- Precisamos? – Me fiz de desentendida.
- Você sabe que sim. – Ele foi sério.
- Quer... Entrar no quarto que lhe pertence e termos nossa conversa aqui? – Debochei, não conseguindo me conter.
- Melhor não... Melody pode nos escutar.
- O que tem para me falar que minha filha não pode escutar? Pretende me falar palavrões? Algo que me ofenda... Ou ofenda à ela? Ou quem sabe alguma coisa relativa ao pai dela?
- Sabrina, não torne as coisas mais difíceis. Estou tentando fazer tudo dar certo.
- Jura?
- Sabrina, eu fico com ela, não se preocupe. – Yuna me tranquilizou.
Me vi fechando a porta e o seguindo pelo corredor estreito e pouco iluminado em função da fraca luz natural da rua.
Entramos na pequena sala que tinha no andar superior e ele fechou a porta. Em anos, quase nada tinha mudado naquela casa. E aquele lugar,
- Sim... Está falando de Colin mesmo...- Sim.- Mas... Por que entrar com pedido judicialmente? Pode fazer isso, Sabrina. A empresa também é sua.- Mas para mim havia ficado claro que se eu tivesse Melody, perdia a minha parte da herança. Claro que com o tempo descobri que isso não era possível, afinal, é minha por direito e suas simples palavras proferidas num momento de raiva não contam de nada.- Tem todo direito de trabalhar na empresa.- Quero a área financeira.Ele arqueou a sobrancelha:- A área financeira?- É nisso que me formei... Tenho habilitação para o mercado financeiro tanto quanto dar aulas no Ensino Fundamental e Médio.- Seria... Ótimo.Não tive certeza se ele realmente se agradou ou falou da boca para fora.- Combinado então. Quando iniciar o ano, vou trabalhar na J.R Re
Guilherme olhou para a roupa molhada:- Tudo bem Medy... Eu vou me trocar.Ele saiu e Melody sentou-se no lugar dele:- Quero comida, mamãe.Um dos empregados retirou o prato de Guilherme e serviu outro para Melody.- Pode dar na minha boca, mamãe? – Ela pediu.- Claro, meu docinho.Ela não costumava fazer aquilo. Pelo contrário, era muito independente. Parecia estar querendo chamar a atenção. Assim como ocupar o lugar de Guilherme à mesa.Dei uma garfada de comida na boca dela, que falou, diretamente para Mariane:- Você parece algumas das minhas Barbies.Minha irmã a encarou, arqueando a sobrancelha:- Devo dizer obrigada?- De nada... Parece aquelas que estão mais velhas e os cabelos viraram emaranhados que é impossível pentear. A mamãe não deixa eu jogá-las fora. O problema é que o
Senti um frio na barriga e uma dor dentro de mim. Eu gostava de Guilherme e estava magoando-o e fazendo-o sofrer. E essa nunca foi minha intenção. Novamente o destino brincava comigo, quando pôs o filho de “el cantante” no meu caminho. E talvez exatamente este “detalhe” que tenha feito eu me interessar por ele.- Gui, não sabe o quanto eu sinto por tudo que está acontecendo – toquei o rosto dele, encarando os olhos cor de mel. Percebi que ele era mais parecido com a avó do que com Kelly e Charles, embora o sorriso fosse exatamente como o do pai – Não queria magoá-lo. Mas nunca lhe menti sobre meus sentimentos pelo pai de Melody. Só tivemos o azar de... Ele ser o seu pai.- Melody já sabe que somos irmãos?- Não... Acho que não se deu em conta, mesmo sendo esperta. Porque isso é meio surreal: eu, você, Charles, Medy... E minha
Quando desci com Melody, todos estavam na sala principal. Ela usava o vestido rosa que amava, cheio de babados e rendas. Não quis esperar a noite de Natal para usar.- Você está linda! – Charles disse, sem conter a emoção ao vê-la.Ela rodou várias vezes, fazendo a saia girar:- Eu sou uma princesa. – Começou a se exibir.- É a princesa do vovô. – J.R abriu os braços e ela se jogou neles, sendo paparicada e mimada por ele e Calissa.Eu não conseguia entender como ele conseguia ser tão doce e amável com ela. Sinceramente, eu nunca havia visto aquele J.R na vida: relaxado, cheio de amor e carinho para dar.Respirei fundo e sentei no sofá, de frente para Charles e Mariane. Yuna estava do meu lado. Guilherme ainda não havia descido.Mariane levantou o braço de Charles e pôs sobre os ombros dela, deita
