" E no fim, você vê que tudo valeu a pena... "
Sara Aster.
- O que aconteceu para que mudasse de ideia tão rápido? – analisou-me da cabeça aos pés.
– Daniel... – sentei de frente para ele, respirei fundo e falei o que já era pra ter sido dito há tempos. – você não consegue ser só meu irmão e eu não quero que o seja. Acho que o nosso parentesco nunca foi o verdadeiro problema, porque eu sempre te quis, sempre te desejei para mim e mais ninguém. Você é meu e somente meu. E você sabe disso. Inclusive da dependência que eu tenho... – baixei a cabeça e passei a brincar com os dedos enquanto falava. – algumas pessoas podem considerar isso um problema, mas eu não sei o que seria de mim sem você. Eu tentei ser forte por todo esse tempo, não sei como cheguei a tal ponto. E agora eu vejo que todo esse sofrimento não foi unilateral. Talvez eu estivesse tão imersa na minha própria depressão que não conseguia enxergar o quanto te m
"Nunca faças aposta. Se sabes que vais ganhar és um patife, e se não sabes és um tolo." Confúcio. A água do chuveiro lavava não só o meu corpo, mas também toda a tensão da noite passada. Agora tudo tinha se ajeitado. Parecia que finalmente eu seria feliz com a pessoa que eu amava: meu irmão. E em momento algum o nosso parentesco significou algo pra mim. Depois de tudo o que fizemos, tudo o que aconteceu, colocar a fraternidade como um empecilho seria estúpido. Era assim que eu esperava que Helen pensasse. Seria difícil, muito difícil contar a ela toda a verdade. Saí do banho e fiquei olhando a barriga no espelho. Graças aos céus eu não tinha ficado com estrias, celulites e cicatrizes da primeira gravidez. Esperava profundamente que isso não acontecesse na segunda. – Vai dar tudo certo, meu amor. – falei, olhando para minha barriga. Vesti
“Eu amo tudo o que foi. Tudo o que já não é. A dor que já não me dói. A antiga e errônea fé. O ontem que a dor deixou. O que deixou alegria. Só porque foi, e voou. E hoje é já outro dia.”Fernando Pessoa.- Bom dia, bom dia, bom dia! – Mary pulava na nossa cama, nos acordando.– Bom dia pra você também, mocinha. Vejo que está bem animada. – Daniel foi o primeiro a falar. – Vamos deixar a mamãe dormir mais um pouquinho, que tal? Enquanto isso, a gente pode preparar algo bem gostoso pra ela. – pegou Mary no colo e seguiram em direção à porta.– Estou aceitando bolo de cenoura com chocolate! – gritei antes que saíssem de vez. Pude ouvir algumas risadas ao fundo.Tentei dormir novamente, mas depois de várias reviradas pela cama, che
"A história é feita por aqueles que quebram as regras." Homens de honra. Elisa Eu estava chocada e ao mesmo tempo não sabia que sensação era aquela dentro de mim. Não sabia dizer se estava aliviada pela coisa que eu mais desejava acontecer ou com raiva por Helen ter omitido algo tão importante de mim. Mas ainda acreditava que ela estivessezoando com a nossa cara. – Como assim não somos irmãos? Isso não é hora de fazer brincadeiras, mãe. – falei nervosa, com os olhos já marejados. – Pra sorte de vocês, não, não é mentira. – suspirou. – É uma longa história. Espero que estejam preparados para ouvir. – Por favor, Helen. – Daniel encorajou, parecia ansioso. – Só tenha cuidado para não deixar Elisa muito nervosa ou ansiosa. – Não se preocupe. – sorriu triste. – Não farei suspense. Direi apenas a verdade. – tirou um anel da caixa. Ele parecia ser simples, diferente dos q
"Como poucos, eu conheci as lutas e as tempestades. Como poucos, eu amei a palavra liberdade e por ela briguei."Oswald de Andrade.DanielTrês meses depois...– Elisa, abra a boquinha. – Marisa segurava uma colher com um pedaço de bolo.– Marisa, já disse que a Elisa não vai comer essa sua gororoba!– Gororoba? Olha como fala da minha comida! Estou cozinhando muito melhor desde que comecei a fazer o curso de culinária.– Você quer dizer que começou a cozinhar, né?– Elisa, acho bom você calar a boca do seu homem antes que seus filhos nasçam sem pai.– Você não vai fazer nada com o Daniel, acalma a periquita aí! E você – segurou-me pela gola
