Evander falava tão perto que seu hálito quente roçou a pele de Zara. Aquela sensação fez com que, por um instante, ela se lembrasse de quando esteve diante de Roberto. A mesma repulsa, a mesma náusea subiu de repente, fazendo seu estômago revirar. Zara cerrou os dentes devagar, seus olhos fixos no homem à sua frente. — Evander, se você tentar qualquer coisa, eu chamo a polícia agora mesmo... — Chame. — Evander riu, sem o menor traço de preocupação. — Mas você realmente acha que, com a sua reputação no momento, alguém vai acreditar em você? Acha mesmo que, quando isso chegar aos ouvidos dos outros, eles não vão dizer que foi você quem me provocou? O sorriso de Evander se manteve intacto, do mesmo jeito que ela sempre o conheceu. Mas, naquele momento, aquele rosto familiar parecia o de uma serpente, pronta para dar o bote. Zara abriu a boca, mas não conseguiu encontrar palavras. Tudo o que sentia era um nó sufocante na garganta. Evander percebeu sua hesitação, e seu sorriso
Foi justamente por causa daquela frieza que Zara sentiu ainda mais medo. Era a primeira vez que via Orson assim.Normalmente, quando alguém parte para a violência, é por estar tomado pela raiva. Mas Orson era o completo oposto. Ele parecia absurdamente calmo.Por um instante, Zara teve a impressão de que, para Orson, Evander não era sequer uma pessoa. Apenas um objeto ao seu dispor, algo que ele segurava nas mãos, sem se importar se viveria ou morreria.A voz de Orson a arrancou de seus pensamentos. Mas Zara ainda não conseguia reagir.Orson também não disse mais nada. Apenas lançou-lhe um olhar antes de pegar o próprio celular.Ao perceber que ele estava prestes a chamar a polícia, Zara não teve escolha a não ser avançar e segurar sua mão.— Não...Orson baixou os olhos para ela. Seu olhar permanecia insondável, sem qualquer emoção.— Leve-o primeiro para o hospital. — Finalmente, Zara conseguiu encontrar sua voz.Orson não respondeu. Nem se moveu.Zara esperou por uma reação, mas, co
Orson manteve a voz calma, mas seus dedos continuaram firmes ao redor do pulso de Zara.A pressão de sua mão fez com que ela tivesse a nítida sensação de que, se sua resposta não saísse como ele queria, ele poderia esmagar seus ossos sem hesitar.— Eu não é que não queira te ver. — Zara respondeu.Orson não disse nada, apenas ergueu os olhos e a observou.— Eu só acho... Que não há necessidade. — Zara umedeceu os lábios antes de continuar. — Nós...— Por que você quis se casar comigo? — Orson a interrompeu de repente.Zara não esperava aquela pergunta. Seu rosto mudou por um instante, mas logo recuperou a compostura.— Foi uma decisão entre as nossas famílias...— Apenas por isso? — Orson perguntou.— E o que mais você achava que poderia ser? — Zara rebateu.Orson não respondeu, mas seus dedos foram lentamente afrouxando ao redor do pulso dela.Zara pensou que o assunto havia terminado ali, mas, no momento seguinte, Orson falou novamente, com um tom lento e preciso:— Zara, pelo seu te
O humor de Zara foi completamente interrompido. Sua voz foi sumindo aos poucos, até que ela simplesmente cerrou os dentes e ficou olhando para ele.Orson, de repente, sorriu e disse:— Porque, de repente, percebi que não consigo me casar com mais ninguém. Mas o estranho é que, quando decidi me casar com você, não senti nenhuma rejeição. Você pode me dizer por quê?Zara sentiu como se tudo ao seu redor fosse irreal. Era como se estivesse à beira de um precipício, já com um pé no vazio, prestes a despencar no abismo.Mas a queda que ela esperava nunca veio. Em vez disso, ela sentiu-se mergulhar em uma imensa nuvem macia e doce, uma sensação tão reconfortante que ela sequer ousava imaginar antes.Lentamente, Zara abriu os olhos. A luz quente do sol invadia o ambiente. Não havia precipício, nem nuvens, apenas um quarto cujo design e mobília eram extremamente familiares. Ela estava no Condomínio Oásis.O cenário ao seu redor deixava claro que tudo o que acontecera na noite anterior não fora
