Quando Zara terminou de falar, o rosto de Orson mudou visivelmente. No entanto, ele rapidamente recuperou a compostura e disse: — Naquela noite, alguém me ligou dizendo que você tinha sido levada para a casa da Lila. Foi por isso que fui até lá. Quando cheguei, nem cheguei a vê-la. Ela se trancou no quarto e, de repente, se jogou da sacada. Eu não faço ideia do porquê ela fez isso! Entre mim e ela, não havia nada, eu juro. Orson tentava se explicar, mas sua voz parecia frágil, quase sem força. Zara permaneceu parada, ouvindo atentamente. Durante toda a explicação, ela não o interrompeu, mas também não deu nenhuma resposta. Orson observava a expressão dela, e suas sobrancelhas começaram a se franzir levemente. — Isso foi uma armadilha do Percival. — Ele continuou, rapidamente. — Eu fui descuidado, não imaginei que ele seria capaz de usar a morte da Lila para me atingir. Mas não se preocupe, eu vou resolver isso. Você só precisa... — Já chega. — Zara o interrompeu de repent
Os olhos de Zara transmitiam sinceridade, mas, na verdade, pareciam estar implorando. Orson sempre acreditou ser um mestre na arte de pesar interesses. Desde pequeno, ele aprendeu a equilibrar ganhos e perdas, e essa habilidade o tornara muito bem-sucedido, tanto nos negócios quanto na vida. Mas o que Orson nunca imaginou foi que, um dia, ele estaria do outro lado da balança e acabaria sendo descartado. Os dedos dele, que seguravam a mão de Zara, começaram a afrouxar lentamente. Ele deu um passo para trás, como se precisasse de espaço para absorver o que estava acontecendo. — O que isso significa? Esse é o motivo para você me deixar, Zara? — Orson perguntou, com a voz baixa. — Se ao menos você dissesse que é por causa da Lila... Eu te perdoaria. Porque isso significaria que você se importa, que não quer me ver envolvido com outra mulher, certo? Ele parou por um momento e, de repente, riu amargamente. — Não, não é isso... Você nunca teria ciúmes de mim. Se você realmente se
Zara colocou os papéis do acordo de divórcio na frente de Orson. Ao ver o documento, tão direto e inescapável, Orson riu. — Então você já tinha tudo preparado. Zara não respondeu. O sorriso no canto dos lábios de Orson se ampliou, tornando-se ainda mais evidente. Sem hesitar, ele pegou a caneta e o papel e assinou seu nome com uma fluidez quase automática. Orson já havia escrito o próprio nome milhares de vezes. Desde que começou a aprender a escrever, sua mãe sempre o incentivou a praticar sua assinatura. Assim, naquele momento, ele não precisou pensar. Sua mão se moveu instintivamente, completando o movimento como se fosse natural. Depois de assinar, ele jogou os papéis na direção de Zara. — Pronto. Agora você está satisfeita? Zara pegou os documentos rapidamente. Depois de verificar a assinatura, ela ergueu os olhos para Orson e disse: — Obrigada. Obrigada? Agradecia pelo quê? Por ele ter concordado em dar a ela sua tão desejada liberdade? Para Zara, isso era mot
Depois disso, o crescimento vertiginoso das ações do Grupo Harris deixou claro que Orson havia vencido. Foi também nesse período que a verdade sobre o suicídio de Lila veio à tona. Descobriu-se que Percival era o verdadeiro manipulador por trás de tudo. Durante algum tempo, Percival vinha chantageando Lila com fotos íntimas, obrigando-a a fazer várias coisas contra sua vontade. Incapaz de suportar a pressão, Lila acabou tirando a própria vida, jogando-se da sacada. Quanto ao motivo pelo qual ela estava com as roupas desalinhadas no momento da queda, ninguém conseguiu explicar. No entanto, o relatório da autópsia confirmou que ela e Orson não tiveram nenhum contato íntimo antes de sua morte. Quando a verdade foi revelada, todas as especulações que antes circulavam de forma desenfreada desapareceram, e aqueles que julgavam Orson ficaram em silêncio. Até mesmo Melissa, que havia desconfiado dele, murmurou baixinho que o havia julgado mal. Zara, ao ouvir isso, apenas sorriu lev