“Toda história tem um fim, mas na vida cada final é um novo começo.” Grande menina, pequena mulher. Narrador - O vestido não quer fechar! – a mulher reclamou após tentar subir o zíper pela enésima vez. – Talvez isso seja um sinal. Talvez eu deva desistir, voltar para minha casa e morar sozinha com quatorze gatos. – Deixe de ser dramática! – a amiga exclamou. – Deixe-me ajudá-la. – ajeitou o vestido no corpo da mulher. – Agora encolha a barriga e prenda a respiração. – ela obedeceu, permitindo que o vestido fosse fechado. – Pronto. – sorriu. – Teria sido mais fácil se você não tivesse passado as últimas duas semanas comendo igual a uma desesperada. – Está me chamando de desesperada? – Claro que não! – riu. – Agora se acalme. – falou antes que a amiga pudesse protestar. – Hoje é o dia mais importante da sua vida e você deve estar feliz. Pense na pessoa que estará te esperando
" Todos os problemas se tornariam menores se, ao invés de fugir, os enfrentássemos." Sara Aster. Minha mãe se casara de novo, e com isso teríamos que nos mudar para a casa de meu padrasto. Não gostava do fato de abandonar meu mundo, onde minha vida acontecia, onde eu tinha aprendido a superar os problemas, e onde eu tinha quecompartilhar a casa com apenas uma pessoa. Mas a felicidade da minha mãe me impedia de manifestar qualquer vontade. Sua alegria me contagiava e eu percebia que não podia acabar com ela por causa de um capricho meu. Então decidi esconder minha infelicidade dela. – Pense positivo. - falava a mim mesma enquanto colocava minhas coisas dentro das caixas de papelão – O que pode dar errado? – Tudo. – Vai ser legal! – tentei me animar. – Claro que vai ser legal, vai ser ótimo! – disse minha mãe entrando no quarto. Me perguntei até onde ela tinha ouvido e se tinha percebido meu desânimo. Parec
"O destino une e separa as pessoas, mas nenhuma força é grande o suficiente para nos fazer esquecer o que sentimos por elas." Sara Aster. Após cansar de olhar pra janela do carro, inclinei o banco e liguei meu ipod. Somente minhas músicas poderiam me confortar naquela monotonia. Sabia que tinha que ligarpra Ana, havia prometido, mas não queria falar com ela tendo minha mãe por perto. Poderia dizer algo comprometedor. Fechei os olhos e me concentrei no som que saía dos fones, mas era impossível relaxar e pensar em nada. Não sei porquê, mas algo estava me deixando ansiosa. O que poderia ter naquele lugar de tão interessante? Provavelmente nada. Fora que precisava me recordar de cinco em cinco minutos do porquê estava fazendo tudo aquilo. Meus devaneios estavam me deixando sonolenta, e eu teria adormecido se não fosse pelos cutucões da minha mãe em meu braço. – Oi. O que foi? – disse sem abrir os olhos e c
"Quando somos amados, não duvidamos de nada. Quando amamos, duvidamos de tudo." Sidonie Colette. -Bom meninos, agora precisamos ir. Nosso avião sai daqui a duas horas. Até chegarmos ao aeroporto e passarmos por todas aquelas revisões, nosso voo já estará pronto pra sair. - dizia Tom. Quando meu estresse não me impedia de ver as coisas como elas eram, Tom era um fofo, educado, elegante e bonito. Acho que poderia confiar minha mãe a ele. Isso é claro, se ela não tivesse uma crise de meia idade na viagem. – Tudo bem, então. Só uma pergunta: onde fica meu quarto? – Ah, sim. Desculpe por ter esquecido de falar. Seu quarto é no segundo andar, última porta, do lado esquerdo. Qualquer dúvida pergunte ao Daniel. Ele te ajudará no que precisar. – Obrigada. Vou ajeitar minhas coisas. Boa viajem. Cuide bem da minha mãe, Tom. – Fique tranquila. Não deixarei que ela faça nenhuma besteira. Voltaremos e