Florence sempre teve um abrigo e teto para repousar, nunca recebeu muito afeto da sua mãe e avó, as mulheres que a criaram, a ensinaram a ser forte, corajosa, destemida, mas não a ensinaram amar.
Flor entendia, afinal elas nunca receberam amor, mesmo assim ofereceram a ela, o melhor que podiam.
E ela era grata por isso.
Viu sua mãe desistir da vida por amar um homem comprometido e sem dizer uma palavra, Florence entendia que amor trazia dor.
Flor nunca conheceu muito sobre a história que a trouxe ao mundo, a única certeza era que sua mãe não gostava de falar do passado.
A mãe Fiorela e avó, fizeram um excelente trabalho na criação de Flor.
Florence sempre estudou muito, os estudos foram o que Fiorella deixou de melhor.
Florence, aprendeu sobre respeito, sobre cuidados que uma mulher deve ter para não sair machucada, aprendeu que apesar da sociedade ser injusta ela poderia ser o que queria, foi assim que a vó a ensinou.
O topo não precisava ser o limite, porque o objetivo era ser feliz.
E foi bem cedo que ela compreendeu que estava em vantagem com seu QI acima da média e quando sua avó faleceu não pensou duas vezes, fechou as portas da casa a qual viveu sua infância e adolescência e deixou a cidadezinha do interior para viver na cidade grande, nada era fácil, pagava uma kitnet pequena, mas mantinha tudo limpo.
Ela era paga pra realizar trabalhos acadêmicos para estudantes e até mesmo professores universitários, fazia bicos em lanchonetes e restaurantes.
Já fazia dois meses que Flor trabalhava naquela casa que para ela, era absurdamente exagerada para uma única pessoa.
Cândida e Flor, compartilhavam os afazeres domésticos e a senhora lhes contava histórias que tirava sorrisos tímidos de Flor e falava sobre seu sonho em ainda ser mãe, sem julgamentos uma torcia pela felicidade da outra.
A senhora que Flor apelidou carinhosamente de Dida, percebeu que os sonhos da jovem estavam voltados somente para o profissional, quando questionada sobre a vida pessoal era com facilidade que Flor se esquivava do assunto.
Dida, morava a duas horas do seu trabalho e Flor, ficava em um quarto que dava acesso a mansão para caso Dante Fonseca precisasse de algo.
Era um quarto pequeno e confortável, ela era bem paga por seu serviço e tinha tempo pra seus estudos, tudo corria exatamente como a jovem planejava, sua rotina estava estabelecida e seus ganhos eram aplicados em uma poupança e para material da faculdade que fazia.
Florence agradecia mentalmente por não ter que lidar com Dante diretamente, nunca o tinha visto, seguia uma risca de afazeres que para Dida, eram manias do homem, mas que para Flor, tinha nome.
Em uma tarde de quinta-feira Dida avisou a Flor que precisaria sair mais cedo e que seria necessário a jovem servir o jantar de Dante.
__ É só uma salada, você só precisa servir a salada e oferecer um suco, nada mais _ Flor se programou para servir o jantar do patrão e correr para a faculdade, perderia a primeira aula, mas não poderia dizer não para Dida, que tudo que tinha feito era lhes ajudar.
Foi demasiadamente embebedado que Dante Fonseca, aspirou o cheiro oriental vindo da cozinha e o seguiu.
__ Boa noite!
__Senhor, o seu jantar já será servido, Perdoe -me por isso_ Flor atrasou mais do que esperado em um trabalho acadêmico, solicitado por um dos seus professores, sem olhar em direção ao homem que era seu chefe, ela só pensava em sair correndo para faculdade.
__Suponho que você seja Florence?!
__ Ô sim, me desculpe, sou Florence. Florence Dipp_ E então seus olhos se cruzaram, o cheiro do Oriente invadiu as narinas de Dante, em um impacto que o assustou, afinal cheiros sempre os incomodou e do nada, extasiado gostou daquele cheiro da jovem .
Dante Fonseca, é um renomado CEO de uma grande e reconhecida empresa, a Start Safe é uma das maiores fábricas de cofres de alta segurança, reconhecida internacionalmente em todo o país.
Aos trinta e seis anos, o homem é tratado como alguém frio e reservado, mas a verdade é que ele não passa de um solitário que esconde seus conflitos perturbadores, se escondendo no império conquistado por seus pais e agora mantido por ele e seu irmão caçula Pedro Fonseca.
Os irmãos são o oposto um do outro, Dante, o introspectivo que fica com a parte burocrática da fábrica juntamente com a empresa e Pedro o que fecha os grandes negócios por ser comunicativo e sagaz.
Cheiros fortes, barulhos exagerados e toques excessivos, sempre foram motivo de desconforto para Dante, um espaço que sempre foi respeitado por sua família e que mesmo as pessoas do seu mundo tentando serem invasivas, foi com armaduras que ele manteve.