— Mamãe, mamãe, mamãe... Zara estava na cozinha preparando o almoço e, no início, nem percebeu a voz chamando-a. Foi só quando a garotinha apareceu na porta da cozinha, segurando a barra da calça e com a testa franzida, que Zara se deu conta. — Mamãe, por que você não me responde? — Desculpa. — Zara rapidamente desligou o exaustor, e o barulho sumiu na mesma hora. — O que foi, meu amor? — Eu terminei no banheiro. Precisa limpar meu bumbum. Zara olhou para a calça que a menina já tinha puxado para cima e deu uma risadinha, sem conseguir conter a expressão divertida. — Tá bom, então vamos aproveitar e trocar por uma calça nova, que tal? A garotinha olhou para a própria roupa, apertou os lábios e ficou em silêncio. Zara não insistiu. Apenas segurou a mão dela e a levou até o banheiro. Enquanto terminava de ajudá-la com a troca, o som da campainha ecoou pela casa. — Deve ser a Titia! — A menina gritou animada, correndo em direção à porta de entrada. Assim que a porta
Mas, ao ouvir Melissa mencionar essa memória, Natália pareceu hesitar por um instante, como se não tivesse tanta certeza assim. Ela olhou para Zara e, depois de pensar um pouco, acabou balançando a cabeça. — Eu quero dormir com a mamãe. Diante da resposta, Zara não insistiu. Melissa, percebendo a situação, mudou rapidamente de assunto: — Falando nisso, por que você não foi encontrar o homem que te apresentei da última vez? — Por que você mesma não foi encontrar? — Zara devolveu a pergunta. — Eu... Eu não estou interessada em casamento agora. — Melissa respondeu, tentando desconversar. — E você acha que eu estou? — Retrucou Zara. A resposta curta de Zara deixou Melissa sem palavras por um momento. No fim, ela suspirou e disse: — Eu só queria te ajudar, sabe? Fico pensando que cuidar da Natália sozinha deve ser muito cansativo. Como da última vez, quando ela teve febre no meio da noite e você ficou segurando ela por horas, a noite toda, quase doze horas seguidas. Nem ti
O local de gravação da nova adaptação de Zara era em Cidade F. Não era a primeira vez que uma obra sua era transformada em série, mas, dessa vez, ela havia sido convidada para integrar a equipe de roteiristas. O roteiro ainda estava em processo de revisão, mas as gravações já tinham começado. Afinal, o cronograma era apertado, e a produtora queria aproveitar o sucesso estrondoso que o mangá ainda estava fazendo para lançar a série o quanto antes. Zara já havia visitado sets de gravação antes, mas essa era a primeira vez que acompanhava todo o processo de perto. Ela, é claro, levou Natália junto. No entanto, preocupada com a possibilidade de não conseguir dar atenção suficiente à filha, Zara contratou uma babá para ajudar nos momentos em que estivesse ocupada. Mesmo assim, Zara subestimou a demanda do trabalho. A rotina do set era extremamente caótica, e, como se tratava de uma grande produção, o elenco principal era composto por atores populares e muito requisitados. Os pro
No meio de tanta gente no set, ninguém parecia reconhecer Natália. Ao ver a garotinha tão bonita, todos pensaram que ela fosse uma pequena atriz mirim do elenco. Alguns até estavam prestes a chamar o assistente de direção quando Natália, com a cabeça erguida, simplesmente deu meia-volta e começou a andar na direção contrária. Com as mãos fechadas em punho e as duas marias-chiquinhas balançando de um lado para o outro, ela parecia uma pequena guerreira, determinada como um galo pronto para brigar. Zara, que ainda estava discutindo um trecho do roteiro com outras pessoas, foi pega de surpresa ao ver Natália voltando com aquela expressão zangada. — O que aconteceu, meu amor? — Zara perguntou, sem esconder a surpresa no rosto. Natália não respondeu. Ela simplesmente se jogou ao lado da mãe, sentou-se e começou a tomar água de seu copo com grandes goles, como se estivesse tentando se acalmar. Zara lançou um olhar de desculpas para as pessoas com quem conversava e se agachou ao l