— Mana.A voz nítida veio de trás. Zara parou por um instante, mas logo continuou andando como se não tivesse ouvido nada.Fiona, no entanto, a alcançou rapidamente e, no momento exato em que Zara ia subir as escadas, segurou sua mão.— Mana, por que você está me ignorando? Você está mesmo morando aqui? Pra quê isso? Tanto sacrifício, se ao menos…— Solta. — Zara cortou suas palavras sem demonstrar qualquer expressão.Fiona ficou parada, sustentando o olhar dela por alguns segundos, antes de soltar um riso repentino.— Zara, desse jeito não tem graça. Você sabe como está a situação em casa? Por sua causa, a mamãe adoeceu! E a empresa também está passando por dificuldades, tudo isso porque…— Não foi você quem armou tudo isso? — Zara interrompeu sem rodeios.— Eu…Fiona ainda tentou se justificar, mas antes que pudesse dizer algo, Zara continuou:— Você se lembra daquela noite no carro? Tudo o que você disse… Eu gravei.Fiona ficou paralisada.— O quê… O que você disse?— Eles podem não
Zara e Orson já estavam divorciados, como poderiam ainda estar enredados um com o outro?Orson não tinha enlouquecido, e agora que Zara estava em uma situação complicada, quem iria querer se envolver com ela?Depois de esperar mais alguns minutos, Fiona finalmente relaxou por completo e olhou para o motorista à frente.— Pode ir.— Certo, pra onde? — O motorista respondeu de imediato, mas, ao fazer a pergunta, percebeu que os passageiros no banco de trás não deram nenhuma resposta.Ele olhou pelo retrovisor, intrigado, e viu Fiona encarando fixamente um ponto do lado de fora da janela.— Uau, aquilo é um Maserati? Não acredito que tem alguém por aqui rodando com um carro desses! — Comentou ele, impressionado.Fiona, no entanto, não reagiu. Seus olhos estavam cravados no veículo, e ela mordia os lábios com tanta força que já havia machucado a pele, mas parecia não perceber.Não podia ser Orson. Simplesmente não podia. Ele não deveria estar ali. E, ainda mais impossível, era ele estar co
No terceiro dia, Zara acabou indo ao hospital.Ela usava uma máscara e confirmou com a enfermeira que Vera realmente estava internada, mas não conseguiu obter detalhes sobre seu estado de saúde.Em silêncio, Zara pegou o elevador e subiu até o andar certo. Assim que chegou à porta do quarto, ouviu a conversa entre Vera e Fiona.— Eu acho o Evander um ótimo rapaz. No futuro, quando vocês se casarem, com certeza vão...— Mas, mamãe, eu não gosto dele! — A voz de Fiona carregava um tom choroso. — E ele também não gosta de mim, sabia? Ele não se machucou num acidente de carro dias atrás. Na verdade, foi por causa de...De repente, Fiona parou de falar.Vera, no entanto, insistiu:— Foi por quê?— O fato é que ele gosta de outra pessoa! E eu não quero me casar com ele!Vera ficou em silêncio, e Fiona, vendo a oportunidade, segurou sua mão com força.— Mamãe, eu amo o Orson de verdade! Me ajude, por favor! O Evander nem tem mais espaço na família Soares. Se eu me casar com ele, isso não trar
— Se eu soubesse o que você passaria no futuro, teria te mantido presa ao meu lado desde pequena, sem deixar que você se afastasse de mim nem por um segundo. Mas, Zara, você sofreu todos esses anos, e acredite, eu também não tive uma vida melhor. Você quase se tornou mãe uma vez... O amor de uma mãe por um filho, isso você deve entender, né?As lágrimas de Vera caíram enquanto ela falava.Zara a observou por um instante e então perguntou:— Fale logo, qual é o verdadeiro motivo disso tudo?Sua voz era fria, sem um traço de emoção. Parecia uma espectadora impassível, interrompendo uma peça teatral no meio da encenação, tornando impossível que a trama seguisse adiante.Vera levantou a cabeça, olhando para ela com incredulidade.— Você… Como pode falar assim com sua própria mãe?— Então eu me enganei? — Zara sorriu de leve. — Você está bem, não é? Ótimo, então eu já vou indo…— Espere!Ao ver que Zara realmente se levantava para sair, Vera não conseguiu se conter.A interrupção já era esp
