— Vejam rapazes mais um navio inglês totalmente destruído, é isso o que acontece com quem cruza nosso caminho.! — O capitão Brian Gritava para a tripulação.
— Capitão, tem um sobrevivente, é uma criança. — O intendente Zurban alertava.— Deixem que viva, mas vai ser parte da nossa tripulação, e a menos que saiba fazer algo muito espetacular vai ser lançado ao mar dentro de um ano como todos os outros... ENTENDIDO? — Gritou a Pergunta a plenos pulmões e a tripulação o respondeu com o coro a afirmação positiva.
Brian não era conhecido por dar segundas chances, e quando atacava um navio não deixava sobreviventes, e quando um ou dois se salvava ele os deixava na tripulação de seu navio por apenas um ano e o treinava se mostrasse bom rendimentos viveria por mais um ano, se não seria lançado a ilha dos Canibais ou simplesmente lançado ao mar.Ali estava um garotinho assustado, acabou de ser raptado pelo pai, viu seu pai morrer e em suas últimas palavras o pai lhe dizia para não confiar em sua mãe, ele ignorou esse aviso, queria a todo custo voltar aos braços de sua mãe.
O que lhe deixava sentir menos saudades era a flor que tinha no tornozelo, uma flor de lótus marca de nascença desenhada e colorida como uma tatuagem, aquela flor também estava presente em sua mãe no mesmo local, e as vezes quando se sentia amedrontado no navio ele colocava a mão na marca e podia jurar que escutava sua mãe cantando uma doce canção pra ele, com a voz doce e hipnotizante que ela possuía característica essa também herdada por Luid.
Tendo em vista que já tinham se passado 14 dias que havia chegado ali, estava com medo e pra falar a verdade seu tamanho e pouca idade faziam a tripulação o menosprezar, ele não tinha comido direito naqueles dias, estava sobrevivendo dos restos que lhe davam, e era rejeitado no porão, sempre mandavam ele dormir sozinho no convés munido apenas de roupas finas e surradas.
Em determinada noite ele estava se sentindo só e foi até a proa do navio, era de madrugada, e fazia duas semanas que ele estava ali, mas não tinha mais noção de quanto tempo exatamente tinha ficado ali.
Naquela noite em que seu coração apertava ele se sentou na proa, a visão do mar aberto a sua frente e o coração apertado de saudade, tocou a sua marca de nascença e logo escutava a voz de sua mãe, e ao escutar a voz começou também a cantar, automaticamente todos do navio foram domados pelo feitiço da canção e caíram em sono profundo, ah... Não foram todos, tinha um garoto bem jovem naquele navio, o protegido de Brian, o garoto tinha cerca de 15 anos, e ele escutou a canção que vinha da proa, seu coração possuía a maldade dos piratas mas não a malícia dos homens, ele não foi hipnotizado pelo feitiço, e se aproximou do Pequeno que cantava, uma lágrima escorria no rosto de Luid agora, a saudade parecia reduzida ao cantar a canção, mas o amor que sentia por sua mãe era enorme.
— Em uma noite tão fria, deveria ficar no porão com os outros e não cantando. — O garoto de 15 anos falou se aproximando e fazendo o mais novo cessar sua canção.
— Você sabe o que é sentir saudades de quem amamos? Um pirata sujo jamais saberia afinal. — Sem mostrar medo o mais novo desafiava com palavras rudes.
— Não me conhece, nada sabe a meu respeito sou o primeiro Imediato do Brian, mostre mais respeito ao falar garotinho. — O garoto mais velho rosnou as palavras entre dentes.
— Me joguem ao mar ou para morrer servindo de alimento aos canibais, eu não ligo, meu pai me raptou e me tirou da minha mãe, nada mais importa. — a voz de Luid saia raivosa e cheia de mágoa, não abaixaria a cabeça para o Primeiro Imediato do Navio.
— Mostre mais respeito, vim de toda boa vontade te pedir para voltar e sair do frio, não temos medicamentos, se ficar doente vai morrer, faça seu drama melancólico no porão, aqui não é lugar pra isso garoto insolente, agora saia do meu caminho, se te ver aqui novamente a essa altura da lua, vai estar caminhando para a morte pela manhã. — Nesse ponto a voz do mais velho já tinha uma entonação áspera e ácida.
— E o primeiro tem nome, ou se acha tão importante para apresentar seu cargo apenas — O garoto loiro desafiou, não tinha a intenção de abaixar a cabeça.
— Pierre o escorpião... Entendeu por que sou o primeiro imediato? garoto idiota, agora saia do meu caminho. — Pierre levou a mão até o garoto e o puxou pelo colarinho da camisa surrada que o garoto usava.
Luid não recuou, estava sentindo o tecido apertar o pescoço a ponto de fissura a pele e mesmo assim devolveu um olhar mortal para o mais velho.
Pierre tinha os cabelos vermelhos como o fogo, seu rosto afinado, expressões faciais suaves e não podia se dizer que era feio, era bonito, a pessoa mais bonita que Luid já havia visto em sua vida, claro isso não mudava o fato de o mesmo ser um Maldito Pirata, um torturador assim como o restante da tripulação.
Pierre sentiu algo estranho dentro de si ao segurar o garoto, algo parecido como remorso, mas ele só o tinha visto no dia do resgate e ali, e naquele momento era a primeira vez que falava com o garoto loiro de olhos claros, não gostava de ser desafiado e ali estava quase recuando ao olhar agressivo que estava recebendo.
