“Eu amo tudo o que foi. Tudo o que já não é. A dor que já não me dói. A antiga e errônea fé. O ontem que a dor deixou. O que deixou alegria. Só porque foi, e voou. E hoje é já outro dia.”
Fernando Pessoa.
- Bom dia, bom dia, bom dia! – Mary pulava na nossa cama, nos acordando.– Bom dia pra você também, mocinha. Vejo que está bem animada. – Daniel foi o primeiro a falar. – Vamos deixar a mamãe dormir mais um pouquinho, que tal? Enquanto isso, a gente pode preparar algo bem gostoso pra ela. – pegou Mary no colo e seguiram em direção à porta.
– Estou aceitando bolo de cenoura com chocolate! – gritei antes que saíssem de vez. Pude ouvir algumas risadas ao fundo.
Tentei dormir novamente, mas depois de várias reviradas pela cama, che
"A história é feita por aqueles que quebram as regras." Homens de honra. Elisa Eu estava chocada e ao mesmo tempo não sabia que sensação era aquela dentro de mim. Não sabia dizer se estava aliviada pela coisa que eu mais desejava acontecer ou com raiva por Helen ter omitido algo tão importante de mim. Mas ainda acreditava que ela estivessezoando com a nossa cara. – Como assim não somos irmãos? Isso não é hora de fazer brincadeiras, mãe. – falei nervosa, com os olhos já marejados. – Pra sorte de vocês, não, não é mentira. – suspirou. – É uma longa história. Espero que estejam preparados para ouvir. – Por favor, Helen. – Daniel encorajou, parecia ansioso. – Só tenha cuidado para não deixar Elisa muito nervosa ou ansiosa. – Não se preocupe. – sorriu triste. – Não farei suspense. Direi apenas a verdade. – tirou um anel da caixa. Ele parecia ser simples, diferente dos q
"Como poucos, eu conheci as lutas e as tempestades. Como poucos, eu amei a palavra liberdade e por ela briguei."Oswald de Andrade.DanielTrês meses depois...– Elisa, abra a boquinha. – Marisa segurava uma colher com um pedaço de bolo.– Marisa, já disse que a Elisa não vai comer essa sua gororoba!– Gororoba? Olha como fala da minha comida! Estou cozinhando muito melhor desde que comecei a fazer o curso de culinária.– Você quer dizer que começou a cozinhar, né?– Elisa, acho bom você calar a boca do seu homem antes que seus filhos nasçam sem pai.– Você não vai fazer nada com o Daniel, acalma a periquita aí! E você – segurou-me pela gola
“Toda história tem um fim, mas na vida cada final é um novo começo.” Grande menina, pequena mulher. Narrador - O vestido não quer fechar! – a mulher reclamou após tentar subir o zíper pela enésima vez. – Talvez isso seja um sinal. Talvez eu deva desistir, voltar para minha casa e morar sozinha com quatorze gatos. – Deixe de ser dramática! – a amiga exclamou. – Deixe-me ajudá-la. – ajeitou o vestido no corpo da mulher. – Agora encolha a barriga e prenda a respiração. – ela obedeceu, permitindo que o vestido fosse fechado. – Pronto. – sorriu. – Teria sido mais fácil se você não tivesse passado as últimas duas semanas comendo igual a uma desesperada. – Está me chamando de desesperada? – Claro que não! – riu. – Agora se acalme. – falou antes que a amiga pudesse protestar. – Hoje é o dia mais importante da sua vida e você deve estar feliz. Pense na pessoa que estará te esperando
" Todos os problemas se tornariam menores se, ao invés de fugir, os enfrentássemos." Sara Aster. Minha mãe se casara de novo, e com isso teríamos que nos mudar para a casa de meu padrasto. Não gostava do fato de abandonar meu mundo, onde minha vida acontecia, onde eu tinha aprendido a superar os problemas, e onde eu tinha quecompartilhar a casa com apenas uma pessoa. Mas a felicidade da minha mãe me impedia de manifestar qualquer vontade. Sua alegria me contagiava e eu percebia que não podia acabar com ela por causa de um capricho meu. Então decidi esconder minha infelicidade dela. – Pense positivo. - falava a mim mesma enquanto colocava minhas coisas dentro das caixas de papelão – O que pode dar errado? – Tudo. – Vai ser legal! – tentei me animar. – Claro que vai ser legal, vai ser ótimo! – disse minha mãe entrando no quarto. Me perguntei até onde ela tinha ouvido e se tinha percebido meu desânimo. Parec
