— O que você disse? — Orson perguntou, como se duvidasse do que acabara de ouvir. Sua voz carregava uma descrença evidente. Zara repetiu exatamente o que havia dito antes, sem pressa. — Ela só pode estar louca. — Orson respondeu, sem expressão no rosto. A reação dele fez Zara parar por um momento, mas, inesperadamente, ela acabou soltando uma risada leve. Orson, no entanto, permaneceu sério, com as sobrancelhas franzidas e o semblante rígido. — Então, vamos apenas assumir que ela está inventando coisas. — Disse Zara. — Foi a Lilian ou o Emory que disse isso? — Orson perguntou, sua voz fria e carregada de desconfiança. A pergunta fez Zara se sentir incomodada. Com as sobrancelhas ligeiramente franzidas, ela respondeu: — Eu não acabei de dizer que foi a Lilian? Orson deu um sorriso irônico, claramente desdenhoso, como se não tivesse realmente ouvido o que ela disse. No fundo, parecia que ele já havia decidido colocar toda a culpa em Emory. Zara percebeu que tentar exp
Até que o toque do celular de Orson quebrou a calma que pairava sobre o ambiente. Ele franziu levemente as sobrancelhas, claramente incomodado. Inicialmente, ele não queria atender, mas logo se lembrou do compromisso importante que tinha naquela noite. Respirando fundo, ele se endireitou e atendeu a ligação. Do outro lado da linha, a pessoa falou algo que fez a expressão de Orson se tornar ainda mais rígida. Suas sobrancelhas se franziram profundamente antes que ele respondesse em um tom breve: — Entendi, estou ciente. Assim que desligou, ele se virou para Zara e disse: — Preciso ir. — Tá bom. — Zara respondeu com um aceno tranquilo, como se a breve intimidade de antes nunca tivesse acontecido. Orson, no entanto, não estava disposto a deixá-la escapar tão facilmente. Ele segurou sua cintura com firmeza e pressionou os lábios nos dela. Diferente de outros momentos, o beijo foi inesperadamente suave e gentil. Não havia o toque possessivo de costume, mas sim uma doçura qua
Orson lançou um olhar breve para Lila, sem qualquer expressão, e soltou um simples "oh". Depois disso, ele passou por eles sem parar, indo direto para conversar com outras pessoas. Percival não pareceu se importar com a frieza de Orson. Pegou uma taça de vinho, sentou-se ao lado de Lila e começou a falar: — Eu achei que ele fosse trazer a esposa hoje. — Comentou Percival. — Você ainda não a conheceu, né? Lila apertou os lábios antes de responder, com a voz baixa: — Já a conheci. — É mesmo? — Percival levantou as sobrancelhas, surpreso. Mas, logo em seguida, pareceu se lembrar de algo. — Ah, já sei. Você trabalhava no hospital, né? Deve ter sido lá que a viu. Ela está grávida agora. Meu irmão praticamente vai em todas as consultas com ela. Sério, com o status do meu irmão, ele já faz mais do que o suficiente. Você não viu os outros homens desse círculo, né? Muitos não têm nem metade do dinheiro dele, não são nada bonitos e ainda assim vivem cercados de amantes e casos escand
Orson não ouviu sua voz no início. Lila mordeu os lábios e chamou novamente, com mais força: — Sr. Orson! Dessa vez, Orson finalmente se virou. Assim que seus olhos pousaram nela, suas sobrancelhas imediatamente se franziram, demonstrando irritação. Do outro lado da linha, a pessoa com quem ele falava no celular fez um comentário curioso: — Estou ouvindo uma voz feminina. Finalmente perdeu o controle, não é? Orson ignorou completamente a provocação. Ele desligou a ligação sem responder e olhou para Lila. — Você pode... Me ajudar? — A voz de Lila estava rouca, e seus olhos, já vermelhos, brilhavam com lágrimas prestes a cair. — Eu... Eu não estou com o Percival porque quero. Naquela vez, ele me embebedou e me levou para um hotel. Depois, tirou algumas fotos minhas. Eu estou com muito medo, Sr. Orson... Por favor, me ajude, está bem? Enquanto falava, as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto dela. Orson permaneceu parado, apenas observando. — Eu não posso contar iss
