— É isso que você vai dar de presente para o seu marido? — A voz repentina assustou Zara, que quase deformou o pedaço de argila em suas mãos. — Ai, meu Deus, o todo-poderoso presidente do Grupo Harris vai ganhar isso como presente de aniversário? Não acha que é um pouco... Simples demais? — Melissa comentou, ignorando o susto de Zara e se sentando ao lado dela. — Só estou fazendo isso por diversão. — Zara respondeu rapidamente, voltando sua atenção para o que estava moldando. Melissa estalou a língua, claramente não convencida. — Você não disse que estava ocupada esses dias? Como arranjou tempo hoje? — Zara perguntou, sem levantar a cabeça. — Ocupada com o quê? Sempre a mesma coisa: almoços e jantares chatos. Se meu pai não me obrigasse, eu nem iria. — Melissa respondeu, jogando-se na cadeira com um suspiro exagerado. Zara apenas sorriu e não disse nada. Ela nunca foi de falar muito, e agora estava concentrada no que fazia, então o silêncio parecia natural. O que chamou s
Na verdade, Zara havia planejado fazer outro copo naquele dia, e até já tinha preparado as cores. Mas, por causa da interrupção de Melissa, ela não conseguiu terminar. Não era algo que realmente importava. Afinal, ter um presente para dar a Orson no aniversário já era o suficiente. Melissa, que parecia estar entediada nos últimos dias, arrastou Zara para um almoço. Depois, sugeriu irem a um bar, mas, considerando que Zara estava grávida, acabaram apenas passeando pela área de jogos do shopping. Zara lembrou-se da última vez que tinha ido a uma dessas casas de jogos, acompanhada de Leander. Mas fazia tanto tempo que ela não o via que ele parecia apenas uma brisa passageira, alguém que veio e foi embora sem deixar qualquer vestígio em sua vida. Zara percebeu, naquele momento, o quão grande a cidade realmente era. Grande o suficiente para que, se alguém não quisesse vê-la, os dois poderiam muito bem nunca mais se encontrar. …À noite, Orson voltou para casa novamente tarde da
— Não é nada. Se você estiver ocupado, deixa pra lá. — Assim que terminou de falar, Zara se virou para sair. Mas Orson segurou sua mão rapidamente, e um sorriso surgiu no canto dos lábios dele. — Pelo menos me diz o que tem nesse dia. Assim, eu posso me organizar. — Não tem nada de importante. Se você não tiver tempo, deixa pra lá. — Zara repetiu, mas sua voz ficou visivelmente mais fria. Assim que ela deu o primeiro passo para sair, Orson estendeu os braços por trás dela e a puxou para um abraço apertado. — Achei que você tinha esquecido. — Ele sorriu enquanto falava. — Fica tranquila, mesmo que você não lembre, eu lembro. Então, o que você preparou para o meu aniversário dessa vez? — Você não disse que não tinha tempo? Então, pra que comemorar aniversário? — Zara respondeu, mantendo uma expressão impassível. O sorriso no rosto de Orson ficou ainda mais evidente. Ele apertou levemente as bochechas dela com a mão, como se fosse uma brincadeira. — Eu estava te provocando
No momento em que Lila encontrou os olhos de Zara, parecia que ela havia perdido completamente a capacidade de falar. — Lila? — Zara chamou novamente. Lila finalmente pareceu recuperar os sentidos. Ela levantou os olhos de forma abrupta, encarou Zara por alguns segundos e, então, respondeu: — Eu vim... Por causa do Orson. Zara permaneceu em silêncio. Lila respirou fundo, como se estivesse reunindo toda a coragem que tinha. — Eu sei que vocês já são casados. E também sei que o que estou fazendo é errado. Mas eu não tenho outra escolha... Eu não sei o que mais fazer. Por isso... Eu vim pedir a você. Por favor, você pode... Pode deixar o Orson para mim? Assim que terminou de falar, Lila abaixou a cabeça. Seu corpo inteiro tremia levemente, assim como suas pestanas, que agora estavam molhadas pelas lágrimas que escorriam de seus olhos. Zara continuou ali, observando-a. — Você está grávida? — Não! A pergunta fez Lila congelar por um instante, mas logo ela começou a bal
