— Eu… Eu não empurrei com força… — Murmurou a mulher, ainda atônita. Mas, antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, Orson pareceu despertar de repente. Sem responder, ele correu para fora do supermercado, seguindo apressadamente na direção que Zara havia ido. No entanto, ao sair, ele não encontrou nenhum sinal dela. Orson franziu a testa, claramente irritado. Olhou rapidamente ao redor e, ao avistar uma placa de trânsito indicando o caminho para o hospital mais próximo, entrou no carro e dirigiu diretamente para lá. — Orson, onde você está indo? — Gritou a mulher, tentando alcançá-lo. Mas ele já estava longe, acelerando sem olhar para trás. Pouco tempo depois, ele chegou ao hospital. Foi direto para a recepção do setor de emergência, mas não encontrou Zara ou Natália por lá. Sua expressão ficou ainda mais sombria. Ele não perdeu tempo e abordou uma das enfermeiras: — Alguém acabou de trazer uma garotinha aqui? Ela tem uns dois anos, estava com sangramento no nariz. A m
Melissa chegou rapidamente ao hospital, com o rosto cheio de preocupação. — O que aconteceu? A Nati não tinha acabado de receber alta hoje de manhã? Como é que... Ela estava prestes a fazer mais perguntas, mas ao ver os olhos vermelhos de Zara, sua voz se silenciou instantaneamente. — Foi culpa minha. — Disse Zara em um tom baixo, quase sussurrado. — Eu não deveria tê-la levado ao supermercado, não deveria ter discutido com eles. Se naquele momento eu tivesse... Zara parou de falar. Seus lábios estavam firmemente cerrados, e suas mãos, fechadas em punhos, tremiam. As unhas já haviam se cravado na carne de sua palma. Melissa percebeu aquilo e imediatamente segurou as mãos dela, tentando acalmá-la. — Zara, para com isso! Não pense dessa forma! Isso não foi sua culpa! Eu sei que você faria qualquer coisa para evitar que a Natália se machucasse! Zara continuou em silêncio, mas seu semblante parecia ainda mais assustador. Melissa abriu a boca para dizer algo mais, mas antes
Orson estava parado do lado de fora. Ao cruzar o olhar com ele, Melissa soltou uma risada irônica. — Ora, ora, não é o Sr. Orson? O que foi? Achou que já não tinha feito o suficiente e veio aqui continuar seu papel de educador? Orson ignorou completamente o comentário dela. Seus olhos estavam fixos em Zara. — Eu preciso falar com você. — Disse ele, direto. Antes que Zara pudesse responder, Melissa interveio, cruzando os braços. — E você acha que pode falar com ela desse jeito? Quem você pensa que é? Orson ficou em silêncio, imóvel, sem sequer lançar um olhar para Melissa. Aquela indiferença fez o sangue dela ferver, e Melissa estava prestes a continuar quando Zara se levantou. — Pode cuidar da Nati por mim? — Perguntou Zara, em um tom baixo. Melissa hesitou, mordendo os lábios, mas acabou assentindo. Zara passou por ela sem olhar para Orson, andando na direção do corredor. Antes de segui-la, Orson lançou um último olhar para a menina no leito. Seus olhos observara
Se a resposta de Zara anteriormente havia deixado Orson apenas surpreso, o que ela disse agora foi como uma lâmina afiada que perfurou diretamente o peito dele! Ele abriu a boca, mas demorou um longo momento até encontrar a própria voz. — Por que… Por que pedir desculpas? — Eu deveria ter feito a Nati pedir desculpas a vocês à tarde. — Disse Zara com a cabeça baixa, a voz quase num sussurro. — Você estava certo. Quando cometemos um erro, devemos pedir desculpas. Se ela tivesse se desculpado naquele momento, talvez nada disso tivesse acontecido depois. Foi meu erro, como mãe, por não tê-la educado direito. Então eu peço desculpas. E também… Sobre as coisas que eu disse para você à tarde… Eu não quis dizer aquilo de propósito. Eu estava desesperada. Espero que você não guarde rancor de mim. Quando Zara terminou de falar, Orson ficou completamente em silêncio. — Ah, e sobre o médico… Muito obrigada por isso. Eu… — Chega. — Ele a interrompeu antes que ela pudesse continuar. Seu
