Zara tinha o rosto levemente corado por causa do álcool. Seus olhos estavam úmidos e enevoados, como se ela não tivesse certeza do que estava vendo. Ela balançou a cabeça, incrédula, e, ao confirmar que não estava enganada, chamou por ele: — Orson. Ele não respondeu. O olhar que ele lançou sobre ela não carregava nenhuma emoção, exatamente como o que ele tinha enquanto a observava no restaurante. — Está nevando. — Disse Zara, parecendo não se importar com a indiferença dele. Ela apontou para o céu, com um pequeno sorriso. — Olha só, quanta neve! Você tinha razão, a neve daqui é mesmo mais bonita do que a de Cidade N. Mas eu ainda prefiro a de Cidade N. Zara continuou falando sozinha, com o corpo vacilante. Se Orson não estivesse segurando firme o braço dela, ela já teria caído no chão. — Mas Cidade N é fria demais. — Ela riu baixinho, olhando para o chão. — Claro, aqui também é frio. Esse inverno... Parece que nunca vai acabar. Sua voz foi diminuindo aos poucos, até desapar
Zara ainda não gostava do País D. Mesmo que o lugar recebesse uma quantidade interminável de turistas todos os anos, e mesmo que as paisagens fossem realmente bonitas, Zara simplesmente não conseguia gostar dali. Naquele momento, tudo o que ela queria era voltar para Cidade N e para o pequeno apartamento alugado onde vivia sozinha. No entanto, assim que o avião pousou, os membros da família Garcia apareceram em sua porta. Vera estava em estado crítico. Apesar de Carlos ter se esforçado para encontrar um rim compatível para o transplante, até aquele momento ele não havia conseguido. Além disso, Zara era filha biológica de Vera e, do ponto de vista médico, era a melhor opção para a cirurgia. Zara foi praticamente forçada a entrar no carro. Quando viu Carlos, ela soltou uma risada fria: — O que foi? Vocês estão pensando em me amarrar na mesa de cirurgia? Carlos olhou para ela por um instante antes de acenar para que os outros saíssem da sala. Depois de ficarem sozinhos, ele
Quando Fiona terminou de falar, o rosto de Carlos mudou imediatamente. Seus olhos se voltaram para ela com incredulidade, como se não pudesse acreditar que uma ideia tão cruel pudesse sair da boca da própria filha. Fiona percebeu a gravidade do que havia dito e rapidamente tentou se explicar: — Eu... Eu só quero salvar a mamãe, papai. Você viu como a doença a destruiu. Eu simplesmente... Não consigo suportar vê-la assim. Carlos permaneceu em silêncio. Embora ele estivesse profundamente ressentido com Zara por se recusar a ajudar e, em vários momentos, tivesse desejado sua morte em pensamento, ouvir Fiona dizer aquilo o abalou profundamente. Do outro lado, Fiona também não disse mais nada. Ela apenas levantou os olhos, inquieta, esperando pela reação dele. Foi então que a voz apressada de uma enfermeira soou pelo corredor: — Por que vocês estão todos aqui? Venham rápido, a paciente está em estado crítico! Ao ouvir essas palavras, o rosto de Carlos ficou pálido. Ele correu
Zara sentia como se estivesse sendo seguida. Ela trabalhava de casa como ilustradora e, por isso, raramente precisava sair. Contudo, uma ou duas vezes por semana, ela costumava ir ao mercado para comprar o que precisava para o dia a dia. Teoricamente, o horário de suas saídas era imprevisível, o que tornava difícil alguém conseguir monitorá-la. Era justamente por isso que ela não deu muita atenção à sensação de estar sendo observada, especialmente porque toda vez que olhava para trás, não via nada suspeito. Mas tudo mudou no dia em que Zara estava a caminho do supermercado e, de repente, uma moto surgiu em alta velocidade na direção dela. O motociclista não parecia ter outra intenção além de atingi-la diretamente. Com o susto, Zara deu vários passos para trás, tentando se afastar. Nesse momento, outras pessoas estavam passando pela calçada, o que fez a moto desviar dela no último segundo e seguir em frente, desaparecendo na rua. O vento cortante deixado pela moto ainda pare
