— Eu já vi antes. — Respondeu Zara. — E eu também! Mas, toda vez que assisto, me emociono de novo. — Melissa disse, enquanto pegava mais um lenço de papel. Zara apenas abaixou a cabeça e tomou um gole d’água. — Já está tarde, não acha? — Melissa finalmente notou o horário. — Melhor eu te levar para casa. — Não precisa. — Os olhos de Zara continuaram fixos na tela da televisão, que ainda piscava com as imagens do filme. — Como assim? Vocês brigaram? — Melissa perguntou, mas logo pareceu se lembrar de algo. — Ou... Foi por causa do que eu te disse ontem? Você perguntou para ele? Zara olhou para ela por um instante, mas não respondeu. — Então, ele realmente... — Melissa começou a falar, mas foi interrompida pelo som da campainha. Ela ficou um pouco surpresa. — A essa hora? Quem será? Sem obter resposta de Zara, Melissa rapidamente entendeu do que se tratava. — É o Orson, né? Vai lá abrir a porta. — Não sei. — Zara respondeu, olhando para o relógio, enquanto se prep
Orson estava olhando para Melissa com a expressão fria de sempre, mas, assim que ouviu as palavras dela, seu olhar escureceu imediatamente. — O que você quer dizer com "noites fora de casa"? — E não é? Você acha mesmo que ninguém vê ou ouve nada? — Melissa respondeu, com a voz carregada de sarcasmo e a emoção crescendo. Zara tentou se aproximar para interrompê-la, mas Melissa afastou sua mão rapidamente. — Não se mete, Zara! Hoje eu vou falar tudo o que estou pensando! Dito isso, Melissa se virou para Orson, os olhos cheios de raiva. — Vamos lá, Sr. Orson, o grande todo-poderoso. O que está acontecendo entre você e aquela mulher? Todo mundo no círculo social está comentando. Com tantos contatos e poder, você não sabe de nada? Ou será que é verdade e você nem tenta negar? Parabéns! Zara acabou de voltar para você, e já está assim? Se eu soubesse que seria desse jeito, teria feito de tudo para que ela nunca te perdoasse! Depois de ouvir tudo isso, Orson pareceu, surpreenden
As sobrancelhas de Orson se franziram imediatamente, mas, dessa vez, ele hesitou antes de desligar o celular. Zara, por outro lado, soltou o cinto de segurança com um movimento decidido. — Esquece. Eu volto pra casa sozinha. Enquanto falava, ela já levava a mão à maçaneta para abrir a porta, mas Orson rapidamente segurou sua mão. — Para onde você acha que vai? — Você parece estar muito ocupado. Eu posso chamar um carro e voltar sozinha. — A essa hora você quer pegar um carro? — Perguntou Orson. — E o que tem isso? A rua está cheia de carros. Por que eu não poderia? — Zara respondeu, com evidente impaciência. — Entra no carro! Eu já vou... — Orson começou a falar, mas foi interrompido pelo toque do celular. Era a terceira ligação. O olhar de Zara ficou ainda mais cínico, carregado de uma ironia mordaz. — Veja bem, você está tão ocupado que não precisa se preocupar comigo. Eu volto sozinha. Dizendo isso, ela afastou os dedos dele com firmeza. Orson tentou segurá-l
Zara não sabia como havia chegado naquele lugar. Ela só se lembrava de descer do carro de Orson, atravessar a rua e, então, sentir alguém tocando em seu ombro. Antes que ela pudesse se virar para ver quem era, a pessoa cobriu sua boca e nariz. Tudo ficou escuro, e ela perdeu completamente a consciência. Quando abriu os olhos novamente, estava em um quarto desconhecido. Suas mãos e pés estavam amarrados, e o ambiente exalava um forte cheiro de mofo. A única fonte de luz vinha de uma pequena janela, por onde a luz da lua entrava fracamente. O resto do cômodo estava mergulhado em escuridão. Zara não fazia ideia de quem a havia levado ali, muito menos do que queriam. Até aquele momento, ela não tinha visto ninguém. Enquanto tentava encontrar algo no quarto que pudesse ajudá-la a cortar as cordas, a porta velha e rangente se abriu de repente. Zara virou a cabeça imediatamente e, ao ver quem era, suas pupilas se contraíram levemente. — É você? — Parece surpresa. — Lilian so
