“É difícil esperar por algo que você sabe que nunca poderia acontecer, mas é mais difícil de largar, quando é a única coisa que você quer.”
Clarisse Lispector.
Gabriel me visitava todos os dias. Ele era um amor. Fazia questão de não me deixar sozinha com medo de que eu tentasse colocar fogo na casa com todo mundo dentro.
– Já disse que eu não vou fazer isso! – quantas vezes eu repeti aquela frase na esperança que ele acreditasse em mim? Acho que perdi a conta na primeira hora.
– Tudo bem. Eu acredit
"Para ver muita coisa é preciso despregar os olhos de si mesmo." Friedrich Nietzsche. - Ah, que saudades de você minha querida! – a mãe de Ana dizia enquanto nos servia uma xícara de chá. – Mas o que houve com a sua cabeça? – Ah, nada demais. Um pequeno acidente. Já estou bem melhor. – tentei mostrar o sorriso mais simpático que tinha. – Tia, Ana está? – Ainda não chegou da escola. Mas esperem um pouco, já está na hora dela sair. Como está sua mãe? – Bem. – E esse rapaz? Quem é? – Oh, me perdoe. Esqueci de apresentar. Esse é o meu namorado. Gabriel. – É um prazer, senhora. – beijou as costas da mão dela. – Elisa, não tem mais desse onde você encontrou não? Ele é o tipo de rapaz que eu adoraria ter como genro. – Gabriel parecia nervoso. Graças a Deus, para a salvação de todos daquela situação desconfortável, Ana che
“Amanhã pode ser tarde. Tarde pra dizer que ama, pra dizer que perdoa, pra você dizer que desculpa, pra você dizer que quer tentar de novo.” Autor Desconhecido. - Não temos nada pra conversar. – fechou a porta, passou por mim e foi direto para o banheiro. – Ah, temos. Temos muita roupa suja pra lavar. – segui-o. – Como o quê, por exemplo? – virou-se repentinamente fazendo com que eu esbarrasse em seu peito. Só pude dizer uma coisa: – Me perdoa. – baixei a cabeça. Ele parecia confuso, como se tivessem acabado de dizer que ele ganhou na mega sena. – Hã? – Me perdoa. Você tinha razão. – minha voz quase não saía. Era difícil admitir aquilo. – O que disse? – Me perdoa. – Não, não. A outra parte. – Você tinha razão. – falei entredentes. – Você o quê? – Você tinha razão, tá bom? Ouviu agora ou quer que eu grite pro mundo? – aumentei
"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento." Clarice Lispector. Fiz que sim. Queria dizer que estava, mas era meio difícil, por um momento esqueci como se falava. Me deu um beijo e de provocação só colocou a cabecinha do pênis. Ele foi colocando aos poucos, enquanto massageava meus seios. Parecia que ele queria me torturar, pois saiu de dentro de mim. – Está me castigando? – perguntei alisando seu peito. Senhor, que corpo maravilhoso. – Sim. Você foi uma menina muito má. – colocou a cabecinha novamente. Só de raiva, com as pernas, puxei-o para mim. Talvez essa tenha sido a maior besteira que eu fiz, porque esqueci que ainda era virgem. Senti uma dor horrível, horrível mesmo, tipo “puta que pariu”. Por pouco não gritei. Uma lágrima escorreu. – Elisa! Por que fez isso? Estava tentando penetrar
"Existem momentos na vida em que a gente precisa ser mais forte do que acha que pode." Lucas Silveira. Elisa Seis anos se passaram. Seis longos anos, nos quais só vi Daniel quatro vezes. Nas férias do primeiro ano em que viajamos e nos três anos seguintes em comemorações de fim de ano. Depois disso, alguma coisa aconteceu e ele foificando cada vez mais distante, até que um dia paramos de nos falar de vez. – Tem certeza de que está preparada pra voltar, Elisa? Você sabe que ele vai estar lá! – em todos esses anos, Gabriel foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Ele sempre esteve ao meu lado, tanto nos momentos bons, quanto nos péssimos. Nossa relação era como se fôssemos irmãos, coisa que eu e Daniel deveríamos ser. – Eu sei. – o clima dentro do carro, parado de frente para a antiga casa onde morei, não era nada agradável. – Elisa, não creio que você vai voltar a ag