Dida é discreta, excessivamente limpa, o que a fez ficar muitos anos trabalhando para aquele homem considerado por ela cheio de manias estranhas, mas agora as narinas do poderoso chefe são assustadoramente invadidas por um cheiro que para ele era desconhecido e era bom, muito bom, a voz de Flor era suave e aqueles olhos castanhos era com penetrante.
__Senhor, senhor? tudo bem?
__Ah sim, Florence, acho que Dida não te passou todas as regras da casa, pedi a ela que te orientasse a não usar fragrâncias, nem mesmo ao lavar as roupas.
_Ela me orientou sim, inclusive para mim não foi nenhum problema, nunca gostei de perfumes.
Ele teve certeza que o cheiro era realmente dela e era perturbador.
__Posso servir o jantar?
__Por favor, Florence.
Os movimentos dela eram como um imã aos olhos de Dante, desviar era fora de cogitação.
Florence serviu a salada de legumes e como orientada por Dida, se posicionou ao lado do seu então chefe, o silêncio era ensurdecedor e ele esperou, esperou e esperou que Florence tentasse alguma conversa ou de alguma forma forçasse um diálogo como as tantas outras que por ali já passaram, mas tudo que ele ouvia era os movimentos que ela fazia com os dedos, indicando uma ansiedade.
__Algum problema senhora Florence?
__ Ah não senhor, senhorita por favor e problema nenhum.
__A senhorita parece ansiosa para algo
__Na verdade preciso entregar um trabalho na faculdade
_Está dispensada para ir à faculdade
__A Dida me disse que....
__Pode ir senhorita
__Senhor mas o suco...
__Não sou um imprestável que não posso pegar um suco
__Peço licença
__Boa aula senhorita Florence.
Se Florence ouviu o boa aula não agradeceu, saiu dali correndo e Dante só tinha uma certeza, as impressões deixadas pela jovem poderi
a quebra-lo e ele não pagaria pra ver.
Dante aguardou Flor desaparecer de sua visão e foi para o escritório da sua casa, pegou toda a documentação da jovem que tinha cheiro oriental e surpreso descobriu que ela tinha apenas vinte e um anos. Ele Ligou imediatamente para seu advogado, que furioso providenciou uma ficha completa da vida Florence, vinda do interior, registrada somente pela mãe, boas notas, reconhecida como a melhor aluna em todas as escolas que passou , QI acima da média, agora atual estudante de universidade federal. Dante tinha certeza que a mulher que para ele era apenas uma garota, escondia mais, o que ela tinha que o pertubou tanto, não era só incômodo, era medo.Naquela noite, Dante observou atentamente o horário que Florence chegou, percebeu que a luz do seu quarto ficou até madrugada acesa e assustou-se quando percebeu que a função de preparar o seu café agora era da jovem de cabelos longos e castanhos, observou atentamente que ela era organizada, perfeccionista e minuciosa em pequenos detalhes, sorr
Após o pequeno problema da lâmpada ser resolvido e Dante perceber que Flor estava mais a vontade em sua presença, ele insistiu que ela comesse algo, percebeu que a jovem estava mais magra desde que chegou na sua casa.__Não vou preparar lanche para você na madrugada_o tom dela era divertido.__Você vai conhecer minha cara, o melhor sanduíche dos últimos tempos_ Dante gostou do fato dela está descontraída e por isso entrou na brincadeira dela.__Pagando pra ver.Dante começou a separar os ingredientes do sanduíche e praticamente obrigou Flor a se sentar, ela ainda insistiu em fazer o suco, mas ele confessou que o suco dela não era dos melhores.Os dois riram juntos da confissão.__Me fale um pouco sobre você Florence.__Quer ouvir como chefe ou como meu terapeuta?Ela perguntou com a sobrancelha arqueada e um sorriso de canto.__Quero que me responda como se eu fosse seu amigo.Foi perceptível a mudança de semblante de Florence, ela se lembrou que sua mãe dizia que homens não são amigo
O tempo deixou claro para Pedro que seja lá o que estivesse acontecendo, isso só fazia bem a seu irmão, foi o pai de Dan e Peu, como eram chamados pela mãe Carmem que o filho estava mais feliz, tranquilo, trabalhando menos, até menos introspectivo e que não tinham motivos para preocupação, mas queriam saber o que estava deixando os dias do seu garoto mais leves ou o nome da pessoa que estava por trás dessa calmaria.Em uma tarde de domingo, Florence e Dante estavam sozinhos na mansão, ele finalmente tomou coragem e foi bater na porta do seu quarto para convidar a garota que atormentava seus pensamentos e despertava desejos que até então estavam adormecidos.Resolveu que a convidaria para tomar um sorvete, Florence já havia confessado que gostava de sorvete de limão com bastante calda de chocolate, ele achou a combinação horrível.__ Flor?!Ela abriu a porta do quarto toda arrumada, ele entendeu que ela ia sair.__vim lhe convidar para tomarmos aquele sorvete com combinação horrível qu
