Zara permaneceu sentada por alguns segundos, observando as costas de Orson enquanto ele se afastava. Depois disso, ela respirou fundo e voltou para o quarto onde Natália estava internada. Melissa estava ao lado da cama, segurando o celular. A tela mostrava vídeos em silêncio, mas era óbvio que a atenção dela não estava ali. Seus dedos deslizavam de forma distraída. Assim que Melissa viu Zara entrar, ela se levantou imediatamente. — Terminou? Zara assentiu com a cabeça. — Sobre o que vocês conversaram? Aquele idiota disse… — Ele disse que não sabia sobre a doença da Natália até agora. — Zara interrompeu Melissa antes que ela pudesse terminar. Melissa ficou sem palavras por um momento. — O quê? Como assim? Zara não respondeu, mas Melissa, como se tivesse levado um choque, deu um pulo. — Não é possível! Ele não podia não saber! Ele me disse com todas as letras… Antes que Melissa pudesse terminar sua frase, Zara levantou a mão e cobriu os lábios da amiga. Seu olhar ra
No dia seguinte, para a surpresa de Zara, Orson não apareceu. No entanto, o time de especialistas que ele havia mencionado chegou rapidamente. Os médicos se reuniram com a equipe que já cuidava de Natália e realizaram uma longa discussão. No final, decidiram que o melhor seria realizar a cirurgia o quanto antes. Como mãe de Natália, Zara já havia feito o teste de compatibilidade para o transplante de medula, mas, infelizmente, não era compatível. Agora, tudo dependia do resultado de Orson. Mas, e se o dele também não fosse compatível? Zara evitava deixar a mente se aprofundar nesse pensamento. Durante os dois dias seguintes, Orson continuou ausente. A atitude dele fez com que Zara compreendesse rapidamente suas intenções. Ele estava disposto a ajudar com a parte médica, realizar o teste de compatibilidade e cumprir seu papel como pai, mas nada mais além disso. Para ser honesta, perceber isso trouxe a Zara um certo alívio. Afinal, alguns dias antes, Melissa havia sugerido
Zara deu algumas instruções rápidas à cuidadora antes de se levantar e seguir Emory para fora do quarto. — Nossa última vez juntos… Foi há mais de um ano, não foi? — Comentou Emory. — Naquela época, você tinha acabado de ter o bebê. Eu também estava tão ocupado que nem consegui conversar direito com você. O jardim do hospital estava repleto de pacientes tomando sol. O local onde eles pararam era um pequeno gazebo com sombra, onde o vento soprava suavemente. Emory foi o primeiro a se sentar em um dos bancos. Sua postura era descontraída, quase despreocupada, exalando uma confiança que só pessoas acostumadas ao mundo dos negócios possuíam. Zara já havia visto essa mesma postura muitas vezes em Orson. Mas, talvez por estar acostumada com a gentileza habitual de Emory, vê-lo agir dessa forma a deixou desconfortável. Ela hesitou por um momento antes de responder com um leve “hum”. — Eu fundei a empresa E.A recentemente. Você ficou sabendo, né? — Perguntou Emory. — Sim, vi uma
Os lábios de Emory se curvaram para cima, mas o sorriso que antes era gentil agora carregava uma frieza cortante. Toda a suavidade que Zara um dia reconheceu nele parecia ter desaparecido completamente. O coração de Zara deu um leve salto, mas ela rapidamente recuperou a calma e disse: — Não foi você. — Ah, é? — Emory arqueou uma sobrancelha, interessado. — Você só queria se livrar do casamento com a Lilian. E, antes disso, ela já tinha sido condenada por sequestro e agressão contra mim. Seu objetivo foi alcançado. Não havia motivo para você continuar agindo contra eles. Então, não foi você. — Zara analisou com frieza, sem hesitar. Emory manteve os olhos fixos nela, e o sorriso em seu rosto se tornou ainda mais pronunciado. — Nesse caso, eu deveria me sentir lisonjeado? Por essa… Confiança que você tem em mim? Zara não sabia se aquilo poderia ser chamado de confiança. Se tivesse que descrever, diria que era apenas uma conclusão lógica. Não fazia sentido para ela que Emo