Me parecia que eles estavam a fugir da confusão que estava se armando mais uma vez.- Boa noite a todos.- Boa noite. – Melody correu na direção deles, abraçando-os.- Quem sabe sobe um pouco conosco? A gente pode lhe contar uma historinha. – Calissa sugeriu.- Eu quero ouvir a música de Charlie B. – Ela olhou para o pai, sorrindo.- Mas Charlie B. pode cantar sempre que você quiser... Ao menos enquanto estiverem aqui. – Calissa insistiu.- Eu quero... Ele... – Ela sentou-se entre Charles e Mariane, separando-os.Calissa falou no meu ouvido:- Acho que ele tem uma fã fiel e daquelas muito tietes. – Sorriu.- Só a melhor de todas. – Falei, enquanto observava os dois, junto da terceira pessoa que tentava entrar naquela situação: Mariane.- Boa noite a todos. – J.R falou, subindo.Yuna levantou:
Mariane não disse nada, parecendo não entender a deixa.- Com tantos homens, por que escolher os meus?- Ninguém é proprietário de ninguém nesta vida, Sabrina. Achei que você já tinha percebido isso.- Existe uma coisa que se chama amor... Você conhece?- Claro – ela me olhou, seriamente – Eu o amo. Mas nunca tive sentimentos por Colin. Foi só uma transa de uma noite.- E tinha que ser justo na noite antes do meu casamento? Eu gostava de Colin... Nos dávamos bem.- Deveria ter casado com ele. Eu sugeri isso, inclusive.- Eu não sou mais a menina ingênua que você conheceu e traiu, da pior forma possível.- E eu não estou disposta a abrir mão de Charles por você.Peguei o cigarro da mão dela e joguei na areia, pisoteando:- Eu lhe contei toda minha verdade naquele dia. Estava sendo posta para fora da nossa casa com um filho no ventre. E você teve a capacidade de ir atrás do homem que eu amava, mesmo sabendo que eu estava grávida dele... E... – Engoli a saliva, tentando não chorar, incap
- Não vou bater nele... Não se preocupe. Embora devesse apanhar uma surra para aprender a ser homem.- Como você? – O garoto provocou, ainda de forma sarcástica.- Como eu. Jamais toquei uma mulher sem que ela quisesse.- Minha mãe era uma menina quando você a engravidou.Charles soltou-o, dando um passo para trás, os olhos ficando tempestuosos:- Eu tinha dezesseis anos, porra. Eu também era uma criança.- Mas sabia como fazer crianças.- Tanto quanto sua mãe. Éramos adolescentes... Nos gostávamos. E chegamos a tentar criar você juntos, mesmo em casa separadas.- Nada do que vem de você é verdade.- Nunca me deu uma chance de lhe dizer a minha verdade.- Charles, por favor. O adulto aqui é você. Vamos encerrar isso. – Pedi.- Está me chamando de criança agora, Sabrina?- Não, Gui. Só estou tentando explicar-lhes que aqui não é hora nem lugar para discussões. Já é tarde e...A porta se abriu e Melody apareceu, com os cabelos amassados e os olhinhos quase fechados. Olhou para nós e lev
- Que surpresa! Vocês todos aqui... – Falei, fingindo não saber de nada.Charles seguiu cantando, mas os olhos dele não ficavam mais sobre a filha e sim na minha direção. Nada melhor que fazer minha irmã sentir um pouco da minha dor. Se ela realmente gostasse de Charles, aquilo acabaria com ela.Transamos há dois meses pela última vez. E foi só uma bem dada, embora eu tenha gozado duas vezes. Éramos como fogo e gasolina e o desejo e luxúria sempre foi mais forte que tudo entre nós.Só de sentir o olhar dele, minha pele queimava e o corpo ansiava pelo seu.- Se não se importam, preciso pegar uma roupa. – Fui em direção ao armário, pegando uma camiseta e uma calça jeans mais larga e confortável.Abaixei-me para pegar uma calcinha, certa de que boa parte do meu corpo nu ficava em evidência. Levantei a li