que eu abortasse...Ele ficou imóvel e percebi a respiração acelerada.- Eu... Não aceitei. Então ele me mandou escolher: nossa filha ou minha vida naquela casa.- Você... Escolheu... Ela... – Vi os olhos dele marejarem.- Eu nunca tive dúvidas... Assim que soube que ela estava comigo, não me senti mais só. Eu consegui tudo gra&c
- Charles, nós precisamos ir. – Falei, levantando.- Não dá para ficarmos só mais um pouquinho? – Ele me olhou, ainda no chão com nossa filha.- Não queremos levantar suspeitas, não é mesmo?- Não? Eu já nem sei... Só de pensar que tenho que fingir que vocês duas não são tudo para mim, já fico puto.- Charles, por Deus! – Quase gritei.Ele pôs imediatamente a mão na boca e olhou para Melody:- Puto quer dizer... Alérgico a água do mar?Ela começou a rir, balançando a cabeça divertidamente:- Não quer dizer isso não...- Caramba, minha filha, o que quer dizer então?- Eu acho que você deve pesquisar no Google.- Ei, vocês dois? – ambos me olharam – Não é hora de discutir isso.