— É isso que você vai dar de presente para o seu marido? — A voz repentina assustou Zara, que quase deformou o pedaço de argila em suas mãos. — Ai, meu Deus, o todo-poderoso presidente do Grupo Harris vai ganhar isso como presente de aniversário? Não acha que é um pouco... Simples demais? — Melissa comentou, ignorando o susto de Zara e se sentando ao lado dela. — Só estou fazendo isso por diversão. — Zara respondeu rapidamente, voltando sua atenção para o que estava moldando. Melissa estalou a língua, claramente não convencida. — Você não disse que estava ocupada esses dias? Como arranjou tempo hoje? — Zara perguntou, sem levantar a cabeça. — Ocupada com o quê? Sempre a mesma coisa: almoços e jantares chatos. Se meu pai não me obrigasse, eu nem iria. — Melissa respondeu, jogando-se na cadeira com um suspiro exagerado. Zara apenas sorriu e não disse nada. Ela nunca foi de falar muito, e agora estava concentrada no que fazia, então o silêncio parecia natural. O que chamou s
Na verdade, Zara havia planejado fazer outro copo naquele dia, e até já tinha preparado as cores. Mas, por causa da interrupção de Melissa, ela não conseguiu terminar. Não era algo que realmente importava. Afinal, ter um presente para dar a Orson no aniversário já era o suficiente. Melissa, que parecia estar entediada nos últimos dias, arrastou Zara para um almoço. Depois, sugeriu irem a um bar, mas, considerando que Zara estava grávida, acabaram apenas passeando pela área de jogos do shopping. Zara lembrou-se da última vez que tinha ido a uma dessas casas de jogos, acompanhada de Leander. Mas fazia tanto tempo que ela não o via que ele parecia apenas uma brisa passageira, alguém que veio e foi embora sem deixar qualquer vestígio em sua vida. Zara percebeu, naquele momento, o quão grande a cidade realmente era. Grande o suficiente para que, se alguém não quisesse vê-la, os dois poderiam muito bem nunca mais se encontrar. …À noite, Orson voltou para casa novamente tarde da
— Não é nada. Se você estiver ocupado, deixa pra lá. — Assim que terminou de falar, Zara se virou para sair. Mas Orson segurou sua mão rapidamente, e um sorriso surgiu no canto dos lábios dele. — Pelo menos me diz o que tem nesse dia. Assim, eu posso me organizar. — Não tem nada de importante. Se você não tiver tempo, deixa pra lá. — Zara repetiu, mas sua voz ficou visivelmente mais fria. Assim que ela deu o primeiro passo para sair, Orson estendeu os braços por trás dela e a puxou para um abraço apertado. — Achei que você tinha esquecido. — Ele sorriu enquanto falava. — Fica tranquila, mesmo que você não lembre, eu lembro. Então, o que você preparou para o meu aniversário dessa vez? — Você não disse que não tinha tempo? Então, pra que comemorar aniversário? — Zara respondeu, mantendo uma expressão impassível. O sorriso no rosto de Orson ficou ainda mais evidente. Ele apertou levemente as bochechas dela com a mão, como se fosse uma brincadeira. — Eu estava te provocando
No momento em que Lila encontrou os olhos de Zara, parecia que ela havia perdido completamente a capacidade de falar. — Lila? — Zara chamou novamente. Lila finalmente pareceu recuperar os sentidos. Ela levantou os olhos de forma abrupta, encarou Zara por alguns segundos e, então, respondeu: — Eu vim... Por causa do Orson. Zara permaneceu em silêncio. Lila respirou fundo, como se estivesse reunindo toda a coragem que tinha. — Eu sei que vocês já são casados. E também sei que o que estou fazendo é errado. Mas eu não tenho outra escolha... Eu não sei o que mais fazer. Por isso... Eu vim pedir a você. Por favor, você pode... Pode deixar o Orson para mim? Assim que terminou de falar, Lila abaixou a cabeça. Seu corpo inteiro tremia levemente, assim como suas pestanas, que agora estavam molhadas pelas lágrimas que escorriam de seus olhos. Zara continuou ali, observando-a. — Você está grávida? — Não! A pergunta fez Lila congelar por um instante, mas logo ela começou a bal