“Enganar a si mesmo, é enganar o coração, enganar a alma, inventar desculpas para não enfrentar a realidade. Enganar a si mesmo, é ter medo de se machucar, medo de errar, medo de sofrer. Enganar a si mesmo, é fechar os olhos, tapar os ouvidos, e esquecer. Esquecer tudo o que passou, tudo o que ficou, tudo o que restou.”
Sara Aster.
Ao abrir os olhos, flashs da noite passada invadiram meus pensamentos. Sentei na cama, deixando escapar um leve gemido de dor. Era como se eu tivesse levado uma pancada muito forte na cabeça. O lençol que cobria meu corpo deslizou, mostrando meus seios. Eu estava... nua? Como eu tinha parado naquela cama, sem roupas ainda por cima?
Olhei para o lado e Daniel me encarava com um olhar distante.
– Essa dor forte que você está sentindo é mais conhecida como ressaca, sabia? – ignorei o que havia falado e levantei o lençol que cobria sua cintura. Ele estava de cueca Boxer.
<"A gente conseguiu e ainda consegue superar todas as dificuldades e desafios porque o amor fala mais alto no fim das contas." Martha Medeiros. Era difícil saber se ele iria mesmo embora, já que provavelmente o portão deveria estar trancado. A todo custo estava tentando controlar as lágrimas e até que estava me saindo bem. Fui até o closet do quarto e procurei por alguma roupa. Acabei optando por uma camisola de seda vermelha, a única que tinha. Marisa realmente havia pensado em tudo. As pétalas de rosa ainda estavam espalhadas pelo chão e as velas, já pela metade, repousavam em cima das cômodas. Me joguei na cama e fitei o teto. Eu estava fraca, não tinha força para levantar uma pétala sequer. Meu corpo ainda queimava com o toque de Daniel e a ficha ainda não havia caído. De todas as burradas que eu fiz essa foi a maior. Não senti o tempo passar, eu es
"O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem." Antoine de Saint-Exupéry. - Eu realmente preciso ir, querida. – Não, papai! Fica! Por favor! – Mary abraçava a cintura de Daniel, se pendurando nele. – Maryana... – Mamãe! – correu na minha direção. – O papai quer ir embora! Não deixa ele ir, mamãe. Não deixa! Eu queria falar algo, mas mesmo que eu pensasse as palavras não saíam. A única coisa que conseguia fazer era olhar fixamente para o homem parado a minha frente. Definitivamente o tempo fazia bem a ele. - Mamãe? – Mary pulava na minha frente, tentando chamar minha atenção. Daniel correspondia ao meu olhar. Era como se estivéssemos presos. Não conseguíamos desviar. - Tia, a mamãe ta estranha! – Mary se desesperou. – Vem ver como ela tá. Na mesma hora Marisa veio como um furacão: ágil
" E no fim, você vê que tudo valeu a pena... " Sara Aster. - O que aconteceu para que mudasse de ideia tão rápido? – analisou-me da cabeça aos pés. – Daniel... – sentei de frente para ele, respirei fundo e falei o que já era pra ter sido dito há tempos. – você não consegue ser só meu irmão e eu não quero que o seja. Acho que o nosso parentesco nunca foi o verdadeiro problema, porque eu sempre te quis, sempre te desejei para mim e mais ninguém. Você é meu e somente meu. E você sabe disso. Inclusive da dependência que eu tenho... – baixei a cabeça e passei a brincar com os dedos enquanto falava. – algumas pessoas podem considerar isso um problema, mas eu não sei o que seria de mim sem você. Eu tentei ser forte por todo esse tempo, não sei como cheguei a tal ponto. E agora eu vejo que todo esse sofrimento não foi unilateral. Talvez eu estivesse tão imersa na minha própria depressão que não conseguia enxergar o quanto te m
