Capítulo 5
- Pare.

A voz do homem era baixa e magnética, transbordando autoridade e uma ordem incontestável.

Aline congelou, mas não olhou para trás, perguntando:

- O Sr. Mateus tem mais alguma ordem?

- Já que você veio para ganhar dinheiro, por que a pressa em ir embora?

Aline apertou os punhos, sentindo um mau pressentimento...

Mateus jogou um maço grosso de dinheiro na mesa.

Ele ergueu uma sobrancelha, como se estivesse assistindo a uma anedota:

- Beba esta garrafa de vinho e o dinheiro é seu.

Beber vinho...

Aline tremeu, engolindo em seco:

- Desculpe, Sr. Mateus, eu sou alérgica a álcool.

Mateus sorriu, despreocupado:

- É mesmo? Não me lembro.

A indiferença era extrema.

Não se lembrar...

Ela era alérgica ao álcool, até mesmo a bebidas de baixo teor alcoólico causavam erupções cutâneas por todo o corpo, e beber destilados poderia levar a um choque grave.

Seis anos atrás, ela teve uma reação alérgica grave após beber acidentalmente uma bebida alcoólica. Naquela época, Mateus preocupado a levou ao hospital no meio da noite para tratamento, causando inchaço no braço dela. Ele sentou ao lado dela a noite inteira, massageando seu braço. Depois, em casa, ele mesmo aplicou medicamento em suas erupções.

Ele disse que nunca mais a deixaria tocar álcool, não podia perdê-la.

É, ele não se lembrava... então ela tinha que beber.

Lágrimas quase escaparam dos olhos de Aline. Ela respirou fundo, enxugou as lágrimas e se virou com um sorriso forçado:

- Tudo bem, eu bebo. Espero que o Sr. Mateus não quebre sua palavra.

Mateus queria que ela bebesse, e se ela não bebesse, não poderia sair.

Ela sabia o quanto Mateus a odiava.

A vodka tinha 56% de álcool, era para coquetéis. Beber a garrafa inteira, mesmo para alguém que não é alérgico ao álcool, poderia causar uma úlcera estomacal.

Julieta estava esperando por ela em casa. Se ela bebesse, poderia voltar para casa.

Aline olhou para o dinheiro, era uma quantia considerável:

- Isso aí são trinta mil reais?

Os olhos frios e negros de Mateus a encaravam:

- Trinta e cinco mil reais, só precisa beber uma garrafa, você está ganhando bem.

- Sim, estou ganhando...

O dinheiro da escola de Julieta estava garantido.

Dizendo isso, Aline agarrou a garrafa de vodka...

Francisco rapidamente segurou a garrafa para impedi-la:

- Mateus! Isso pode ser perigoso!

Francisco não podia mais assistir aquilo. Aline também era da Universidade de Aeminium, e eles tinham uma boa relação seis anos atrás como colegas. Ele não conseguia ser apenas um espectador.

E ele também não acreditava que Mateus não tinha mais sentimentos por Aline. Hoje à noite, ele queria usar o aniversário de Mateus para tentar melhorar a relação entre eles, mas a situação ficou pior.

- Francisco, desde quando você se mete nos assuntos entre Mateus e Aline? Aline disse que vai beber, então ela pode.

Gustavo não se importava com a confusão. Além disso, ele sempre desgostou de Aline, achando que ela era uma praga. Se não fosse por ela, Mateus não teria passado três anos na prisão.

Os olhos de Aline estavam vermelhos, mas ela mantinha um sorriso fraco no rosto bonito:

- Não tem problema, eu bebo. Hoje é o aniversário do Sr. Mateus, eu beberei não quero estragar o seu humor.

Ela já estava quase soluçando.

Ela pegou a garrafa e começou a beber. O álcool forte, queimando sua garganta como cacos de vidro, fazia-a sofrer intensamente, e as lágrimas não paravam de cair.

Por beber tão rápido, ela se engasgou, chorando sem parar.

Em pouco tempo, o rosto e o pescoço de Aline, e qualquer pele exposta, estavam vermelhos, claramente alérgicos.

Francisco rapidamente tomou a garrafa dela:

- Chega! Aline é minha convidada hoje, se alguém tem que beber, eu bebo por ela!

Aline estava tonta, mas incrivelmente lúcida. Ela limpou a boca, olhou para Mateus e sorriu:

- Feliz aniversário, Sr. Mateus.

Mateus permaneceu indiferente, friamente desprovido de emoção. Seu rosto bonito estava envolto em sombras.

Aline não conseguia discernir suas emoções, como se... realmente não o conhecesse mais.

É, seis anos são suficientes para mudar uma pessoa, para torná-la irreconhecível.

O Mateus de seis anos atrás, usando uma camisa barata, agora vestia camisas de alta costura diante dela. Mas ela sentia que ele estava tão distante.

Mateus não disse mais nada, indicando que estava disposto a deixá-la ir.

Gustavo pegou o dinheiro na mesa e jogou em Aline, que não conseguiu pegar.

O dinheiro caiu aos pés dela.

- Srta. Aline, ganhar dinheiro não é fácil. Hoje você teve sorte, é o aniversário de Mateus, ele está de bom humor, então te deixou ir.

Aline assentiu, se agachou para pegar o dinheiro com as mãos já avermelhadas:

- Obrigada, Sr. Mateus, obrigada, Sr. Gustavo, obrigada, Sr. Francisco.

Quando Aline pegou a última nota, um sapato caro pisou nela.

Mateus a olhava de cima, como se estivesse vendo um grão de poeira insignificante.

Aline puxou a nota, mas Mateus não levantou o pé.

Ela baixou a cabeça, uma lágrima caiu no sapato dele, com a voz rouca implorando:

- Sr. Mateus, por favor, levante o pé, me deixe ir.

- Aline, você se sente injustiçada?

- Não... não me sinto injustiçada.

Ela não ousava se sentir injustiçada, isso era o que ela devia a ele.

O homem sorriu, um sorriso frio e cruel:

- Nos três anos lá dentro, 1095 dias, eu vivi como você está agora, sobrevivendo por um fio. Aline, você não tem direito de se sentir injustiçada, hoje à noite é apenas um pouco dos juros daqueles três anos.
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