— Olha só como eu sou cuidadosa. Então, você poderia fazer o favor de colaborar e parar de se mexer, está ouvindo? Caso contrário, se a faca escorregar acidentalmente para a sua barriga, eu vou me sentir muito mal. — Lilian disse, enquanto pressionava a faca com mais força. Zara sentiu a dor cortante de forma nítida. O sangue começou a escorrer lentamente, pingando no chão frio, espalhando uma sensação gélida por todo o seu corpo. Nesse momento, o rosto de Orson surgiu em sua mente. Ela se perguntou o que ele estaria fazendo agora. Será que ele achava que ela havia saído com raiva e estava desesperado, procurando-a por toda parte? Ou será que ele atendeu a ligação de Lila e nem percebeu que ela tinha desaparecido? Zara não queria pensar nisso, mas quanto mais pensava, mais amarga ficava sua sensação. A dor em seu rosto ficava cada vez mais intensa, mas ela não se atrevia a se mover. Lilian tinha razão. Havia uma criança em sua barriga. Se ela fizesse algo que irritasse Lili
A ambulância chegou rapidamente ao hospital. O sangramento no rosto de Zara já havia sido controlado, mas os médicos ainda precisavam realizar a sutura. Depois de aplicar a anestesia, aquela parte do rosto já não tinha mais sensibilidade. No entanto, Zara ainda podia sentir o movimento das mãos do médico, como a agulha e o fio passavam por sua pele. Era um processo nítido e quase desconfortável, mesmo sem dor. Como era uma cirurgia simples, o procedimento foi realizado na sala de emergência. Embora a porta estivesse fechada, os olhos de Zara permaneceram fixos nela, como se esperasse algo ou alguém. Mas o que exatamente ela esperava... Nem ela mesma sabia ao certo. Mesmo assim, enquanto o médico terminava a sutura, Orson não apareceu. Do lado de fora, Emory permaneceu esperando o tempo todo. Assim que Zara saiu, ele deu alguns passos apressados em sua direção. — Você está bem? Está doendo? — Ele perguntou, com preocupação evidente. Zara olhou para ele e balançou a cabeç
A mão de Zara se fechou imediatamente, enquanto sua mente era invadida por uma série de pensamentos rápidos. Antes que pudesse capturar qualquer um deles, sua voz escapou sem controle: — A pessoa morta é... Lilian? …A vítima, de fato, era Lilian. Ela havia caído da sacada do 21º andar de um prédio e morrido na hora. O mais perturbador era que, no momento de sua morte, ela estava com as roupas desalinhadas. Naquele apartamento, além de Lilian, apenas Orson estava presente. Um homem e uma mulher sozinhos em uma casa, no meio da noite. Esses dois fatores por si só eram suficientes para gerar especulações infinitas, ainda mais considerando quem era Orson. Em poucas horas, os rumores já haviam dominado as manchetes. A relação entre Lilian e Orson era um tema que vinha se espalhando nos círculos sociais há algum tempo. Agora, com uma tragédia dessas acontecendo, e com o estado em que Lilian foi encontrada, muitos começaram a especular que os dois estavam “se divertindo demais
Zara não se lembrava exatamente de como havia respondido a Marta. Depois de desligar o celular, ela ficou sentada sozinha no quarto, olhando pela janela, perdida em seus pensamentos. Com medo de ser cercada pela mídia, Zara não saía de casa há dias. Os empregados responsáveis pela limpeza também pareciam ter visto as notícias. Sempre que olhavam para Zara, faziam isso com extremo cuidado, e seus olhares vinham acompanhados de uma dose de compaixão... Por isso, Zara preferia permanecer no quarto, evitando qualquer contato desnecessário com eles. Enquanto ligava sua mesa digital para se distrair desenhando algumas histórias em quadrinhos, o som da campainha ecoou pela casa, fazendo suas sobrancelhas se franzirem imediatamente. Pouco depois, uma das empregadas apareceu para informá-la: — Senhora Harris, é um homem que se apresentou como irmão do senhor Orson. A senhora deseja recebê-lo? Zara apertou os lábios com força. O olhar dela fez com que a empregada ficasse ainda ma