O calor dentro do quarto só terminou de vez duas horas depois. O som da água vindo do chuveiro preenchia o ambiente, enquanto Zara Garcia, após alguns minutos de descanso, finalmente se levantava da cama. Suas pernas ainda tremiam, e ela se abaixou para pegar as roupas espalhadas pelo chão. As ações dele naquela noite tinham sido um pouco mais intensas do que o habitual, a ponto de sua mente ainda parecer vazia. Tentou abotoar o pijama várias vezes, mas seus dedos trêmulos falhavam repetidamente. Logo, o homem saiu do banheiro. Sua figura era alta e imponente, os traços do rosto fortes sem perder a beleza. Envolto apenas por uma toalha amarrada na cintura, gotículas de água deslizavam lentamente por seus músculos definidos, escorrendo pelo abdômen até desaparecerem. Ao notar que Zara ainda estava ali, ele franziu levemente as sobrancelhas. Zara, por sua vez, evitou olhá-lo diretamente. Mantendo o olhar fixo no botão do pijama, continuou travando sua pequena batalha silenciosa
Quem falava era Ophelia Brown, melhor amiga de Fiona e herdeira de um grande grupo empresarial.Ophelia e Fiona cresceram juntas. Desde sempre, Ophelia era uma das maiores apoiadoras do relacionamento entre Fiona e Orson. Agora, com Zara ocupando o lugar de Sra. Harris, Ophelia obviamente não nutria bons sentimentos por ela. Quando Ophelia viu Zara parada na porta, seu semblante continuava impassível, sem qualquer sinal de constrangimento ou desconforto.Foi Fiona quem quebrou o silêncio, chamando-a com suavidade:— Irmã, você veio?Zara apenas assentiu com a cabeça.— Vim te buscar. Já arrumou suas coisas?— Já sim. Vamos.Fiona respondeu de forma dócil, enquanto Zara se mantinha séria. Ophelia, no entanto, não conseguiu segurar a língua:— Sra. Harris, e o Sr. Orson? Hoje é o dia da alta da Fiona e ele não veio buscá-la?— Ele foi para a empresa. — Respondeu Zara, com tranquilidade.— Ah, parece que ele está muito ocupado. Só não sei se está tão ocupado assim ou se foi você quem não
Às sete da noite, Orson voltou pontualmente à mansão. Fiona estava na sala de estar naquele momento. Assim que o viu, deu alguns passos à frente, apressada. — Cunhado! Você voltou! Orson lançou-lhe um leve sorriso, erguendo os olhos logo em seguida. Zara, que observava a cena em silêncio, apertou os lábios e caminhou até ele para pegar o casaco que ele tirava. — O jantar está pronto. — Disse Zara, com o tom reservado de sempre. Na mesa, enquanto todos começavam a comer, Fiona olhou de relance para Zara antes de baixar o tom de voz: — Desculpa, cunhado. Estar aqui não está atrapalhando você e minha irmã? — Perguntou Fiona, com uma expressão hesitante. — Eu até falei pra mamãe que podia ficar sozinha, mas ela não quis deixar... — Não tem problema. — Respondeu Orson, sem hesitar. — Fique aqui o quanto precisar. Se precisar de algo, é só falar. — Sério? Não vai ser um incômodo? — Claro que não. — Srta. Fiona, a sua presença só traz alegria pra esta casa! — Comentou Iv
Zara sentiu o corpo estremecer e, num instante, abriu os olhos. Suas mãos se moveram com força, tentando empurrá-lo. Mas Orson parecia alheio a tudo. Com um movimento rápido e decidido, segurou os pulsos dela e a pressionou contra a parede. Seus gestos eram tão firmes e autoritários quanto sempre foram. Zara quis soltar um grito, mas algo lhe passou pela mente, e ela engoliu o som antes que escapasse. O barulho do chuveiro continuava, abafando qualquer ruído. Fora do banheiro, Fiona parecia não ter percebido nada e ainda insistia: — Cunhado? Zara virou o rosto para encarar Orson. Seu rosto estava vermelho — talvez pela raiva, talvez por outro motivo. Seus olhos estavam arregalados, carregados de emoção. Era um contraste gritante com sua habitual calmaria. Ela parecia mais viva do que nunca. Orson, ao vê-la assim, intensificou os movimentos, como se estivesse descarregando algo que carregava dentro de si. Seus corpos, perfeitamente sincronizados, levaram Zara a um clímax i