"Nunca faças aposta. Se sabes que vais ganhar és um patife, e se não sabes és um tolo." Confúcio. A água do chuveiro lavava não só o meu corpo, mas também toda a tensão da noite passada. Agora tudo tinha se ajeitado. Parecia que finalmente eu seria feliz com a pessoa que eu amava: meu irmão. E em momento algum o nosso parentesco significou algo pra mim. Depois de tudo o que fizemos, tudo o que aconteceu, colocar a fraternidade como um empecilho seria estúpido. Era assim que eu esperava que Helen pensasse. Seria difícil, muito difícil contar a ela toda a verdade. Saí do banho e fiquei olhando a barriga no espelho. Graças aos céus eu não tinha ficado com estrias, celulites e cicatrizes da primeira gravidez. Esperava profundamente que isso não acontecesse na segunda. – Vai dar tudo certo, meu amor. – falei, olhando para minha barriga. Vesti
“Eu amo tudo o que foi. Tudo o que já não é. A dor que já não me dói. A antiga e errônea fé. O ontem que a dor deixou. O que deixou alegria. Só porque foi, e voou. E hoje é já outro dia.”Fernando Pessoa.- Bom dia, bom dia, bom dia! – Mary pulava na nossa cama, nos acordando.– Bom dia pra você também, mocinha. Vejo que está bem animada. – Daniel foi o primeiro a falar. – Vamos deixar a mamãe dormir mais um pouquinho, que tal? Enquanto isso, a gente pode preparar algo bem gostoso pra ela. – pegou Mary no colo e seguiram em direção à porta.– Estou aceitando bolo de cenoura com chocolate! – gritei antes que saíssem de vez. Pude ouvir algumas risadas ao fundo.Tentei dormir novamente, mas depois de várias reviradas pela cama, che
"A história é feita por aqueles que quebram as regras." Homens de honra. Elisa Eu estava chocada e ao mesmo tempo não sabia que sensação era aquela dentro de mim. Não sabia dizer se estava aliviada pela coisa que eu mais desejava acontecer ou com raiva por Helen ter omitido algo tão importante de mim. Mas ainda acreditava que ela estivessezoando com a nossa cara. – Como assim não somos irmãos? Isso não é hora de fazer brincadeiras, mãe. – falei nervosa, com os olhos já marejados. – Pra sorte de vocês, não, não é mentira. – suspirou. – É uma longa história. Espero que estejam preparados para ouvir. – Por favor, Helen. – Daniel encorajou, parecia ansioso. – Só tenha cuidado para não deixar Elisa muito nervosa ou ansiosa. – Não se preocupe. – sorriu triste. – Não farei suspense. Direi apenas a verdade. – tirou um anel da caixa. Ele parecia ser simples, diferente dos q
"Como poucos, eu conheci as lutas e as tempestades. Como poucos, eu amei a palavra liberdade e por ela briguei."Oswald de Andrade.DanielTrês meses depois...– Elisa, abra a boquinha. – Marisa segurava uma colher com um pedaço de bolo.– Marisa, já disse que a Elisa não vai comer essa sua gororoba!– Gororoba? Olha como fala da minha comida! Estou cozinhando muito melhor desde que comecei a fazer o curso de culinária.– Você quer dizer que começou a cozinhar, né?– Elisa, acho bom você calar a boca do seu homem antes que seus filhos nasçam sem pai.– Você não vai fazer nada com o Daniel, acalma a periquita aí! E você – segurou-me pela gola
“Toda história tem um fim, mas na vida cada final é um novo começo.” Grande menina, pequena mulher. Narrador - O vestido não quer fechar! – a mulher reclamou após tentar subir o zíper pela enésima vez. – Talvez isso seja um sinal. Talvez eu deva desistir, voltar para minha casa e morar sozinha com quatorze gatos. – Deixe de ser dramática! – a amiga exclamou. – Deixe-me ajudá-la. – ajeitou o vestido no corpo da mulher. – Agora encolha a barriga e prenda a respiração. – ela obedeceu, permitindo que o vestido fosse fechado. – Pronto. – sorriu. – Teria sido mais fácil se você não tivesse passado as últimas duas semanas comendo igual a uma desesperada. – Está me chamando de desesperada? – Claro que não! – riu. – Agora se acalme. – falou antes que a amiga pudesse protestar. – Hoje é o dia mais importante da sua vida e você deve estar feliz. Pense na pessoa que estará te esperando