- Jura?
- Eu... Não tenho certeza absoluta. Mas acho que sim.
- Ela... Já sabe?
- Não... – Olhei para Melody, que nos olhava, sem entender.
- Então espere... Vamos contar quando tivermos certeza. Juntos.
Assenti, enquanto ele alisava o rosto de Melody. Depois, começou a passar o dedo indicador ao redor dos olhinhos, do nariz, da boquinha, contornando-os enquanto ela sorria.
- Charles, você não tem dúvida de que... Seja seu? – Arqueei a sobrancelha, tocando meu ventre, quase certa de que um novo bebê estava dentro de mim.
Ele me olhou, o dedo ainda no rostinho de Melody:
- Não! E só pra constar, fiz tudo de caso pensado, para pelo menos participar da vida de um bebê desde o começo... Do zero. – Ele tocou minha barriga.
- Mil anos podem passar, minha alma voltar por várias encarnações... Ainda assi
- Você?- Não eu... Mas... Meu pai. – Olhei nos olhos dele, que limpou minhas lágrimas com o polegar.Charles respirou fundo e vi os olhos dele marejarem e uma lágrima solitária rolar por sua face:- Eu... Cheguei a pensar que fosse por você... Minha “garota riquinha”. E foi isso que fez eu suportar por quatro anos a prisão.Beijei sua lágrima e o abracei com força, junto de nossa filha:- Me perdoe, meu amor...- Não! Você não é culpada, Sabrina. Pelo contrário... Foi seu rosto, na minha lembrança, que me fez aguentar tudo. Não somos culpados pelas coisas que os outros fazem e você sabe disso. Quando a conheci, eu sabia que envolver-me com você era um perigo. Mas eu não me importei. Arquei com as consequências.- O Cálice Efervescente fechado... – Me ouvi dizendo, confusa
Os olhos verdes dele encontraram os meus, confusos, desesperados. Os lábios chegaram a tremer.- Charles, nós precisamos ter calma. Não vamos dizer a ninguém sobre nós... Ou pelo menos que nos encontramos, finalmente, e estamos juntos. Precisamos saber quem está por trás da sua prisão. E punir os culpados.- Não vou aguentar ficar longe de você, “garotinha”. Não agora que a encontrei... E tem nossa filha...Olhamos para Melody deitada próximo da árvore, num sono tranquilo e eu poderia apostar que feliz. Ajoelhei-me de frente para ele:- Acha que eu consigo ficar longe de você, depois de tanto tempo?- Eu espero que não... Não posso ficar sem tocá-la... De forma alguma... – Os dedos dele alisaram meu rosto.- Vamos fingir que não estamos juntos. E ganhar tempo.- Mas Mariane sabe... Se você
- E tudo que pedi, por todos os dias, foi você... E agora... – ele abaixou a cabeça e beijou minha barriga – Você está aqui.- Fomos muito injustiçados, “el cantante”.- Eu sei. – Ele ficou sério.- O culpado vai pagar... Na cadeia.- Sabrina, por que você foi parar em Noriah Sul?Respirei fundo e comecei a contar a minha parte da história:- Inicialmente meu pai achou que o bebê era de Colin... Quando soube que não era, exigiu que eu abortasse...Ele ficou imóvel e percebi a respiração acelerada.- Eu... Não aceitei. Então ele me mandou escolher: nossa filha ou minha vida naquela casa.- Você... Escolheu... Ela... – Vi os olhos dele marejarem.- Eu nunca tive dúvidas... Assim que soube que ela estava comigo, não me senti mais só. Eu consegui tudo gra&c
- Charles, nós precisamos ir. – Falei, levantando.- Não dá para ficarmos só mais um pouquinho? – Ele me olhou, ainda no chão com nossa filha.- Não queremos levantar suspeitas, não é mesmo?- Não? Eu já nem sei... Só de pensar que tenho que fingir que vocês duas não são tudo para mim, já fico puto.- Charles, por Deus! – Quase gritei.Ele pôs imediatamente a mão na boca e olhou para Melody:- Puto quer dizer... Alérgico a água do mar?Ela começou a rir, balançando a cabeça divertidamente:- Não quer dizer isso não...- Caramba, minha filha, o que quer dizer então?- Eu acho que você deve pesquisar no Google.- Ei, vocês dois? – ambos me olharam – Não é hora de discutir isso.