Zara permaneceu sentada por alguns segundos, observando as costas de Orson enquanto ele se afastava. Depois disso, ela respirou fundo e voltou para o quarto onde Natália estava internada. Melissa estava ao lado da cama, segurando o celular. A tela mostrava vídeos em silêncio, mas era óbvio que a atenção dela não estava ali. Seus dedos deslizavam de forma distraída. Assim que Melissa viu Zara entrar, ela se levantou imediatamente. — Terminou? Zara assentiu com a cabeça. — Sobre o que vocês conversaram? Aquele idiota disse… — Ele disse que não sabia sobre a doença da Natália até agora. — Zara interrompeu Melissa antes que ela pudesse terminar. Melissa ficou sem palavras por um momento. — O quê? Como assim? Zara não respondeu, mas Melissa, como se tivesse levado um choque, deu um pulo. — Não é possível! Ele não podia não saber! Ele me disse com todas as letras… Antes que Melissa pudesse terminar sua frase, Zara levantou a mão e cobriu os lábios da amiga. Seu olhar ra
No dia seguinte, para a surpresa de Zara, Orson não apareceu. No entanto, o time de especialistas que ele havia mencionado chegou rapidamente. Os médicos se reuniram com a equipe que já cuidava de Natália e realizaram uma longa discussão. No final, decidiram que o melhor seria realizar a cirurgia o quanto antes. Como mãe de Natália, Zara já havia feito o teste de compatibilidade para o transplante de medula, mas, infelizmente, não era compatível. Agora, tudo dependia do resultado de Orson. Mas, e se o dele também não fosse compatível? Zara evitava deixar a mente se aprofundar nesse pensamento. Durante os dois dias seguintes, Orson continuou ausente. A atitude dele fez com que Zara compreendesse rapidamente suas intenções. Ele estava disposto a ajudar com a parte médica, realizar o teste de compatibilidade e cumprir seu papel como pai, mas nada mais além disso. Para ser honesta, perceber isso trouxe a Zara um certo alívio. Afinal, alguns dias antes, Melissa havia sugerido
Zara deu algumas instruções rápidas à cuidadora antes de se levantar e seguir Emory para fora do quarto. — Nossa última vez juntos… Foi há mais de um ano, não foi? — Comentou Emory. — Naquela época, você tinha acabado de ter o bebê. Eu também estava tão ocupado que nem consegui conversar direito com você. O jardim do hospital estava repleto de pacientes tomando sol. O local onde eles pararam era um pequeno gazebo com sombra, onde o vento soprava suavemente. Emory foi o primeiro a se sentar em um dos bancos. Sua postura era descontraída, quase despreocupada, exalando uma confiança que só pessoas acostumadas ao mundo dos negócios possuíam. Zara já havia visto essa mesma postura muitas vezes em Orson. Mas, talvez por estar acostumada com a gentileza habitual de Emory, vê-lo agir dessa forma a deixou desconfortável. Ela hesitou por um momento antes de responder com um leve “hum”. — Eu fundei a empresa E.A recentemente. Você ficou sabendo, né? — Perguntou Emory. — Sim, vi uma
Os lábios de Emory se curvaram para cima, mas o sorriso que antes era gentil agora carregava uma frieza cortante. Toda a suavidade que Zara um dia reconheceu nele parecia ter desaparecido completamente. O coração de Zara deu um leve salto, mas ela rapidamente recuperou a calma e disse: — Não foi você. — Ah, é? — Emory arqueou uma sobrancelha, interessado. — Você só queria se livrar do casamento com a Lilian. E, antes disso, ela já tinha sido condenada por sequestro e agressão contra mim. Seu objetivo foi alcançado. Não havia motivo para você continuar agindo contra eles. Então, não foi você. — Zara analisou com frieza, sem hesitar. Emory manteve os olhos fixos nela, e o sorriso em seu rosto se tornou ainda mais pronunciado. — Nesse caso, eu deveria me sentir lisonjeado? Por essa… Confiança que você tem em mim? Zara não sabia se aquilo poderia ser chamado de confiança. Se tivesse que descrever, diria que era apenas uma conclusão lógica. Não fazia sentido para ela que Emo