“Carregamos algumas feridas conosco em todos os lugares. E mesmo quando a ferida se fecha, a dor ainda pode permanecer.” Autor Desconhecido. A minha sorte é que Gabriel estava atrás de mim, me amparando, porque senão eu cairia dura no chão. – Hã... meu querido irmão, será que podemos conversar? – olhei para a noivinha. – A sós. – Claro! – sorriu torto - Era exatamente o que eu iria propor. – Ótimo. Vamos. – saímos da casa e fomos para a fonte que costumávamos visitar. Ali ninguém nos perturbaria, eu poderia gritar o quanto quisesse e ninguém notaria se um corpo desaparecesse. Fui andando na frente e quando parei, fiquei de costas para ele. Respirei fundo para não perder o controle e me virei já falando: – Que história é essa de você se casar e ainda por cima dessa garota estar grávida? Perdi alguma coisa? – ele olhava para baixo mexendo na grama com o pé e com as mãos nos bo
“Eu conto as minhas mentiras como se fossem verdades e você conta suas verdades como se fossem mentiras”. Autor Desconhecido. Daniel Sentado naquele banco, olhando a mulher incrível que Elisa se tornou voltar para casa cavalgando, me fez perceber que as coisas estavam mais diferentes do que eu pensava.A única coisa que não mudava era a capacidade dela se fechar em seu próprio mundo e acreditar somente na realidade que queria. Mas numa coisa Elisa tinha razão, eu estava tratando mal a Sara. As coisas precisavam mudar. Voltei para casa, fui pro meu quarto, tomei um banho e deitei na cama. Fiquei pensando no que faria a partir de agora, e nas coisas que aconteceram. Aquele lugar me trazia a lembrança mais feliz que eu já tive: ter Elisa em meus braços, fazê-la minha, tomá-la por completo. Fechei os olhos e as cenas voltaram vívidas em minha mente, deixando um leve sorriso
"A única maneira de nos livrarmos da tentação é ceder a ela."Oscar Wilde.ElisaNão estava mais aguentando ficar no mesmo ambiente que Daniel e aquela... aquela...Argh! Precisava de ar, precisava pensar. Até quando eu aguentaria aquilo tudo?Fui para o jardim da frente da casa, me sentei na base da fonte, peguei uma flor e fiquei pensando em tudo o que tinha acontecido. Quanto mais independente eu parecia, mais dependente de Daniel eu ficava. Mas que droga! Por que as coisas não podiam ser simples? Por que eu tinha que amar logo a ele com tantos homens lindos e ricos por aí? O pior é que ainda teria que explicar aquela história de casamento à Marisa antes que ela me queimasse viva. Já bastavam os chutes que eu levei por baixo da mesa após termos t
"A alegria torna o homem sociável, a dor individualiza-o." Christian Hebbel. Como assim “vamos adotar uma criança”? Essa quantidade não está boa, não? – perguntei. – Bom, posso explicar? – Tom pediu. – Por favor! – Eu tenho... quer dizer, eu tinha um primo que levou uma vida muito promíscua e que acabou engravidando uma mulher. Ela não queria a criança, mas ele não permitiu que ela abortasse. Quando a criança nasceu ele pegou-a e passou a cuidar dela. Há alguns dias esse mesmo primo sofreu um acidente e acabou falecendo. Como eu era a pessoa mais próxima dele, ele pediu em testamento para que eu cuidasse da criança. – Qual é o nome da criança? – Daniel perguntou. –Maryana. Ela tem quatro anos, fará cinco em breve. – Gostaríamos que você e Sara cuidassem dela enquanto estiverem por aqui. – acrescentou Helen. – Vai ser bom par