— Me solta!— Bradou o garoto de olhar agressivo.— Insolente, acha que pode me dar qualquer ordem, escuta garotinho, sua vida não é da minha conta e não preciso de autorização para te matar, então se quiser ver aqueles que ama novamente algum dia sugiro que comece a me obedecer.— Pierre engrossou um pouco mais a voz ao declarar as ameaças.Luid não falou nada, apenas continuou com o olhar agressivo para o mais velho.—" O garoto é durão, vai ser bom ter alguém assim aqui"— pensou o ruivo devolvendo a encarada mas com um sorriso ladino.— Me fale algo que saiba fa
Pierre arregaçou as mangas e começou a instruir o garoto, não importava se eram dias, semanas ou horas ele não iria desistir de corromper aquela doce alma para o mundo da pirataria e estava indo bem, Luid tinha um tratamento melhor e diante da promessa de rever sua mãe o mesmo seguia o escorpião a todo canto como se fosse seu bichinho de estimação e mal percebia que estava apegado tanto ao mar quanto a pirataria.Os dias no mar eram impiedosos, os suprimentos iam acabando com o passar dos dias e nada mudava, os navios mercantis que cruzavam o caminho do "Escorpião" tinham o fundo do mar como sua nova moradia, e parte disso era cortesia do mais novo canhoneiro daquela nau, Luid era quem se encarregava dos canhões agora, e seria uma pena não citar o fato de que junto com as balas de canhão ele as vezes colo
A tripulação olhou para o ruivo e sentiram o frio arrepio percorrer seus corpos, o medo em suas faces, eles sabiam que o Escorpião os matarias sem pensar duas vezes se desobedece a qualquer ordem que fosse, se o ruivo lhes pedisse para comer as próprias fezes eles teriam de fazer ou seu destino seria um pouco pior do que a morte.Podiam ainda apelar ao código Pirata para terem seus direitos dentro da embarcação, mas o respeito de Pierre pelo código ia apenas perante a frota e não para quem estava ali dentro do navio com ele.O capitão agora andava por entre a tripulação amedrontada.— Rapazes, deem um funeral digno ao capitão, estarei na cabine, me chamem quando terminarem de preparar tudo.
O sorriso sádico que havia brotado em seus lábios demonstrava grande felicidade por poder enviar algumas almas para o inferno, a cena a sua frente, as pistolas e as espadas todos o cercando como a um rato de porão.— Eu ganhei o nome do navio quando fui encontrado, e o capitão Brian foi muito benevolente, mas ele sabia que benevolente era tudo o que eu não era, querem um motim Rapazes então venham.— Pierre convidava a tripulação para que viessem ataca-lo.Pierre chamou... convidou aqueles homens para que os mesmos seguissem com o motim e assim que os primeiros piratas de aproximaram foram surpreendidos por uma fumaça na coloração roxa, fumaça essa que começou a se espalhar rapidamente por todo o convés, o apelido escorpi&a
Assim que viu que o novo capitão iria sair da cozinha se lembrou de avisa-lo sobre a vitamina que já estava pronta que o mesmo havia pedido para Luid.— Capitão... A vitamina que me pediu... Está pronta, mas creio que o sabor seja terrível.— falou o homem entregando um pote fechado para Pierre que abriu e sentiu o aroma repugnante.— Pobre diabo, além de estar quase morto ainda vai ter que comer isso... Não tinha como melhorar o cheiro ou o gosto?— Perguntou fazendo uma cara de puro nojo chegando a fingir que iria vomitar ali mesmo.— Infelizmente não, fígado de animais possuem um cheiro forte... E misturado ao óleo de baleia e as barbatanas de tubarão... Sinto muito.&
Pierre sorriu de lado meneando a cabeça e saiu da sala privada deixando o garoto em sua privacidade, assim que chegou na cabine foi na direção das roupas e começou a colocar elas em ordem de vestimenta para ajudar o garoto quando mesmo saísse do banho, olhou para a porta e viu o cozinheiro já retornando a cabine, mas dessa vez com o jantar deles.— Come com a gente hoje, a tripulação deste navio não vai acordar tão cedo, e os da frota pelo que olhei pela luneta a pouco estão esperando pelo Salvador deles, e bom... Eles não sabem que aqui estão todos apagados.— Falou com meio sorriso enquanto terminava de arrumar as roupas que o garoto usaria.— Capitão... Isso não me parece que vá dar certo... — o
Estando ali com o capitão se contorcendo, os barcos do inimigo se aproximando e pior estavam com certa velocidade, Luid sentiu a morte diante de seus olhos.— Capitão, eu acho que é o fim da linha, não consigo remar mais rápido, a chalupa esta pesada e não vou conseguir...— Falava já com a voz embargada pelo choro que começava a se formar, quando sentiu a mão de Pierre segurar a sua.— Luid, se esta com medo da morte mantenha as suas mãos nas minhas, assim não vai se sentir tão só quando fizer a passagem para o outro mundo, sempre foi valente, não vai ser agora que vai deixar o medo te dominar, estou aqui com você Luid.— A voz de Pierre saia como um sussurro, entretanto o mais novo conseguiu escutar
Eles adormeceram ali entre as rochas, Luid tinha realmente tido uma noite muito difícil, não ele não passou pela experiência da morte em si, mas foi ele a trazer o capitão de volta, o garoto não sabia sobre seus poderes, ele conhecia algumas coisas que haviam sido ensinadas por sua mãe, mas desconfiou dos ventos, suas suspeitas foram confirmadas quando o mesmo passou a lhe obedecer.Ainda com o sol começando a lançar seus primeiros raios luminosos Luid preparou a Chalupa e enquanto seu capitão dormia preparou tudo para a partida deles, deixando por ultimo o capitão, Pierre não acordou ao ser carregado pelo mais novo, estava em um sono profundo e bom, quem não estaria daquela forma? seria muito mirabolante dizer que o capitão vendia disposição, ele foi trazido de volta a vida pel