O tempo passava e Dante e Florence ficavam ainda mais próximos, a conversa era sempre agradável e espontânea.Em uma tarde de sábado, Flor estava em seu quarto e Dante foi até ela.__Flor, pode vim até o meu escritório? __Algum problema?__Não sei, quero que você me digaDante deu as costas para Florence que o seguiu em silêncio e com o coração disparado, ela imaginava o que estava por vir.__Sente-se Flor, por favor Ele estava formal e aquilo deixou Flor apreensiva, a comunicação dele tinha melhorado até mesmo com Dida.__Flor, estive observando e vi que você iniciou uma faculdade de Medicina, fez dois semestres e trancou.__Pediatria pra ser mais preciso __Não gostou do curso? __Temos mesmo que falar sobre isso? __Sabe que não é obrigada, mas pra ser sincero, gostaria muito de ouvir porque sei que tem jovens que dariam a vida por uma oportunidade nesse curso, ainda mais a instituição a qual você foi aprovada.Flor tinha sido aprovada em três universidades naquele ano.__Termine
Dante não sabia explicar o que sentia no momento, era um misto considerado por ele por diversos sentimentos e não eram bons, na verdade não era nada bom, era medo, raiva de si mesmo, tristeza e aqueles que não foi capaz de decifrar naquele momento que definitivamente ele não estava preparado.Talvez deixar ela partir evitaria sofrimentos futuros, mas deixar ela partir estava fora de cogitação, ainda não sabia mas precisava dela muito mais que imaginava.__ Flor, não precisa ir embora.__Na verdade eu quero ir, preciso ir por mim__Flor, a casa é grande e...Ele não sabia o que dizer, queria dizer que a casa sem ela não seria a mesma e nem ele seria o mesmo, queria dizer que ela despertou nele sentimentos e desejos adormecidos, mas e se ela soubesse e o quebrasse ainda mais?!__Eu sei mas preciso do meu espaço, do meu cantinho, espero que me entenda e olha eu sou muito grata por esse tempo aqui mas tenho medo que depois não consiga mais ir.Ele pensou por alguns minutos e finalmente ra
Dante teve medo que Florence fugisse, o repelindo. Lentamente ele encerrou o beijo, ainda com sua testa colada a testa da mulher que era sua perdição.__ Flor, me desculpe, eu..__Não gostou? Não tenho experiência, mas foi melhor do que eu esperava, eu Amei.Florence estava vermelha de vergonha__Deus Flor, seus lábios é o caminho da perfeição e estou pensando como consegui ficar tanto tempo sem beija-lá, talvez porque não sabia que era gosto do pecado e extremamente viciante.Flor ainda enrubescida, olhou para o chão e mordeu o canto da boca.__Não deveria fazer isso Flor.__O quê? __Morder os lábios..E mais uma vez os lábios deles se encontraram, mas calmo, suave, sem pressa, parecia que aquele beijo dizia como eles queriam, eles queriam explorar, ir devagar. Ambos tinham medo de um sentimento até então desconhecido Por eles.Precisaram interromper o beijo para respirarem.__Você volta comigo para casa__Não, não vou sair daqui__Preciso cuidar de você, por favor.Ele soube que
Foi a reunião mais longa da vida de Dante e ele não conseguiu cumprir a promessa que tinha feito e ficar naquela cidade longe de Flor, sabendo que ela tinha dúvidas sobre seus sentimentos por ela.Assim que a reunião foi encerrada, um dos CEO insistiu em irem comemorar em um Bar, mas Dante recusou o convite, ele só pensava em voltar para sua Flor.Pedro, irmão de Dante, sabia que aquelas reuniões eram difíceis, mas sabia também que a volta repentina de Dante tinha nome, Florence.__Nao acha melhor pegar estrada amanhã?__Nao posso irmão, vou Tomar cuidado.Pedro passaria a noite por ali, cada cidade era uma mulher e diversão diferente, ele chamava àquilo de viver a vida, Dante não sabia como ele conseguia.A viagem demorou mais que esperado, estava chovendo e ele precisou ser cuidadoso. Já se passavam das duas da madrugada quando ele adentrou os portões da mansão, ele precisava pelo menos sentir o cheiro dela.Ele tomou banhos em um outro banheiro para não acordar Flor, mas quando en
O final do semestre na faculdade terminou e alguns colegas da turma de Flor a convidaram para comemorarem em um coffee bar, na verdade a intenção do local era agradar a todos, lá servia boas comidas e ótimas bebidas.Flor recusou logo de cara, mas as duas únicas amigas do curso insistiram muito. Ainda era cedo da noite e prometeram não demorar muito tempo no espaço.Florence e Dante conheciam o ambiente, era tranquilo, tinha uma música ao vivo e os lanches servidos eram deliciosos, eles já tinham ido ali algumas vezes, na maioria delas quando era dia de Dan cozinhar, era uma maneira dele fugir da cozinha, e ela fingia não perceber. Flor dizia que um lanche naquele local pagaria o almoço de uma semana inteira de trabalho de uma pessoa, Dante sempre respondia que não o dela, porque ela comia como uma Leoa, ela o chamava de mentiroso,mas de fato ela comia bastante, sua genética era excelente, e seu peso estava sempre estável.Ela não era magrela, era a perfeição em pessoa nos olhos de