"O destino une e separa as pessoas, mas nenhuma força é grande o suficiente para nos fazer esquecer o que sentimos por elas." Sara Aster. Após cansar de olhar pra janela do carro, inclinei o banco e liguei meu ipod. Somente minhas músicas poderiam me confortar naquela monotonia. Sabia que tinha que ligarpra Ana, havia prometido, mas não queria falar com ela tendo minha mãe por perto. Poderia dizer algo comprometedor. Fechei os olhos e me concentrei no som que saía dos fones, mas era impossível relaxar e pensar em nada. Não sei porquê, mas algo estava me deixando ansiosa. O que poderia ter naquele lugar de tão interessante? Provavelmente nada. Fora que precisava me recordar de cinco em cinco minutos do porquê estava fazendo tudo aquilo. Meus devaneios estavam me deixando sonolenta, e eu teria adormecido se não fosse pelos cutucões da minha mãe em meu braço. – Oi. O que foi? – disse sem abrir os olhos e c
"Quando somos amados, não duvidamos de nada. Quando amamos, duvidamos de tudo." Sidonie Colette. -Bom meninos, agora precisamos ir. Nosso avião sai daqui a duas horas. Até chegarmos ao aeroporto e passarmos por todas aquelas revisões, nosso voo já estará pronto pra sair. - dizia Tom. Quando meu estresse não me impedia de ver as coisas como elas eram, Tom era um fofo, educado, elegante e bonito. Acho que poderia confiar minha mãe a ele. Isso é claro, se ela não tivesse uma crise de meia idade na viagem. – Tudo bem, então. Só uma pergunta: onde fica meu quarto? – Ah, sim. Desculpe por ter esquecido de falar. Seu quarto é no segundo andar, última porta, do lado esquerdo. Qualquer dúvida pergunte ao Daniel. Ele te ajudará no que precisar. – Obrigada. Vou ajeitar minhas coisas. Boa viajem. Cuide bem da minha mãe, Tom. – Fique tranquila. Não deixarei que ela faça nenhuma besteira. Voltaremos e
"Por mais simples que sejam os momentos eles se tornam únicos e inesquecíveis se compartilhados com aqueles que amamos." Sara Aster. Naquela noite eu não dormi. Eu me sentia parte do Cirque du Soleil de tanto me contorcer na cama. Sempre que eu fechava os olhos a imagem de Daniel sorrindovinha a minha mente e meu coração disparava, sentia um frio na barriga e um aperto no peito. Minha querida Elisa. Aquela frase ficava ecoando na minha mente. Ninguém nunca havia me dado um beijo de boa noite ou me tratado com tanto carinho. Ele era diferente e me fazia sentir diferente perto dele. Mas eu não deveria me sentir assim, deveria? Afinal, Daniel era meu irmão, um irmão que mais parecia um primo distante, mas que mesmo assim tinha o mesmo sangue que o meu correndo em suas veias. Levantei antes do Sol. Tomei um banho bem demorado esperando que assim o tempo pudesse passar. Vesti uma calça jeans já que o tem
“Aproveite cada dia como se fosse o último, valorize cada momento. Afinal, nunca se sabe quando sua hora vai chegar.” Sara Aster. Não tive sonhos. Muito menos uma noite tranquila. Desde que eu havia chegado àquela casa, nenhuma noite havia sido tranquila. Minha mãe talvez chegasse no dia seguinte de noite. Imaginava como seriam as coisas após sua volta. Fiquei uns trintaminutos pensando nos últimos dias e em como seriam os próximos. Pensando em Daniel. Será que aquilo tudo era alguma brincadeira de mau gosto? Será que ele tinha percebido o escândalo que meu coração fazia perto dele? Tantas coisas, tão pouco tempo. ”Todas as dificuldades vem acompanhadas de meios para solucioná-la, Elisa ”, Ana disse uma vez, e desde então essa frase já tinha me consolado inúmeras vezes em menos de uma hora. Não podia me render à vontade de me flagelar pensando em como era errado sentir aquelas coisas estranhas quando estav