Quando Zara terminou de falar, a expressão de Emory mudou levemente. Ele franziu as sobrancelhas devagar, como se estivesse digerindo as palavras dela. — É isso que você quer dizer, né? Nesse caso, vou indo. — Sem esperar mais, Zara virou-se e começou a andar. Mas, antes que pudesse dar mais dois passos, Emory a chamou novamente: — Então você ainda escolhe o Orson, é isso? Mas você sabe que ele está prestes a se casar, não sabe? ... Zara entrou no elevador, e, assim que as portas se abriram no andar do VIP, seus olhos encontraram a figura de alguém sentado do lado de fora da enfermaria. Ele vestia um elegante terno preto, e ao lado de sua cadeira estava sua inseparável pasta com o computador. Naquele momento, Orson segurava um tablet, analisando algum documento com uma expressão séria e focada. Parecia que ele havia vindo direto de outro compromisso. Seus cabelos, geralmente impecáveis, estavam um pouco desalinhados, e seu terno exibia algumas marcas de amassados, o que e
A voz de Natália soou aguda, carregando uma determinação que Zara nunca havia visto antes. Nem ela, nem Orson esperavam uma reação como aquela. Zara ficou paralisada por um instante, mas logo deu um passo à frente. — Nati... — Eu não quero vê-lo, mamãe! Manda ele sair, manda ele ir embora! — Gritou Natália, enquanto se encolhia no colo de Zara. Os pequenos braços da menina se apertaram ao redor da mãe, mas o movimento brusco fez com que a agulha do soro em sua mão se deslocasse. O sangue começou a voltar rapidamente pelo tubo. Zara, temendo que ela se machucasse, segurou firmemente a mão da filha e respondeu com calma, tentando tranquilizá-la: — Tudo bem, meu amor. Se você não quer vê-lo, então não vai vê-lo. Fique tranquila, está tudo bem. Enquanto falava, Zara levantou os olhos para Orson. Ele estava parado ali, com os lábios comprimidos, sem dizer uma única palavra. Zara achou que precisaria dizer algo para ele, mas, para sua surpresa, Orson virou-se e saiu sem que e
Naquele momento, Zara não explicou muito para Natália. Ela apenas seguiu o fluxo da conversa, concordando com o que a menina dizia para acalmá-la. Natália, como esperado, ficou mais animada. Depois disso, começou a contar com entusiasmo todos os planos que tinha para quando saísse do hospital. Zara apenas ficou sentada ao lado dela, ouvindo em silêncio, até que a enfermeira entrou com os medicamentos. Natália, então, parou de falar e, obediente, tomou os remédios sem reclamar. Os efeitos colaterais das medicações logo começaram a incomodá-la, deixando-a desconfortável. Deitada na cama, Natália segurou a mão de Zara com força, sem querer soltá-la. Zara, pacientemente, acariciou o ombro da filha e começou a cantar uma canção de ninar para confortá-la. A posição em que estava não era nada confortável, mas ela não ousou se mover. Sabia que Natália estava extremamente insegura ultimamente. Cada vez que acordava e não via Zara, ou quando tinha um sono agitado, ela começava a chorar o
As palavras de Orson demoraram alguns segundos para serem completamente assimiladas por Zara. Quando finalmente entendeu o significado do que ele havia dito, seu rosto mudou de expressão imediatamente. — Orson, o que você quer dizer com isso? — Perguntou ela, com a voz tensa. — Exatamente o que você ouviu. — Respondeu Orson, com um tom frio, quase desdenhoso. — Eu vi o nome que você deu para a nossa filha. Não me importo que ela tenha o seu sobrenome, afinal, ela é tanto sua quanto minha. Mas deixá-la chamar outro homem de pai? Isso é algo que eu jamais vou permitir. Claro, você ainda é jovem. Se você não consegue ficar sozinha e quiser se casar de novo, eu não vou te impedir. Mas levar minha filha para essa nova família? Isso não vai acontecer. Entendeu? Quando ele terminou de falar, Zara ficou completamente em silêncio. Ela apenas permaneceu ali, estática, encarando-o com os lábios apertados. Orson a conhecia bem o suficiente para perceber o que estava acontecendo. Seu olhar