Para Zara, as maldições de seus pais já não faziam diferença. No passado, ainda lhe causavam uma dor incômoda, como uma ferida sendo reaberta. Mas agora, ela não sentia absolutamente nada.Ela até conseguiu esboçar um leve sorriso antes de virar-se para responder:— Que pena que você não fez isso naquela época. Agora… Já não pode fazer mais nada.Vera ficou paralisada, incapaz de dizer qualquer coisa. Mas não foi pelas palavras de Zara, e sim pelo olhar que a filha lhe lançou. A sensação era de que estava sendo observada do alto, como uma formiga insignificante encarada por alguém muito acima dela.Até pouco tempo atrás, Zara sempre a olhava com medo, hesitante, como se ainda buscasse aprovação. Quando, afinal, as coisas entre elas tinham se tornado assim?O sangue de Vera parecia ter congelado em suas veias, seu corpo inteiro ficou rígido, sem conseguir reagir.Zara, por outro lado, não hesitou. Virou-se e foi embora sem olhar para trás.Enquanto Zara caminhava para fora, não sentia o
Orson entrou no carro imediatamente.— Estou a caminho.— Estamos aqui na rua dos bares. Minha irmã bebeu demais, estou pensando em levá-la para um hotel para ela descansar um pouco.— Não façam nada sozinhas. Me manda o endereço, estou indo.Assim que terminou de falar, Orson mandou o motorista arrancar.No entanto, Fiona parecia não ter prestado atenção no que ele disse depois. Simplesmente enviou o endereço e não disse mais nada.Quando Orson viu o local, imediatamente sentiu que algo estava errado. Sem hesitar, ligou para seu assistente e pediu que confirmasse se Zara estava em casa.Em seguida, ele mesmo tentou ligar para Zara. O telefone chamou, mas ninguém atendeu.Ao chegar ao hotel indicado, recebeu a resposta do assistente: Zara não havia voltado para casa.Sem perder mais tempo, Orson entrou no prédio.No quarto 1608, mal havia tocado a campainha, Fiona abriu a porta.O quarto estava quente, o aquecedor ligado no máximo. Ela usava apenas um vestido preto de alças finas e exa
Fiona falou enquanto deslizava lentamente a alça do vestido pelo ombro. Sob a iluminação fraca, sua pele alva parecia ainda mais delicada.Orson, no entanto, lançou-lhe apenas um olhar antes de dizer:— Achei que já tinha deixado tudo bem claro da última vez, na Mansão Harris.Sua voz era fria e cortante. Fiona estacou no mesmo instante.Ela, é claro, se lembrou daquela noite, em frente à Mansão Harris, do beijo que ele rejeitou sem hesitar.Mas, desta vez, ignorou qualquer orgulho e se atirou para abraçá-lo.— Orson, eu gosto muito de você! Não me importo com status, só quero esta única vez… Porque… Porque quero entregar minha pureza para o homem que mais amo! Orson, fica comigo esta noite!Os olhos de Fiona estavam cheios de lágrimas, e seu rosto delicado, marcado pelo choro, despertaria compaixão em qualquer um.Menos em Orson.Ele a encarou por um instante e, sem hesitar, afastou-a com firmeza.— Eu sempre te vi como uma irmã.— Mentira! — Fiona gritou, desesperada. — Você sempre f
— Então por que você não atendeu quando liguei? — Orson perguntou.— Eu… Meu celular estava no silencioso, não ouvi.Assim que Zara terminou de falar, Orson se moveu de repente, avançando em sua direção!Ele era alto e imponente, e no pequeno espaço do hall de entrada, a distância entre eles diminuiu num instante. Zara sentiu o peso da presença dele, uma pressão invisível que a fez recuar instintivamente. Mas logo suas costas bateram contra a porta, impedindo qualquer fuga. Sem alternativa, ela ergueu o olhar para encará-lo. Seu rosto mostrava confusão, mas não havia traço de culpa ou medo.Orson a fitou de cima, os olhos afiados mergulhando nos dela. Só depois de alguns segundos ele falou:— Hoje à noite, Fiona me ligou dizendo que você estava com ela bebendo.— Eu com ela? — Zara soltou um riso irônico. — Você acha isso possível?— Não. Eu também sei que não é. — Orson assentiu, concordando. — Mas disseram que você estava bêbada, então fui atrás de você. Naquele momento, você não es