Embora Zara não tivesse concordado com a ideia na noite anterior, Orson ainda assim reservou o hotel de águas termais. Para ter mais tempo livre no dia seguinte, Orson decidiu voltar mais cedo para Brisa do Mar naquela noite. Ele planejava levar Zara para o hotel naquela mesma noite, mas, ao chegar à mansão, encontrou tudo às escuras. Desde que Zara mencionara que não gostava de ter muitas pessoas pela casa, Orson havia instruído os funcionários a irem apenas em horários determinados para fazer a limpeza. Por isso, na maior parte do tempo, a casa ficava apenas com Zara. Agora, sem ela ali, o ambiente parecia ainda mais escuro e vazio, trazendo um ar gelado e desolado. Orson franziu as sobrancelhas imediatamente. Era tarde. Onde ela poderia estar? Ele pegou o celular e ligou para Zara, mas o aparelho estava desligado. O som frio da mensagem automática o deixou ainda mais irritado. Ele ligou em seguida para a empregada da casa. — Zara saiu hoje. Ela comentou algo com você
— Eu já vi antes. — Respondeu Zara. — E eu também! Mas, toda vez que assisto, me emociono de novo. — Melissa disse, enquanto pegava mais um lenço de papel. Zara apenas abaixou a cabeça e tomou um gole d’água. — Já está tarde, não acha? — Melissa finalmente notou o horário. — Melhor eu te levar para casa. — Não precisa. — Os olhos de Zara continuaram fixos na tela da televisão, que ainda piscava com as imagens do filme. — Como assim? Vocês brigaram? — Melissa perguntou, mas logo pareceu se lembrar de algo. — Ou... Foi por causa do que eu te disse ontem? Você perguntou para ele? Zara olhou para ela por um instante, mas não respondeu. — Então, ele realmente... — Melissa começou a falar, mas foi interrompida pelo som da campainha. Ela ficou um pouco surpresa. — A essa hora? Quem será? Sem obter resposta de Zara, Melissa rapidamente entendeu do que se tratava. — É o Orson, né? Vai lá abrir a porta. — Não sei. — Zara respondeu, olhando para o relógio, enquanto se prep
Orson estava olhando para Melissa com a expressão fria de sempre, mas, assim que ouviu as palavras dela, seu olhar escureceu imediatamente. — O que você quer dizer com "noites fora de casa"? — E não é? Você acha mesmo que ninguém vê ou ouve nada? — Melissa respondeu, com a voz carregada de sarcasmo e a emoção crescendo. Zara tentou se aproximar para interrompê-la, mas Melissa afastou sua mão rapidamente. — Não se mete, Zara! Hoje eu vou falar tudo o que estou pensando! Dito isso, Melissa se virou para Orson, os olhos cheios de raiva. — Vamos lá, Sr. Orson, o grande todo-poderoso. O que está acontecendo entre você e aquela mulher? Todo mundo no círculo social está comentando. Com tantos contatos e poder, você não sabe de nada? Ou será que é verdade e você nem tenta negar? Parabéns! Zara acabou de voltar para você, e já está assim? Se eu soubesse que seria desse jeito, teria feito de tudo para que ela nunca te perdoasse! Depois de ouvir tudo isso, Orson pareceu, surpreenden
As sobrancelhas de Orson se franziram imediatamente, mas, dessa vez, ele hesitou antes de desligar o celular. Zara, por outro lado, soltou o cinto de segurança com um movimento decidido. — Esquece. Eu volto pra casa sozinha. Enquanto falava, ela já levava a mão à maçaneta para abrir a porta, mas Orson rapidamente segurou sua mão. — Para onde você acha que vai? — Você parece estar muito ocupado. Eu posso chamar um carro e voltar sozinha. — A essa hora você quer pegar um carro? — Perguntou Orson. — E o que tem isso? A rua está cheia de carros. Por que eu não poderia? — Zara respondeu, com evidente impaciência. — Entra no carro! Eu já vou... — Orson começou a falar, mas foi interrompido pelo toque do celular. Era a terceira ligação. O olhar de Zara ficou ainda mais cínico, carregado de uma ironia mordaz. — Veja bem, você está tão ocupado que não precisa se preocupar comigo. Eu volto sozinha. Dizendo isso, ela afastou os dedos dele com firmeza. Orson tentou segurá-l