— Eu...Zara nem teve tempo de terminar a frase antes de Orson interrompê-la diretamente:— Você ainda está em casa? Já estou lá embaixo.As palavras dele mudaram imediatamente a expressão de Zara. Instintivamente, ela quase virou para olhar a pessoa que estava atrás dela. Mas, antes mesmo de levantar a cabeça, viu os reflexos de duas silhuetas no espelho à sua frente.Foi nesse exato momento que Marta ergueu os olhos. No instante em que seus olhares se encontraram no espelho, Zara recuperou o controle sobre suas emoções e perguntou para Orson, do outro lado da linha:— O que você veio fazer aqui?— Comer.A resposta de Orson foi direta, como se fosse a coisa mais natural do mundo.— Eu... Eu já estou no elevador. Te encontro no estacionamento.Enquanto falava, Zara apertou o botão do térreo sem hesitar.Marta permaneceu em silêncio atrás dela. Quando as portas do elevador se abriram, foi a primeira a sair. O homem ao seu lado pareceu hesitar por um instante, mas não disse nada. Apenas
Até agora, ele nunca tinha admitido para Zara, nem uma única vez, que gostava dela.Mas, mesmo que dissesse, Zara provavelmente não acreditaria. Por isso, agora ela queria ainda mais uma resposta.Orson lançou um olhar para ela antes de retrucar:— E o que você acha?Zara apertou os lábios e disse:— Se não quiser falar, esquece.Assim que terminou a frase, tentou puxar a mão, querendo se soltar.Mas Orson apertou os dedos ao redor dela, segurando-a com mais firmeza. Então, riu de leve.— Zara, seu temperamento realmente cresceu, hein.— Sr. Orson, meu temperamento sempre foi assim. — Ela sorriu, mas sem qualquer traço de alegria. — É claro que eu jamais poderia me comparar à delicadeza de Fiona e Laura.Assim que disse isso, Orson ficou em silêncio por um instante. Então, riu de repente.No momento seguinte, virou o volante de uma só vez, fazendo o carro parar no acostamento.Antes que Zara pudesse reagir, ele já tinha se inclinado sobre ela, encurtando a distância entre os dois.— Sr
Quando o telefone de Marta tocou, Zara tinha acabado de voltar para seu apartamento na Rua dos Ventos.— Tem um tempo? — A voz de Marta era direta e objetiva. — Vamos nos encontrar.Zara sabia que não tinha como fugir desse encontro. Além disso... Também tinha perguntas que queria responder. Por isso, não recusou o pedido de Marta.Marta marcou o encontro em um café. Quando Zara chegou, ela já estava sentada em um dos salões reservados.Ela vestia o mesmo vestido branco de sempre, os cabelos estavam presos em um coque elegante, e o tempo parecia não ter deixado nenhuma marca em seu rosto. Continuava tão refinada e deslumbrante quanto antes.Assim que Zara entrou, Marta colocou uma xícara de café à sua frente.— Prove. Lembro que você adorava esse sabor.Zara agradeceu e pegou a xícara, tomando um gole leve.— Quando foi que você e Orson voltaram a ficar juntos? — Marta perguntou de repente.Os dedos de Zara hesitaram por um instante. Então, ela ergueu os olhos lentamente.— Para falar
— Ah, está falando sobre o caso do seu pai adotivo? Eu ouvi falar. — Marta comentou com tranquilidade, sem demonstrar surpresa. — Tem muita gente falando sobre isso por aí, mas eu te conheço há tempo suficiente para saber que tipo de pessoa você é.A voz de Marta continuava serena, mas Zara sentiu algo quente se espalhar em seu peito, como se, pouco a pouco, aquecesse seu coração. Sem conseguir evitar, apertou as mãos com força e respondeu baixinho:— Obrigada.— Bom, agora que terminamos de falar sobre você e Orson, vamos ao que interessa: minha vez. — Marta mudou de assunto abruptamente. — Hoje, eu que preciso te agradecer.— Eu… Não precisa agradecer.O olhar confuso de Zara fez Marta rir.— O que foi? Te assustei?— Não… Só me pegou de surpresa.— Surpresa por quê? Porque está acostumada a me ver apenas como a mãe do Orson e esqueceu que, antes de qualquer coisa, também sou uma mulher?Zara hesitou, sem saber como responder. Abaixou os olhos, refletindo por um momento, antes de per