- Você está bem, Sabrina? – Calissa perguntou.- Sim. – Confirmei, olhando para trás, sem parar de caminhar.- Está suja... A roupa por inteiro.- Eu deitei no chão com Melody. – Expliquei.De cada dez palavras que eles trocavam com Melody, cinco era perguntando se ela não tinha se machucado. Ah, eles podiam me odiar. Mas se gostavam dela, eu sinceramente pouco me importava. E não que eu quisesse que minha filha fosse aceita pelos Rockfeller. Mas eu não gostava quando qualquer pessoa, independente de quem fosse, a tratasse de qualquer forma que não fosse gentil ou carinhosa. Simplesmente porque Melody era um encanto, o amor em pessoa.Não lembrava de o caminho ser tão longo. Mas foi o que pareceu. Quando chegamos perto da casa, vi Guilherme sentado na escadaria. Assim que me viu, veio correndo na nossa direção.Ele me abraçou e
- Precisamos? – Me fiz de desentendida.- Você sabe que sim. – Ele foi sério.- Quer... Entrar no quarto que lhe pertence e termos nossa conversa aqui? – Debochei, não conseguindo me conter.- Melhor não... Melody pode nos escutar.- O que tem para me falar que minha filha não pode escutar? Pretende me falar palavrões? Algo que me ofenda... Ou ofenda à ela? Ou quem sabe alguma coisa relativa ao pai dela?- Sabrina, não torne as coisas mais difíceis. Estou tentando fazer tudo dar certo.- Jura?- Sabrina, eu fico com ela, não se preocupe. – Yuna me tranquilizou.Me vi fechando a porta e o seguindo pelo corredor estreito e pouco iluminado em função da fraca luz natural da rua.Entramos na pequena sala que tinha no andar superior e ele fechou a porta. Em anos, quase nada tinha mudado naquela casa. E aquele lugar,
- Sim... Está falando de Colin mesmo...- Sim.- Mas... Por que entrar com pedido judicialmente? Pode fazer isso, Sabrina. A empresa também é sua.- Mas para mim havia ficado claro que se eu tivesse Melody, perdia a minha parte da herança. Claro que com o tempo descobri que isso não era possível, afinal, é minha por direito e suas simples palavras proferidas num momento de raiva não contam de nada.- Tem todo direito de trabalhar na empresa.- Quero a área financeira.Ele arqueou a sobrancelha:- A área financeira?- É nisso que me formei... Tenho habilitação para o mercado financeiro tanto quanto dar aulas no Ensino Fundamental e Médio.- Seria... Ótimo.Não tive certeza se ele realmente se agradou ou falou da boca para fora.- Combinado então. Quando iniciar o ano, vou trabalhar na J.R Re
Guilherme olhou para a roupa molhada:- Tudo bem Medy... Eu vou me trocar.Ele saiu e Melody sentou-se no lugar dele:- Quero comida, mamãe.Um dos empregados retirou o prato de Guilherme e serviu outro para Melody.- Pode dar na minha boca, mamãe? – Ela pediu.- Claro, meu docinho.Ela não costumava fazer aquilo. Pelo contrário, era muito independente. Parecia estar querendo chamar a atenção. Assim como ocupar o lugar de Guilherme à mesa.Dei uma garfada de comida na boca dela, que falou, diretamente para Mariane:- Você parece algumas das minhas Barbies.Minha irmã a encarou, arqueando a sobrancelha:- Devo dizer obrigada?- De nada... Parece aquelas que estão mais velhas e os cabelos viraram emaranhados que é impossível pentear. A mamãe não deixa eu jogá-las fora. O problema é que o